(1925-2017): Jornalista e escritor; militante histórico do Partido Comunista Português. Começou a carreira de escritor, ainda jovem, quando frequentava o curso de Letras na hoje Universidade de Lisboa, no Diário de Notícias (1949-1956) e depois, ainda capital portuguesa, no Diário Ilustrado (até 1957). Pressionado pela censura salazarista, deixou o país e fixou-se no Brasil: aqui esteve de 1957 a 1974, foi editorialista de O Estado de S. Paulo e, na primeira metade dos anos 1970, editor internacional da revista Visão – ao mesmo tempo em que participava do Portugal Democrático, órgão dos antifascistas portugueses editado, entre 1956 e 1975, também em São Paulo. A aventura que foi o sequestro do “Santa Maria”, em 1961 – a famosa operação Dulcineia, capitaneada por Henrique Galvão (1895-1970) –, tornou-o amplamente conhecido e, de algum modo, conscientizou-o da necessidade de um combate mais organizado para a derrubada do regime de Salazar. Simpático ao socialismo, três anos depois vinculou-se ao Partido Comunista Português/PCP (certa feita, observou que esta decisão, que marcaria toda a sua vida, fora influenciada pela leitura, em 1961, do romance O caminho das tormentas, de Alexei Tolstoi). A Revolução dos Cravos possibilitou o seu regresso a Portugal. Logo assumiu a redação do Avante!, órgão oficial do PCP e, em 1976, a direção de O diário, jornal de massas que circulou até 1990. A partir de 1986, dividiu o seu trabalho editorial com a intervenção política institucional: começou na Assembleia Municipal de Moura, passou como deputado pela Assembleia da República (1990-1995) e chegou à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.