(1748-1832): sociólogo inglês, teórico do utilitarismo.
Opinião de Marx sobre Bentham: "Jeremias Bentham é um fenómeno puramente inglês. Mesmo não excluindo o nosso filósofo Christian Wolf, em nenhum tempo e em nenhum país o lugar comum de trazer por casa alguma vez se repimpou tão presunçosamente. O princípio da utilidade não foi nenhuma invenção de Bentham. Ele reproduziu apenas sem espírito o que Helvétius e outros franceses do século XVIII tinham dito com espírito. Se, p. ex., se quiser saber o que é útil a um cão, ter-se-á de sondar a natureza dos cães. Esta própria natureza não pode ser construída a partir do «princípio da utilidade». Aplicado aos homens, se se quiser ajuizar toda a acção, movimento, relações, etc., humanos segundo o princípio da utilidade, trata-se antes do mais da natureza humana em geral e depois da natureza humana historicamente modificada em cada época. Bentham não faz cerimónias. Com a secura mais ingénua, ele pressupõe o pequeno-burguês moderno, especialmente o pequeno-burguês inglês, como o homem normal. O que é útil para este raio de homem normal e para o seu mundo, é útil em si e para si. Ele ajuiza então por esta bitola passado, presente e futuro. P. ex., a religião cristã é «útil» porque ela proíbe religiosamente as mesmas malfeitorias que o código penal juridicamente condena. A crítica de arte é «prejudicial», porque incomoda gente honrada na sua fruição de Martin Tupper, etc. Com refugo deste encheu o bom do homem, cuja divisa era: «nulla dies sine linea», montanhas de livros. Se eu tivesse a coragem do meu amigo H. Heine chamaria ao senhor Jeremias um génio da estupidez burguesa."