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Primeira edição: Pravda, nº 45, 13 de maio (30 de abril) de 1917 V. I. Lênin, Obras, 4.ª ed. em russo, t. 24, págs. 257/260
Fonte: A aliança operário-camponesa, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Edição anterior a 1966 - págs. 326-328
Tradução: Renato Guimarães, Fausto Cupertino Regina Maria Mello e Helga Hoffman de "La Alianza de la Clase Obrera y el Campesinado", publicado por Ediciones en Lenguas Extranjeiras, Moscou, 1957, que por sua vez foi traduzido da edição soviética em russo, preparada pelo Instituto de Marxismo-Leninismo adjunto ao CC do PCUS, Editorial Política do Estado, 1954. Capa e apresentação gráfica de Mauro Vinhas de Queiroz
HTML: Fernando Araújo.
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A existência da propriedade agrária latifundiária na Rússia constitui a base material do poder dos latifundiários feudais e uma premissa da possível restauração da monarquia. este sistema de propriedade agrária condena inexoravelmente a imensa maioria da população da Rússia, o campesinato, a viver na miséria, à submissão e à ignorância, e o país, em seu conjunto, ao atraso em todas as esferas da vida.
Na Rússia, a propriedade camponesa da terra — tanto das terras atribuídas às comunidades ou às famílias camponesas como as de propriedade privada (arrendadas ou compradas) — está envolvida de cima a baixo, de ponta a ponta, por uma rede de antigos vínculos e relações de semiservidão, divisão dos camponeses em categorias herdadas do regime de servidão, fragmentação das parcelas, etc., etc. A necessidade de romper todos estes entraves antiquados e nocivos, de «derrubar as cercas», de reestruturar sobre uma nova base todas as relações da propriedade agrária e da agricultura, de acordo com as novas condições da economia nacional e mundial, constitui a base material da aspiração do campesinato à nacionalização de todas as terras do país.
Quaisquer que sejam as utopias pequeno-burguesas com que os diferentes partidos e grupos populistas revestem a luta das massas camponesas contra a propriedade agrária feudal-latifundiária e, em geral, contra todos os entraves feudais na posse e no uso da terra na Rússia, esta luta ex pressa, por si mesmo, a aspiração — plenamente democrático-burguesa, absolutamente progressista e necessária do ponto-de-vista econômico — de romper resolutamente todos estes entraves.
A nacionalização da terra, que é uma medida burguesa, significa libertar a luta de classes e o uso da terra, no maior grau possível e concebível na sociedade capitalista, de todas as características não burguesas. Além disso, a nacionalização da terra, como abolição da propriedade privada sobre ela, representaria na prática um golpe tão demolidor na propriedade privada sobre todos os meios de produção em geral, que o partido do proletariado deve dar todo o seu apoio a essa transformação.
Por outro lado, os camponeses ricos da Rússia criaram já há tempos os elementos de uma burguesia camponesa, que foram, sem dúvida, reforçados, multiplicados e consolidados pela reforma agrária de Stolipin. No pólo oposto do campo reforçaram-se e multiplicaram-se na mesma proporção os trabalhadores assalariados do campo, os proletários e a massa de camponeses semiproletários próximos a eles.
Quanto maiores forem a decisão e a consequência com que se destrua e elimine a propriedade agrária latifundiária, quanto mais resoluta e consequente for, em geral, a transformação agrária democrático-burguesa na Rússia, maiores serão a força e a rapidez com que se desenvolverá a luta de classe do proletariado agrícola contra os camponeses ricos (contra a burguesia rural).
Enquanto a revolução proletária, que começa a criar corpo na Europa, não exercer uma influência direta e poderosa sobre nosso país, a sorte e o desenlace da revolução russa dependerão de que o proletariado urbano consiga atrair o proletariado agrícola e incorporar a este a massa de semiproletários do campo, ou de que esta massa siga a burguesia rural, propensa a aliar-se com Gutchkov e Miliukov, com os capitalistas e latifundiários e com a contrarrevolução em geral.
Baseando-se nesta situação e correlação das forças de classe, a conferência resolve: