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Primeira Edição: Extraído do jornal A Aurora do Porto, 2/3/1913. Provável tradução de Neno Vasco. O original italiano é de La Questione Sociale (Peterson), 25-11-1899.
Fonte: https://ultimabarricada.wordpress.com/biblioteca/biblioteca-errico-malatesta/pedaco-de-historia/
HTML: Fernando Araújo.
Nós, os socialistas anarquistas, existimos como partido separado, com programa substancialmente constante, desde 1867 [1868], quando Bakunin fundou a Aliança, que (ó alternativa das palavras!) começou com o nome de Aliança da democracia socialista, mudando-o depois no de Aliança socialista revolucionária; e fomos nós os fundadores e a alma do ramo anti-autoritário da «Associação internacional dos trabalhadores.»
Fomos desde então socialistas, anarquistas e revolucionários no mesmo sentido em que o somos agora. Na Itália, por muitos anos nos dissemos socialistas, nada mais, pela razão de naquela época não haver na Itália outros socialistas além de nós; mas socialistas anarquistas, éramos e assim nos dizíamos sempre que havia perigo de equívoco.
Houve entre nós divergências no modo de conceber a sociedade futura. No princípio do movimento éramos todos coletivistas, e depois fizemo-nos em grande parte (na Itália e na França quase todos) comunistas; e por fim, foram-se atenuando as diferenças, tendo quase desaparecido em frente do conceito da livre organizção e da livre experimentação social, conceito essencial do programa anarquista. Mas no meio destas discussões teóricas relativas ao futuro mais ou menos distante, sempre nos mantivemos o que ainda somos hoje, isto é, socialistas anarquistas.
Entretanto, paralelamente a nós e às vezes no nosso próprio seio, desenvolveram-se outras correntes que, embora dizendo-se anarquistas, eram diversas e adversárias da nossa; e nós continuamente as combatemos, como sempre combatemos os socialistas democráticos e os vários partidos burgueses, como cada homem ou cada partido combate as ideias que julga erróneas e nocivas.
Sucedeu todavia que, apesar do nosso constante protesto, o público, por causa principalmente de factos rumorosos que sufocaram por um pouco a voz dos propagandistas, perdeu o justo critério diferencial e confundiu uns com os outros, com grave dano para nossa propaganda, socialistas-anarquistas e individualistas, organizadores e anti-organizadores, revolucionários e terroristas, homens que pretendiam lutar e sacrificar-se pelo bem geral e os homens que abertamente declaravam querer apenas o seu bem próprio, ainda que fosse com prejuízo dos outros. E então alguns de nós, visto o dano sofrido e o maior perigo que ameaçava o futuro do nosso partido, gritaram mais que de costume e conseguiram separar-se nitidamente dos putros e chamar a atenção do público para as diferenças que dos outros os separavam.