As guerras ilegais do império

Fidel Castro

1 de outubro de 2007


Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático.

Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.


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Quando começou a guerra dos Estados Unidos e seus aliados da NATO em Kosovo, Cuba definiu imediatamente sua posição na primeira página do jornal Granma, em 26 de março de 1999. E o fez através de uma Declaração de seu Ministério das Relações Exteriores intitulada “Cuba convida a pôr fim à injustificável agressão da NATO contra a Iugoslávia”.

Extraio parágrafos essenciais daquela Declaração:

“Depois de um conjunto de dolorosos e muito manipulados acontecimentos políticos, prolongados enfrentamentos armados e complexas e pouco transparentes negociações ligados à questão de Kosovo, a Organização do Tratado do Atlântico Norte lançou finalmente seu anunciado e brutal ataque aéreo contra a República Federativa da Iugoslávia, cujos povos foram os que lutaram mais heroicamente na Europa contra as hordas nazis na Segunda Guerra Mundial.

”Esta ação, concebida como ‘castigo ao governo iugoslavo’, é levada a cabo ignorando o Conselho de Segurança da ONU.

[…]

“A guerra lançada pela NATO reaviva os justos temores da humanidade pelo surgimento de um unipolarismo insultante, regido por um império guerreirista, erigido a si próprio em polícia mundial e capaz de fazer com que os seus aliados políticos e militares participem das ações mais inconcebíveis, mesmo como aconteceu no começo e na primeira metade deste século com a criação de blocos belicistas que cobriram de destruição, morte e miséria a Europa, dividindo-a e debilitando-a, enquanto os Estados Unidos fortaleciam seu poderio econômico, político e militar.

“Seria bom se perguntar se o uso e abuso da força solucionarão os problemas do mundo e defenderão os direitos humanos das pessoas inocentes que hoje morrem sob os mísseis e as bombas que caem sobre um pequeno país dessa culta e civilizada Europa.

“O Ministério das Relações Exteriores da República de Cuba condena energicamente esta agressão da NATO contra a Iugoslávia, liderada pelos Estados Unidos.

 […]

“Nestes momentos de sofrimento e dor para os povos da Iugoslávia, Cuba convoca a comunidade internacional a aunar esforços para pôr fim imediatamente a esta injustificada agressão, evitar novas e ainda mais lamentáveis perdas de vidas inocentes e permitir a esta nação retomar a via pacífica das negociações para a solução de seus problemas internos, assunto que depende única e exclusivamente da vontade soberana e da livre determinação dos povos iugoslavos.

[…]

“A mesquinha pretensão de impor soluções pela força é incompatível com todo raciocínio civilizado e com os princípios essenciais do direito internacional. […]

Se não muda a situação, as conseqüências poderiam ser inesperadas para a Europa e para toda a humanidade.”

Devido a estes fatos, no dia anterior enviei uma mensagem ao presidente Milosevic, através do embaixador iugoslavo em Havana e de nosso embaixador em Belgrado.

“Rogo-lhe comunicar ao presidente Milosevic o seguinte:

“Após analisar minuciosamente todo o que acontece e as origens do atual e perigoso conflito, sou da opinião que se comete um grande crime contra o povo sérvio e, pela sua vez, um enorme erro dos agressores, que não poderão sustentar, se o povo sérvio, mesmo como em sua heróica luta contra as hordas nazis, é capaz de resistir.

“Se não cessam tão brutais e injustificáveis ataques no coração da Europa, a reação mundial será ainda maior e muito mais rápida do que a desatada pela guerra do Vietnã.

“Como em nenhuma outra ocasião nos últimos tempos, poderosas forças e interesses mundiais estão cientes de que essa conduta nas relações internacionais não pode continuar.

“Embora não tenha relação pessoal com ele, meditei muito sobre os problemas do mundo atual, acho que tenho um sentido da história, um conceito da tática e da estratégia na luta de um pequeno país contra uma grande superpotência e odeio profundamente a injustiça, é por isso que me atrevo a transmitir-lhe uma idéia em três palavras:

“Resistir, resistir e resistir.

“25 de março de 1999”

Leia a resposta de Milosevic


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Inclusão: 11/01/2020