(1914-1994): Isaac Akcelrud, foi emblematicamente uma personalidade à contracorrente dos tempos: seus oitenta anos foram vividos em torno do marxismo — suas tradições, suas teorias, seus símbolos — em um país onde a história do socialismo foi marcada pela descontinuidade e pela dispersão. Isaac filiou-se ao PCB em 1936 na juventude comunista gaúcha. Sua militância durante os vinte anos seguintes concentrou-se na imprensa popular do PCB, tendo sido editor de vários de seus jornais, inclusive diários no Rio de Janeiro e em São Paulo. Foi um dos líderes da dissidência do PCB após a divulgação do Relatório Kruschev em 1956. Falhada a tentativa de construir uma alternativa à esquerda do PCB, Isaac passaria as próximas décadas envolvido em um esforço de desestalinização do seu marxismo, de reencontro com as fontes originais da tradição leninista e com o marxismo de Trotski, de renovação de perspectivas. Reencontrou um fio de continuidade de uma militância revolucionária no interior do PT e no coletivo da tendência Democracia Socialista. Engajou-se como jornalista e organizador no movimento dos Sem-Terra.
Isaac nos legou alguns milhares de artigos escritos ao longo de dezenas de anos dedicados ao jornalismo de esquerda, além de um livro sobre o Oriente Médio e outro sobre a reforma agrária no Brasil. Uma parte da história dos oprimidos deste país ficou fixada no estilo indignado e exato de Isaac. É um dever dos que conviveram com ele, que o respeitaram e o amaram, recolher e editar os momentos mais expressivos da herança de seus escritos.