(1924-1973): Activista político pela libertação das colónias portuguesas de Guiné e Cabo Verde, desenvolveu a luta com a fundação de um partido político em 1956 e depois com a luta armada a partir de 1961.
Amílcar Cabral nasceu no Bafatá (Guiné-Bissau) a 12 de Setembro de 1924, filho de um professor cabo-verdeano e de mãe guineense. Voltaram para Cabo Verde na infância de Amílcar. Mais tarde, vai estudar agronomia para Lisboa. Após os estudos e exercício da profissão regressa à Guiné para o procedimento de recenseamento agrícola do território. Ao mesmo tempo, desenvolve actividades políticas junto de associações desportivas e culturais, mas cedo percebe o alcance limitado dessas iniciativas. Em 1956, funda o Partido Africano para Independência e União dos Povos da Guiné e de Cabo Verde (PAIUPGC), depois tornado em Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
O massacre do porto de Pidjiguiti (3 de Agosto de 1959) em Bissau, que mobilizara pacificamente os estivadores nativos acaba em mais de 50 mortos, quando as autoridades coloniais portuguesas atiram sobre a multidão. Este facto político torna-se no catalisador do fim da ilusão da via pacífica até então defendida pelo PAIGC.
Apoiando-se sobretudo na República da Guiné, o PAIGC envia quadros para o estrangeiro para, a prazo, dispor de meios para iniciar a luta armada. A 3 de Agosto de 1961 (aniversário do massacre de Pidjiguiti) é lançada a primeira acção de guerrilha que havia de escalar para um conflito muito duro e que podia levar a um Dien Bien Phu (derrota militar francesa na Indochina perante a guerrilha vietnamita, organizada já em exército popular, em 1954), na versão portuguesa.
Amílcar Cabral e o PAIGC conseguem o apoio internacional de uma parte considerável do mundo, na sua luta contra o colonialismo português que entrados os anos 70 estava já muito isolado.
Sobrevive à implacável operação “Mar Verde” (Novembro de 1970) dirigida por militares portugueses e dissidentes do regime de Conacry, contra a Republica da Guiné, com o fim de eliminar o regime de Sekou Touré e as bases do PAIGC aí instaladas. Finalmente é assassinado, em Janeiro de 1973, em Conacry, tendo “profetizado” que “se alguém me há-de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios”. Oito meses após o desaparecimento físico, o seu irmão Luís Cabral declara a independência do Estado da Guiné-Bissau.