Pôncio Pilatos se lavou as mãos

Fidel Castro

23 de abril de 2009


Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático

Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo


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Tão grande foi a pressão contra o bloqueio dos Estados Unidos de América a Cuba, que no dia em que Raúl declarou categoricamente que o nosso país não ingressaria na OEA, o Secretário da desprestigiada instituição começou a preparar o terreno para a participação de Cuba numa eventual futura Cimeira das Américas. A sua receita é desvigorar a resolução que decidiu a expulsão da Ilha, por razões ideológicas. Tal argumento é verdadeiramente risível, quando importantes países como a China e o Vietname, dos quais o mundo actual não pode prescindir, estão dirigidos por Partidos Comunistas que foram criados sobre as mesmas bases ideológicas.

Os factos históricos demonstram a política hegemónica dos Estados Unidos de América na nossa região e o papel repugnante da OEA como odioso instrumento do poderoso país. 

A fórmula de Insulza é apagar do mapa o criminoso acordo. Raúl declarou em Cumaná que Cuba jamais se reintegraria à OEA. Utilizando uma frase sucinta de Martí expressou que primeiro

“unir-se-á o mar do Sul ao mar do Norte, e nascerá uma cobra de um ovo de águia”.

Nessa mesma ocasião respondendo a um hipotético gesto de Obama, que oferecia conversar com Cuba sobre democracia e direitos humanos, respondeu-lhe que o Governo de Cuba estava disposto a discutir qualquer tema com ele sob o mais absoluto respeito à igualdade e soberania de ambos povos. O nosso povo conhece perfeitamente bem o significado e a dignidade dessas palavras.

Entre as demandas públicas de Obama está a libertação dos sancionados a prisão por seus traidores serviços aos Estados Unidos, que ao longo de quase médio século tem estado agredindo e bloqueando a nossa Pátria.

Raúl declarou que Cuba estava disposta a exercer clemência se os Estados Unidos os recebia e punha em liberdade os cinco heróis antiterroristas cubanos.

Contudo, tanto o Governo dos Estados Unidos como os contra-revolucionários dentro e fora de Cuba tem reagido com todo tipo de arrogância.

A AP e algumas outras agências de notícias tem insinuado divisões no seio da direcção revolucionária.

Segundo a AP,

“Um destacado activista dos direitos humanos” expressou que “a maioria das duas centenas de presos cubanos preferem cumprir longas sentenças na Ilha do que ser trocados por cinco agentes comunistas presos nos Estados Unidos como tem sugerido o Presidente Raúl Castro.

“É quase unânime entre os presos que não sejam trocados por militares presos em flagrância, fazendo espionagem nos Estados Unidos”, disse a agência invocando ao chefe da mal chamada “Comissão Cubana de Direitos Humanos e Conciliação”.

Haveria que ver agora a quais qualifica com esse conceito. O Papa João Pablo II não distinguia entre presos políticos e presos comuns quando visitou Cuba e pediu clemência para um número deles. Realmente nos Estados Unidos a maioria dos qualificados como presos comuns são, em geral, as pessoas mais pobres e discriminadas.

“Obama, porém — expressa mais para a frente a agência AP —, poderia padecer consequências políticas graves se acedesse trocar os cinco agentes comunistas condenados por espionagem no ano 2001. O chefe do grupo foi implicado na morte de quatro exilados quando os seus aviões foram derrubados por aviões de guerra cubanos no ano 2001.” 

Não constitui por acaso essa notícia uma ameaça ao Presidente dos Estados Unidos?

O hipotético líder mercenário foi micro-fraccionário provinha da juventude do antigo Partido Comunista que depois integrou o novo partido criado pela Revolução. Quando nos vimos na necessidade de discordar com a URSS pela decisão incorrecta de negociar um acordo sobre a Crise de Outubro com os Estados Unidos sem consulta prévia com o nosso país, o sujeito se tornou inimigo da Revolução. Serviu à superpotência durante todo o mandato de Bush. Agora se da ao luxo de ser instrumento para ameaçar o Obama.

A AP não diz nem sequer uma palavra sobre as prisões perpétuas impostas em julgamentos manhosos aos Cinco Heróis, as mentiras elaboradas com a cumplicidade das autoridades, o tratamento cruel que têm recebido e mais muitos factos relacionados com o caso. Essas são as calúnias que foram publicadas em muitas mídias do mundo.

Quando a saúde de algum dos mercenários o requeria, o Governo de Cuba nunca deixou de exercer a clemência, sem que os Estados Unidos o exigissem.

O Governo de Cuba, por outro lado, nunca praticou a tortura, é uma questão reconhecida pelo mundo. O Presidente de Cuba não pode ordenar o assassinato de um adversário.

Tem condenado o novo Presidente dos Estados Unidos essa odiosa prática? No caso que o faça, podem acreditar em mim, não hesitarei em reconhecer a impressão de sinceridade que nos deu a todos inicialmente.

Amanhã voltaremos a reunir-nos com Daniel. Em menos tempo daquele que teve que esperar no avião de LACSA em Porto Espanha sob o intenso calor do trópico, o avião cubano o levará de volta a sua querida pátria.


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Inclusão: 11/01/2020