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A construção do socialismo e da Nova Albânia foram realizações possíveis porque seguimos um caminho correto. Mesmo que atrás de nós a onda monstruosa do revisionismo moderno tenha nos afetado, nós provamos que a degeneração revisionista não é inevitável. O país seguiu marchando confiante rumo a um futuro melhor, rumo a novas vitórias.
Afirmamos e reafirmaremos novamente, mesmo que estejamos repetindo uma verdade já conhecida, é necessário sempre dizer: a chave para os nossos sucessos é o partido e sua linha política. Com o camarada Enver Hoxha à frente, o partido soube manter vivo o espírito revolucionário entre o povo e prevenir os perigos que ameaçam o socialismo nas condições do cerco imperialista-revisionista, o partido soube manter em atividade feroz a luta de classes, especialmente no plano internacional.
Aderindo aos ensinamentos leninistas, o camarada Enver Hoxha apontou continuamente que a revolução socialista não termina com a tomada do poder, ou com a construção da base econômica do socialismo. A revolução socialista é um longo processo, que se aprofunda ininterruptamente em todos os campos. Sem esta continuidade, o aperfeiçoamento de nossa sociedade teria sido impossível.
A fim de garantir o desenvolvimento bem-sucedido deste processo, nosso partido sempre considerou a questão do poder do Estado como o ponto fundamental da revolução. Em todas as mudanças revolucionárias que foram feitas na Nova Albânia, o poder popular demonstrou estabilidade, grande força organizadora e capacidade de fazer as coisas em seu caráter verdadeiramente popular, democrático e revolucionário.
O ponto central era a necessidade do povo se tornar dono de seu próprio destino, o fato de que deveria tomar em suas mãos o poder do país. Essa questão foi resolvida pela Guerra de Libertação Nacional. É um grande mérito do partido e de Enver Hoxha que nós jamais separamos a pauta da libertação nacional do poder do Estado, de garantir a liberdade e independência da pátria. Com sua aguçada intuição revolucionária, na Conferência de Pezë, o camarada Enver Hoxha lançou a ideia de que os conselhos de libertação nacional deveriam ser, simultaneamente, não apenas órgãos da unidade do povo na guerra contra o fascismo, mas também órgãos do novo poder popular nascente.
O novo estado do poder popular, consagrado nas decisões históricas do Congresso de Përmet, constitui uma das maiores e mais brilhantes realizações, uma das obras monumentais de nossa época, como o próprio camarada Enver a definiu em seu livro Cimentando as Bases da Nova Albânia.
Com seu poderoso sentimento de amor pelo povo, e confiando na teoria marxista-leninista e na experiência revolucionária, Enver Hoxha chegou naturalmente à ideia de que são as massas que construirão a nova sociedade, levarão o socialismo adiante e entregarão o novo Estado democrático de geração em geração. Esta foi uma convicção pela qual ele se guiou durante toda a sua atividade. Ela foi formulada muito claramente no ditado: “as massas constroem o socialismo, o partido às dá consciência” — essa sendo uma síntese marxista de importância fundamental para o destino da revolução.
O partido, com o camarada Enver Hoxha à frente, considerando as massas como agentes da transformação histórica, como seus autores e atores, garantiu-lhes os direitos que haviam sido negados durante séculos. Ao afirmar o papel primordial das massas, o partido e o camarada Enver protegeram os comunistas contra qualquer sentimento de prepotência e mostraram o caminho para a contínua democratização do governo e do país. Enver Hoxha considerou a questão da segurança e do fortalecimento do poder popular como também a questão do aperfeiçoamento da própria revolução, como uma tarefa permanente de todo o nosso partido.
“O povo conquistou o poder popular com derramamento de sangue — dizia ele diversas vezes — Portanto, devemos protegê-lo a todo custo, devemos defendê-lo e fortalecê-lo, mantê-lo sempre eficaz e fresco.”
O poder popular, que desempenha as funções da ditadura do proletariado, garante uma verdadeira democracia para as massas trabalhadoras, assim como a emancipação de todas as camadas da nossa sociedade, e é a maior garantia de suas liberdades e igualdades sociais. Nas condições de nossa ordem, as obrigações do indivíduo para com a sociedade e da sociedade para com o indivíduo são realizadas da forma mais harmoniosa possível.
Insistindo na necessidade da organização das massas na gestão do país, Enver Hoxha exigiu que isso fosse garantido em todos os níveis do Estado, especialmente na base, na produção e na vida social. As massas gerenciam e governam não apenas exercendo funções dentro do partido ou do Estado, mas também se preocupando e dando ideias valiosas para o progresso do país. Este papel das massas na administração da nação é o fator básico que, com o passar dos anos, tornou possível desenvolver rapidamente a economia, embelezar a pátria, progredir na educação e na cultura, fortalecendo o próprio Estado.
Enver Hoxha testemunhou com alegria e otimismo essas mudanças que a Albânia estava passando, ao mesmo tempo, não hesitou em apontar as deficiências que de tempos em tempos eram evidenciadas na atividade do poder popular. O poder popular, disse ele, nunca deve ficar atrás das exigências da vida; qualquer distanciamento dessas exigências é uma expressão da separação do Estado e das massas, ou seja, uma expressão do enfraquecimento de seu caráter popular. Representantes dignos, apontou ele, são aqueles que conhecem os problemas do povo e lutam para resolvê-los, e não aqueles que se afastam dos trabalhadores; representantes dignos são aqueles que trabalham e vivem perto das massas, que escutam atentamente sua voz e a levam aos órgãos superiores. Somente desta forma os representantes eleitos podem ser dignos do atributo que lhes é devido como “servos do povo”.
“Mas o que significa ser um servo do povo? — perguntava ele, sempre que a questão do vínculo entre o Estado e o povo era colocada — Antes de tudo, isto significa que você deve servi-los com grande lealdade, deve servi-los com base na linha do partido, isso significa que devemos trabalhar incansavelmente para aplicar suas decisões, aplicar seus princípios com vigor. Nunca devemos, em nenhum caso, abusar da confiança do povo, jamais devemos utilizar dessa confiança para obter ganhos pessoais ou privilégios, devemos ser sempre justos, sinceros e irreconciliáveis com qualquer manifestação, por menor que seja, de favoritismo, amiguismo e nepotismo. Isso significa, também — continuava o camarada Enver — ser educado e justo com as massas, manter laços estreitos com o povo e ouvir atentamente sua voz, ter uma atitude de princípios em relação às suas reclamações e críticas, ser inimigo declarado das manifestações de arrogância, vaidade e altivez.”
O povo é grande, em comparação com o povo, o indivíduo, por mais destacado que seja, é minúsculo. Portanto, o servidor público, o dirigente, o representante eleito, mesmo o mais capaz e valioso, deve ser humilde diante do povo. Enver Hoxha seguia a partir disto quando concluiu que a força do Estado reside em seu caráter democrático. Caso contrário, a declaração na Constituição da República de que o “poder popular provém do povo e pertence ao povo”, continuaria sendo um texto sem sentido.
Como um lutador indomável por superar qualquer obstáculo que surgisse no caminho da democratização da atividade do governo, Enver Hoxha atacou consistentemente todas as manifestações de oficialismo ou burocracia. Mas especialmente durante os anos 60, e posteriormente, ao analisar as causas da catástrofe política que ocorreu na União Soviética e nos outros países do Oriente, suas conclusões sobre a luta contra a burocracia foram transformadas em um sistema completo e coerente de exigências para a revolução do Estado e de toda a vida do país.
Em muitas ocasiões, mas especialmente durante o ano de 1965, quando o Comitê Central havia acabado de iniciar os preparativos preliminares para o 5º Congresso do Partido do Trabalho da Albânia (PTA), o camarada Enver falou comigo sobre a necessidade de intensificar esta luta. Ele considerava a burocracia como uma séria ameaça ao Estado e ao partido, ao futuro do socialismo.
“A burocracia — disse-me ele nessas conversas — é um inimigo perigoso, que corrói o estado a partir de dentro. Assim como a broca que devora a madeira, a burocracia atrofia a democracia e a iniciativa, se não for combatida de forma consistente e com determinação”.
Sabe-se que ele voltou várias vezes a este tema. A Carta Aberta de 1966, registrada na história do partido como um documento importante, representa um verdadeiro programa de luta contra a burocracia. Seus muitos discursos e contribuições para a discussão no Birô Político constituem a base sobre a qual foi realizada a 6ª Plenária do Comitê Central em setembro de 1968, especialmente sobre a implementação da linha das massas.
Enver Hoxha considerou a luta contra a burocracia como principal fator para manter o Estado descontaminado, assim como também uma necessidade para salvaguardar seu caráter popular. Como é sabido, enquanto descobria as raízes ideológicas e sociais do revés revisionista que ocorreu na União Soviética e em outros países após a traição khrushchevista, ele chegou à conclusão de que uma das principais causas que prepararam o terreno para o desvio revisionista foi precisamente a disseminação da burocracia. Esta doença infectou os órgãos do partido e do Estado soviético, corrompeu os quadros, causou apatia e divorciou o partido das massas. Nestas condições, a quadrilha de Khrushchev e seu aparelho não tiveram dificuldade em tomar o poder, confundindo as massas e liquidando as vitórias socialistas.
O perigo da burocracia é mortal, dizia frequentemente o camarada Enver, portanto a luta contra ela nunca deve cessar. Enquanto os restos de concepções estranhas estiverem presentes na consciência humana, isso levará à degeneração de indivíduos ou de certos grupos, o que podem agravar e danificar a atmosfera social. Distorções burocráticas e métodos rudimentares levam à degeneração do Estado, levam a sua alienação das massas, levam à perda dos principais motivos da vitória de nossa revolução.
Procedendo desta consideração, ele instruiu que devemos ver a luta contra a burocracia como um dos principais caminhos da nossa luta de classes. Esta luta, instruiu ele, não deve ser simplificada demais, tratada superficial ou formalmente, como se tivesse a ver apenas com o corte de papel ou a redução dos estabelecimentos de pessoal. A burocracia, antes de tudo, é uma certa maneira de pensar e agir contrária aos interesses do povo. Tem a ver com o método e o estilo de trabalho, com a maneira como os órgãos do Estado administram os assuntos e resolvem os problemas.
Sempre que o camarada Enver falou sobre a luta contra a burocracia, ele o fez com grande concentração. Ele não desistia, sempre buscava convencer todos os seus camaradas nas conversas sobre o perigo deste fenômeno. A burocracia faz de seu alvo a principal conquista da revolução: o poder político, ou seja, é um inimigo um tanto escorregadio e difícil de compreender, que se enraíza e envolve nosso povo em sua teia sub-repticiamente. Portanto, a luta contra ela não tem sido, e não é e não será fácil.
A aplicação dos ensinamentos do camarada Enver sobre a luta contra a burocracia é a melhor profilaxia contra esta ameaça e uma exigência da ordem do dia, porque os burocratas podem ser encontrados a qualquer momento e em diferentes campos de atividade. Eles não levam em conta a vida e seu desenvolvimento, por isso se dedicam apenas ao trabalho em papel, reproduzindo frases emprestadas das cláusulas dos livros de regras. Permanecendo por muito tempo sem se afastar de cargos e escritórios de liderança, os burocratas formam a opinião de que eles são os mais conhecedores, que são invioláveis e insubstituíveis. Eles não têm fé na democracia e na iniciativa das massas, por isso as sufocam e as inibem.
O burocrata é idealista em seus conceitos e julgamentos. Em sua opinião, palavras, ordens, cartas podem fazer maravilhas. Os burocratas têm medo de uma ação revolucionária. A mentalidade burocrata lembra as frases de abertura dos manuais eclesiásticos: “No início, havia a Palavra”. Hoje, os materialistas dos nossos tempos reverteram destemidamente essa frase, declarando: “No início, havia a Ação”. Desta maneira materialista de pensar, emerge o fato de que a burocracia não é erradicada com palavras e moralização, mas com o controle ativo exercido pela classe trabalhadora, pelo rejuvenescimento dos aparatos do Estado e do partido, pela aplicação da justiça revolucionária em todos os campos da vida, pelo envolvimento das massas de quadros e líderes, dos trabalhadores e trabalhadoras intelectuais, em geral, na dinâmica da vida e da produção.
O conselho que o camarada Enver deu em diferentes momentos, de que a luta contra a burocracia deve ser entendida não como uma medida técnico-administrativa, mas, sobretudo, como uma medida de caráter político e ideológico, é valiosa para o presente e o futuro. Se as manifestações da burocracia não forem entendidas profundamente deste ângulo, elas reanimarão e ressurgirão, mesmo depois de terem sido combatidas uma vez.
Em discussões e conversas, em dezenas de ocasiões, ouvi Enver Hoxha falar cheio de paixão e energia sobre os mais variados problemas da atividade social. Mas seu pensamento nunca foi unilateral, nem mesmo quando o debate se acalentava e as emoções se instalavam nele. Notei isto mesmo em meados dos anos 60, na época em que nos preparávamos para lançar a fase da revolução da vida do país, na fúria da luta contra a burocracia.
Mesmo nestas condições, quando a extensão da democracia socialista estava sendo apoiada poderosamente com uma série de novas medidas organizacionais, ele não esqueceu o outro perigo que ameaçava o poder popular: o liberalismo. Em muitos discursos e artigos, ele argumentou que o liberalismo não é um fenômeno que desce subitamente do céu; é um produto da pressão ideológica do inimigo externo e interno, cujo objetivo é minar o poder popular e o socialismo. Se o centralismo e a democracia foram equilibradas e estão em harmonia em todas as etapas da construção socialista de nosso país, o fator decisivo para isso foram as orientações do partido, as ideias e a insistência do camarada Enver Hoxha.
Argumentando a necessidade da luta contra o liberalismo, o camarada Enver disse que, com o avanço do socialismo, os inimigos acham cada vez mais difícil sair abertamente com apelos contra o poder popular, contra nossa ordem social, porque os trabalhadores e os camponeses, a intelectualidade, as mulheres e a juventude brotariam na garganta de qualquer um que lançassem tais palavras de ordem. Portanto, o inimigo e toda a reação se esforçam para provocar a degeneração do Estado e da ordem socialista, encorajando o liberalismo, procurando abrir novos caminhos para injetar seu veneno na mente das pessoas.
As ideias do camarada Enver sobre o perigo do liberalismo e do oportunismo, sobre a proteção do partido e do Estado contra as ilusões que suas palavras de ordem sedutoras podem suscitar, são uma arma eficaz até mesmo para hoje. Ventos fortes de oportunismo de vários quadrantes estão soprando no mundo de hoje. Eles são alimentados e fomentados pelo imperialismo e pela reação mundial e são usados para combater o socialismo e a revolução, para difundir o liberalismo e a contrarrevolução. Ao mesmo tempo, as correntes oportunistas atuais representam a crise do revisionismo, que é a causa da degeneração moral, política, ideológica, econômica e cultural geral na União Soviética e nos outros países antes socialistas, que hoje se uniram no “desfile da moda” das reformas.
Ao abordar a questão da revolução do Estado, o camarada Enver não se limitou apenas a denunciar o perigo da burocracia e do liberalismo. Ele também elaborou as maneiras de evitar estes males que poderiam roubar o poder político do povo. O “remédio” contra a burocracia e o liberalismo que o camarada Enver Hoxha recomenda é aumentar a atividade sócio-política das massas populares, sua participação direta na gestão dos assuntos do Estado.
Ele não definiu esses caminhos de forma livre; eles surgiram em debates, discussões e consultas com o povo, a partir da síntese da experiência histórica da construção socialista em nosso país.
“Os comunistas, os quadros do partido e do Estado — disse-me ele em uma conversa no início de 1972 — devem estar sempre na vanguarda. Enquanto lideram as massas, eles devem, ao mesmo tempo, submeter-se ao seu controle. Se dizemos que os comunistas se dedicaram à causa do povo, então eles nunca devem se comportar como senhores ou ser ditadores sobre as massas. O partido não precisa de tais comunistas.”
Continuando, ele perguntou:
“Este nobre objetivo do partido e dos comunistas pode ser realizado quando a maioria dos funcionários dos departamentos são membros do partido?”
E sem esperar por uma resposta, ele enfatizou:
“É errado, de fato, eu a chamaria de mentalidade pequeno-burguesa, se há comunistas que consideram como seu dever ocupar as posições-chave e dar ordens. Mas e aqueles que não são membros do partido, entre os quais há especialistas e quadros muito capazes, especialmente nas fileiras da juventude e da intelectualidade? Para que servem? Apenas para receber e levar nossas ordens?”
Alguns dias depois, quando li o discurso que ele apresentou na Plenária do Comitê do partido do distrito de Mat, que é conhecido como um discurso de especial importância teórica e prática sobre o papel das massas na construção socialista, lembrei-me dessa conversa e entendi melhor a preocupação de Enver.
A linha de massas constitui o principal pivô do pensamento de Enver Hoxha sobre a questão do estado. O papel das massas, declarava ele, é decisivo em tudo. A classe trabalhadora, os camponeses e a intelectualidade popular são os portadores do progresso, lutadores resolutos pela causa do socialismo e pelo fortalecimento do poder popular. Os comunistas devem contar com as massas trabalhadoras, porque o próprio partido emergiu delas.
No decorrer da luta contra manifestações da burocracia, o camarada Enver elaborou uma série de ideias originais, como a da circulação de quadros, a participação dos quadros no trabalho braçal junto das massas, o controle da classe trabalhadora e o estabelecimento de uma proporção correta entre salários altos e baixos. Um fio vermelho perpassa estas ideias: o partido e o Estado devem estar ligados ao povo como carne e osso. Ele enfatizou que a luta contra manifestações da burocracia e do liberalismo só podem ser travadas com sucesso com a participação das massas, através do fortalecimento da democracia socialista, e que o controle da classe trabalhadora sobre o trabalho das administrações, produção e distribuição é uma condição indispensável para fortalecer nossa sociedade socialista.
“Nada deve escapar aos olhos do povo — disse-me o camarada Enver em uma reunião em abril de 1975, querendo sublinhar a ideia da força do controle por parte das massas — A burocracia, se anima onde quer que a luta de classe contra ela seja afrouxada. Os burocratas se escondem somente quando o punho da classe trabalhadora e seu partido lhe bate com força.”
Assim que voltei ao meu escritório, comecei a colocar no papel as ideias que surgiram daquela conversa, porque me pareceram muito valiosas, e me preocupava que não fossem perdidas. Enquanto escrevia, porém, notei que o material estava assumindo a forma de um artigo. Quando o terminei e o li, fiquei ainda mais convencido sobre isso. Voltei para o escritório do camarada Enver:
“Coloquei algumas das coisas de que conversamos ontem no papel” — disse eu, entregando-lhe o artigo, depois que ele o leu, pedi a ele sua impressão sobre. “Não o altere, ou você vai estragá-lo — disse ele sorrindo — Deixe Hysni lê-lo e enviá-lo ao jornal”.
Hysni, também, era da mesma opinião.
No dia seguinte, em 3 de abril de 1975, o artigo foi publicado no editorial do jornal Zëri i Popullit, sob o título Quando a Classe Trabalhadora Fala, a Burocracia Fica em Silêncio, o que desencadeou outro poderoso ataque em larga escala contra a burocracia, à inflação nos escritórios e às papeladas.
O camarada Enver Hoxha considerava as manifestações da burocracia e do liberalismo como ligadas entre si, como dois lados da mesma moeda. Ele repetia continuamente a afirmação do camarada Stálin de que o inimigo mais perigoso é aquele que é esquecido.
No relatório que entregou a 4ª Plenária do Comitê Central, em junho de 1973, ele destacou: “O partido sempre foi contra qualquer tipo de distorção ou subestimação de suas orientações sobre uma luta ideológica consistente nos dois flancos, contra o liberalismo e contra o conservadorismo. Tem sido e é contra qualquer tipo de deturpação que, por causa da luta contra um flanco, a luta contra o outro deve ser negligenciada ou esquecida”.
Em nossa história, houve elementos conservadores, que tentaram travar a luta contra o liberalismo a partir de suas próprias posições, assim como houve elementos liberais que quiseram fazer o contrário. A única posição correta sobre esta questão, uma posição que deriva do trabalho de Enver Hoxha, é que tanto a luta contra o liberalismo quanto contra o conservadorismo pode ser travada com sucesso apenas a partir das posições do partido, a partir das posições dos princípios marxista-leninistas.
O grande movimento pela revolução da vida no país, que irrompeu por toda a Albânia em meados dos anos 60, é conhecido por todos. Este movimento foi de extraordinária importância para a época em que ocorreu, mas também com lições para o hoje e para o amanhã, pois ele não foi um movimento espontâneo. Seu fundador foi Enver Hoxha. Resumindo a experiência de nossa revolução e a dos outros países, com seus bons aspectos e fraquezas, ele tirou conclusões teóricas e práticas sobre a necessidade de tomar certas medidas indispensáveis para assegurar o desenvolvimento ininterrupto e o aprofundamento da revolução em todos os campos, e impedir o desenvolvimento da ferrugem em qualquer engrenagem da nossa sociedade.
O tema da revolução tem sido tema de muitas conversas nas reuniões que tive com o camarada Enver. É impossível reproduzi-las todas aqui, mas selecionei apenas uma que considero típica, e que ocorreu no início de setembro de 1968, quando eu estava trabalhando para preparar o relatório para a plenária do Comitê Central, que foi realizado no final daquele mês:
“Na plenária — disse ele — é necessário fazer um resumo da revolução da vida do país a partir do aspecto ideológico. Um grande movimento das massas irrompeu em todo o país contra a burocracia, contra os costumes atrasados, contra as mentalidades que impedem a emancipação da mulher, contra as superstições religiosas, etc. Esta luta deve ser considerada como um todo, como uma ação revolucionária que tem um único objetivo: evitar não só qualquer recuo, mas também ficar parado. A revolução deve marchar adiante, deve avançar, deve subir cada vez mais alto. O partido deve entender isto. Caso contrário, há perigos.”
Anotei essas ideias quase palavra por palavra, não só porque elas seriam úteis na fase de preparação do material para a plenária, mas também por seu valor como orientação geral para o trabalho ideológico do partido.
“O que devemos visar com a revolução? — O camarada Enver continuou dirigindo a pergunta a si mesmo e não a mim e ele não esperou por uma resposta — Quando o partido fala de revolução, em primeiro lugar, isto tem a ver com o povo, sua consciência e visão do mundo, porque o homem é o fator decisivo em tudo. O homem faz a revolução, portanto, para revolucionar a vida do país, significa, antes de mais nada, revolucionar sua atividade. Você deve prestar atenção especial a esta questão no relatório que está preparando, porque o trabalho com o povo, o trabalho para elevar seu nível de consciência, para expurgar dele as concepções errôneas e atrasadas herdadas do passado, ou as que vêm de fora através de diversos canais, é ainda subestimado.”
Isto levantou a questão de passar a uma nova fase, mais elevada, a fase de estender a luta contra qualquer manifestação alheia à natureza do socialismo em toda a atividade estatal. As instruções de Hoxha nesta conversa projetaram claramente esta fase:
“Está sendo feito um grande trabalho na luta contra a burocracia — continuou ele — mas devemos insistir para que esta questão seja bem compreendida. A revolução pressupõe a depuração da superestrutura de qualquer coisa ultrapassada e estranha, o que é incompatível com a base econômica do socialismo que criamos. Sem aperfeiçoá-la continuamente não podemos criar as condições para o rápido desenvolvimento do país no caminho do socialismo. É essencial explicar claramente que quando falamos da superestrutura, não implicamos apenas o Estado. Certamente, isto tem uma importância decisiva. Portanto, o fortalecimento de seu caráter popular, a luta contra a burocracia e o liberalismo, a luta contra qualquer outra manifestação estranha que impeça as massas de exercer seu papel como centro do poder popular, continua sendo a tarefa principal.”
“Quando falamos de superestrutura — prosseguiu ele — não devemos esquecer que, além do estado da ditadura do proletariado, inclui também o partido, as organizações de massas, as frentes ideológica e cultural, etc. Portanto, a defesa de seu caráter de classe e sua contínua revolução constituem uma tarefa fundamental para levar a revolução adiante. Devemos ter sempre em mente a experiência negativa da União Soviética, onde a degeneração da superestrutura exerceu uma poderosa influência na degeneração de toda a ordem socialista.”
“Há outras questões que também devem ser tratadas, tais como as relações de produção, que devem ser aperfeiçoadas ininterruptamente — apontou ele nesta reunião — mas deve-se ressaltar que, em última análise, o objetivo de todas essas medidas é aumentar a produção, fortalecer a economia e a cultura socialista, aumentar a capacidade de defesa do país e elevar o nível de vida das massas. Digo isto porque há camaradas que veem a questão da revolução, a luta contra a burocracia, ou pela educação revolucionária do povo trabalhador, a luta contra costumes atrasados ou contra superstições religiosas, a luta pela emancipação da mulher, as medidas para a circulação de quadros, ou para diminuir as diferenças salariais, e todas as outras medidas que adotamos, mais como trabalho educativo, como elevar o nível ideológico. Deve ficar claro, no entanto, que o nível desta tarefa deve ser expresso, antes de tudo, na atitude em relação ao trabalho, no aumento da produtividade do trabalho, na proteção da propriedade social, na atitude uns para com os outros e para com a sociedade, no grau em que o interesse coletivo é colocado acima do interesse individual, na valorização da disciplina proletária.”
Nossa sociedade socialista, economia e cultura estão avançando a cada dia. Este progresso se deve às massas trabalhadoras, que também são os criadores de bens materiais, e trazem todo o desenvolvimento em nosso país. Portanto, o espírito das massas nos aparelhos e nos órgãos eleitos do Estado é um espírito revolucionário, e como tal, é indispensável.
Desde a criação dos conselhos nacionais de libertação até hoje, o poder popular cresceu e se fortaleceu de acordo com os ensinamentos de Enver Hoxha, que estava constantemente na vanguarda da luta e dos esforços para assegurar que este poder estatal desempenhasse suas funções políticas, econômicas e educacionais da melhor maneira possível, e realizasse os sonhos e aspirações mais ousados de nosso maravilhoso povo.
A construção da Nova Albânia foi realizada através de uma luta de classe severa, que tem sido travada em todas as frentes, contra inimigos internos e externos. É graças à habilidade de Enver Hoxha que esta luta sempre foi travada corretamente, sem desviar-se nem para a esquerda nem para a direita, que ela resistiu às pressões imperialistas, e nunca foi influenciada por visões e práticas revisionistas. Enver Hoxha não só descreveu esta luta como uma força motriz principal da sociedade socialista, mas também provou com argumentos brilhantes que ela existiria durante todo o período do socialismo, até o comunismo. Ele considerou a luta de classes como um fenômeno objetivo que leva adiante a revolução e a construção do socialismo, que protege o partido, o Estado e todo o país da degeneração burguesa-revisionista e da restauração do capitalismo, e que purifica a consciência do povo trabalhador e fortalece seu espírito proletário.
Como mostra nossa experiência, a luta de classes é travada em todas as frentes; ela é travada nos campos da política, economia, cultura e ideologia, nos campos do desenvolvimento interno e das relações exteriores. Ela constitui um processo contínuo que se opõe a tudo o que é incompatível com os interesses do povo, ou impede o desenvolvimento de nossa sociedade socialista, tudo o que prejudica a soberania, a liberdade e a independência da pátria; é a luta entre o novo e o velho, o progressivo e o retrógrado, entre a liberdade e a escravidão material e espiritual, entre o interesse coletivo e as tentativas de colocar acima dele um interesse individual.
Sem a intenção de apresentar todo o pensamento teórico de Enver Hoxha sobre a luta de classes, que é muito rica e extensa, gostaria de salientar a importância que ele deu à luta na frente ideológica. Sempre que o camarada Enver falou sobre esta questão, tendo especialmente em mente o revés revisionista que ocorreu na União Soviética, ele enfatizou que as vitórias da revolução nos campos político e econômico não podem ser consideradas garantidas sem o triunfo da revolução no campo ideológico, na formação ideológica, política e moral do povo em geral.
“O menor enfraquecimento desta luta — dizia ele — prejudica gravemente a construção do socialismo, a linha do partido, porque isso abre a porta para a difusão da ideologia burguesa-revisionista, portanto, para a possibilidade da degeneração da revolução.”
Este ensinamento de Enver Hoxha tem grande valor para todos os nossos quadros comunistas. O cerco imperialista-revisionista e sua pressão geral sobre nosso povo não devem ser esquecidos em nenhum momento; os resquícios de ideologias estranhas, costumes atrasados, superstições religiosas, a força das ideias da propriedade privada e dos interesses individualistas mesquinhos, que impedem a formação de uma consciência socialista e criam condições para a propagação de manifestações estranhas, antissocialistas, não devem ser subestimados. É dever do partido não apenas condenar e explicar as raízes de classe destes fenômenos negativos, perigosos para o socialismo, mas também organizar o trabalho de educação das massas para que, como frisou o camarada Enver, essa visão do mundo, esses costumes, sentimentos e gostos, essas moralidades e filosofias revolucionárias, que tornam possível impedir o renascimento e a implantação de visões mesquinhas e burguesas ultrapassadas, sejam criadas em toda parte, entre nosso povo e em toda a sociedade.
Enfrentar a luta de classes corretamente, como toda nossa prática tem confirmado, exerce uma influência direta no fortalecimento da unidade política e moral do povo, que o camarada Enver Hoxha viu como a fonte de nossa força e vitórias.
Pode-se dizer, sem a menor hesitação, que foi Enver Hoxha quem elaborou o programa para unir as pessoas e quem orientou sua aplicação na prática. A ele pertence o mérito de que, à medida que novos problemas surgiram para o país, ele foi capaz de definir as tarefas que se apresentavam para fortalecer a unidade do povo.
“Uma frente política de todo o povo, a Frente Democrática, isso é o que a Albânia precisava em tempo de guerra, isso é o que a Albânia precisa agora em tempo de paz, porque as tarefas que enfrentamos nestes tempos são tão importantes e vitais quanto as do tempo da guerra” — disse ele no 1º Congresso da Frente Democrática.
Em seguida, vendo o problema da unidade do povo em seu desenvolvimento dialético, ele sempre o tratou em estreita conexão com o estágio alcançado no desenvolvimento de nossa sociedade socialista. No período atual, a unidade do povo na Frente Democrática é uma unidade de interesses políticos, econômicos e ideológicos idênticos, uma unidade de pessoas que não estão subjugadas a nenhum tipo de opressão e exploração, que vivem em liberdade e verdadeira democracia e são senhores de seu próprio país.
Como o verdadeiro dialético que ele era, Enver Hoxha enfatizou que nossa unidade é dinâmica, não estática, não é dada de uma vez por todas. Ela é fortalecida se a luta para fortalecer os fundamentos políticos, econômicos, ideológicos e sociais nos quais se baseia for travada continuamente de acordo com os ensinamentos do partido, se a política do partido, tanto para os problemas internos quanto para os problemas externos, for compreendida completa e corretamente pelas massas trabalhadoras.
Os inimigos do partido e do socialismo tentaram e continuarão a tentar no futuro atacar as bases desta unidade, para criar divisões entre o povo e o partido. Assim, a luta decidida contra os inimigos, sejam eles internos ou externos, antigos ou novos, deve ser vista como um aspecto importante da luta para proteger e fortalecer nossa unidade em particular, e a do poder popular em geral.
O partido e o camarada Enver têm apontado que a luta de classes não se desenvolve em linha reta, mas com ziguezagues, com altos e baixos. Isto depende de muitos fatores, da atividade dos inimigos internos e externos, das questões sobre as quais esta luta é travada. Entretanto, nosso partido, estando determinado a não fazer concessões e mantendo sempre uma posição de princípio, não acendeu nem rechaçou a luta de classes de maneira artificial.
Ao mesmo tempo, o partido e o camarada Enver têm lembrado continuamente aos comunistas e às massas trabalhadoras que eles devem fortalecer sua vigilância revolucionária ininterruptamente, devem travar a luta de classes com maturidade e partidarismo proletário, não com frases e palavras de ordens vazias, mas com ideias revolucionárias ativas, julgamentos e ações.
Precisamente como resultado desta linha clara trabalhada pelo partido e implementada sob a liderança de Enver Hoxha, a luta de classes em nosso país tem sido travada corretamente e tem respondido às situações concretas e às etapas objetivas da revolução.
A princípio, nos anos tempestuosos da libertação nacional, o partido se orientava pelo princípio de unir o povo em um único bloco de luta, vendo no povo o que tinham em comum, o que o unia em uma única frente contra o fascismo. Como é conhecido, a palavra de ordem básica da Frente de Libertação Nacional era a unidade de todos os patriotas genuínos na guerra pela libertação da pátria dos ocupantes e traidores. Em cada momento o partido soube o que deveria exigir de si mesmo e que tarefas deveria colocar diante das massas. Isto fez com que as palavras de ordem políticas do partido se destacassem por sua clareza e coragem, assim como por sua maturidade e prudência.
Em seu livro Cimentando as Bases da Nova Albânia, enquanto descreve quase toda a história da Guerra de Libertação Nacional, com base em fatos documentados, impressões pessoais e reminiscências, o camarada Enver deu um retrato convincente e instrutivo de como o partido manteve seu equilíbrio mesmo nas situações complicadas daqueles anos. Este livro mostra que o partido nunca seguiu sua política geral indiscriminadamente, mas sim com base no desenvolvimento da luta de classes. O camarada Enver dialogou pessoalmente com diversos elementos vacilantes, um a um, incluindo até mesmo chefes de organizações nacionalistas. E ele fez isso não apenas para cumprir alguma obrigação para com eles, mas para conquistá-los, para salvá-los do desastre para o qual o caminho errado que eles haviam escolhido os levaria inevitavelmente.
Entre nós, a luta de classes em todos os estágios da revolução socialista e para cada agrupamento social tem sido uma luta no espírito partidário, uma luta de princípios. Nossa linha e nossa flexibilidade tática nunca se transformou em oportunismo ou em compromissos sem princípios; a paciência e a frieza nunca levaram a concessões sobre posições de classe; a prudência e o equilíbrio não foram acompanhados de um espírito de oportunismo; assim como a vigilância em relação aos inimigos nunca assumiu a suspeita em relação ao nosso próprio povo, e a firmeza ideológica e a devoção não levaram ao dogmatismo e a conflitos sociais instigados artificialmente.
Enver Hoxha sempre definiu quais eram as formas e meios mais adequados que tinham que ser utilizados para cada conjuntura criada. Ele sabia com quem usar a “arma da crítica” e com quem usar a “crítica das armas”, como disse Marx. Nosso partido sempre deu às massas o que elas merecem. As punições sem razão a inimigos, ou atribuições de saudações para méritos inexistentes, não têm sido e não estão em nosso estilo de trabalho.
Manter o equilíbrio na luta de classes não é algo fácil, tanto mais que nosso partido e nosso país, com sua posição revolucionária, estiveram e estão em permanente confronto com os inimigos, tanto internos quanto externos. Não faltaram acusações contra nosso partido de vários inimigos, especialmente os externos, dos iugoslavos e dos soviéticos, às vezes de “sectarismo”, para que caíssemos no oportunismo e no liberalismo; às vezes de “dogmatismo”, para que cedêssemos terreno ao revisionismo; às vezes de “isolamento”, para que abríssemos as portas e puséssemos em perigo a liberdade e a independência do nosso país. Todas estas acusações foram feitas sistematicamente no passado e estão sendo feitas hoje de forma pouco generosa, acompanhadas de pressões e diretrizes de várias formas, com bloqueios econômicos, segregação ideológica e cultural, assim como com sorrisos hipócritas.
Sempre que descobrimos os objetivos sinistros que os inimigos organizaram para nós, o partido e o camarada Enver Hoxha expuseram com argumentos e denunciaram resolutamente suas ambições. Nesta luta, porém, nunca procedemos a partir da lógica formal de que quando o inimigo o ataca, você o ataca mais ainda. Se tivéssemos procedido a partir desta lógica, mais cedo ou mais tarde teríamos caído nas táticas refinadas do inimigo de classe, externo ou interno.
Hoje a refutação dessas acusações é óbvia e é um trabalho muito mais fácil do que costumava ser. Os inimigos não conseguem implantar mecanicamente suas ideias sinistras na mente de nosso povo, porque sua formação política e sua consciência estão em um nível muito mais elevado do que no passado. A maturidade ideológica e política de nosso povo é a primeira e mais forte barreira para repelir a pressão dos inimigos. Atualmente, quando lançam algum anátema aleatório sobre nós como os de “isolamento econômico e ideológico”, ou quando falam de nós realizarmos uma “abertura para sair do autoisolamento”, o povo sabe que nossos inimigos são impelidos não por sua preocupação com o bem-estar da Albânia, mas por seu desejo de nos fazer desviar de nossa política, a fim de obter vantagens geopolíticas.
Entretanto, isto nem sempre foi assim. Nos primeiros anos pós-libertação, quando a situação não era tão saudável quanto hoje, as acusações de inimigos externos não só colocavam armas nas mãos dos inimigos internos e elementos decadentes, mas também confundiam muitos indivíduos não formados, de vários estratos da nossa classe.
Nosso partido teve que estar vigilante para manter uma clara política de classe, ser capaz de definir uma linha e uma posição em relação a cada evento e conjuntura. O camarada Enver Hoxha derrotou toda teoria, as teses e os planos dos inimigos, não apenas dispensando-os com uma palavra, afirmando sem base que estavam errados, mas entrando em debate com eles, confrontando-os com os fatos históricos e tirando as respectivas conclusões, até que finalmente foram expostos pelo que são: inimigos.
A linha, as ideias e os ensinamentos do partido sempre foram superiores ao que os inimigos defendiam, porque sempre expressaram os interesses das massas populares, os interesses da liberdade e independência da pátria. O trabalho de Enver Hoxha é um claro reflexo disso. A força de suas ideias repousa precisamente no fato de que elas derivam de um bom raciocínio dialético marxista-leninista e não de preconceitos e obsessões.
Enver Hoxha defendeu a linha do partido contra qualquer tipo de precipitação e subjetivismo. Repetidamente, ele dizia que o partido deveria analisar cada fenômeno nos campos da política e cultura, ou da economia e do exército, com calma e objetividade. A calma é característica da sabedoria e da coragem, enquanto a pressa é uma expressão da insegurança e das paixões subjetivas.
O partido tem sido e é guiado por essas posições de princípio, também, ao lidar com as fraquezas, deficiências ou falhas de determinados indivíduos. Enver Hoxha foi muito cauteloso em seu julgamento dos erros das pessoas. Ele era severo com os inimigos, porque defendia os interesses do partido e do povo; enquanto que com aqueles que estavam desorientados, que tinham sido vítimas, ou tinham cometido erros por ignorância, ele mostrou preocupação, tentou ajudá-los e convencê-los.
Ele sempre enfatizou que assim como as manifestações da luta de classes variam em forma e intensidade, também as medidas educacionais e as reações do partido e do Estado socialista devem variar em conformidade com elas. Ele nos ensinou que as contradições antagônicas não são resolvidas sem a vitória de um contra o outro, e que o inimigo de classe não é combatido através de concessões e pleitos. Quando elementos anti-partidários se engajam em sabotagens e tentam se organizar para se opor ao partido e ao Estado, eles não podem ser combatidos com palestras. O trabalho de esclarecimento, educação e convencimento é valioso para aqueles que cometem erros, que se desviam da linha, seja porque não a entenderam ou porque não estão inteiramente convencidos dela, mas não para aqueles que saem contra o partido e sua linha por objetivos hostis e que procuram derrubá-la com golpes e organizações sabotadoras contrarrevolucionárias.
Lembro-me de uma expressão que ele usava frequentemente, sempre que uma opinião tinha que ser dada, ou uma posição clara adotada em relação a algum evento importante: “pese sempre com cuidado! O primeiro pensamento é o do cavalo, o segundo é o do cavaleiro!”
Com isto ele nos advertiu que não devemos ser precipitados, devemos dominar nossas paixões e não devemos ser excessivos nem em elogios nem em reprimendas. A princípio, quando você ainda não está livre do efeito de impressões e emoções momentâneas, pode estar enganado, pode não reter um senso de proporção e cair em posições unilaterais. Considerando que cada ação do partido deve ser cuidadosamente ponderada e motivada por razões convincentes. Portanto, o segundo pensamento, baseado no bom senso, é o que sugere a posição mais correta.
Graças a esta lógica, na atividade do partido, mesmo quando seus inimigos mais perigosos foram julgados, não houve espaço para o espírito de vingança, para paixões sinistras e brigas a partir de posições subjetivas.
O partido não tem sido injusto com ninguém. Da mesma forma, o povo não foi injusto com ninguém com suas leis. Até mesmo a derrota histórica dos inimigos de classe mais abertos, dos exploradores, durante a revolução tem sido justificada pelo progresso, pela história; mesmo aqueles que foram instrumentos e colaboracionistas com os fascistas, e que se mancharam de vergonha por sua traição aos interesses da pátria; ou mesmo os estrangeiros e seus agentes secretos que queriam cavar a sepultura da Albânia e colocá-la à venda como um cão sem dono; o povo e o partido não têm nenhuma dívida mesmo para com aqueles que, inicialmente unidos ao povo, foram arrastados pelo entusiasmo das massas pela construção da nova sociedade, mas que depois se cansaram dela e, o que é pior, procuraram se colocar acima dos interesses do povo e do partido, querendo usar a Albânia como sua própria propriedade, para fazer um presente a estrangeiros. A lei da luta de classes tem funcionado e opera com justiça para com todos.
Sabe-se que na história moderna de nosso país houve mais de alguns casos em que pessoas, que durante algum tempo ocuparam cargos de liderança no Estado e no partido, que eram membros dos órgãos supremos líderes do país e que mesmo assim se envolveram em várias atividades hostis. A luta de classes, em geral, e a luta ideológica de princípio contra o revisionismo no plano internacional, não podia deixar de se refletir dentro das fileiras do partido. Isto se deu porque elementos hesitantes e carreiristas de predisposição hostil, que capitularam à pressão externa e se colocaram a serviço dos estrangeiros, se infiltraram nos órgãos do Estado e do partido. A teoria de “tomar o castelo por dentro”, uma teoria muito antiga na história da humanidade, é uma arma que não poucos inimigos, desde os imperialistas e os países capitalistas até os iugoslavos, soviéticos e outros revisionistas, usaram contra nós.
A vida tem provado e os desenvolvimentos atuais estão provando que os “grandes países e grandes partidos” com nomes marxistas trabalham para garantir sua influência e domínio sobre os “pequenos países e pequenos partidos”, de modo que os últimos procedam de acordo com os interesses dos primeiros e dancem ao som de suas músicas, tornando-se esferas de influência e domínios para os grandes países e partidos. Nossa experiência, e não somente a nossa, mostra também que para atingir este objetivo, além de exercer diversas pressões políticas e econômicas, os “poderosos”, os “tutores”, tentam conquistar pessoas de caráter fraco, aventureiros ambiciosos, que não hesitam em vender suas almas a estrangeiros. O inimigo tenta encontrar, se puder, pessoas com tais vícios, principalmente entre aqueles que influenciam a política do país. É fato que indivíduos deste tipo, como Koçi Xoxe e Mehmet Shehu, Beqir Balluku e Kadri Hazbiu, Abdyl Këllezi e outros, foram encontrados em nosso partido.
A propaganda estrangeira, dominada por preconceitos hostis contra nosso país, apresenta frequentemente a luta do partido e do camarada Enver Hoxha pela defesa da liberdade e independência da pátria, pela defesa das vitórias da revolução contra quem quer que tenha tentado violá-las, como uma luta de posições pessoais, como um “acerto de contas com adversários”. Deve-se dizer que também neste campo, na interpretação destes fenômenos, existe uma posição de classe definida. Ao distorcer a verdade, por um lado, a reação tenta desacreditar o socialismo, apresentá-lo como um sistema que não permite o debate e pisoteia as liberdades e direitos individuais, e, por outro lado, para se proteger, tenta defender seus próprios lacaios, mesmo quando eles tenham sido expostos e não tenham mais nenhum valor moral ou social. Portanto, enquanto nossas explicações se destacam por sua verdade, calúnias e distorções dominam as interpretações da reação e dos malfeitores.
Em nosso país, os inimigos que se colocaram a serviço dos estrangeiros e que visaram derrubar o poder popular através da violência em colaboração com os estrangeiros prestaram contas de acordo com as leis do Estado e foram punidos de acordo com o grau de perigo que representavam. Aqueles que se opuseram à linha e à política do partido e do Estado socialista, mas que não se envolveram em ações contra o Estado e que não tentaram organizar golpes e complôs antissocialistas, foram expulsos do partido, é claro, mas não enfrentaram acusações criminais. Foi o que foi feito com Sejfulla Malëshova, Koço Tashko, Ymer Dishnica, Liri Belishova e outros. Suas atividades causaram grandes danos ao socialismo, tendo sido inspiradas pelos revisionistas iugoslavos ou soviéticos.
Houve outros, que durante algum tempo e sobre um determinado assunto, tiveram opiniões diferentes das do partido, e até mesmo se opuseram à linha e à política do partido sobre um problema tão importante como a posição em relação ao revisionismo iugoslavo e sua atividade hostil em relação à Albânia. Mas eles logo reconheceram seu erro e fizeram autocrítica. Não só não foram considerados penalmente responsáveis, como até lhes foi permitido permanecer nas fileiras do partido. Eles incluem Kristo Themelko e Ramadan Çitaku, que, permanecendo comunistas, trabalharam para onde o partido os enviou e vivem hoje aposentados.
A manutenção e consolidação do poder popular, a realização de reformas democráticas, a construção do socialismo, em geral, em um país pequeno como a Albânia, economicamente atrasado e cercado por muitos inimigos selvagens, eram fardos pesados que não poderiam ter sido suportados sem aderir rigorosamente aos princípios do marxismo-leninismo e aplicá-los corretamente, de acordo com nossas condições, mas também com criatividade política e ideológica ativa.
O partido foi capaz de realizar com sucesso as tarefas colossais da construção socialista, porque determinou as proporções e as alianças de classes corretamente e travou a luta de classe de forma consistente em nossas condições. Esta luta, que se estende a todas as frentes e abrange a maioria dos problemas e os mais diversos aspectos da atividade do país, tornando-se muito feroz em alguns momentos, não foi mais fácil do que a Guerra de Libertação Nacional. Portanto, o conhecimento e a sabedoria foram tão necessários quanto a coragem e a determinação. Foi a grande sorte do nosso partido e do nosso povo que, nestas batalhas, tiveram à frente um líder tão grande como Enver Hoxha, cujos ensinamentos sempre teremos em mente em nossa luta para garantir a vitória final do socialismo.
A luta de classes não é um fenômeno que existe apenas dentro de um determinado país. Ela é travada, também, em um plano internacional, entre a revolução e a contrarrevolução. O trabalho e os ensinamentos de Enver Hoxha são de grande valor também neste plano.
Após a Segunda Guerra Mundial, ocorreram profundas transformações revolucionárias no interesse dos povos e do socialismo, mas houve, também, um grande refluxo da revolução. A luta dos povos ganhou impulso, o velho sistema colonial foi derrubado, mas o sistema neocolonialista emergiu, e a agressividade e as intervenções do imperialismo aumentaram incessantemente. A luta da classe trabalhadora e a revolta das massas populares contra a opressão e a exploração foram organizadas, mas a traição revisionista ajudou a disseminação de várias teorias burguesas que negam a necessidade da luta de classes e da revolução, que espalham ilusões sobre a chamada integração pacífica do capitalismo ao socialismo, que lançam dúvidas sobre a necessidade de se corrigir teses marxista-leninistas universais e sobre a capacidade de nossa teoria revolucionária de fornecer as respostas necessárias aos problemas do desenvolvimento do mundo atual, desde do átomo até da eletrônica.
Nesse momento, quando a reação e os revisionistas estavam tentando causar o caos ideológico, Enver Hoxha mostrou que o caminho das forças revolucionárias e as perspectivas da luta de libertação não estão fechadas, que as mudanças que ocorreram e os desenvolvimentos atuais no mundo não negam o marxismo-leninismo, ou a luta de classes como lei universal do desenvolvimento da sociedade de classes. Enver Hoxha provou que, apesar dos ziguezagues temporários, a causa da revolução permanece na ordem do dia, não apenas como uma aspiração dos povos e do proletariado mundial, mas também como uma questão colocada que exige solução.