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Primeira edição: Pravda, nº 34, 16 de abril de 1917. V. I. Lênin, Obras, 4.ª ed. em russo, t. 24 págs. 138/141
Fonte: A aliança operário-camponesa, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Edição anterior a 1966 - págs. 323-325
Tradução: Renato Guimarães, Fausto Cupertino Regina Maria Mello e Helga Hoffman de "La Alianza de la Clase Obrera y el Campesinado", publicado por Ediciones en Lenguas Extranjeiras, Moscou, 1957, que por sua vez foi traduzido da edição soviética em russo, preparada pelo Instituto de Marxismo-Leninismo adjunto ao CC do PCUS, Editorial Política do Estado, 1954. Capa e apresentação gráfica de Mauro Vinhas de Queiroz
HTML: Fernando Araújo.
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No Palácio de Táurida está realizando-se desde 13 de abril o congresso de representantes das organizações camponesas e dos sovietes de deputados camponeses; congregados para elaborar as normas de convocação do soviete de deputados camponeses de toda a Rússia e examinar a constituição de sovietes semelhantes nas diferentes localidades.
Segundo o jornal Dielo Naroda participam do congresso representantes de mais de 20 províncias.
Foram aprovadas resoluções assinalando a necessidade de organizar com a maior rapidez o «campesinato» de baixo «a cima». Como «a melhor forma de organização do campesinato» foram reconhecidos os «sovietes de deputados camponeses das diferentes zonas de ação».
Bikhovski, membro do birô provisório encarregado de convocar o presente congresso, declarou que o congresso cooperativista de Moscou, em que estavam representados 12 000 000 de membros organizados (ou 50 000 000 de habitantes), havia concordado em organizar o campesinato constituindo o soviete de deputados camponeses de toda a Rússia.
É uma obra de gigantesca importância, que devemos apoiar com todas as nossas forças. Se essa obra é levada a cabo sem tardança, se o campesinato, apesar da opinião de Chingariov, toma em suas mãos imediatamente toda a terra por decisão da maioria e não por «acordo voluntário» com os latifundiários (como defende o citado Chingariov), sairão ganhando não somente os soldados, que receberão mais pão e mais carne, como também a causa da liberdade.
A organização dos próprios camponeses indefectivelmente pela base, sem os funcionários, sem «o controle e a vigilância» dos latifundiários e seus testas-de-ferro, é a garantia ais segura e única do êxito da revolução, do êxito da liberdade, do êxito da emancipação da Rússia do jugo e da opressão dos latifundiários.
Não há dúvida de que todos os membros de nosso Partido, todos os operários conscientes apoiarão sem poupar energias a organização dos sovietes de deputados camponeses, se preocuparão em multiplicá-los e em fortalecê-los e farão esforços, por sua parte, para que seu trabalho no seio destes sovietes siga uma orientação consequente e estritamente proletária, de classe
Para levar a cabo este trabalho é necessário unir separadamente os elementos proletários (assalariados agrícolas, diaristas, etc.) no seio dos sovietes gerais dos camponeses ou (e às vezes e) organizar, à parte, sovietes de deputados assalariados agrícolas.
Com isto não queremos fracionar as forças; pelo contrário, para intensificar e ampliar o movimento é necessário elevar a camada, ou, mais exatamente, a classe mais «baixa», segundo a terminologia dos latifundiários e capitalistas.
Para fazer avançar o movimento é preciso libertá-lo da influência da burguesia, é preciso depurá-lo das inevitáveis debilidades, vacilações e erros da pequena burguesia.
É preciso realizar este trabalho valendo-se da persuasão amistosa, sem se adiantar aos acontecimentos, sem se apressar em «consolidar» organicamente o que inda não foi suficientemente reconhecido, meditado, compreendido e sentido pelos próprios representantes dos proletários e semiproletários do campo. Mas este trabalho deve ser realizado, deve ser iniciado imediatamente e por toda parte.
As reivindicações práticas, as palavras-de-ordem, ou melhor, as propostas que devem ser apresentadas para centralizar nelas a atenção dos camponeses devem ser as questões atuais, palpitantes, da própria vida.
A primeira delas é a questão da terra. Os proletários do campo serão partidários da passagem total e imediata de toda a terra, sem exceção, a todo o povo e de que as terras sejam postas incontinenti à disposição dos comitês locais. Mas a terra não pode ser comida. Milhões e milhões de explorações camponesas sem cavalos, sem instrumentos, sem sementes nada ganham com a passagem da terra «ao povo».
É preciso submeter imediatamente à discussão este problema e adotar medidas práticas para que, aproveitando a menor possibilidade, as grandes explorações continuem sendo administradas como tais sob a direção dos agrônomos e dos sovietes de deputados assalariados agrícolas, com as melhores máquinas e sementes e aplicando os melhores métodos agrotécnicos.
Não podemos ocultar aos camponeses, e com mais razão aos proletários e semiproletários do campo, que a pequena exploração agrícola, conservando-se a economia mercantil e o capitalismo, não está em condições de libertar a humanidade da miséria das massas, que é necessário pensar na passagem à grande exploração em bases coletivas e empreendê-la sem tardança, ensinando as massas e aprendendo com elas na prática as medidas oportunas para essa passagem.
Outra questão importantíssima e atual é a forma de governo e a administração do Estado. Não basta pregar a democracia, não basta proclamá-la e decretá-la, não basta confiar sua realização aos «representantes» do povo nas instituições representativas. É preciso edificar a democracia imediatamente, a partir da base, com a iniciativa das próprias massas, com sua participação eficaz em toda a vida do Estado, sem «vigilância» de cima, sem funcionários.
Pode-se e deve-se empreender imediatamente uma tarefa prática: substituir a polícia, os funcionários e o exército permanente pelo armamento geral de todo o povo, pela milícia geral de todo o povo, da qual participem, sem falta, as mulheres. Quanto maiores sejam a iniciativa, a variedade, a audácia, o espírito criador das massas nesta questão, tanto melhor. Não só os proletários e semiproletários do campo, como também os nove décimos do campesinato nos seguirão, evidentemente, se formos capazes de explicar nossas propostas com clareza e simplicidade, de forma compreensível, com exemplos vivos e com os ensinamentos da vida:
Democracia desde a base, democracia sem funcionários, sem polícia e sem exército permanente. Serviço social de uma milícia integrada por todo o povo e nascida do armamento geral. Nisto reside a garantia de uma liberdade que não poderá ser arrebatada pelos tzares, nem pelos bravos generais, nem pelos capitalistas.