MIA > Biblioteca > Ramiz Alia > Novidades
Na história de nossa juventude, o 1º Congresso da União da Juventude Antifascista Albanesa (AAYU), realizado em agosto de 1944, é, sem dúvida, um dos eventos mais imprescindíveis. Na época, a situação era totalmente favorável ao Movimento de Libertação Nacional. O histórico Congresso de Përmet havia sido realizado, a segunda operação inimiga, a de junho, da qual nosso Exército de Libertação Nacional emergiu mais forte e mais temperado, tinha sido derrotada. A região sul de nosso país tinha sido liberada, com exceção de algumas cidades. Por ordem do camarada Comandante-Chefe Enver Hoxha, as forças da 1ª Divisão do Exército de Libertação Nacional haviam atravessado para o norte da Albânia. Enquanto isso, novas brigadas estavam sendo criadas no sul, no centro e no norte do país. Em resumo, as batalhas finais pela libertação completa da nação haviam começado.
O Congresso da AAYU foi realizado em Lirëza Flat, acima da vila de Helmës, em Skrapar. Naquela época, esta pequena aldeia nas montanhas era também a localização do Estado Maior do Exército de Libertação Nacional.
Em 8 de agosto, o dia em que se realizou a abertura do congresso, amanheceu um dia bem ensolarado. Todos os preparativos haviam sido concluídos. O salão principal havia sido consertado. Era um abrigo construído de galhos frondosos da floresta e, claro, decorado com bandeiras e palavras de ordens militantes.
A participação do camarada Enver no congresso foi uma alegria especial. Esperávamos sua chegada lá fora. Todos os 285 delegados estavam de pé e o aplaudiram entusiasticamente. Então todos nós entramos no salão e os trabalhos da reunião começaram imediatamente.
Uma honra especial recaiu sobre mim. Os camaradas me encarregaram de receber nosso querido líder e comandante, o camarada Enver Hoxha, em nome do congresso. Esta saudação foi publicada a partir da ata da reunião, porque, naquela época, não era nosso costume falar a partir de discursos redigidos.
“Camaradas, — disse eu me dirigindo-me com emoção ao nosso comandante e aos delegados ao congresso — em nome de todos os delegados que representam a juventude das zonas libertadas e não libertadas, de todos os destacamentos de nosso exército, dou as saudações ao congresso da juventude, aos principais líderes do Partido Comunista, do exército e de nosso novo Estado”.
Aplausos tempestuosos irromperam imediatamente.
“Expresso nossos sinceros agradecimentos a eles — continuei um pouco mais confiante — deixe-me dizer que consideramos sua participação no Congresso uma grande honra, incentivo e assistência para a juventude albanesa”.
Estas poucas palavras foram suficientes para que os delegados se deixassem levar pelo entusiasmo natural de nossa idade e aplaudissem em voz alta o partido, o exército e o comandante-em-chefe.
Em meio a este entusiasmo, o camarada Enver tomou a palavra. Sua eloquência ardente, a força da lógica e a convicção das ideias que transmitia nos agarrou. Suas palavras penetraram em nossas almas, se implantaram em nossas mentes porque vinham de seu coração. Elas nos deram um sentimento de força e invencibilidade.
Após cumprimentar o congresso e toda a juventude albanesa, Enver Hoxha os parabenizou por seus feitos heroicos na guerra. Em seguida, ele nos apresentou uma série de novas tarefas que tinham a ver com o triunfo final da Guerra de Libertação Nacional. E quanto mais o escutávamos, mais nos inspirávamos, mais nossa confiança na vitória aumentava.
O camarada Enver instruiu que a unidade da juventude albanesa deveria ser ainda mais reforçada nas batalhas finais contra o fascismo e os traidores, que o congresso deveria ser o símbolo da confraternização de uma causa sagrada e comum para toda a juventude, sem distinção de tendências políticas ou localidade; deveria ser uma expressão da unidade da juventude com o povo que lutava, uma expressão da lealdade da juventude à guerra, à frente, ao exército e ao Comitê Antifascista de Libertação Nacional.
Ao concluir seu discurso, ele expressou sua convicção de que, após este histórico congresso, a juventude trabalharia com ainda mais força para acelerar a grande vitória contra o ocupante, que levariam o entusiasmo revolucionário e as ideias do congresso a todos os lugares, nas fileiras do heroico Exército de Libertação Nacional, nas áreas de base e no território ocupado.
Enver Hoxha valorizava muito a juventude. Imediatamente após a fundação do Partido Comunista da Albânia, ele lançou a ideia de formar uma organização comunista para as gerações mais jovens. O evento de 23 de novembro de 1941 tem, na verdade, sua origem em 8 de novembro. O camarada Enver chamou este dia da fundação da União da Juventude Comunista da Albânia de “um dia histórico”, não só para a juventude, mas também para todo o nosso povo. Ele se engajou concretamente no trabalho para a criação da organização da juventude. Ele saudou a reunião de fundação da juventude comunista em nome do comitê central provisório do nosso partido, e deu atenção contínua à organização para garantir que ela se tornasse um coletivo militante.
Em seu livro de memórias, Quando Nasce o Partido, o camarada Enver dedicou um capítulo inteiro à fundação da Juventude Comunista. Ali e em cada discurso e artigo seu, pode-se sentir seu amor pela juventude, sua grande crença nas habilidades e nas energias revolucionárias, sua especial preocupação de que nossa geração mais jovem seja educada e cresça digna do povo e da pátria. Na juventude ele viu uma das principais forças militantes, tanto na guerra pela libertação quanto no trabalho de reconstrução do país, pela realização de mudanças revolucionárias em toda a cidade e no campo, e pelo desenvolvimento e avanço de nossa cultura.
No 1º Congresso da AAYU, a juventude prometeu que seguiria sempre o partido, que estariam sempre prontos para responder ao seu chamado; que a geração mais jovem não pouparia nem mesmo suas vidas na guerra contra as hordas nazistas e os traidores locais; que não deporiam suas armas até a vitória final, até que o povo albanês tivesse garantido o Estado democrático, do qual sonhavam.
Nós, delegados do Congresso de Helmës, nos alegramos até hoje quando lembramos deste grande evento. Lembramos do entusiasmo dos dias e dos trabalhos frutíferos do congresso, das noites em que sentávamos ao redor das fogueiras e cantávamos canções revolucionárias, das nossas vidas como delegados. Era uma experiência tão rica, tão bonita e tão pura.
Recordamos a grande amizade que nos ligava uns aos outros, a determinação e o espírito de abnegação, o otimismo e a fé inabalável na vitória, com a qual o partido imbuiu nos corações da juventude. Mas, acima de tudo, nós que participamos do Congresso de Helmës nos alegramos com o fato de que suas decisões históricas penetraram tão profundamente na consciência não só dos delegados, mas também de toda a nossa juventude antifascista, que eles se levantaram com uma força nova e sem precedentes na luta sagrada para cumprir com honra seu dever para com a pátria. A juventude de fato cumpriu a promessa que fizeram ao partido e ao camarada Enver.
Nós, antigos delegados do Congresso de Helmës, nos regozijamos pelo fato da juventude de hoje marchar com confiança e determinação, seguindo os passos e as gloriosas tradições das gerações que empreenderam a guerra e lançaram as bases da Nova Albânia. É muito bom que a organização de juventude dedique importância à educação de seus membros com as tradições militantes do povo, com as tradições heroicas da Guerra de Libertação Nacional, com os ensinamentos e ideias de Enver Hoxha. Isto tem uma importância excepcional, porque inspira cada jovem a levar uma vida que não é mesquinha e individualista, mas uma vida realmente grande, cheia de dignidade, que não é medida com ganho pessoal, mas com ações em benefício do país e do socialismo.
A luta pela Nova Albânia, que começou há meio século, é uma luta que continua até hoje de novas maneiras e formas. Nossa vida nunca será como um pântano estagnado, mas sempre como os rios límpidos que correm para baixo das montanhas. Aqui, na vida, na luta de hoje e de amanhã pela causa do socialismo e do comunismo, há sempre espaço para um novo heroísmo.
Nos primeiros dias após a libertação, o camarada Enver nos disse: “ontem foi heroico lutar com armas na mão para esmagar o velho e lançar os alicerces do novo. Hoje é heroico construir o novo, defendê-lo, erradicar os restos do passado, dominar a cultura e resistir à pressão do inimigo”.
Nosso partido tem sido e está comprometido sem reservas com essa luta revolucionária, por isso o mundo o chama de partido heroico; nosso povo tem seguido o passo do partido nessa luta, por isso os chamamos de povo heroico; nossa juventude sempre esteve na vanguarda para colocar em prática a palavra do partido, por isso merecem plenamente o título de juventude heroica.
Hoje o trabalho, as lições, a elevação ideológica e política, a defesa do país e a luta pelo triunfo do marxismo-leninismo são as arenas em que os novos heróis emergem e são temperados. Assim, como todas as grandes mudanças que foram e estão sendo feitas em nosso país carregam a marca da juventude, também a consciência da juventude carrega e deve carregar sempre a marca dessas mudanças revolucionárias, a marca do socialismo e do comunismo. O trabalho de Enver Hoxha é a base da consciência revolucionária das gerações mais jovens.
Após a libertação do país, o camarada Enver Hoxha teve inúmeras reuniões e conversas com a juventude, e escreveu muitos materiais dedicados a eles. Uma ideia prevalece em todos eles: sua grande confiança nas jovens gerações, que ele chamou de “o braço direito do partido”, seu cuidado especial com sua educação, com a geração que representa o futuro da nação.
Podemos dizer que nunca, em nenhuma situação, o partido e Enver Hoxha se desapontaram com a heroica juventude de nosso país. Nos anos da guerra, foi precisamente a juventude que deu ao partido um poderoso apoio, que se tornou o sustentáculo do partido e de Enver, como a força mais ativa do exército partisan, foi a juventude que foram os primeiros a se alistarem sem reservas na grande frente de batalha pela vida ou morte, contra os ocupantes fascistas e traidores locais. No partido, a juventude viu seu futuro seguro e feliz.
Após a libertação também: quando a reconstrução do país devastado pela guerra e a construção da vida nova começou, a juventude albanesa se sente honrada pelo fato de que foram eles a emergir na vanguarda dessa luta. Esses foram tempos difíceis, mas heroicos. O partido encheu a juventude de otimismo e confiança, mostrou-lhes as brilhantes perspectivas do futuro.
A juventude da época da reconstrução estava armada com entusiasmo revolucionário oriundo da guerra, estavam no vigor de sua idade, tanto os homens quanto as mulheres. Nunca tiveram de guardar o fuzil, mas aprenderam a usar a picareta e o livro com igual habilidade e maestria, agora para tirar a Albânia da pobreza para a prosperidade, da escuridão para a luz, da ignorância para o caminho da civilização. Assim como eles viram na guerra sua salvação da escravidão fascista, a juventude viu no trabalho de construção da Nova Albânia o futuro feliz que os esperava. Eles estavam convencidos de que seu trabalho e seu suor não seriam em vão. Esta convicção estava ligada, antes de tudo, ao nome do partido e ao nome de seu amado líder e professor, Enver Hoxha.
Os laços das jovens gerações com o partido têm sido e são tão fortes quanto o aço. No partido, nas ideias do camarada Enver, nossa juventude vê seus próprios ideais e aspirações mais ardentes. É por isso que a juventude sempre considerou a palavra do partido como a coisa mais sagrada, por isso consideram o partido como a força política que responde plenamente aos seus interesses fundamentais.
Hoje o partido e o povo estão lutando com todas as suas energias para levar adiante a construção socialista e para garantir o futuro. É uma alegria para o povo e uma garantia para o nosso país que os jovens homens e mulheres da Albânia, ligados ao partido como carne e osso, constituem a força mais ativa e mais militante em cada frente destas majestosas batalhas. A juventude nunca permitiu que a palavra do partido fosse renegada. Eles trabalham de forma altruísta e incansável, onde quer que a pátria os convoca, assimilam avidamente lições, cultura e educação no espírito do partido a fim de se tornarem cada vez mais capazes de cumprir o importante papel que eles têm e sempre terão na construção do socialismo e do comunismo.
Sempre que falava da juventude, o camarada Enver Hoxha falava com entusiasmo especial: “ninguém tem uma juventude madura como a nossa, tão leal ao partido e pronta para lutar pela causa do povo e do socialismo”, declarou ele com profunda satisfação.
Sua alta avaliação sobre as jovens gerações podem ser observadas também no fato de que não há trabalhos de choque da juventude, especialmente nos primeiros anos da reconstrução e da construção socialista, aos quais ele não tenha ido visitar os voluntários nos locais de trabalho. Da mesma forma, não há nenhum congresso ou reunião importante da juventude na qual ele não tenha participado e falado.
Entre minhas impressões pessoais dos laços da Enver com a juventude, gostaria de lembrar algumas impressões do 2º Congresso da AAYU, realizado em Tirana, em abril de 1945. Para poder participar, voltei da Iugoslávia, onde as 5ª e 6ª divisões de nosso Exército de Libertação Nacional ainda estavam instaladas.
Uma atmosfera de alegria excepcional foi criada quando Enver Hoxha tomou a palavra. A juventude não conseguia se conter. Todos e todas estavam cheios de entusiasmo, mas o camarada Enver Hoxha os incendiou ainda mais com suas palavras inflamatórias e ideias inspiradoras, quando trouxe a mensagem de saudações do partido e a gratidão do governo democrático e do estado-maior do exército, pelos sacrifícios que nossa juventude fizera na guerra e pelo grande trabalho que estavam fazendo na reconstrução do país. Ele dirigiu-se aos delegados com estas palavras: “Vocês, meus camaradas em armas, que se levantaram um a um, que estavam na frente de batalha, onde quer que exigisse estar presente, honraram o nosso país”.
Os delegados se levantaram e os aplausos e palavras de ordem pelo governo democrático, pelo partido e pelo comandante, o camarada Enver Hoxha, não pararam mais, de modo que por algum tempo ele não pôde continuar seu discurso.
Neste Congresso, ele descreveu a juventude como “portadores de uma sólida obra construtiva” e expressou sua crença de que eles estariam sempre na vanguarda, aprenderiam e ganhariam educação com grande atenção, e se tornariam os defensores dos interesses do povo, protegendo o poder popular e implementando suas leis revolucionárias.
As principais tarefas que o partido estabeleceu para a juventude e para a construção do socialismo não foram fáceis: a reconstrução do país devastado pela guerra, a proteção e consolidação do novo poder popular, a construção de grandes projetos dos primeiros planos através de ações de trabalhos de choque, a luta contra o analfabetismo e a educação e desenvolvimento cultural do homem novo. E, assim como na guerra, a juventude tomou o fuzil partisan junto a convocatória do partido. Em resposta ao chamado de Enver, nossos jovens foram os primeiros a se lançarem ao trabalho com aquele entusiasmo que se expressa tão bem em uma canção daqueles anos: Venha, vamos trabalhar, vamos derramar nosso suor, porque estamos construindo a Nova Albânia!
As ações de trabalho de choque começaram. Em maio de 1946, o partido decretou a construção da autoestrada Kukës-Peshkopi, essa foi uma ação da juventude. Os primeiros voluntários partiram de Korçë e Delvinë, de Tirana e Durrës, de Shkoder e Kukës, de Elbasan e Berat, de Dropull e Konispol. Em meados de junho de 1946, mais de dois mil e quinhentos jovens, homens e mulheres, iniciaram os trabalhos nesta estrada, que foi construída sem máquinas, apenas com picaretas e pás, através de terrenos muito acidentados.
Esses eram tempos difíceis, não só por causa das muitas faltas: falta de materiais de construção, cimento, dinamite e às vezes até mesmo pão; mas também, porque naquela época circulavam naquelas partes bandos armadas de sabotadores. Os voluntários da estrada Kukës-Peshkopi trabalhavam, mas também tinham que montar guardas armadas e lutar contra os bandidos que tentavam intimidar a juventude e impedir a construção da estrada.
Lembro-me de um dia em setembro de 1946. Nessa época, eu estava trabalhando na Secretaria da AAYU. Desejando informações sobre o estado do trabalho, tentei entrar em contato por telefone com um camarada assistente da ação da juventude. Do outro lado da linha, veio a resposta calma:
“Ligue novamente daqui umas duas a três horas, porque estamos fora no momento, estamos com um grupo de voluntários em busca de alguns divisionistas que abriram fogo no acampamento dos voluntários ontem à noite”.
Aqueles momentos de junho de 1983, quando, sob instruções do camarada Enver, fui visitar alguns distritos do norte, vieram-me à cabeça. Quando voltei de minhas reuniões com camaradas dos distritos de Dibër, Kukës e Tropojë, durante uma conversa sobre minhas impressões desta visita, ele me perguntou de repente:
“De que lado você chegou até Kukës? Você foi pela Estada da Juventude?”
“Fui até Kukës por esse caminho mesmo, camarada Enver — eu lhe disse — lembrei-me de todas aquelas memórias do começo”.
“Muito bom — disse ele — as primeiras ações de trabalho de choque da juventude jamais podem ser esquecidas. Elas eram difíceis, mas havia muito heroísmo e grande beleza nelas”.
E, de fato, as ações das jovens gerações naqueles anos se tornaram a primeira escola para a educação e formação comunista da juventude. A participação da juventude na reconstrução do país, nas grandes ações, foi a primeira bigorna sobre a qual eles foram temperados para avançar com determinação no caminho da construção do socialismo em nossa pátria; as ações foram a pedra de toque de sua lealdade ao caminho do Partido e de Enver Hoxha.
Ação seguida de ação. Assim que a estrada Kukës-Peshkopi foi concluída, no início de 1947, a nossa juventude começou a obra para construir a primeira ferrovia entre Durrës-Peqin. Durante 1948, quase trinta mil jovens de ambos os sexos trabalhavam na ferrovia Tirana-Durrës.
Sempre que inauguramos novas linhas ferroviárias, quase sempre me lembro do dia em que a linha férrea Tirana-Durrës foi inaugurada, em fevereiro de 1949. Foi uma celebração especial. Para marcar a ocasião, foi organizado um grande comício, com a participação dos voluntários e de muitos cidadãos de Tirana. Eu fiz o discurso inaugural. Depois, como de costume, foi feita a primeira viagem. O camarada Enver embarcou no trem em meio aos aplausos dos muitos voluntários que, através de seu trabalho heroico, ligaram a capital com o principal porto marítimo do país por ferrovia.
O camarada Enver elogiou muito a juventude nos trabalhos de choque. Um dia ele me disse: “as ações criam condições para um trabalho educacional intensivo, mas também estimulam o espírito revolucionário de luta da juventude e exercem uma influência positiva para dar-lhes uma formação sólida e completa. As ações são especialmente importantes para a formação de quadros” — enfatizou ele.
Naquela época, o país tinha falta de quadros em todos os campos. Na ferrovia Tirana-Durrës tínhamos apenas dois engenheiros, enquanto o maior fardo era suportado por alguns agrimensores e os quadros da juventude. Executando as instruções do camarada Enver Hoxha, as ações da juventude tornaram-se uma grande fonte de quadros, especialmente para os setores do trabalho com o partido e a juventude, bem como para os projetos de construção e melhoramento fundiário, o uso do transporte, etc.
Nossas ferrovias são a realização da nossa juventude. Mas o suor e o trabalho voluntário das gerações mais jovens também estão incorporados em muitos outros projetos, em usinas hidrelétricas, nos prédios de Lukovë, na construção de grandes empreendimentos, etc.
Em novembro de 1948, foi realizado o 1º Congresso do partido, um dos eventos mais marcantes não apenas do partido, mas também de toda a história de nosso povo. O congresso fez uma análise detalhada do trabalho do partido desde a sua criação, das vitórias na Guerra de Libertação Nacional e após a libertação do país; as deficiências e erros foram criticados, a interferência e a atividade hostil dos revisionistas iugoslavos, de Koçi Xoxe e sua quadrilha foram denunciados. O congresso estabeleceu as orientações e as tarefas do partido para o futuro.
Após quinze dias de livre debate, caracterizado por um espírito militante e sérias críticas e autocríticas, foram eleitos os principais órgãos do partido. Nessa ocasião, fui eleito membro do Comitê Central. Essa foi uma grande honra pela confiança que me depositaram.
Imediatamente após o congresso, fui nomeado Primeiro Secretário do Comitê Central da Juventude. Neste período, meus contatos com o camarada Enver se tornaram mais frequentes, proporcionando maiores possibilidades de aprender mais e mais com ele.
Sempre trabalhei com especial entusiasmo e satisfação com a juventude e sua organização. Naturalmente, isto está ligado, em primeiro lugar, ao fato de que a geração mais jovem constitui o setor mais vivo da população, ávida por conhecimento e cultura, entusiasmada e não contaminada com preconceitos atrasados. A juventude tem um espírito de luta pelo desenvolvimento e iniciativa no trabalho.
Como mencionei acima, nossa juventude têm sido e está ligada ao partido como carne e osso. Em seu tempo, tanto Nako Spiru como Koçi Xoxe tentaram de ter a organização da juventude como sua reserva contra o partido, minando-a, encorajando o espírito de “independência do partido” etc., mas eles não tiveram sucesso. Nossa juventude viu sua vida e seu futuro no partido e em seus ideais — nos ensinamentos do camarada Enver Hoxha.
A inculcação deste espírito, o fortalecimento da educação comunista e do papel de liderança do partido na organização da juventude, foi considerada uma das principais tarefas, especialmente após o 1º Congresso do nosso partido. Atingiríamos estes objetivos através de um trabalho organizado nas mais variadas formas, mas especialmente através da mobilização da juventude no trabalho de construção das bases econômicas do socialismo. A ação é o melhor método de educação. O camarada Enver nos ajudou e nos incentivou nesta direção.
Sabe-se que durante a guerra e nos primeiros anos após a libertação havia duas organizações juvenis, a União da Juventude Comunista Albanesa, que era relativamente pequena, e a União da Juventude Antifascista Albanesa, que era a ampla frente de toda a juventude do país. Estas duas organizações tinham se justificado plenamente, especialmente durante a guerra. Após a libertação, porém, quando a construção da nova vida se apresentou como a tarefa principal para toda a massa da juventude, quando a educação comunista teve que incluir todos os jovens do país, e quando o papel de liderança do partido teve que ser realizado diretamente sobre toda a juventude, surgiu a pergunta: são necessárias duas organizações?
Imediatamente após o 1º Congresso do partido. O camarada Enver apresentou a unificação das duas organizações, sua amálgama em uma só: o União da Juventude do Trabalho da Albânia, a grande organização militante dos jovens albaneses, que é formada e educada com o espírito comunista. De acordo com sua ideia, começamos a trabalhar para realizar esta tarefa da melhor forma possível. É claro que muitos problemas surgiram, mas a cada passo tivemos o apoio do camarada Enver. Neste contexto, tive reuniões frequentes com ele.
Em uma dessas reuniões, relatei a ele como estava indo o trabalho, o que a juventude pensava sobre a fusão das duas organizações em uma só, etc. Contei-lhe sobre os preparativos para o “Congresso da Unificação” das duas organizações e, neste contexto, também sobre o esboço do Estatuto da União da Juventude. Quando falei sobre nosso conceito da estrutura interna da futura organização, ele me perguntou, não sem propósito:
“Por que você as unidades de base da nossa juventude de ‘núcleos de base’ ou invés de ‘grupo de jovens ativistas’?”
Deve-se ter em mente que, durante a guerra, especialmente na juventude comunista, os “grupo de jovens ativistas” foi uma unidade de ativistas nas bases. O termo “núcleos de base” foi introduzido após nossa libertação (no partido aconteceu a mesma coisa).
Tentei explicar ao camarada Enver porque havíamos escolhido o nome “núcleos de base” para a juventude também, dizendo que este termo respondia melhor à construção da organização de acordo com o local onde os jovens trabalhavam, estudavam ou viviam, e que nos outros países era assim que eles eram chamados. Eu mencionei, por exemplo, o Komsomol — a organização da juventude soviética.
É claro que isto não o convenceu, porque na verdade eu estava lhe contando coisas que ele sabia mesmo sem minha explicação. A pergunta que o preocupava não era uma questão de forma, não era apenas uma questão de nome. Ele explicou:
“A futura organização da juventude não deve ser uma organização estreita e sectária, vinculada por regras organizacionais rigorosas como as que o partido tem e deve ter, devemos lidar com as coisas de maneira correta e não formal. O Komsomol pode ter tais regras, mas nossas condições são diferentes daquelas da União Soviética. Organize contra a cópia mecânica, mas pegue o que é racional e que corresponda às nossas exigências a partir da experiência do trabalho do Komsomol”.
Devo admitir que ele havia atingido o alvo: naquela época havia vários camaradas entre os quadros dos jovens que, por sua falta de experiência e conhecimento, estavam inclinados a copiar o partido, a copiar o Komsomol, na estrutura organizacional e nas regras internas da juventude, considerando isto uma ação positiva.
“Ao chamar as unidades de base da juventude de ‘núcleos de base’ —continuou o camarada Enver — existe o perigo de exigir a mesma disciplina que é exigida dos membros do partido, enquanto a juventude deve ser mais livre do ponto de vista das regras organizacionais. A organização de juventude é ampla, portanto, é preciso ter cuidado, é necessário se proteger do sectarismo. Uma das razões pelas quais foi decidido unificar as duas organizações de juventude é que todos os jovens podem ser reunidos nesta organização unificada, e sua influência deve ser estendida a toda a massa da juventude. O sectarismo não está na natureza da juventude. Eles próprios se opõem a ele”.
Eu estava de pleno acordo com este conceito das unidades de base e disse ao camarada Enver que, em nossa atividade prática, teríamos em mente seus conselhos. Mas eu ainda não desisti do termo “núcleos de base” e disparei meu último tiro: “Suponhamos que chamemos uma reunião de quadros da juventude de reunião dos ativistas, se usarmos o mesmo termo para a reunião das organizações de massas tenho medo de confundir as coisas”.
Talvez este argumento também não tenha sido muito convincente, mas o camarada Enver, tendo em mente que o importante era o conceito da futura organização e não o nome de sua unidade de base, concordou.
Em setembro de 1949 foi realizado em Shkoder o Congresso de Unificação das Organizações da Juventude. Hoje esta organização, a União da Juventude do Trabalho da Albânia (BRPSH) é uma grande organização com cerca de 600 mil jovens em suas fileiras. Ela trabalha e luta com devoção, sob a liderança do partido, e obtém êxitos. Esta organização, com um nome honrado como este, responde plenamente às exigências, ao nível e aos interesses da juventude.
Mas a liderança da União da Juventude deve ter sempre em mente as instruções do camarada Enver: deve combater o sectarismo e a estreiteza, deve estimular a iniciativa da juventude, apoiar seu espírito criativo, encorajar os avançados, alcançar a juventude em todos os estratos, pensar na educação política e ideológica de seus membros, em seu nível cultural e educacional, prestar atenção ao esporte e à cultura física, ao descanso e recreação cultural.
O camarada Enver voltou repetidamente a esta questão de animar o espírito criativo da juventude. As conversas que ele manteve em vários momentos com líderes da BRPSH são orientações valiosas para o presente e o futuro, a fim de preservar a organização como uma grande união ativa e militante, promovendo a educação e o espírito criativo.
O camarada Enver demonstrou especial cuidado e tato em seu trabalho com o povo, e especialmente com os quadros mais jovens. Vou tentar ilustrar isto com um episódio ligado à preparação do relatório que deveria ser apresentado ao Congresso de Unificação das duas organizações de juventude. Quando o completei, enviei uma cópia ao camarada Enver. Esperei impacientemente por sua resposta. Não houve atraso. Um daqueles dias, no início de setembro de 1949, ele me convidou para ir à sua casa. Depois de termos trocado as habituais saudações, ele colocou na mesa o relatório que eu lhe enviei e começou a fazer algumas perguntas enquanto ele virava as páginas. Eu dei a ele as respostas que ele procurava, mas ao mesmo tempo observei atentamente enquanto as páginas eram viradas. Fiquei feliz em ver que havia apenas algumas correções e, interiormente, concluí que ele estava satisfeito com o material.
Eu estava sentado ao lado dele em sua mesa. Depois de ouvir meu informe sobre como estavam indo os preparativos para o congresso, ele começou a falar sobre o relatório. Ele enfatizou a importância que devemos dar à questão da educação dos jovens, para elevar seu nível educacional e cultural.
“Sem educação e sem cultura — disse ele — não podemos ir adiante e não podemos alcançar nenhuma solução real e correta para nossos problemas. Isto deve estar claro para todos e, em primeiro lugar, para a juventude, para os quais todos estes esforços estão sendo feitos. O Estado confia a eles tarefas importantes. Portanto, a juventude deve aprender sempre ao máximo que puderem”.
O camarada Enver falou sobre a importância de reforçar o papel da juventude na luta que o partido estava empreendendo para a reconstrução do país de acordo com as decisões do 1º Congresso.
“A juventude deve estar na vanguarda da luta pela construção do socialismo, — disse ele — ninguém entende melhor do que eles a necessidade de aumentar a produção nas fábricas, de acabar com a ignorância e o atraso no campo, a necessidade de progresso na agricultura. Portanto, a união da juventude deve ajudar cada jovem a estar na vanguarda da luta pela vida nova”.
Mas o que permanece vivo em minha mente são suas observações sobre a parte do relatório que tratava da política externa. Sobre esta questão, ele exigiu que a análise da situação internacional e dos deveres que surgem para a nossa juventude em defesa da liberdade e independência da pátria deveria ter a marca da idade e do pensamento da juventude. Ele exigiu também que o estilo do relatório fosse adaptado à natureza e ao papel das gerações mais jovens. Todas estas ideias ele me explicou claramente e de forma muito instrutiva.
Quando ele abriu o relatório na parte que tratava das tarefas que surgiram para a juventude na situação internacional daquela época, vi que o camarada Enver tinha escrito em lápis vermelho ao longo da margem de uma das páginas: “adequado para marmanjos barbudos”.
Esta foi uma síntese das observações que ele me fez. Ele sugeriu que os relatórios e discursos deveriam ser adaptados ao público ao qual são dirigidos. Eu mantive o relatório com essa nota. Hoje ele deve estar nos arquivos do Comitê Central da BRPSH.
Notando meu embaraço por causa da nota que eu tinha visto, o camarada Enver começou a mencionar alguns dos pontos positivos do relatório. É claro que ele não poupou suas críticas, mas o tom dele era muito camarada.
“Devemos falar com a juventude em sua própria língua — disse ele — Essa parte sobre a situação internacional não é ruim, mas não é adequada para a juventude”.
Naturalmente, eu reescrevi essa parte do relatório, mas até hoje tenho as críticas do Enver soando em meus ouvidos. A partir desse dia, sempre que tenho que escrever para a juventude, a primeira coisa que me vem à mente é: “não fale da maneira como você fala com velhos ou com diplomatas. A juventude quer uma linguagem diferente. Você deve falar com eles de modo a tocar seus corações, seus sentimentos. Eles não toleraram tons pedantes”.
Ainda hoje existem casos em que se fala com a juventude a partir da posição de professor de escola, claro, esse tipo de professor de escola que tem um sentimento de falsa superioridade. Mas não devemos nos comportar como professores pedantes com os jovens. De fato, devemos aprender com eles.
O partido abre o caminho para o vigor e as energias da juventude. A geração mais jovem está avançando com vontade, segurando alto a tocha da revolução e lutando de coração e alma pela prosperidade do nosso país.
Tanto nos anos da Guerra de Libertação Nacional como após a libertação, vi que o camarada Enver Hoxha considerava o trabalho com os jovens, o trabalho para sua educação com os ideais comunistas e as virtudes da moral socialista, uma tarefa principal para as organizações do partido. Muitas vezes me lembro de sua brilhante avaliação e de sua definição bem conhecida: “A juventude dá vida e animação ao país e sangue novo ao partido”. A relação dialética entre “partido-jovem-país” não poderia ser melhor expressa. O partido deve ter esta visão e deve proceder a partir desta avaliação quando constrói seu trabalho com a juventude.
Na véspera do 5º Congresso do partido, quando o camarada Enver estava organizando as ideias para a revolução geral da vida do país, durante uma reunião com o camarada Hysni Kapo e comigo, ele nos contou:
“A revolução da vida do partido e do Estado é imperativa, uma questão vital para o destino do socialismo. Vamos salvaguardar as vitórias da revolução ou permitir que elas sejam eliminadas, como está acontecendo na União Soviética? Devemos e vamos salvaguardá-las” — disse ele com determinação.
Assim começou uma calorosa troca de opiniões sobre as tarefas que surgiram para o partido, sobre a luta contra qualquer coisa que diminuísse o espírito revolucionário, que dê origem à indiferença, que iniba a iniciativa das massas, que prejudique os vínculos das massas com o partido e o Estado, etc.
“Para a revolução da vida em todos os campos, a juventude deve desempenhar um papel especial — disse ele — A juventude deve ser a força de assalto, porque eles também são fervorosos defensores do novo. Eles devem se tornar uma grande força motriz revolucionária em todas as direções. A participação ativa da juventude no movimento de massas contra manifestações estranhas, contra costumes retrógrados, contra o conservadorismo, etc., será de excepcional ajuda na educação da própria juventude”.
E os desdobramentos acabaram se revelando como disse Enver Hoxha. A juventude, inspirada pelas ideias do partido, e pelos ensinamentos do camarada Enver, colocaram-se na vanguarda da revolução da vida do país. A iniciativa da juventude de intensificar a luta contra a religião e os costumes retrógrados patriarcais é especialmente conhecida. Também são conhecidas as muitas ações que surgiram em meados dos anos 60 nos campos social, econômico, ideológico e cultural, nos quais a juventude de nosso país se destacou por seu espírito de luta, impulso revolucionário, determinação e sabedoria.
O camarada Enver enfatizou continuamente que a juventude, como a força mais ativa da sociedade, precisa participar ativamente da prática revolucionária. Ao mesmo tempo, disse ele, que “nosso partido deve sempre manter os ideais comunistas acesos nas mentes e nos corações da juventude”. Ele determinou que a juventude fosse educada como fiéis combatentes do partido, para que dediquem todas as suas energias físicas e intelectuais, seus talentos e toda a sua vida à pátria e ao povo, ao partido e ao socialismo.
“Um homem com convicção constrói castelos — disse Enver — aquele que não tem convicção arruína o que ele tem”.
A juventude é uma imensa força em todas as partes do mundo. O camarada Enver estava firmemente convencido disso; portanto, ele fez uma justa avaliação do movimento de juventude nos anos de 1967-1968, que se estendeu a quase todos os países da Europa e além. Naquela época, nossa juventude trabalhava para construir a ferrovia Rrogozhinë-Fier. Em um encontro com os voluntários deste projeto, o camarada Enver falou sobre a importância e o papel da nossa juventude, e sobre o movimento estudantil que estava em franca ascensão no mundo. Eu estava presente nesta reunião e, em 30 de junho de 1968, tomei esta nota:
“Anteontem acompanhei o camarada Enver em sua visita à ferrovia Rrogozhinë-Fier. Ele conheceu os voluntários. Depois foi organizado um comício em massa em Gradishtë onde o camarada Enver fez um discurso muito importante.
“Naturalmente, o principal destaque em seu discurso foi voltado para o trabalho e o papel de nossa juventude, seu lugar e importância, especialmente no presente, na luta pela revolução da vida do país. O camarada Enver definiu grandes tarefas nesta direção. Mas o atual movimento estudantil no mundo também ocupou um espaço considerável em sua fala. O camarada Enver fez uma justa avaliação deste movimento. Há alguns dias que ele acompanha com muita atenção as manifestações da juventude, vendo nelas a revolta que inflamou as jovens gerações nos países capitalistas e revisionistas. Ele tem falado comigo sobre estas manifestações repetidas vezes. Lamentavelmente, a classe trabalhadora, especialmente nos países capitalistas, está distante e não se une à juventude. Isto pode ser visto na França, em particular. Falando à nossa juventude, de fato, ele saudou este movimento democrático e revolucionário da juventude de todo o mundo, que luta por mais direitos, mais liberdades e mais democracia, contra a discriminação social e política da burguesia e do revisionismo.”
O discurso do camarada Enver foi publicado na imprensa. Mandamos traduzi-lo para idiomas estrangeiros a fim de distribuí-lo também no exterior.
“Com essas ações — disse Enver — nossa juventude não está apenas construindo empreendimentos econômicos importantes. Acima de tudo, a ação serve como uma grande escola para temperar as jovens gerações, para educá-la com conceitos corretos sobre o trabalho, serve para incutir na juventude o espírito da coletividade, da luta para superar as dificuldades, do amor pelos camaradas, da amizade pura e da determinação revolucionária.”
O caráter da juventude albanesa que Enver destacou neste discurso foi uma síntese científica do caminho para uma formação revolucionária.
“Nossa juventude não foi educada em casa ou com livros escolares mofados — disse ele — eles foram temperados como aço e imbuídos de um espírito revolucionário indomável no calor das batalhas severas contra inimigos selvagens internos e externos, das dificuldades colossais que tivemos que superar, que se originaram do profundo atraso que herdamos dos regimes anti-povo, na luta feroz para esmagar o bloqueio imperialista-revisionista hostil que foi imposto ao nosso país.”
Ele deu um conselho aos voluntários: “A juventude trabalhadora, camponesa e estudante deve aumentar seus esforços para aprender o máximo possível, para dominar a cultura e a ciência, essas são condições indispensáveis para o progresso do país; elas devem aprender enquanto trabalham e trabalhar enquanto aprendem”.
Observei os jovens com atenção, seus olhos estavam atentos no camarada Enver e eles absorviam completamente cada palavra que ele dizia.
“A preocupação da nossa juventude, estudante ou intelectual, ao contrário dos jovens dos países onde os capitalistas e os revisionistas dominam, não é seu destino pessoal, o problema de encontrar qualquer tipo de emprego para ganhar a vida para si ou sua família — apontou ele — a juventude em nosso país não estuda e luta apenas ‘para emergir na ribalta’, para evitar ser oprimido pelos outros, ou devorado pelos grandes lobos. O ideal de nosso estudante ou intelectual não é a segurança pessoal ou a obtenção de qualificações para que ele possa enfrentar as tempestades de uma sociedade opressora e exploradora. Seu ideal é muito grandioso, muito militante e muito inspirador.
“Este ano é um ano tempestuoso, para nossa juventude também — prosseguiu Enver — mas enquanto os jovens do mundo estão lutando para conquistar mais direitos e liberdades, em nosso país eles estão em erupção em grandes iniciativas revolucionárias para levar adiante o socialismo e emancipar nossa sociedade. Diante de nós, vemos dois mundos contrastantes e dois destinos bem diferentes para a juventude” — declarou o camarada Enver no comício.
“Provas vivas disso são as grandes manifestações estudantis que vimos ultimamente na Europa e em outros continentes, tanto nos países capitalistas, quanto em alguns países revisionistas”.
E ele continuou:
“Independentemente das razões que motivaram os estudantes a se erguerem nestas manifestações, elas são diversas – educacionais, econômicas, políticas, ideológicas, estruturais, organização universitária — eles têm demonstrado que a juventude é uma força corajosa e militante quando está inspirada. Apesar da variedade de visões políticas que prevalecem em suas fileiras, uma coisa é certa: eles estão atacando o sistema capitalista. Estas manifestações são os primeiros testes, o início do uso da violência revolucionária contra a violência burguesa-fascista”.
Não posso fechar estas notas sobre a juventude sem também enfatizar o fato de que Enver Hoxha não só amou e valorizou a nossa juventude, mas também os defendeu resolutamente contra qualquer tentativa de manchar ou questionar seu muito bom nome. Sabemos agora que Mehmet Shehu era um inimigo muito perigoso, escondido no seio do partido. Naturalmente, agora também entendemos o objetivo diabólico de suas acusações insultuosas contra nossa juventude: amargar as relações entre o partido e a própria juventude. Mas ele não conseguiu atingir seu objetivo, porque a juventude sempre teve um grande e inabalável campeão: o camarada Enver Hoxha.
Isto não é apenas uma declaração, mas um fato observado na prática. A título de ilustração, citarei apenas um episódio reproduzido das notas que fiz no dia em que ocorreu, 7 de novembro de 1980:
“Na reunião de hoje o camarada Enver tratou extensivamente do problema da juventude, enfatizando a necessidade de maior cuidado com sua educação, formação e o tratamento correto com as jovens gerações. A discussão foi provocada por algumas queixas de Mehmet Shehu sobre o comportamento da juventude. Eu não entendo porque ele aponta apenas os aspectos negativos deles. Acusações como ‘a juventude está se degenerando’, ‘a juventude hoje se apega às modas extravagantes’, etc., etc., estão sempre na ponta de sua língua. Na fala que se seguiu, o camarada Enver criticou abertamente suas opiniões.
“O importante é que o partido deve ajudar a juventude — disse ele — mas tenho a impressão de que em muitos casos essa ajuda é dada de maneira formal e burocrática. A juventude não aceita formalismo, eles são alérgicos a qualquer coisa que cheire a formalismo. Às vezes se diz que ‘a juventude discute suas preocupações nas ruas e não nas reuniões da militância’, — continuou o camarada Enver — mas o que há de errado nisso? Aqueles que dizem estas coisas esquecem que a vida é ampla e profunda, que a juventude tem tantos interesses que não podem esgotá-los todos em uma hora e meia nas reuniões da União da Juventude, que só se realiza uma vez por mês. A juventude vai às reuniões da organização para obter uma orientação, com base na linha do partido, mas não para resolver tudo.”
O camarada Enver desenvolveu ainda mais a ideia sobre os diversos interesses da juventude.
“Não é correto pensar que quando a juventude conversa nas ruas estão falando de assuntos corruptivos — continuou ele — quando perguntei ao secretário do comitê da juventude de Tirana sobre esta questão, ele disse que fora das reuniões os jovens falam sobre filmes e livros, sobre a agressão soviética no Afeganistão, sobre a guerra entre Irã e Iraque, assim como também falam sobre suas lições e, por que não, sobre o amor também? Que mal há isto? Por que alguns camaradas estão alarmados com isso?”
Ficou claro que suas críticas foram dirigidas a Mehmet. No entanto, Enver não se contentou com isso. Voltando diretamente para Mehmet, ele continuou: “É errado atribuir a culpa de cada deficiência que percebemos à juventude. Digo isto porque ouço frequentemente a juventude sobrecarregada com a culpa, por coisas que não são de sua responsabilidade. Não, a juventude não é a culpada por tudo. O partido deve trabalhar mais e melhor com eles. Mas deixemos claro que o trabalho da juventude não é melhorado através da moralização e pelo vómito de ordens tanto da direita como da esquerda: ‘não ande aqui e não ande ali’, ‘ou não faça isto, não faça aquilo’. A desconfiança não ajuda a educar as massas da juventude.
“A juventude é o futuro do país — continuou o camarada Enver — nossos jovens são honestos, patriotas e ligados ao partido. Portanto, as organizações do partido e da juventude devem dedicar maior atenção a eles. A União da Juventude tem um grande papel de educação e formação. É claro que haverá críticas a alguns jovens por suas deficiências ou comportamentos indesejáveis, mas o trabalho educacional não deve ser reduzido simplesmente a críticas contínuas. O que devemos fazer é melhorar o trabalho a fim de formar uma opinião saudável baseada em nossa visão marxista-leninista do mundo, entre a juventude.”
Durante toda sua vida, Enver Hoxha teve a juventude em sua mente e em seu coração. “Temos um jovem tão puro quanto o ar e as águas cristalinas dos riachos da montanha” — apontou ele em sua mensagem de saudação dirigida aos antigos delegados ao Congresso de Helmës, em 7 de agosto de 1984.
A juventude de hoje são os filhos e filhas daqueles que empreenderam a Guerra de Libertação Nacional e realizaram a reconstrução do país, aqueles que cumpriram os primeiros planos quinquenais e lançaram as bases da Nova Albânia. Não só são herdeiros dignos do majestoso trabalho daqueles homens e mulheres heróicos, mas também são fervorosos seguidores de seu ideal revolucionário.
Nosso partido, nossa sociedade, nosso povo se regozijam e se orgulham disso. Eles se alegram com o espírito puro e o caráter saudável de nossa juventude, sua elevada moralidade e bom comportamento, seu grande apego ao trabalho e a vida culta que levam. O amor pela pátria, pelas notáveis tradições históricas de nosso povo, por seus sentimentos de amor à liberdade e caráter indomável, o respeito pela cultura nacional, a língua materna, a contribuição que os homens e mulheres de nossa terra deram ao albanês e à cultura européia são traços permanentes de toda nossa juventude.
O partido, a União da Juventude e toda a nossa sociedade trabalharão sem espalhafato para garantir que nossa juventude seja sempre pura e militante como queria Enver Hoxha, que as tradições patrióticas e revolucionárias herdadas pela juventude nunca sejam manchadas, que as novas virtudes de nossa moral socialista nunca sejam violadas em nenhuma circunstância e que o impulso da juventude nunca seja parado.
O camarada Enver tinha uma grande fé e um grande amor pela juventude. Da mesma forma, a juventude o amaram de todo coração e sempre conservarão seu amor imortal por Enver Hoxha e por sua obra monumental que será transmitida com firmeza de geração em geração.