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Teses Sobre Hegel e a Revolução
Karl Korsch
1932
Fonte: http://guy-debord.blogspot.com.br.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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I. Só se pode compreender a filosofia hegeliana e o seu método dialéctico na sua conexão com a revolução.
- Historicamente ela saiu do movimento revolucionário da sua época.
- O seu papel foi traduzir no pensamento o movimento revolucionário do seu tempo.
- O pensamento dialéctico é revolucionário também quanto à forma:
a) Separação dos dados imediatos, ruptura radical com o que existe, inversão, novo começo.
b) Princípio da oposição e da negação.
c) Princípio da mudança e do desenvolvimento incessantes — do salto qualitativo.
- Concorrentemente com o desenvolvimento ulterior da sociedade burguesa, a
tarefa revolucionária desaparece inevitavelmente na filosofia e na
ciência burguesas.
II. Não se pode criticar a filosofia hegeliana
e o seu método dialéctico sem a conceber em conexão com o carácter
histórico concreto do movimento revolucionário da sua época.
- Ela é uma filosofia, não da revolução em geral, mas da revolução burguesa dos séculos XVII e XVIII.
- Mesmo como filosofia da revolução burguesa, ela não exprime todo o processo desta revolução, mas apenas a sua conclusão última. Neste
sentido é uma filosofia não da revolução mas da restauração.
- Esta dupla determinação histórica manifesta-se sob a forma de uma dupla limitação do carácter revolucionário da dialéctica hegeliana:
a) Apesar da dissolução dialéctica de todos os elementos congelados, a dialéctica hegeliana conclui com uma nova congelação; congelação do próprio método dialéctico e, com ele, de todo o conteúdo dogmático do sistema filosófico sobre ele edificado por Hegel.
b) A ponta revolucionária contida no primeiro impulso do método dialéctico, Hegel, na síntese, recondu-la artificialmente ao "circulo", ao restabelecimento
do conceito da realidade imediata e à reconciliação com esta realidade,
à glorificação do que existe.
III. Marx—Engels primeiro e Lenine depois deles "salvaram" a dialéctica consciente transferindo-a da filosofia idealista alemã para a concepção materialista da natureza e da
história, da teoria revolucionária burguesa para a teoria revolucionária proletária. Este "salvamento por transferência" tem apenas — histórica e teoricamente — o carácter de uma transição. O que ele criou foi uma teoria da revolução proletária não como ela se desenvolveu sobre a sua base própria, mas pelo contrário como ela acabava de sair da revolução burguesa, portanto uma teoria gravada sob todos os pontos de vista, quanto ao conteúdo e quanto ao método, com as marcas do jacobinismo, da teoria revolucionária burguesa.
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