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Primeira Edição: Intervenção Especial do Comandante-Em-Chefe, Fidel Castro Ruz, Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros perante dirigentes do Partido, o Estado, o Governo e a União de Jovens Comunistas, representantes das organizações de massa, oficiais, combatentes das FAR (FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS) e do MININT (MINISTÉRIO DO INTERIOR), famílias e vítimas sobreviventes dos atos terroristas do império no nosso país, no Palácio das Convenções, em 15 de abril de 2005, "Ano da Alternativa Bolivariana para as Américas".
Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático.
Transcrição e HTML: Fernando Araújo.
Bom, temos cantado o hino, e não podemos esquecer que hoje completa-se um mais um aniversário de aquele arteiro ataque por surpresa por parte das naves aéreas do governos dos Estados Unidos de América com insígnias cubanas, pois achamos conveniente que lembremos algumas imagens ligadas aos fatos de aqueles dias, que apontavam o início do ataque mercenário imperialista; de mercenários e do imperialismo, porque os dois vinham no mesmo grupo, um trás outro, esperando ter o controle duma parte do território, que não durou nada, foi como o clássico bôlo na porta de uma escola.
Por isso estamos hoje aqui. Quer dizer, íamos a estar de todas as maneiras. De uma forma ou de outra, o povo ia a lutar e teria derrotado aos invasores; mas uma grande parte de nosso país teria sido destruído e teria perecido numa contenda de aquele tipo.
Ontem lembrei o que aconteceu na Guatemala com uma invasão mercenária desse tipo: 200 000 vítimas e um Estado — ontem eu o qualificava — de cobra, ontem dei-lhe esse nome: os Estados cobras. Desses há alguns neste hemisfério e também na Europa.
Vejamos com respeito, e um pensamento de gratidão e de homenagem, aqueles que um dia como hoje, lutando, repondo-se imediatamente da surpresa, fizeram com que hoje estejamos aqui (Aplausos).
(Projetam vídeo)
Queridos compatriotas:
Ontem falamos sobre uma estranha teoria, surgida apenas 48 horas, de que a presença de Posada Carriles nos Estados Unidos de América foi um invento da Inteligência cubana. Isso me constrange a demonstrar, verdadeiramente, o que aconteceu, como chegou Posada Carriles aos Estados Unidos e quem o levou com bastante segurança. Talvez podem haver detalhes ainda por precisar; mas, fundamentalmente, como se produziu o percurso de Posada Carriles desde a prisão de Panamá até Miami e então depois, poderemos tirar alguma conclusão sobre o tema, e se era possível que a Inteligência cubana inventasse esse percurso; quer dizer, que o realizasse.
Tenho que remontar-me à madrugada do 26 de agosto de 2004, quando o ex-chefe da policia panamenha, Carlos Suárez, foi a procura dos terroristas indultados à prisão El Renacer.
"Luis Posada Carriles, Pedro Remón Rodríguez, Guillermo Novo Sampoll e Gaspar Jiménez Escobedo, se dirigiram para o aeroporto de Tacumem, da capital panamenha, onde aguardavam por eles dois aviões executivos enviados a aquele país desde Miami pelo" ilustre cavalheiro "Santiago Alvares Fernández Magriña". Ontem prometi que falaria sobre ele e explicaria quem era.
"Muito cedo na manhã do mesmo dia, dois aviões decolaram com os terroristas e os que vieram a procura-los.
"Um deles, no qual viajava Posada e também os terroristas residentes nos Estados Unidos de América, Ernesto Abreu, Orlando González e Miguel Alvarez, se deslocou ao aeroporto `Ramón Villeda Morales´ de San Pedro Sula, Honduras, onde foi recebido por Rafael Hernández Nodarse, Chefe da estrutura terrorista anti cubana radicada no referido país e traficante de armas, de origem cubano com residência na citada cidade". É mais o menos como um Chefe do Gabinete de Interesses de Posada Carriles em Honduras. Este cavaleiro está ali, o mundo todo sabe disso e também quem é ele. Como ali sabe-se tudo, e dissimúla-se muito bem o que se sabe.
"Para sua entrada em San Pedro Sula, Posada usou um passaporte norte-americano com o nome de Melvin Cloide Thompson". Sim, se perdeu por lá um passaporte, não sei onde, não sei se foi em Panamá, e acabou nas mãos de Posada Carriles.
"Os jornalistas de Honduras refletiram na imprensa a presença de Posada Carriles em San Pedro Sula e do apoio recebido por Rafael Hernández Nodarse.
"Posteriormente, Posada se movimentou pela América Central com documentos falsos."
"Durante esses meses, nos círculos terroristas de Miami se referiram aos obsessivos planos violentos de Posada contra nosso país e ao impulso que ele pensa dar- a sua chegada aos Estados Unidos de América." Ontem líamos o que declarava o "urbanista" sobre os planos de Posada Carriles desde Miami, aquele que diz, que não era tão mão assim colocar bombas nos hotéis.
A meados de março, chegou uma notícia publicada por um órgão da imprensa do estado mexicano de Quintana Roo, Que Quintana Roo o saiba, se chama assim.
Com data 14 de março o mês passado, hoje completa um mês e um dia, levando em conta que março tem 31 dias, serão 32 em total — , este órgão publica:
"Encalha embarcação camaroeira em recifes de ̀El Farito ́ — aqui o escreve até na língua inglesa — "Monday, March, 14, 2005, por Carlos Gasca, Que Quintana Roo o saiba" o jornal se chama assim, Quintana Roo deve estar à par e nós também, logicamente, que lemos este órgão.
E mais outra vez outro titulinho, assim está, isto é uma cópia do jornal. "Pôr Carlos Gasca" — repete mais outra vez — , "Que Quintana Roo o saiba, Ilha Mujeres, Quintana Roo" — porque essa Ilha Mulheres pertence a esse estado, fica a frente das costas, essa parte sul do México, é uma área turística, e mais o menos ali fica esta Ilha Mujeres, coloca a data, 14 de março, e diz:
"Uma embarcação tipo camaroeira que vinha navegando desde a Flórida até Ilha Mulheres encalhou durante 6 horas perto da zona de recifes de ̀El Farito ́, a embarcação com bandeira americana entrou errada ao porto e ficou encalhada numa zona baixa.
"Diversas foram a tentativas para tirar a pesada embarcação da parte baixa, mas após muitos esforços ficou liberada, mas então a Armada decidiu revisar a embarcação estrangeira" — a chama assim — "Santrina" — era tão "santa" como os que iam dentro.
"O problema teve início mais o menos às 7:45 horas, quando a embarcação `Santrina´ ficou encalhada na baia e apesar da ajuda de diversas embarcações particulares, isto foi em vão.
"Ao lugar também chegaram elementos da Sétima Zona Naval e da Comissão Nacional de Pesca (Conapesca) e após liberar a embarcação, estes a escoltaram até o cais fiscal de betão, onde com a ajuda dos cães especializados em detectar estupefacientes e mergulhadores, procederam a realizar uma minuciosa inspeção.
"Até agora não se soube se houve qualquer tipo de punição para o dono desta embarcação, mas o comandante do porto antecipou que esta embarcação não se moveria do lugar até findarem as investigações.
"A `Santrina´ tinha à bordo cinco tripulantes, entre eles o capitão da embarcação, José Pujol, quem se negou em todo momento a oferecer informação à mídia sobre o motivo de sua entrada ao porto. No entanto, também soube-se que no interior da embarcação existe um significativo e estranho número de tanques de oxigênio, equipamento compressor com um tipo de macaco hidráulico na parte superior."
Bom, isso publicou o dia 14, esse jornal.
Outro jornal de Quinta Roo que se chama "Por esto" , já com data 16 de março, dois dias após publica:
"A `Santrina´, tirada das partes baixas perto da costa, passou inspeção de rotina" — isto está aparece com letra mais pequena, e com letra mais grande: "A `Santrina´, continuará viagem para Miami.
"Problemas de governo" — quer dizer, daquele que a tripulava — , "provocaram que a embarcação encalhasse, nem ocasionou danos nem também não encontrou-se irregularidade nenhuma na sua tripulação, disse a Capitania do Porto."
"Por Yolanda Gutierrez, Ilha Mujeres, 14 de março: Após passar as inspeções de rotina das autoridades correspondentes sem que se encontrasse nada irregular, a embarcação tipo camaroeira, a `Santrina´ que ficou encalhada na entrada da Ilha Mujeres, sairá rumo Miami esta quarta-feira após fornecer-se de combustível, alimentos e água para a travessia.
"Segundo informou Angel Gabriel Vallejos Sánchez, encarregado do despacho de Capitania em ausência de seu titular, a embarcação teve problemas de comando e por esse motivo encalhou perto da costa, embora felizmente numa área sem recifes, pelo que considera que não houve nenhum tipo de prejuízo ecológico.
"Acrescentou que uma vez que a `Santrina´, atracou no cais de cimento, recebeu a visita das autoridades que intervém quando uma embarcação de bandeira estrangeira entra a porto, sendo a primeira instância em apresentar-se a Armada do México, cujos elementos apoiados por cães treinados para detectar substancias narcóticas e armas, revisaram a embarcação sem encontrar nada irregular.
"Da mesma maneira realizaram suas respectivas inspeções as autoridades de Migração, Sanidade Internacional, Sagarpa, e finalmente comandância do Porto cuja função depois de coordenar as operações de resgate se limitou a redigir as atas correspondentes do incidente.
"A pergunta expressa Vallejo Sánchez assegurou que não haverá nenhum tipo de punição para o capitão da `Santrina´, José Pujol, em virtude de que segundo suas próprias palavras se tratou de um incidente como qualquer outro que não precisa nenhum punição.
"Tanto a embarcação quanto seus tripulantes possuem todos os documentos em regra, estão devidamente registrados e até agora não temos informação de nenhuma das autoridades que intervieram na revisão.
"O encarregado do despacho acrescentou que a embarcação zarpou das Bahamas e seu destino final é Miami, onde segundo lhe comentou José Pujol realizar-se-ia na `Santrina´ as adequações e modificações pertinentes para transformá-la num navio-escola."
Voltou para atrás. Hoje teve mais um pouquinho de tempo.
E ainda começou a falar do urbanista.
Quem é o dono dessa embarcação clamada Santrina?, pois o urbanista Santiago Álvares Fernández Magrinha, o representante, quem falou ontem, quem nomeava ao advogado — Soto, acho que assim se chama o advogado — como único representante, e ele, o amigo, o representante de Posada.
A `Santrina´ foi adquirida sob cobertura da Fundação de Proteção Ecológica Marina `Caribe Dive&Research Fundation, Inc´." Em geral, as fundações são feitas para causas "nobres", como, por exemplo, a Fundação Nacional Cubano Americana (Risos), compreendem? Tudo é fundação, também uma fundação para adquirir a propriedade desta embarcação camaroeira. E foi usada na execução de ações terroristas contra Cuba. O informamos ao governo, pensando em que a capture, porque também é uma embarcação terrorista.
"Por acaso, o presidente desta fundação" — o presidente — , "é o terrorista Ernesto Abreu, já referido como um dos que viajou a Panamá a pegar Posada" — no aviãozinho — , "e o tessoreiro" — da fundação — "é Santiago Alvarez", o urbanista, que também foi a pegar a Posada, quem paga tudo, segundo dizem, o próspero e acomodado homem de negócios.
"Tal como refletiu o jornal local mexicano `Por esto´ de 16 de março, a `Santrina´ estava sendo comandada pelo velho agente da CIA" — pelo velho agente CIA — "José Pujol, conhecido por `Pepín´, e à bordo da embarcação viajava o próprio Santiago Alvarez, assunto que ficou registrado numa fotografia publicada pelo próprio jornal no artigo titulado `A Santrina continuará viagem para Miami´."
(Mostra a Fotografia e lee o pé de foto: "Capitão e marinheiro da embarcação `Santrina´ que encalhou na Ilha Mujeres, que poderá continuar sua viagem para Miami. Fotos Mario Alonzo.")
Aqui estão as fotos, estão no jornal. A outra é: "Gabriel Vallejos Sánchez, encarregado das saídas da Comandância do Porto" (Mostra fotos).
Depois começa a historieta. Todo isto acontece em 16, ai se publica.
"Em 31 de março o jornal `El Nuevo Herald´ publicou um artigo titulado: `Consideram viável que os Estados Unidos de América dê residência a Posada Carriles´, onde se faz referência a que o terrorista poderia assegurar sua permanência legal nos Estados Unidos de América tendo em consideração os serviços oferecidos ao Exército norte-americano" — sim, o graduou de "caçador", como foi dito — "durante a guerra de Vietnã" — sim, durante a guerra, mas não consta em nenhum lugar que o Senhor Posada Carriles esteve em Vietnã — , "embora seu passado, ligado ao terrorismo colocaria um dilema para as autoridades desse país." É o que está dizendo o jornal,vejam bem, El Nuevo Herald, não o velho Herald, mas sim o novo, o mais adaptado, mais sincronizado com a máfia.
"O jornalista citou declarações d terrorista Santiago Alvarez" — melhor dito, aqui no relatório dizia o urbanista Santiago Alvarez, o próspero homem de negócios — , "quem afirmou que o apoiaria para facilitar-lhe a representação legal que esta precisasse."
"O diário salientou que segundo testemunhas obtidas de fontes próximas ao processo, Posada tinha chegado a Miami uma semana atrás por via marítima, o qual coincide com a entrada da `Santrina´a essa cidade." Não sei se levaram um helicóptero ou um porta-helicóptero e tiraram a o homem, o meteram, ou o desembaracaram, mas parece-me que estes dados são de interesse.
"Segundo seus amigos, Posada será apresentado publicamente como uma pessoa idosa doente com diversas patologias, visando que seja aceite legalmente nos Estados Unidos de América como um caso humanitário. Falsidade total, pois saiu com uma saúde perfeita do Panamá, embora os acólitos da Moscoso tentaram falidamente, fabricar-lhe uma história similar."
Caramba!, que pena não tenho aqui...Ah!, Carlinhos, há pouco vi por ai alguns papeis onde apareciam todos os órgãos que criou o governo dos Estados Unidos de América, após o atentado, porque não se sabe as centenas de milhares que custa tudo o que eles criaram, e , na realidade, nós podemos oferecer-lhes informação de graça, lógica e elementar. A nós só nos custou alguns papeizinhos e ler alguns jornais.
"Principais medidas adotadas nos Estados Unidos após o 11 de setembro."
"Em outubro de 2001 foi aprovada a Lei Patriota, que acrescenta as capacidades operativas dos órgãos de Segurança nos Estados Unidos para realizar tarefas de espionagem. Estabelece definições mais amplas do conceito de terrorismo e eleva as sanções legais contra indivíduos e organizações ligadas a atividades dessa índole.
"Foi criado o Departamento de Segurança Interna, a agencia federal maior na história do país, com um quadro de pessoal de 180 000 empregados e integrada por 22 entidades, incluindo a Alfândega, Imigração e Guardacosteira, com a missão de proteger o território norte-americano e ao qual se lhe entregou, em 2005 um orçamento de 30 bilhões de dólares" — independente dos outros, de cada uma das instituições que o compõem; Como eu disse, o Departamento de Segurança Interna está integrado por 22 entidades.
"Se adaptaram medidas voltadas a fortalecer e alargar as atribuições dos diversos órgãos da segurança, como o FBI e a CIA, e as relações e coordenações entre estes e os órgãos locais, a aplicação de novas tecnologias de comunicação e o estabelecimento de bancos de dados integrados sobre suspeitos de terrorismo e suas capacidades e contatos." Vejam tudo o que lhes deram, tecnologias comunicação, etc.
"No FBI se priorizaram as atividades de contra terrorismo e se produziram avanços significativos na modernização da infra-estrutura tecnológica. Todos os escritórios territoriais estão ligados através de uma rede computarizada. Criou-se a vaga de diretor de Inteligência Nacional, com anuência no orçamento e a supervisão das 15 agencias de Inteligência e sua integração total. Para ocupar essa vaga foi nomeado John Dimitri Negroponte, figura conhecida por ligação à guerra suja e escândalos políticos, como o Irã-Gate.
"Uma nova estratégia nacional de contra-inteligência, aprovada em março deste ano, inclui atividades ofensivas e defensivas, realizadas no território nacional e estrangeiro"- é preciso ter cuidado, "atividades ofensivas e defensivas"- para a proteção contra ameaças tradicionais e emergentes provenientes de serviços estrangeiros de inteligência.
Estabeleceu-se o Centro de Integração de Ameaças Terroristas para analisar a informação ligada a estas e o Centro de filtração terrorista" — tem até um filtrado terrorista — "para consolidar e unificar as diversas listas de pessoas sob observação.
"No quadro diplomático, na chamada luta contra o terrorismo, se concretizaram acordos para acrescentar a colaboração dos serviços de inteligência de terceiros países com os Estados Unidos de América, a nomeação de terroristas e a congelação de seus fundos.
"Ademais, criou-se um novo comando militar, o Comando Norte, encarregado expressamente da defesa integrada do território norte-americano.
"A segurança do transporte aéreo foi fortalecida, com o aumento da verificação total da bagagen, treino de pilotos para portar armas e o uso de equipamentos detectores de explosivos e a colocação de custódios, nos vôos .
"Foram centralizadas as inspeções portuárias num único corpo fortalecido, o corpo de Alfândegas e Proteção das Fronteiras, e se estabeleceram novos procedimentos de entradas e sistemas de controles com o uso de tecnologia biométrica e de impressões digitais de alta precisão nas alfândegas e nos pontos de entrada, alem de serem mais estritos ainda os registros a estrangeiros no país.
"Adopção de novas medidas de segurança da carga portuária com adquisição de novos recursos, o fortalecimento do serviço de guardacosteira e o estabelecimento da chamada iniciativa de Segurança de Carga por contendores; acréscimos das capacidades e estratégias de biodefesa para detectar e encarar a ameaça do chamado bioterrorismo e os ataques químicos, radiológicos e nucleares.,
"Desenvoveram uma iniciativa para proteger a chamada infraestrutura crítica contra a ameaça de terrorismo, incluindo as plantas químicas nucleares e outros alvos potenciais."
Todo isso se criou, 180 000 empregados e 30 bilhões de dólares, 22 entidades, 15 agências e toda a tecnologia mais moderna. Se tudo isso foi capaz de impedir a entrada de um terrorista mais antigo, mais treinado possivelmente, e tal vez até menos inescrupuloso, que entrasse nos Estados Unidos de América sem que ninguém o soubesse, será possível que o Presidente dos Estados Unidos não soubesse disso, ou pelo menos não perguntasse quando alguém lhe dissesse que se dizia que Posada Carriles estava ali, questão que fere grandemente o prestigio dos Estados Unidos de América, a honra dos Estados Unidos, a moral norte.americana? É possível que não o soubesse?.
Mas. Ainda admitindo que não o soubesse, se alguém partisse dessa teoria, por suas múltiplas ocupações, etc., a viagem a Roma, sua dor perante a morte do Papa Juan Paulo II, para quê serve então um presidente nos Estados Unidos e para que serve esse colossal aparelho o mais gigantesco e fabuloso que se tenha criado na história para proteger a uma nação contra o terrorismo?.
Acrescentemos isto a personagem, o urbanista.
"O urbanista Santiago Alvarez Fernández Magriña" — aquele que esta ali em Miami e fala todos os dias; se este enorme aparelho de segurança, se este Departamento de Segurança Interna quer saber quem o levou, ali está, podem ir e falem com a gente ali, vejam a foto, procurem a Pujol e perguntem-lhe, juntem todos os dados, que manobra fizeram, por que não existe a menor dúvida de que a chegada desse cavaleiro ali esta ligado a esta operação, a esta embarcação. Eles tem que saber, ou, bom, já devem sabê-lo, não há nada mais que perguntar-lhes, é bem fácil, o que fazia ali este cavaleiro nessa embarcação? Além disso, essa estranha rota, saiu da Bahamas e se dirigia a Miami; porque segundo o que sei Bahamas esta aqui, já o temos estudado vinte vezes.
Lembro que quando seqüestraram aquele avião na Ilha da Juventude, observávamos o combustível que lhe restava, a situação que tinha aquele avião, se ia para Bahamas, se chegava ou não, aonde chegava primeiro, e todas as distâncias. Bahamas fica cá, mais o menos ao norte de Villa Clara, Camagüey, embora algumas das ilhas ficam mais para lá. Ilhas Mujeres está aqui, nem sequer no Golfo de México, está ao Sul do Canal de Iucatã, ou da linha traçada desde Pinar del Rio até a península de Iucatã.
Eu viajei uma vez a Ilha Mujeres — me convidou López Portillo, já falecido, foi Presidente de México — , ali havia uma reunião. Cuba era Presidente dos Não- Alinhados, era elementar que convidaram Cuba; mas, como sempre, as pressões ianques, coisas tremendas.
As relações foram boas, e estavam num dilema porque quem estava na presidência disse que se eu ia, ele não iria, e, então arruinariam a festa, porque se ele não ia, Eu era Presidente não só desta nação, mas também era Presidente do Movimento dos Países Não-Alinhados.
Aqui houve uma cimeira, foi no ano 1979 — isto aconteceu, mas o menos no ano 1979 — isto aconteceu em 1980- e ele nos pediu — na realidade não fez nenhuma coisa besteira — , como amigo, que fizéssemos alguma coisa, que compreendéssemos, que não era conveniente para o México realizar aquela reunião, da qual era sede, e que não tivesse um bom desenvolvimento. Estava num dilema moral; mas a título de amigo se dirigiu ao país a solicitar que levássemos em conta isso, que compreendéssemos, e me convidou a Ilha Mujeres para conversar lá. Até mergulhei, gostava muito da exploração submarinha. Até um peixinho pesquei ali, o que lhes posso dizer (risos).
Se, la estive, o filho dele me acompanhou; também andei num barquinho por ali. Umas pedras, umas correntes, ali há muita corrente; águas muito claras, aquelas que vi, foi magnífico. Não dói, nada disso, fazer propaganda a essas águas. Não sofro de egoísmos, nem chauvinismos de nenhum tipo, nem tenho receio de concorrências turísticas. É um excelente lugar, é muito grande o que há ali, desde o ponto de vista arqueológico!, o recomendo.
Ali há muitos hotéis e edificações; mas o pessoal que esta indo o faz por centos de milhares, são cruzeiros turísticos, que tem de tudo dentro, quartos, salas de jantar, lazer, tudo, e estão afundando a economia dos países do Caribe, que sofrem, além dos furações, secas as vezes, medidas, como a adotada pela Europa, que lhes tirou a preferência que possuíam suas produções bananeiras, devido a pressões dos Estados Unidos de América, que protegiam e abrigavam suas grandes multinacionais que desenvolveram grandes plantações de maneira ativa em terra continental e não desejam saber nada ao respeito da micro concorrência — caso possa chamar-se — feita pelos países do Caribe, como a Jamaica e outros, que tinham a banana como uma de suas produções fundamentais, a banana. Tiraram-lhe todo isso.
Mas, ademais, também tinham preferência canavieira, na produção de açúcar; outros produziam açúcar, e recentemente também tiraram-lhe ao Caribe as preferência que tinha.
O fundamental que lhes resta a essas ilhas, e há pouco falei durante horas com o Primeiro Ministro de Antigua e Barbuda, e com outros, da Dominica — que Vocês leram nos jornais que estiveram por aqui e falamos muito — , e explicam a tragédia que estão sofrendo produto dos cruzeiros. E eu disse-lhe: "Vejam bem, nós conhecimos alguns cruzeiros quando eram linhas européias, todas elas já foram absorvidas por grandes empresas dos Estados Unidos de América, cada vez são maiores, 2 000, 3 000, de maneira que ficam sobrando os hotéis, deixam o lixo por qualquer desses lugares, gastam alguns dólares na compra de algumas lembranças, não se hospedam em nenhum hotel, não oferecem emprego às pessoas que vivem do turismo neste lugar. Tudo fica nos navios, é ruim". Eu disse-lhe: "Podem ter a certeza de que aqui não virão cruzeiros, Cuba não aceitará cruzeiros, e aqueles que desejem viajar, que viajem no que eles quiserem, mas para os cruzeiros não haverá entrada." Já os conhecimos bem.
Eu já disse, e observo neles um sentimento crescente de rejeição, porque, até, acho que pagam 3 ou 4 dólares por cada turista, e, na realidade, o Caribe — incluindo Cuba, mas eles precisam ainda mais do que nós — têm grandes possibilidades no turismo.
Tiraram-lhe o banano, o açúcar, e ainda acabaram de arruiná-los com os cruzeiros; países pequenos, os quais em muitas ocasiões não possuem aeroportos, ou onde não existam linhas aéreas, não existam embarcações. São países que tem problemas e, no entanto, os temos apoiado.
Estou obrigado a explicar isto, porque ali fica a ilha aonde vão. Bom, fica bem aberta, e são centenas de milhares os que vão nos cruzeiros para aquela ilha, a afundarão.
Conheço o lugar, e não fica ao lado do Miami, está ao lado de Belice e de Quintana Roo. Seria necessário um mapa, vejam num mapinha onde fica, e quanto é estranho esse cruzeiro do capitão Pujol: saiu das Bahamas e dirigiu-se para Miami. E se as Bahamas ficam aqui, saiu dali para Miami, mas deu esta volta: passou pelo estreito da Flórida, pelo estreito de Iucatã e se deslocou para as proximidades das costas da América Central. Estava realizando essa travessia quando encalhou em Ilha Mujeres.
Não é necessário gastar 30 bilhões de dólares para saber que esta embarcação, seu comandante e seu dono, realizavam uma missão esquisita, que estavam nalguma coisa ilícita.
Por tanto este senhor — nasceu lá por Matanzas, no ano 1941 — "é contratista de profissão e proprietário da companhia de construção C.G.C, com sede em Miami onde ele reside. Possui conhecimentos navais e militares."
Não sei quais conhecimentos possui, mas é o que aparece aqui na ficha, talvez , mais a frente me interesse por tais conhecimentos, se estudou nalguma academia naval, duvido muito isso; este está igual ao outro, conhecimentos militares?, aqueles que a CIA lhe possa ter ensinado. O verificaremos.
Tudo bem, essa é sua história, e nasceu em 1941, então não sei quando estudou.
Vejam bem, supõe-se que em 1960, tinha 19 anos.
"Pertenceu aos Comandos L no começo dos anos 60" — seus conhecimentos não devem ser acadêmicos — , "época na qual recebeu treino militar no acampamento `Manuel Artime´ — ah!, era um acampamento de desafetos e mercenários, daqueles que vieram por Girón, os que vimos ai — "durante aqueles anos, seu pai era dono do navio `Alizan´ — esses devem ter sido seus conhecimentos navais — , "empregado como navio mãe" — se, tinha conhecimento pa´ caramba, navio mãe eram os usados para realizar os ataques piratas contra Cuba. Desses chamados navios mães saiam outras embarcações menores e rápidas para atacar as nossas costas — "Numa ação realizada pela referida organização, em março de 1963, contra o navio soviético `Bakú´." Navio que certamente sairia de Cuba. Iam para o estreito, às rotas marítimas.
"Segundo Alvarez na década dos 60 participou em operações violentas pela costa Sul da zona compreendida entre Cienfuegos e Trinidad" — dai seus conhecimentos marítimos.
"Participou no ataque de Boca de Samá, em 12 de outubro de 1971, ocasião na que mataram duas pessoas e feriram gravemente a uma menina que ficou afetada" — a companheira que vimos falar ontem e que sonhou usar, quando tinha 15 anos, um par de sapatos, que nunca conseguiu usar , e que está aqui, justamente ao lado do pai do jovem italiano assassinado (Aplausos).
Vejam a história do "próspero" homem de negócios de que nos falavam ontem, o "perito em urbanismo" e representante de Posada Carriles ali nos Estados Unidos de América. Ninguém se explica como pode estar esse homem livre por ai, e já sabem os 180 000 empregados, caso o queiram saber, e as 22 instituições e as 15 agencias de Inteligência, o papel que tem jogado. Pesquisem!, os dados mais exatos, precisos, que lhes possa dar, que manobra fizeram ou que outras coisas,
É necessário ver se na realidade o homem entrou pela fronteira, que foi o divulgado ou se foi levado por mar. É muito fácil de saber, basta chamá-lo e perguntar-lhe, procurem esse barco, que deve estar num cais de lá. Os guardacosteira devem saber muito bem, muito bem, onde está esta embarcação, e quê outras pessoas tem a ver com o fato, quando chegou, e quando saiu, e como desceram.
Se desejam saber aonde está Posada Carriles, perguntem-lhe a este cavaleiro, que o sabe, e também a outros. Não lhes direi que lhe perguntem ao advogado, o advogado está ali, exercendo sua profissão, é legal; o outro esta introduzindo terroristas de contrabando nos Estados Unidos de América, e ali estão aprovadas as leis. Vamos a usar as leis, as medidas.
Já o li aqui. Estão definidos todos os delitos, os que tenham vínculos com terroristas, mas, além disso, os estão levando para lá de contrabando. E o Presidente dos Estados Unidos de América deve pensar em seu próprio prestigio, em seu próprio orgulho, se solicitaram sua anuência ou não para levar a esta complicadíssima personagem, cuja presença ali — repito mais uma vez — constitui uma vergonha e pode fazer com que existam crises e sérios problemas.
Isso todo é muito pior do que os chumbeiros de Watergate, é muito mais grave. Um país que esta em guerra, um país cujos soldados estão combatendo lá no Afeganistão e no Iraque, numa luta, segundo dizem, contra o terrorismo. Há um,a guerra, há baixas, há pessoas que estão morrendo nesses países, muitas!
Quantos tombaram no Iraque e no Afeganistão? No Iraque, com certeza, devem ser dúzias, centenas de milhares, todos os dias morrem ali produto da guerra contra o terrorismo. Como pode alguém levar a um individuo como esse aos Estados Unidos da América por sua conta? É um fato realmente gravíssimo, ninguém o pode negar, e isso tem que ferir a honra e a sensibilidade dos cidadão norte-americanos.
Se querem saber, se querem sair do mistério, a própria imprensa, se quiser investigar , ai têm os dados. Que procurem a embarcação antes de ser afundada, antes que a escondam!. Podem ir rápido ali os jornalistas e as televisoras e procurem o navio!.
Se desejam lhes dou o dado exato outra vez.
Se chama Santrina. Deletreio: S,a,n,t,r,i,n,a. Não vou dizer como dizem: S de Santiago, a de agricultura, n de nação, t de terroristas, r de ratos, i de ignorantes, n de negativa e a de animais (Risos e aplausos).
Podem ir a procurá-lo, rápido antes de que o pintem de outra cor.
Tudo bem, continuo com a história do urbanista. Bom, é difícil, n!o é? Trinta e quatro anos se completarão em outubro, quando este bárbaro, criminoso atacou o porto de Samá, matou cidadãos, e deu lugar a essa dura história dessa jovem que comoveu ao país, que se soube no julgamento. Ah!, porque não devem esquecer a dívida que tem conosco. Não se tem falado disso; mas se eles lhe deram dezenas de milhões a terroristas que atacaram ao nosso país, dinheiro roubado ao nosso povo, dinheiro juntado durante muitos anos, pelos serviços telefônicos que oferecemos, e o entregaram aos terroristas, o nosso povo também tem que reclamar e são dezenas de milhares, centenas de bilhões. Se medindo-o com a mesma vara — que eles inventaram, produto do acidente que deu lugar a perda dos pilotos. Acidente provocado por eles e advertido dezenas de vezes por nós. Então, confiscaram nosso dinheiro e o entregaram. Assim eles perseguem o terrorismo.
Fique bem esclarecido perante o mundo e bem patenteado quem é este urbanista e representante de Posada Carriles. E que audácia, que desrespeito: "Bom pôr bombas nos hotéis não é ruim", foi o que declarou ali à televisão norte-americana. Procurem ele ali. Ou estão protegendo-o também, ou não querem tocá-lo, nem com a pétala de uma rosa.
Continuou a história do Cara.
"Na década dos 90 reiniciou sua atividade terrorista de maneira agressiva. Etapa em que conheceu ao cabecilha contra-revolucionário Nelsy Ignácio Castro Matos do Partido do Povo, com quem se envolveu nos planos contra Cuba.
"Santiago Alvarez era um dos que acompanharia a Luis Posada Carriles e aos outros três terroristas cubano-americanos na execução do plano de atentado contra o Presidente cubano, durante a celebração da X Cimeira Ibero-americana em novembro de 2000 no Panamá. Embora, finalmente não participou, esteve estreitamente ligado à preparação dessa frustrada ação.
"No 2001, junto a Castro Matos, preparou, realizou e dirigiu uma infiltração armada pela costa norte da província de Villa Clara" — Isto já foi em coordenação com Posada Carriles, que estava na cadeia, em Panamá, coordenava com estes elementos atos terroristas contra Cuba — , "ação na que foram apanhados Máximo Praderas, Ilhosvanny Suriz e Santiago Padrón, os quais pretendiam sabotar objetivos turísticos, entre eles o cabaret `Tropicana´. Alvarez foi um dos que financiou a compra de armamentos para essa ação e violou as águas jurisdicionais cubanas, quando trazia em sua lancha rápida, aos três terroristas, capturados em 26 de abril de 2001. A Alvarez se lhe abriu uma causa jurídica por estes fatos."
(Projetam vídeo.)
Santiago.- Alo. Positivo
Ihosvanny.- Escuta, Santiago, sou eu, Ihosvanny.
Santiago.- Ihosvanny!
Ihosvanny.- I ai!
Santiago.- porra!, como esta isso ai?
Ihosvanny.- Isto esta aqui, muito quente, mano.
Santiago.- Sim?
Ihosvanny.- Sim, não, você sabe como é isto.
Santiago.- Aqui disseram que houve um tiroteio em Sagu ala Grande,.
Ihosvanny.- Ah!, não sei, não sei nada disso, ninguém me disse nada.
Santiago.- Sim, disseram que tinham apanhado a três homens de Miami num tiroteio em Sagua la Grande.
Ihosvanny.- Não, não soube nada disso.
Santiago.- E tu conseguiste caminhar?
Ihosvanny.- Bom, eu estou...eu estou aqui ainda nas montanhas.
Santiago.- Não, não digas onde estas.
Ihosvanny.- O que?
Santiago.- Como?
Ihosvanny.- Eu estou nas montanhas.
Santiago.- Não digas onde estas.
Ihosvanny.- Tudo bem.
Santiago.- Como?
Ihosvanny.- Que estou escondido.
Santiago.- Conseguiste andar bastante?
Ihosvanny.- Ainda não, mas estou trabalhando nisso, daqui a alguns dias espero avançar.
Santiago.- Não, não, melhor esconde-te. Calma, tem calma, que não temos pressa de nada, Ok?
Ihosvanny.- Ok.
Santiago.- A tua família esta perfeitamente bem.
Ihosvanny.- Sim!
Santiago.- Todos estão bem.
Ihosvanny.- OK.
Santiago.- Mas muito bem, muito contentes de saber de você; lhe resolvemos como combinamos em lhe resolver.
Ihosvanny.- Tudo bem! e as crianças?
Santiago.- Lhes esta indo muito bem.
Ihosvanny.- OK
Santiago.- Muito bem. Sentem saudades de ti, mas estão bem, não fiques preocupado
Ihosvanny.- Olha
Santiago.- Lembra-te que isto é meu problema.
Ihosvanny.- Sim, sim, eu sei. Escuta, me deixa fazer-te uma pergunta. Se eu tivesse que ir embora de repente, fazemos como tu me disseste: Saio até a primeira ilha habitada das Bahamas...
Santiago.- Exatamente.
Ihosvanny.- E daí te chamo.
Santiago.- Exatamente. A coisa está assim de má.?
Ihosvanny.- Como?
Santiago.- A coisa está muito má?
Ihosvanny.- Não, é que as ruas estão cheias de policiais e gente da Segurança do Estado, percebes?, e não quero me arriscar nem me mover.
Santiago.- Não, não tens que ficar tranqüilo, fica tranqüilo, até que a coisa fique calma, porque parece que essa gente de Sagua estragaram a situação.
Ihosvanny.- O que?
Santiago.- Parece que houve um problema em Sagua e a segurança esta sabendo da questão.
Ihosvanny.- Ok, Ok.
Santiago.- Parece que esse foi o problema, sabias?
Ihosvanny.- Olha?
Santiago.- Fica tranqüilo, esconde-te um pouco, não te mexas e você verá que as coisas sairão bem.
Ihosvanny.- Ok.
Santiago.- Não tenhas presa, que a calma nisto é imprescindível.
Ihosvanny.- Ok, Ok.
Deixa-me fazer-te uma pergunta. Noutro día me disseste alguma coisa de Tropicana, queres que eu faça alguma coisa lá?
Santiago.- Se quiseres fazer isso, melhor, para mim é o mesmo. Ali se entra por uma janela com um par de latinhas e se acaba com aquilo, e é menos ariscado.
Ihosvanny.- Ok.
Santiago.- Percebeste?
Ihosvanny.- Sim, não, não, o que me preocupa é que, tu sabes?, não manter o...., não perder o contato.
Santiago.- Não, tu fazes o que considerares mais conveniente e mais seguro, não te arrisques se não for preciso e durante os próximos dias não te mexas, fica enterrado embaixo duma pedra. E os outros dois estão bem?
Ihosvanny.- Sim, os outros dois estão bem.
Santiago.- Ok, e tu, fica tranqüilo, fica sem sair durante uma semana, mais 10 dias, pois parece que houve um problema em Sagua, que isso foi o que os afetou . Eu estava preocupado e, bom, há pouco estava olhando para o telefone, pensando que talvez podias ligar (o diz rindo)
Ihosvanny.- tudo bem!
Santiago.- Olha, pois, olha, termina já, sabes?
Ihosvanny.- Ok, Ok, eu termino.
Santiago.- É melhor que termines rápido.
Ihosvanny.- Ok, eu chamo outra vez quando tiver uma oportunidade.
Santiago.- Ok, não tenhas presa.
Ihosvanny.- Ok, bom.
Santiago.- Mas esconde-te.
Ihosvanny.- Sim, sim, eu vou a esconder-me agora, tranqüilo.
Cmdte.- Vejam, pena que quando falou das duas latinhas, não se escutou bem claro, porque pelo menos quando eu estava assistindo a televisão aqui, apareceu a letra mas..., está o texto?, mandem a buscar o texto, para que conste em ato (Risos). Sim, porque isto é uma espécie de julgamento ao império, compreendem? E ai tem ao perito em urbanismo, que coloque duas latinhas nada mais com explosivos em Tropicana, duas latinhas nada mais! Perito em urbanismo. Que estudem a voz, eles tem tudo, os 180 000 empregados, os 30 bilhões, a super tecnologia. Que estudem a voz, para ver se essa é voz do cavaleiro, e quem falava é algum dos que ele enviou.
Lógico, não estava tão bem como ele, porque já estava na cadeia, mas tinha a sorte de que estava preso em Cuba, e na Revolução Cubana onde jamais se tem torturado a nenhum homem, jamais! Essa é a sorte. Se for qualquer revolucionário em mãos desses; se for um iraniano em mãos dos invasores; se for um prisioneiro de Abu Ghraib, se for um prisioneiro de Guantánamo...Mas vejam que bom e sadio, igual aos que falaram ontem e que foram enviados por Posada Carriles , testemunhas, e milhares como ele. Sim, porque tivemos que lutar muito duro, tem sido quase meio século lutando contra o império e suas manobras, suas agressões e ameaças, e tivemos que ser prender, sim. Já disse que só em Girón capturamos uns 1 500 prisioneiros duma vez . Digo isto para aqueles que estão fazendo as contas de que temos dois, três, quatro ou 100 ou 200, os que sejam, que não pensem que nos intimidarão com isso; que nem o imaginem, que nos defenderemos dentro das normas e dentro da ética da qual falava ontem.
Mas vejam, ai têm uma prova de quem são esses cavaleiros.
Ali se entra com um par de latinhas de explosivos, questão mandada desde a cadeia por Posada Carriles. Eles não levavam um par de latinhas, eles levavam quarenta e tais quilogramas de TNT para fazer voar o Paraninfo da Universidade. E vejam vem, "dois latinhas" nada mais, "ai se entra por uma janela com um par de latinhas e terminamos com aquilo, e é menos arriscado".
Esse foi o perito em urbanismo, e podem acrescentar em urbanidade.
Há mais coisas:
"Desde a detenção de Posada Carriles e seu cúmplices no Panamá pela tentativa de atentado contra o Comandante-em-Chefe, Alvarez o visitou frequentemente na cadeia e, dirigiu, junto a outros contra-revolucionários radicados nos Estados Unidos de América, o financiamento de todo o processo judicial que estes encararam. Coordenou desde os Estados Unidos de América a operação para tirar Posada Carriles e a seus cúmplices de Panamá, após serem indultados pela presidenta panamenha Mireya Moscoso, em agosto de 2004.´
Com isto é suficiente para saber quem é, na verdade, "o urbanista". Digamos algo agora sobre a outra personagem que é mencionado aqui. José pujols, velho agente da CIA.
É o comandante da "Santrina" do qual falava o jornal. O navio pertence à estrutura terrorista anti-cubana baseada em Miami, Alianza Cívico-Militar Libertad, chefiada pelo próprio Santiago Alvarez Fernández-Magriña.
"Chega ilegalmente aos Estados Unidos a inícios dos anos 60". Foi membro dos grupos de missões especiais da CIA. Depois integrou à organização Comandos L, onde conheceu a Santiago Alvarez Fernández-Magriña, e participou em ações terroristas contra Cuba e em ataques contra navios mercantes estrangeiros que viajavam a nosso país.
"Pertenceu igualmente às organizações terroristas Alpha 66 e Ex Club.
"No ano 2002 vinculou-se ao terrorista Santiago Alvarez Fernández-Magriña, tornando-se desde outubro desse próprio ano em capitão da embarcação "Santrina", utilizada na preparação de infiltrações armadas contra o nosso país."
Como vêem, este senhor Pujols, tem também um abundante histórico terrorista, que deveria causar a preocupação dessas numerosas agências de segurança do governo norte-americano.
Bom. Transcorreu aproximadamente uma hora e agora vamos a demonstrar que o governo dos Estados Unidos conhecia muito bem, sim, conhecia a responsabilidade de Posada Carriles e de Bosch, que está ali em Miami, com respeito ao avião que foi feito explodir no ar quando decolava de Barbados.
Eu tenho mais material aqui sobre temas e comentários que houvesse siso interessante talvez que vocês fossem conhecendo e acompanhando de perto as reações e a evolução dos acontecimentos. Bom, há coisas que fazer, mas a mais importante delas neste momento é essa. Ou bem nos reunimos amanhã, não há problemas –lembrar que há muitas coisas que fazer sempre-, ou talvez a segunda-feira, mas é indiscutível que é preciso continuar, não vamos agora a deixar o rastro.
Alguns se preocupam, gostariam de ouvir falar sobre outros temas. Alguns, muito poucos, conhecemos as reações da população, os estados de opinião, estão interessados em outros temas. Já eu disse ontem que não havia que se preocupar por isto, estamos trabalhando muito forte em um importante programa, não perdemos um segundo e são coisas positivas, sem dúvidas. Mas não é preciso apressurar-se, nada vai escapar, nada vai deixar de fazer-se do programa que nos colocamos aqui desde o dia 8 de março, e é preciso continuar nesta batalha, há que continuar. E qualquer dia, se isto não leva muito tempo, faremos uma pausa, vamos ocupar-nos de informar como vai marchando todo o que estamos fazendo, algumas medidas que foram tomadas e que estão sendo tomadas, e continuamos, porque esta batalha é preciso acompanhá-la de perto. (Aplausos).
Agora, algo que é fundamental e que vai ser explicado aqui por quem tem uma longa experiência, quem é a pessoa que mais conhece dos aspectos e dos detalhes desses fatos, desde o ponto de vista legal, que os denunciou, porque em virtude das suas funções desde os primeiros anos da Revolução, é a pessoa que tem maiores conhecimentos para expor o que vai ser exposto. Os anteriores governos dos Estados Unidos não tiveram uma guerra contra o terrorismo, não viram os frutos dos que criaram o terrorismo nesta época, praticamente foi criado para combater à Revolução Cubana.
A escola de terrorismo no mundo foram os Estados Unidos e os seus atos de agressão contra Cuba. Eles inventaram os seqüestros de aviões e nós fomos os que um dia o resolvemos definitivamente quando enviamos dois seqüestradores em um avião seqüestrado. Eles o inventaram contra nós e seqüestraram muitos aviões, e um dia apareceram loucos, apareceram pessoas insensatas que até com uma garrafa de água diziam que era gasolina e seqüestravam um avião, e dezenas e dezenas de aviões foram seqüestrados.
Nós lhes ajudamos a resolver aquele problema dos seqüestros, porque, na verdade, lhes devolvemos um avião pra lá. Depois eles não deixaram nem sequer que as famílias tivessem contato, eram de aqueles que eles recebiam em virtude de suas leis de ajuste e de desajuste, porque essa Lei de Ajuste, na verdade, é a lei dos desajustados, e uns desses seqüestraram um avião.
Eles foram obrigados a punir aos últimos que seqüestraram aviões, com punhais e isso; não devolveram a nenhum deles, mas foram punidos. Também aproveitaram de forma suja para tratar de subornar e de persuadir aos passageiros para que ficassem lá.
Eles não foram transparentes nem sequer uma vez. Nem por acaso você encontra u gesto de decência onde impera a grosseria, a auto-suficiência, o espírito de supremacia, de desprezo pelos outros, que caracteriza aos imperialistas. Agora eles vão a aprender o que é um povo quando realizou-se uma verdadeira Revolução, como a que aconteceu no nosso país.
Sim, constantemente vocês vêem subestimações, mentiras. Vamos ver agora, perante a opinião mundial, se eles são capazes de levar esta batalha até o final; de atuar como deve fazer-se.
Agora vamos a proceder a isso, a apresentar-lhe ao nosso povo e à opinião pública mundial os elementos de juízo que demonstram –e que constam, estão por escrito, e as fontes existentes- que os governos anteriores... E este tem que saber mais do que ninguém, porque tem a obrigação número um, porque estão morrendo norte-americanos em uma suposta guerra contra o terrorismo.
O companheiro ao que me referia é o companheiro Alarcón, ao que dou a palavra (Aplausos).
Ricardo Alarcón.- Companheiras e companheiros, na verdade, eu lhes vou a apresentar alguns documentos que provam, irrefutavelmente, o que o companheiro Fidel acaba de dizer. Não são todos os documentos, haveria outras coisas que se poderiam procurar. No julgamento realizado na Venezuela, há aproximadamente uma dúzia de folhas dedicadas só a isso.à ligação, de acordo com os terroristas venezuelanos, que eles tinham com a Agência Central de Inteligência.
Vou concentrar-me em lhes apresentar alguns documentos, nenhum deles cubano, nenhum do governo cubano; são basicamente, do governo dos Estados Unidos de América, ou de outras autoridades de outros países.
Em 6 de outubro de 1976 eu era embaixador de Cuba nas Nações Unidas, e, desde Nova Iorque, estava também credenciado como embaixador em Trindade e Tobago e tinha algumas responsabilidades referentes aos Estados do Caribe, com os que tínhamos estabelecido as relações diplomáticas pouco tempo antes.
Por essa razão participei em uma série de reuniões realizadas na área do Caribe, logo após o atroz ato terrorista contra o nosso avião.
Vamos vê-lo por partes:
Por um lado, os dos indivíduos que desceram do avião em Barbados depois de ter colocado os artefatos explosivos que fizeram explodir o avião em pleno vôo, estiveram umas poucas horas naquele país, foram para um hotel, foram, sobretudo, à embaixada dos Estados Unidos de América, e, logo após essa noite viajam de regresso para Porto Espanha, a capital de Trinidad.
Pelas suspeitas que levantaram perante as autoridades de Barbados, que advertiram aos seus colegas de Trinidad, a seguir foram presos pelas autoridades trinitárias.
Em Barbados criou-se uma comissão de pesquisa para, entre outras coisas, determinar a causa que provocou a explosão desse avião em pleno vôo. Desde o ponto de vista técnico, poderia ter sido um acidente, poderia ter sido alguma falha mecânica, técnica, etc, etc. Segundo os procedimentos da Organização da Aviação Civil Internacional, essa é uma das coisas que é preciso fazer, e fizeram-no as autoridades de Barbados.
Não se limitaram a isso – como vocês vão ver a continuação - senão que também estudaram, receberam outros testemunhos, outros elementos de juízo sobre esse fato, totalmente desconhecido para a sociedade barbadiana.
Enquanto isso, ao mesmo tempo, a polícia de Trinidad e Tobago, que deteve aos dois venezuelanos mercenários que foram os que colocaram a bomba, realizava a sua própria pesquisa.
A comissão pesquisadora de Barbados convidou a alguns outros países a estarem representados ali. Cuba participou, foram especialistas nossos de Cubana de Aviación, participaram outros países do Caribe, participou o Canadá, porque era o país onde foi fabricada a aeronave e, por tanto, tinha especialistas que podiam determinar se houve algum erro, alguma falha, etc; e participaram os Estados Unidos, porque pediram participar, porque quiseram estar nessa pesquisa, a primeira, que lhes vai servir para saber que não foi um acidente, que não foi uma falha mecânica, que foi uma ação terrorista. Anotem isso por aí, é muito importante.
Uma delegação norte-americana, chefiada por um senhor chamado Willis, participou nas atividades daquela comissão pesquisadora, que se desenvolveram desde o dia 28 de outubro até o dia 3 de dezembro de 1976.
Aqui tenho apenas as conclusões do Capítulo VIII, da segunda parte do relatório, lavrado pelas autoridades de Barbados.
Entre outras coisas, aqui os barbadianos indicam que os seus colegas trinitários lhes deram a seguinte informação: que um dos venezuelanos – o qual é identificado aqui no documento de Barbados como o senhor Lozano – lhe disse ao chefe da polícia de Trinidad e Tobago que ele era membro da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, que o seu chefe era uma pessoa que residia em Caracas e que se chamava Luis Posada Carriles e que ele foi três vezes à embaixada dos Estados Unidos em Barbados, após a explosão do avião, nas poucas horas que eles estiveram naquele país, as necessárias para fazer duas coisas: ir à embaixada norte-americana, passar pelo hotel e ligar pra um telefone em Caracas, correspondente ao senhor Luis Posada Carriles, e pra outro telefone, correspondente ao senhor Orlando Bosch Ávila.
No relatório as autoridades de Barbados incluem os recibos, as notas, os dados do hotel: desde que número ligou pelo telefone pra quem, a que número, e são os telefones de Posada e de Bosch em Caracas. É a partir daí que as autoridades da Venezuela mais tarde vão prender a esses dois indivíduos.
No entanto, três vezes visitaram a embaixada norte-americana, segundo diz um deles nos seus depoimentos em Porto Espanha; mas acontece que em Barbados, em sua própria pesquisa –as duas são feitas simultaneamente nas duas ilhas – a que fazem os barbadianos inclui os testemunhos de duas pessoas, cuja profissão é ser motoristas de carros de aluguel. Uma pessoa que está realizando essa função no aeroporto de Bridgetown e que se lembra quando esses dois indivíduos alugaram o seu carro para ir desde o aeroporto até a embaixada dos Estados Unidos de América, antes de irem, nem sequer, ao hotel; e um outro, um motorista do hotel Holiday Inn, diz que duas vezes ele os levou, a essas mesmas pessoas, para a embaixada dos Estados Unidos.
Em uma ocasião, e isso chama a atenção do senhor Firebrace, o motorista que trabalha no aeroporto, diz que quando vão –uma pessoa que chega a um país – desde o aeroporto para a cidade, ele escuta que os que estão falando, um deles indicou com a mão para um prédio do centro de Bridgetown, a capital de Barbados, onde há um banco, nesse prédio fica a embaixada dos Estados Unidos, mas não todas as pessoas sabem isso. Saber onde fica a embaixada dos Estados Unidos, alguém que está chegando a um país, suscita as seguintes perguntas, feitas pelo governo de Barbados: "Quando e em quê circunstâncias pôde saber onde se encontrava essa embaixada?" E concluem as autoridades barbadianas: "Na nossa opinião, uma avaliação geral das provas nos da uma determinada razão para assegurar que Lozano e Lugo visitaram a embaixada estadunidense no dia 6 de outubro."
"Não se fez nenhuma tentativa para levar as provas em contra e não se deu nenhuma explicação sobre essa visita", apesar de que havia um representante dos Estados Unidos, o senhor Willis, que se limitou a dizer o nome da pessoa que diziam os dois terroristas, com o qual se reuniram na embaixada norte-americana, o senhor McLeod, não há ninguém com esse nome no pessoal da embaixada e não há nenhum norte-americano que houvesse chegado a Barbados esse dia com esse nome.
Com toda a sabedoria caribenha, lhes vou ler a frase final deste relatório:
"Só faríamos a observação, que de estar-se realizando qualquer transação oculta não poderia surpreender que se houvesse utilizado um nome falso."
É lógico que qualquer pessoa devia pensar nisso.
As autoridades de Trinidad e Tobago, como lhes dizia, continuaram suas pesquisas, ambas, o Barbados e Trinidad, é preciso dizê-lo, tiveram uma atitude, na verdade, muito digna, muito decorosa. São dois países muito pequenos que sabiam que estavam encarando um problema muito sério: nada mais e nada menos que à Agência
Central de Inteligência e as suas práticas terroristas. Aliás, países, não Trinidad, mas sim Barbados, para o qual o turismo é a fonte fundamental, Imaginem-se a tragédia que houvesse sido para eles, se houvessem feito explodir um avião, que todo o mundo viu, desde as praias de Barbados, como explodia no ar!
Apresados esses dois indivíduos em Trinidad, os outros dois, os chefes e os autores intelectuais, em Caracas, o governo de Trinidad e Tobago convocou uma reunião internacional em Porto Espanha, na que participaram todos os países que, de uma maneira ou outra, estávamos afetados por esse assunto: ou seja, a Guiana, porque haviam vários guianeses que perderam a vida; a Venezuela, porque todos os acusados ou eram venezuelanos ou residiam na Venezuela, claro, o atentado foi planejado lá; o Barbados, porque o fato aconteceu muito perto do seu território, e Cuba.
Nós nos reunimos em Porto Espanha, analisamos toda esta problemática, falou-se muito claramente. Eu não esquecerei nunca as expressões direitas, claras, nítidas das autoridades policiais dessas ilhas, que estavam mais do que convencidas de quem foi o autor real deste fato atroz, e combinamos que o julgamento fosse na Venezuela e que todos cooperaríamos com as autoridades venezuelanas para que se fizesse justiça. E assim o fizemos, os tribunais venezuelanos receberam centenas senão milhares de páginas enviadas por Cuba, por o Barbados, por Trinidad, por Guiana, e vocês poderão perguntar: Os Estados Unidos fizeram algo? Não, esta vez não exprimiu nenhum interesse em participar nesta outra reunião ou em associar-se com essa outra pesquisa.
Já tinham sabido o que eles queriam saber, que não se podia confundir à opinião pública com a idéia de que foi um acidente; já conheceram desde o início que existiam provas irrefutáveis de que era um ato terrorista, e a partir daí vão a atuar como se eles não tivessem nada a ver com esse assunto, como vamos ver um pouco depois.
Quem então era o presidente da Venezuela, o senhor Carlos Andrés Pérez, viajou às Nações Unidas no mês de novembro daquele ano, falou perante o plenário da Assembléia Geral, é preciso dizer que condenou de forma categórica esse horrível fato, e pediu a ajuda à comunidade internacional. Lhe pediu a todos os países que se soubessem algo, se tivessem algum elemento de juízo, alguma informação que, por favor, a dessem à Venezuela para ajudarem ao processo legal. Isso o disse perante o plenário da Assembléia Geral; mas depois, em uma reunião com a imprensa no prédio das Nações Unidas, o senhor Pérez disse, além disso, o seguinte:
Não poderia fazer asseverações concretas sobre a possível responsabilidade de alguma agência do governo dos Estados Unidos ligadas ao terrorismo cubano. Mas, sim creio que é um dever dos Estados Unidos esclarecer todas as dúvidas que constantemente reflete a imprensa internacional e a própria imprensa norte-americana, sobre a participação de agências oficiais em conivência com esses grupos terroristas."
Até ai as palavras de Carlos Andrés Pérez perante a imprensa, em Nova Iorque, no prédio das Nações Unidas.
Olhem, companheiros, como salientava Fidel ontem e anteontem, "chamado", "suposto terrorista" ou "supostos fatos".
Carlos Andrés Pérez, sobre o qual não vou falar agora, todo o mundo sabe quem é e a sua involução política, ele falava em novembro de 1976, vou a relê-lo:
"As dúvidas que constantemente reflete a imprensa internacional e a própria imprensa norte-americana sobre a participação de agências oficiais em conivência com esses grupos terroristas."
Cadê a imprensa norte-americana? Cadê a imprensa internacional? Esqueceram que isso que Carlos Andrés Pérez lembrava é verdade. É verdade que em todo o mundo, e nesta parte do mundo, a partir de coisas como as que eu já disse, a partir do que sabia um motorista, do que sabia a telefonista do hotel, o que inevitavelmente foi-se conhecendo sobre aquelas pesquisas iniciais, e todos os antecedentes históricos que, logicamente, iam na direção correta, ao suspeitar que as autoridades norte-americanas estavam envolvidas nesse assunto.
Já disse que no dossiê que apresentam os trinitários, os dois indivíduos, de forma solene, reiterada, dizem que são empregados, membros – foi a expressão exata- da CIA e dizem, além disso, quem era o seu chefe na CIA, o mesmo indivíduo que era, aliás, o seu empregador; porque o senhor Posada, naquela época, usava como fachada uma suposta agência de pesquisas privadas, ou de detetives, e os dois, Hernán Ricardo e Fredy Lugo eram os seus empregados.
Um bom dia, no ano 1985 aconteceu o que a imprensa insiste em chamar de fuga. Nimguém se fuga pela porta de entrada de um prédio. Posada saiu caminhando, muito bem acompanhado, atravessou o parte central da prisão onde ele estava preso, até a porta lhe abriram; saiu, pegou um carro, daí para um aeroporto e direitamente a Ilopango, a cumprir uma missão que lhe havia encomendado a Casa Branca. Por favor, aliás, isso consta dos documentos norte-americanos. A Comissão Tower, a que pesquisou todo o processo do chamado Irã-Contras , ou do Contra-Gate. Ele não teve que afugentar-se, saiu caminhando devagar; ele sabia que podia fazê-lo, porque tinham comprado e tinham subornado às pessoas que deviam subornar. E isso lhe consta, ao governo norte-americano, do relatório da Comissão Tower, mas, além disso, nas audiências que o Senado norte-americano realizou referentes ao chamado Irã-Gate ou Irã-Contra, como queiram chamá-lo, ai está.
O senhor Oliver North, assessor do Presidente dos Estados Unidos, que estava dirigindo um plano violatório das leis norte-americanas, para enviar clandestina e ilegalmente armas à contra-revolução nicaragüense, algo que estava proibido pela lei do Congresso, o senhor North lhe pede ao senhor Jorge Mas Canosa que contribua com 50 000 dólares ao suborno de determinadas pessoas e à organização da "fuga", atravessando abertamente a porta de entrada da prisão, do senhor Posada Carriles, para levá-lo para Ilopango, onde vai ter a responsabilidade de dirigir, em nome de Oliver North, essa atividade clandestina; mas, além disso, vai ocupar um cargo oficial, público do Departamento de estado como diretor associado; ou diretor de apoio, de algo que chamavam de ajuda humanitária. Porque o Congresso proibiu a ajuda militar aos contras, mas autorizou que se lhes desse o que eles chamam de ajuda humanitária.
Para encobrir a atividade ilegal do senhor posada, o Departamento de Estado o nomeou diretor desse outro escritório. Há um memorando subscrito por ele, por Luis Posada Carriles, que como funcionário de nível podia escrever à Casa Branca, recomendando –e é preciso reconhecer-lhe o sentido prático- que se fundissem os dois escritórios. Evidentemente, sem afetar-lhe o salário, que somaram os dois salários, mas que fosse a mesma coisa, para que essa bobagem de chamar ajuda humanitária ao tráfico de armas no qual ele estava envolvido.
O resto das pessoas detidas em Caracas continuou na prisão, um processo judicial ao que valeria a pena dedicar-lhe um outro momento, mas cheio de irregularidades, de manobras, de pressões de todo tipo durante aproximadamente 11 anos, até que, finalmente, o tribunal absolveu ao senhor Bush, condenou aos dois mercenários, e não se pronunciou sobre Posada. Mais de uma vez a gente encontra mentiras na imprensa internacional nestes dias. Não é verdade que Posada foi absolvido; ele foi declarado fugitivo da justiça, que é diferente. O tribunal pronuncia-se sobre os três que estavam ali, e referente a Posada diz: "Este senhor ainda está fugitivo da justiça e sobre ele não nos pronunciamos." E poderiam ter absolvido a Bosch e condenado a Posada, depois de todo ele era o chefe, quem pagava aos dois assassinos convictos por esse tribunal.
Mas, o que sim quero dizer desse processo judicial extremamente irregular é que o senhor Bosch não foi declarado inocente porque houvesse provado a sua inocência. O senhor Bosch foi declarado inocente porque o tribunal ignorando os esforços feitos pelas autoridades caribenhas durante anos; a pesquisa minuciosa, rigorosa, seria de pessoas que se respeitam, de países que são pequenos mas que sabem respeitar a sua soberania, ah, pois simplesmente, por razões totalmente de detalhes – como todo aquilo estava em inglês, logicamente, porque é o idioma que se fala no Caribe, houve que traduzi-lo para o espanhol, e foi traduzido, mas afinal parece que o tribunal achou que não que a tradução não deveu ser feita por fulano, senão que deveu ser feita por beltrano- eles ativeram-se a um detalhe de tipo administrativo e tomaram a incrível decisão, de não levar para nada em conta o fruto do trabalho que as autoridades que realizaram a pesquisa desse ato terrorista fizeram, onde estavam os seus depoimentos, onde estavam as ligações feitas pra Bosch, onde estavam as ligações feitas pra Posada; aquilo que fizeram com muita seriedade as autoridades de barbados e de Trinidad, e que, além disso, o tribunal recebeu desde há alguns anos, foi traduzida há alguns anos, porque esse foi um processo que demorou 11 anos aproximadamente, e, afinal, tranqüilamente, alegando esse detalhe, declara absolvido ao senhor Bosch e culpáveis a seus dois mercenários, e não absolve a Posada, senão que o declara fugitivo da justiça, que não é a mesma coisa.
Bom, o senhor Bosch faz o que faria qualquer terrorista hábil: foi embora logo para Miami. Se, na verdade, ele for inocente, o lugar lógico para estar era Caracas, que foi onde ele conseguiu uma absolvição. Não, ele prefere ir-se para Miami, apesar de que em Miami, nos Estados Unidos, ele tinha um assuntinho pendente.
Há alguns anos, ele realizou alguns fatos de terrorismo nos Estados Unidos, ele disparou com uma bazuca a um navio polaco no porto de Miami, pelo qual foi condenado. Claro, não a uma grande condena, nem sequer cumpriu a metade daquela condena imposta e foi declarado em liberdade condicional; mas ele violou os termos de sua liberdade condicional e durante os anos setenta foi embora para Santiago de Chile. Lembrem as ligações que terão esses terroristas com os terroristas de Estado das tiranias sul-americanas, começando pelo senhor Pinochet.
Ele sabia que caso chegasse a Miami, deveria responder por aquela violação de sua liberdade condicional, mas preferia ir-se a Miami porque é a pátria do terrorismo, e lá chegou, e, claro, foi detido durante um tempo. Era o regime de Bush pai, ano 1988.
Procede-se então a todo o processo normal de solicitação de asilo, essa solicitação é analisada pelas autoridades, etc, e isso conclui neste documento; neste documento que é a determinação do Departamento da Justiça, ou a Procuradoria Geral – aqui está a assinatura do senhor Joe D. Whitley, procurador geral em funções, no dia 23 de junho de 1989. Este é um documento norte-americano do Departamento da Justiça, da Procuradoria Geral dos Estados Unidos; não tem nada a ver conosco, se fala muitíssimo sobre Cuba, porque desde lá se fala muito sobre terrorismo, mas não respondem a nossas autoridades, é o resultado do trabalho do FBI e do Departamento da Justiça.
Permitam-me ler-lhes partes muito importantes desse documento.
O Procurador Geral dos Estados Unidos explica que para chegar a essa determinação, que foi a de expulsar a Orlando Bosch por terrorista, para tal ele levou em conta diferentes informações, muita documentação.
As suas palavras textuais:
"Nos arquivos do FBI e de outros organismos governamentais aparece uma grande quantidade de informação documental" –desde os anos 60- "em que o senhor Bosch" – e pode-se dizer a mesma coisa do senhor posada, claro-, " pessoalmente promoveu, encorajou, organizou atos de violência terrorista neste país" –ou seja, nos Estados Unidos- "e em vários outros participou nessas ações." Isso, segundo o Procurador , a informação que consta desses arquivos, indica isso de forma clara e inequívoca .
Depois precisa:
"Há uma grande quantidade de informação pública –informação que não é confidencial- "e uma quantidade muito mais grande, tanto secreta como não secreta é confidencial devido à necessidade de proteger fontes e métodos de obter informação."
Aparece um resumo das principais informações, segundo o Procurador, de caráter confidencial e não confidencial, fazendo este esclarecimento:
"A descrição dos elementos confidenciais foi abreviada e depurada, como era indispensável fazê-lo, para proteger o seu caráter confidencial." Depurar isso é como dizer branquejado, suavizado, para encobrir, para ocultar. Levem isso em conta.
Apesar disso, eu vou ler-lhes dois parágrafos referentes à documentação confidencial que o Procurador Geral dos Estados Unidos, em 23 de junho de 1989 diz possuir com respeito ao senhor Bosch, que é aplicável também ao senhor Posada, à parte da vida de Posada.
Ouçam bem:
"Informação sobre a organização e a estrutura de mando da CORU, segundo a qual, entre junho de 1976 e março de 1977, diversas pessoas ligadas à CORU participaram em aproximadamente 16 episódios que abrangiam detonações de bombas, tentativas de seqüestro, assassinatos políticos e tentativas de assassinatos políticos. Os episódios aconteceram nos Estados Unidos, na Espanha, no Caribe, na América Central e na América do Sul." Vocês não ouviram a palavra suposto nem alegado, nem suspeitoso; não é bem direito, informação sobre tudo isso, detonações de bombas, seqüestros , assassinatos, etc, etc.
O seguinte parágrafo que eu gostaria de ler-lhes, e ouçam bem:
"Informação que indicava que a detonação de uma bomba, em 6 de outubro de 1976, em um avião de linha cubano, foi uma operação da CORU dirigida por Bosch." "Informação que indicava"; informação, não suposições, não rumores, informação confidencial, e esta formulação está abreviada e depurada.
Que quer dizer isto? Que o governo dos Estados Unidos tinha provas sobre as pessoas que eram os autores daquele fato terrorista, mas nunca foram entregues às autoridades da Venezuela. Para que, para ajudar à justiça ou para proteger ao seu terrorista?
Vou continuar, porque se houver algo que prove o cinismo da política norte-americana é precisamente esse fato.
Com esses elementos o Procurador decidiu o que qualquer pessoa razoável houvesse decidido, ordenar a expulsão do senhor Bosch. Disse: "Este cara não pode entrar aqui se é um terrorista, é um assassino, é um criminoso"; mas por isso perante esta determinação do seu Ministro da Justiça, a decisão tomada pelo presidente Bush pai foi a de tirar do centro de detenção onde se encontrava e enviá-lo para a sua casa em Miami, em condição de preso, cuidado!; cuidado, porque eles sabem ser muito estritos nisso, que o digam as esposas dos nossos cinco heróis. Pode-se ser terrorista e estar cumprindo uma sanção na casa, em sua casa, porque o senhor Bush lhe deu essa facilidade.
E depois, em 18 de julho de 1990, o perdoou, lhe perdoou todos os seus crimes, foi declarado um homem livre, sem antecedentes penais, o pai do gladiador contra o terrorismo.
O tempo passou, chegamos aos anos noventa, e mais uma vez eu regressei para Nova Iorque –não gosto de ser individualista, mas estive ligado ao tema nos dois extremos-; nos anos noventa acontece algo muito interessante, especificamente no ano 1992: Cuba foi membro do Conselho de Segurança durante os anos 1990 e 1991, cessamos no Conselho em 31 de dezembro de 1991 e, por acaso, apenas Cuba saiu pela porta, os Estados Unidos empezaram a promover uma reunião de cúpula, uma reunião do Conselho de Segurança para discutir sobre o terrorismo internacional, para condenar o terrorismo e para mobilizar, bom, para incorporar à agenda do Conselho de Segurança a temática do terrorismo. Houve várias reuniões, houve várias resoluções entre janeiro e março de 1992, incluindo uma reunião a nível de chefes de Estado dos membros do Conselho de Segurança.
Nós, devido a esse inusitado interesse do Conselho de Segurança e dos Estados Unidos pela luta contra o terrorismo, começamos um processo para tratar de, se o fizeram em janeiro, se o fizeram em fevereiro e em março, ver se em abril também podiam falar sobre o terrorismo.
Por que o fizemos? Porque, por um lado, perdoavam ao senhor Bosch; pelo outro havia começado todo o escândalo do Irã-contras e, pelo tanto, das malfeitarias mais recentes do senhor posada, e o perdão para Bosch, a sua libertação primeiro e o perdão depois, esteve precedido pela mais suja, a mais vergonhosa campanha da máfia anexionista de Miami para que esse senhor se tornasse em um herói.
Há um dia dedicado a ele nessa cidade, há um dia de Orlando Bosch em Miami. Imagino que em breve existirá um dia dedicado a Posada Carriles ou a semana de Posada Carriles.
Lembro à senhora Ros-Lehtinen naquela época, único legislador de origem cubana, que fez toda a sua campanha sobre dois temas: Liberdade para Orlando Bosch e Aviões para Irmãos ao Resgate, aviões militares para os Irmãos ao Resgate, aviões do modelo O-2 que mal entravam em desuso, porque havia concluído o conflito armado em El Salvador, e essa senhora fez uma grande campanha para que esses aeroplanos, de duplo uso e empregados em Vietnã e em El Salvador como instrumentos bélicos, lhes foram entregues a esse grupo terrorista que então começava a atuar.
Nessas duas coisas essa senhora foi bem sucedida, lhe deram os aviões e enviaram ao senhor Bosch para a sua casa, além disso, ele foi anistiado.
É evidente que isso significava mais outra mostra de que os Estados Unidos continuariam e intensificariam a sua campanha contra Cuba, incluindo a sua campanha terrorista.
Por certo, essa senhora sobre a qual eu já falei foi bem sucedida, até certo ponto, porque naqueles dias ela teve como um dos seus colaboradores a alguém de sobrenome Bush e de nome Jeb, que depois tornou-se, inclusive, em governador daquele estado, que dizem que convenceu ao papai das duas coisas: que lhes deram os aviões aos terroristas e que libertaram ao terrorista.
O governo de Cuba, através de mim, em 27 de abril de 1992 solicitou ao Conselho de Segurança que se reunisse para discutir essas coisas, para discutir sobre o terrorismo contra Cuba, para discutir o caso ainda pendente, não resolvido, sobre o qual ainda não se pronunciou o honorável Conselho de Segurança, sobre o ataque ao avião cubano em Barbados, esse conselho que acabava de condenar dois atos terroristas cometidos, um deles contra um avião da Pan American; ou seja, uma linha norte-americana-, e um outro contra um vôo da UTA, uma companhia francesa. Acho isso muito bom, não se devem fazer explodir no ar nem aviões norte-americanos, nem aviões franceses, mas, talvez os cubanos, sim?
Baseando-nos nisso, para comprovar se era verdade toda essa retórica, que chegou até o nível de Chefes de Estado do Conselho de Segurança na sua luta contra o terrorismo, lhe pedimos que se reunisse também para discutir esses aspectos do terrorismo internacional, os que afetam a Cuba e então aconteceu a transformação absoluta desse Conselho: perdeu a velocidade, perdeu a agitação, e aqui eu tenho a vários companheiros que estávamos juntos naquela época. Estivemos um mês bombardeando ao Conselho com cartas, pedindo o mais elementar: uma reunião.
Não foi senão até o dia 21 de maio de 1992 que o Conselho, finalmente, aceita reunir-se para escutar a nossa denúncia. Eram só dois oradores: este servidor e o delegado norte-americano. O resto da "ilustre" Europa, da "nobre" América, nem suspiraram: houve silêncio absoluto naquela sala.
Mas aconteceu algo que eu acho que é muito importante registrá-lo: a mentira do governo norte-americano refletida num documento que o embaixador Perkins, exatamente em 21 de maio, apresentou perante esse Conselho, eu o tenho aqui.
Vou ler apenas duas frases:
"No Departamento de Estado não há constância de ter recebido do governo da Venezuela nenhuma solicitação das provas ou de testemunho, referente ao processo penal", claro, está falando sobre o caso de nosso avião. "Os países que Cuba enumera como países que apresentaram informação ao tribunal venezuelano são países que possuíam algum vinculo com os fatos; quer dizer, aqueles nos que aconteceu o crime, nos quais foram presos os suspeitosos ou cujos cidadãos foram vítimas do crime. Pelo visto, as autoridades venezuelanas consideraram que era pouco provável que os Estados Unidos tivessem alguma informação útil que já não possuíram as autoridades venezuelanas." Até ai a cita da declaração do Departamento de Estado.
Bom, pois ainda essas informações, segundo as quais a detonação da bomba no dia 6 de outubro foi um fato do CORU, dirigido por Orlando Bosch não foram dadas, ainda as autoridades da Venezuela, o tribunal da Venezuela e a opinião pública, estão a espera delas.
O governo que disse que não tinha nada, sabia que existia isso; mas bem protegido, para proteger ao seus terroristas.
O tempo passou, o tempo passou e evidentemente aconteceram algumas outras coisas mais, o companheiro Fidel há um momento o indicava, e há algo que eu acho que os norte-americanos não possam ignorar, que é esta Resolução do Conselho de Segurança, este texto (O mostra) que é muito importante, o tem levado por todo o planeta, lavrado por eles, pelos Estados Unidos, que foi o autor dessa proposta, a Resolução 1373.
Conclui o seu preâmbulo com esta frase, que os que conhecem Nações Unidas sabem a sua implicação: "Atuando em virtude do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas..." O que quer dizer isto? Que o que aparece a seguir é obligatório, e aquele que não o cumpra pode ser objeto de sanções e até do uso da força. Isso é o Capítulo VII.
E o que diz a Resolução?, seria terrível lê-la toda, ir parágrafo por parágrafo:
"Parágrafo 2. Decide que todos os Estados:
E quem era Carlos Andrés Pérez? Que maneira de insultar a um velho aliado e amigo dos Estados Unidos! Ele não era o chefe do Estado venezuelano? E um discurso perante o plenário da ONU e uma exortação pública na imprensa, onde o amigo Carlos Andrés lhe pede, por favor, esclareçam isto, todo o mundo está falando de vocês. A Venezuela não pediu aos Estados Unidos que lhe passara essa informação? Está muito claro, mas eu vou continuar lendo a Resolução:
"c) Deneguem refúgio às pessoas que financiam, planejam ou cometem atos de terrorismo, ou prestem apoio a esses atos, ou proporcionem refúgios."
Isso lhes diz algo?
Um outro parágrafo.
"f) Se proporcionem reciprocamente o máximo nível de assistência no que se refere às pesquisas ou aos procedimentos penais vinculados ao financiamento dos atos de terrorismo ou ao apoio dado a esses atos, inclusive no que respeita à assistência para a obtenção das provas que possuam ou que sejam necessárias nesses procedimentos."
Está bem, essa Resolução não foi aprovada antes, em 1992, não foi aprovada quando o tribunal venezuelano examinou o caso do nosso avião e os Estados Unidos não lhe enviaram a informação porque não foi solicitada; mas agora sim, agora dizem que é uma obrigação, e agora dizem que o outro autor intelectual, o que nunca foi julgado, está lá.
Os Estados Unidos podem receber ao senhor Posada, protege-lo, não entregar agora mesmo o que sabem sobre esse fato e não estar violando essa Resolução? Que foi adotada, repito, atuando em virtude do Capítulo VII.
Meus amigos, isso quer dizer que é obrigatório, que ao que não a cumpre lhe podem aplicar até a força militar. Todos os Estados têm que acatar as decisões do Capítulo VII, incluindo os membros do Conselho de Segurança, evidentemente; incluindo os autores da Resolução que o peça, neste caso os norte-americanos.
Vou continuar lendo:
"g) Impeçam a circulação de terroristas ou de grupos terroristas; intensificar e agilizar a troca de informação operacional, especialmente referente às atividades ou movimentos de terroristas individuais; cooperar, especificamente através de acordos e convênios bilaterais e multilaterais, para impedir e reprimir os ataques terroristas, e adotar medidas contra as pessoas que cometam esses atos."
Bom, os Estados Unidos estão violando essa Resolução aprovada ao amparo do capítulo VII, a partir do momento em que reiteradamente recusou discutir com Cuba um acordo bilateral para a luta contra o terrorismo, que lhe foi reiterado em cada reunião bilateral realizada entre os dois países. Eles disseram que não. Capítulo VII para o resto, para eles cinismo, hipocrisia, mentira. Aqui o diz: têm que cooperar, inclusive, mediante acordos bilaterais.
Na verdade, os Estados Unidos, estão violando este documento, foram eles os que procuraram a sua aprovação pelas Nações Unidas, após o atroz ataque ao povo de Nova Iorque realizado em 11 de setembro de 2001. Eles estão violando essa doutrina todos os dias, aplicando essa política de encorajar o terrorismo contra Cuba, como parte de sua campanha anti-cubana.
Não queria concluir sem apresentar uma outra prova evidente, de uma clareza irrefutável, de como eles estão violando suas próprias palavras e as suas próprias resoluções sobre a luta contra o terrorismo. Está aqui representada com toda a dignidade pelas companheiras, as mães e as esposas de nossos cinco heróis.
Esta Resolução foi aprovada no Conselho de Segurança em setembro do ano 2001. Naquela altura estávamos esperando as sentenças contra os nossos cinco companheiros e uma vez chegado o momento o próprio governo que escreveu isto, escreveu o que se chama Memorandos de Sentença, onde o governo dos Estados Unidos pediu para Gerardo, para Ramón, para Antonio, para Fernando e para René, a
máxima condena possível em todos os casos, mas não é apenas que sejam condenados desde duas vezes à perpetuidade, como no caso de Gerardo, mais outros dois também foram condenados à perpetuidade, nem sequer um segundo em prisão desses companheiros está justificado! Mas é que não só foram condenados a essas sentenças, os memorandos feitos pelo governo dos Estados Unidos, por escrito, ao tempo que fazem isto, claramente colocam uma nova doutrina jurídica: a doutrina da "incapacitação".
Ai está escrito que para eles, tão importante como condená-los à máxima condena, é assegurar-se que essas pessoas fiquem incapacitados para toda a vida. Incapacitados de que? De continuarem fazendo o que tinham feito, de que não possam voltar a fazer o que eles fizeram.
E que diabo é o que eles fizeram senão lutar contra o terrorismo! Não porque eu o diga, é o que eles dizem.
Eu vou citar o que o governo lhe pediu ao tribunal e o que o tribunal acedeu a dar-lhes. Os cinco são cubanos, mas há dois deles que têm a cidadania norte-americana por nascimento, os outros três que estavam lá sem uma documentação apropriada, esclarece-se que uma vez que cumpram a sentença serão expulsos a Cuba. Nos outros dois casos, que são os casos de René e de Tony, eles têm um problema: como nasceram nos Estados Unidos, têm a cidadania por nascimento, não podem ser expulsos e então estão condenados não apenas à prisão a perpetuidade como Tony e aos 15 anos que tem René, senão, além disso, a condições especiais para o dia em que René recupere a sua liberdade; inclusive para o dia em que Tony, em sua segunda vida recupere a sua liberdade, "por via das dúvidas" disse a procuradoria, "este homem chega à rua, é preciso fazer o mesmo que pedimos para o senhor González". E o que eles estabelecem? Um regime especial com uma série de condições. Vou ler uma, a que tem a ver com isto:
"Como uma condição especial adicional para a libertação supervisada" –porque não seriam homens livres, seriam homens controlados após o cumprimento da sua sentença-, "proibe-se-lhe ao réu associar-se com ou visitar lugares específicos onde se sabe que estão ou freqüentam indivíduos ou grupos tais como terroristas, membros de organizações que advogam pela violência e figuras do crime organizado."
Que quer dizer isto? Que eles sabem que no sul da Flórida há indivíduos e grupos terroristas que não estão como topos ocultos sob a terra. Há lugares que se sabe que eles freqüentam, onde eles estão; mas não são procurados, não são reprimidos, não lhes vão a aplicar esta resolução; fazem algo monstruoso, punem às pessoas norte-americanas ou à pessoas nos Estados Unidos, são punidos com a proibição de aproximar-se por esses lugares, de não fazer nada que pudesse, de alguma maneira, arriscar as atividades que desenvolvem os terroristas.
Vou concluir dizendo o seguinte: Eu acho que os Estados Unidos está perante uma magnífica oportunidade, uma magnífica oportunidade! Papai Bush, pelo menos, manteve em prisão por vários meses – com todas as comodidades do caso, claro- ao senhor Bosch, quando não existia esta resolução, que é tão categórica; que eu não sei se o senhor Bush, filho, se Bush, o mais novo já a leu, mas é bom que algum dos seus colaboradores lhe chame a atenção sobre isso.
Agora eles estão obrigados a atuar ou ficarão desmascarados pra sempre. Os Estados Unidos têm uma obrigação da que não podem escapar, a de informar à opinião pública, começando pela norte-americana, todo o que sabe e que tem ocultado durante muitos anos e que hoje estão obrigados por a sua própria Resolução do Conselho de Segurança a compartilhar com a opinião pública, com o os outros governos. E outros membros da comunidade internacional, a culta Europa e outras nações com aparentemente menos cultura, temos a obrigação de exigir aos Estados Unidos que faça isso, que ponha fim à ocultação, que ponha fim a todas as ações que tem realizado durante muitos anos para impedirem que a verdade seja conhecida, para manterem lá, nos seus arquivos –sabendo que eles os têm, não a suspeita, não o que foi legado- informação de que isso é assim; dito por eles, com as suas palavras, eles têm a obrigação de atuar contra os terroristas ou deixar de falar de toda esta retórica falsa, hipócrita de uma suposta batalha contra o terrorismo.
Nós não devemos descansar até conseguir que lhe seja exigido isso, que as pessoas lhe exijam isso, que lhe seja exigido pelo povo dos Estados Unidos; porque a cada dia que passa, com essa situação a cada dia que passa protegendo, amparando a esses terroristas , é uma afronta à justiça, é uma forma de manchar as consciências de muitas pessoas perante esses crimes sem castigo; mas é, sobretudo, um insulto imperdoável a vocês, aos familiares das vítimas, e a todos nós, a todo o nosso povo, e é também um insulto e um agravo imperdoável aos norte-americanos que foram injustamente assassinados em 11 de setembro de 2001.
Hoje nós estamos em uma batalha que temos que continuar, confiados, conscientes de que mais tarde não será possível para eles continuar ocultando os crimes de uma política que cada vez é mais difícil justificar ou enganar com ela ao resto.
Muito obrigado, companheiros (Aplausos).
Comandante.- Companheiras e companheiros, após a exposição do companheiro Alarcón, acho que não devemos reunir-nos amanhã.
Acho que o que devemos fazer é transmitir novamente esta reunião de hoje, desde o começo, desde o que foi publicado sobre Girón, e depois, também, o que o senhor, o urbanista –como lhe chamam-, disse, e essas são as suas palavras, de pôr as bombas lá em Tropicana. As coisas que eu disse, e, fundamentalmente, esta exposição demonstram de forma irrefutável todas as turvas manobras que aconteceram em torno a este caso. Eles não poderão ignorar todo o que aqui foi exposto e discutido.
Enquanto isso, há que continuar observando. Há coisas que acontecem todos os dias, declarações e posições; continuar observando o que acontece amanhã, e vigiando, que não inventem, porque por ai já um tribunal...não sei, não conheço, mas coisa estranha, que nunca aconteceu, mas já um juizado lá por El Salvador tem estado exprimindo que vai reclamar a extradição do senhor Posada Carriles. Não tenho mais elementos de juízo, é preciso saber que é isso; mas sim advertir, não seja que possa ser uma tentativa de armadilha, é preciso adverti-lo. Mas acho que nada disso vai prosperar. Por isso proponho fazer isto e, de ser preciso nos reunimos o domingo, um dia excelente para reunir-se, à tarde (Lhe dizem algo). Sim, após a votação viremos pra cá (Risos e aplausos).
Cumprir cedo com o dever de votar. Bom, eu acho que devemos vir pra cá, porque aqui há uma série de coisas que deveram ser ditas hoje; mas nós nos reunimos, e na segunda-feira, quando estamos comemorando, e de maneira especial, estaremos lembrando a data em que estamos, a semana em que estamos, e acho que todo depende... A segunda-feira vamos reunir-nos , segunda –feira é 18; mas ainda temos o 19, podemos reunir-nos o dia 19 no teatro "Carlos Marx" em uma sessão como esta. Bom, a segunda-feira 18 podemos atualizar-nos sobre todo isto e continuar analisando o problema, temos coisas que dizer, e o dia 19 temos coisas que dizer e coisas que lembrar e coisas que reiterar, e se houver uma trégua, pois talvez a quinta-feira o dedicaremos aos problemas nacionais; sim, temos coisas nacionais sobre as quais falar.
De maneira que este é o programa que proponho, além de parabenizar ao companheiro Alarcón pela sua brilhante exposição, que eu sabia que não deixaria nenhuma dúvida sobre o que eu afirmei de que o governo dos Estados Unidos conhece toda a verdade, e é no mundo o governo que melhor conhece toda a verdade.
Pátria ou Morte!
Venceremos!
(Ovação).