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Lourenço Marques,
É com muito prazer que me dirijo neste momento ao Povo Português.
O Povo Português que a partir do dia 25 de Junho de 1975 é mais livre do que era antes, porque vê ascender à independência uma nova nação de expressão portuguesa.
Trouxemos a Moçambique o abraço fraterno do nosso povo ao Povo moçambicano com o qual pensamos que na nova situação criada, depois da Revolução do 25 de Abril de 1974, temos as maiores possibilidades de estabelecer relações baseadas na amizade, na fraternidade, na ajuda mútua, na não ingerência nos assuntos de cada um dos países, relações essas orientadas pelo progresso e pela realização dos superiores interesses do Homem, e, consequentemente, da Humanidade.
Nós pensamos que as relações de novo tipo que Portugal está estabelecendo com as nações que estão ascendendo à independência, foi a Guiné, hoje Moçambique, dentro de poucos dias Cabo Verde, mais tarde Angola e os outros territórios, nós pensamos que estamos dando ao Mundo um exemplo de fraternidade, um exemplo de amistosidade, um exemplo de encarar com a maior nobreza e com a maior esperança as novas relações que se estão estabelecendo. Pensamos que estas relações podem ser seguidas por todos os povos do Mundo no caminho da independência de todos esses povos, no caminho da paz, do progresso e do bem-estar da Humanidade.
Temos encontrado da parte de Samora Machel a maior compreensão pelo processo que se está desenvolvendo no nosso País. Temos muitos pontos comuns entre a nossa luta e a luta do povo moçambicano. O Povo Português também foi colonizado por Salazar e por Caetano. Quando se desenvolvia a guerra no Ultramar não eram só os povos sob administração portuguesa que estavam sendo colonizados, também o Povo Português estava sendo colonizado. Daí o grande traço de união da nossa luta comum, daí o nós podermos dizer que o Povo Moçambicano e o Povo Português têm destinos comuns, são os destinos da sua própria libertação.
Início da páginaAbriu o arquivo | 05/05/2014 |