Fascismo: Palavra de origem italiana. Deriva de «fascio» — o feixe de varas, distintivo próprio dos cônsules da Roma antiga. Do ponto de vista do seu conteúdo, o fascismo é a forma mais reaccionária, abertamente terrorista, da ditadura do capital financeiro. Esta ditadura é evidentemente instaurada pela burguesia imperialista para prolongar o seu domínio.
O recurso ao fascismo prova que a alta burguesia já não confia muito no conservar o poder político através da utilização dos meios burgueses ordinários — isto é, através dos meios da democracia parlamentar. Precisamente por isso o fascismo foge ao diálogo e à polémica com as forças adversas e antes as reprime pela força no domínio ideológico conduzindo ao mais negro obscurantismo. Ele significa irracionalidade, chauvinismo, racismo extremo.
Na verdade, a sua maneira de pensar anti-racionalista quadra bem com o desejo que aos fascistas anima de não fixarem frontalmente um «programa», o qual posteriormente realizariam por intermédio do exercício no poder. É muito típico do fascismo procurar primeiro a conquista do poder político, para só depois pensar em programas — facto que poderia levar a dizer-se que o fascismo constitui a ideologia da ausência de ideologia.
Aliás sabe-se que em Itália, por exemplo, o programa do fascismo antes da sua subida ao poder se resumia no grito «Itália a noi!». E não é sem razão já se ter dito que, depois da sua transformação em Estado corporativo, não constitui o fascismo, propriamente, uma forma política estatal assente sobre si mesma, antes e apenas um instrumento constituído para o exercício de uma ditadura.
Se a unidade da teoria fascista reside na violência das suas soluções (fascismo significa interdição de liberdades cívicas, quase eliminação dos direitos dos trabalhadores, combate às organizações intelectuais progressistas), por outro lado o fascismo tem apresentado, do ponto de vista nacional, várias formas específicas de organização. As mais conhecidas foram a italiana, o nacional-socialismo alemão, o franquismo espanhol, o corporativismo português.
Fascismo nos anos 30 e 40 do século XX no Japão: No Japão, o fascismo nunca conseguiu ser um movimento de massas violento, capaz de promover transformações sociais. Os fascistas japoneses procuravam atrair os círculos dirigentes, a começar pelo imperador, queriam monopolizar o poder, apoiando-se na organização já existente. As várias fracções fascistas japonesas e alguns desses centros dirigentes tinham em comum a convicção na superioridade da civilização japonesa. Estavam convencidos de que a crise interna só poderia ser debelada com uma expansão externa; o Japão tinha o direito de se defender- por exemplo da hostilidade dos ocidentais que o privavam de matérias-primas- como também tinha o direito de defender as outras nações contra as potências que se apoderam de grandes territórios sem ter em consideração os direitos naturais dos povos (como defendia o fundador do fascismo japonês, Kita Ikki), numa adaptação japonesa à teoria nazi do “espaço vital”. A partir de 1940, com o declínio da governação Konoye e com a ascensão do general Tojo (1941), foi-se implantando uma ditadura que instituiu sindicato e partido único, a integração da economia no esforço de guerra, a supressão completa das liberdades. A “revolução fascista” no Japão não foi efectuada por um partido político novo, mas sim por um escol tradicional.