Alocução em nome do Conselho Internacional das Uniões Sindicais Vermelhas no Quarto Congresso dos Sindicatos de Toda a Rússia

Georgi Mikhailovich Dimitrov

17 de Maio de 1921


Primeira edição: «O IV Congresso dos Sindicatos de toda a Rússia». Moscovo, Edição Operária para toda a Rússia do Conselho Central dos Sindicatos, 1922. Buli. C. C. S. R.
Fonte:
Dimitrov e a Luta Sindical. Edições Maria da Fonte, Tradução: Ana Salema e Carlos Neves; Biografia e notas: Manuel Quirós.
Transcrição: João Filipe Freitas
HTML:
Fernando A. S. Araújo
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Lamento muito não poder falar em russo mas espero que compreendam a essência do que lhes direi em búlgaro. Sinto-me feliz ao dirigir-me a vós em nome do Conselho Internacional dos Sindicatos Vermelhos, e saúdo-vos em nome do proletariado revolucionário da Bulgária, organizado nos sindicatos, assim como em nome do proletariado dos outros países balcânicos.

Posso assegurar-vos, representantes do heróico proletariado russo, que os operários dos países balcânicos, tal como os operários revolucionários da Europa e da América, seguem o caminho traçado pelo- proletariado russo, o caminho da luta intransigente e impiedosa para o estabelecimento da ditadura do proletariado à escala mundial. Apesar do horrível terror da burguesia e das perseguições cruéis ao proletariado revolucionário em todos os países, este reúne rapidamente as suas forças e prepara-as para fazer às suas respectivas burguesias o mesmo que o proletariado russo fez em Outubro de 1917.

Os sindicatos são, na Bulgária e nos outros países balcânicos, órgãos da luta de classe revolucionária do proletariado. Eles julgam que a época pacífica do combate sindical está já terminada, que nas condições de crise profunda e intransponível que castiga impiedosamente o mundo capitalista a tarefa essencial e imediata das uniões sindicais, a única solução, é lutar para conquistar o poder político e todos os meios de produção. O duelo entre Amesterdão e Moscovo, que actualmente se desenrola no seio de qualquer movimento sindical do mundo inteiro, terminou na Bulgária e nos países balcânicos pela vitória total de Moscovo. Inevitavelmente terminará do mesmo modo e num futuro próximo na Europa e na América.

A experiência russa ensina-nos que a nossa primeira tarefa consiste em liquidar definitivamente a influência dos mencheviques e dos social-traidores de qualquer espécie na sua fortaleza — a Federação de Amesterdão — porque o facto de na Inglaterra e na Alemanha, em França e na Itália, no país industrial mais desenvolvido, a América, o proletariado se encontrar ainda sob o jugo capitalista, se explica unicamente pela pérfida política dos líderes amarelos e pelo oportunismo da burocracia dos sindicatos. A burguesia e os mencheviques de todo o mundo dizem sempre que a Rússia é um país bárbaro, inculto e incapaz do que quer que seja, mas, na realidade, o proletariado europeu civilizado deve aprender convosco — proletariado russo — o meio de se libertar do jugo do capital e deve começar a agir à russa. Aliás, inspiramo-nos constantemente na vossa imensa experiência. Essa experiência ensina-nos antes de tudo que, sem organizações sindicais profundamente impregnadas do espírito comunista, caminhando de mão dada com o Partido Comunista, a vitória total da revolução proletária é impossível, uma ditadura verdadeira e real do proletariado seria impossível, a organização socialista da produção e a criação da sociedade comunista é impensável. Conhecemos muito bem os sindicatos como organizações que não combatem a exploração capitalista — conhecemo-los pela doutrina dos nossos grandes mestres Marx e Engels, assim como pela nossa própria experiência. Mas o que não encontramos, nem no Manifesto Comunista nem noutras obras dos nossos mestres, que, nas suas pesquisas teóricas não puderam determinar exactamente o papel e as tarefas dos sindicatos no período transitório da ditadura do proletariado, aprendemo-lo hoje da vossa experiência, como formas concretas da actividade prática dos sindicatos, neste período transitório que vocês elaboram. O proletariado russo conheceu e conhece sofrimentos inauditos, fez inumeráveis sacrifícios, não só pela sua causa como também pela da revolução proletária no mundo inteiro. Os vossos sofrimentos e os vossos sacrifícios não terão sido vãos. Os bons resultados manifestam-se já no gigantesco combate que abala todo o mundo capitalista, de que uma das maiores manifestações é a luta colossal dos mineiros ingleses.

Moscovo é a estrela que guia a luta proletária no mundo inteiro. Moscovo é o sol que dissipa as trevas da noite opaca do mundo capitalista. Moscovo toma orgulhosamente, e a justo título, a cabeça da União Internacional dos Sindicatos, união que é a condição indispensável e inevitável para o triunfo total da revolução proletária internacional. Rendendo homenagem à memória que nos é tão querida, da plêiade dos militantes do proletariado russo caídos em combate, dizemos:

«Viva o movimento sindical russo, vivam os seus dignos representantes ao IV Congresso dos Sindicatos, viva o Partido Comunista russo — a alma do movimento sindical na Rússia —, viva a Internacional Comunista e o seu braço direito — a Internacional Vermelha dos Sindicatos!»

 


Inclusão 05/02/2015