Discurso no XX Congresso do PCUS

G. M. Malenkov

Fevereiro de 1956


Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 73 - Mar-Jun de 1956.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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Camaradas!

No informe do Comitê Central, o camarada Kruschiov faz um balanço da grande atividade criadora desenvolvida pelo povo soviético, sob a direção experimentada de nosso Partido Comunista no período decorrido após o XIX Congresso. Esse balanço comprova as novas conquistas alcançadas pela União Soviética tanto no plano internacional, como na vida interna do país.

No domínio da política internacional, a União Soviética conquistou grandes êxitos na nobre causa de defesa e de reforço di paz, em estreita cooperação com a República Popular Chinesa e com todos os países de Democracia Popular.

Uma característica dos anos transcorridos é a orientação consequente, seguida pela União Soviética, no sentido do fortalecimento dos laços e das relações pacíficas com todos os países. Todos os povos vêem a atividade da União Soviética para reforçar a paz em todo o mundo. A União Soviética revelou, na prática, de maneira evidente e convincente, que se orienta estritamente em toda a sua política exterior pelo princípio leninista da coexistência pacífica entre os países com diferentes regimes sociais. As iniciativas pacíficas e a consequente política de paz da União Soviética trouxeram um considerável reforço das posições da URSS e de todo o campo do socialismo na arena internacional.

Na vida interna do país, o período transcorrido caracteriza-se por um novo desenvolvimento da economia nacional e pela elevação do bem-estar material dos cidadãos soviéticos. Em consequência do imenso trabalho realizado pelo Partido Comunista, aumentou o poderio de nosso Estado socialista, reforçou-se ainda mais a unidade moral e política da sociedade soviética e a amizade fraternal entre os povos da União Soviética; consolidaram-se a legalidade soviética e a democracia socialista.

O camarada Kruschiov observa no informe, com toda a razão, que, durante o período a que o mesmo se refere, a direção política exercida pelo Comitê Central do Partido, esteve na altura devida e que o Partido resolveu com acerto os problemas relativos à construção do Estado e do Partido, conduzindo com habilidade o país pelo caminho leninista.

Os resultados gerais relativos ao desenvolvimento da economia nacional, após o XIX Congresso do Partido, atestam que os ritmos de desenvolvimento da economia nacional na URSS continuam a verificar-se em nível desconhecido pelos países capitalistas. O progresso da economia nacional da União Soviética é ininterrupto e se baseia na realização do programa de construção pacífica.

Orientando-se pelas indicações de nosso chefe e mestre, V. I. Lênin, o Partido Comunista realiza consequentemente a política de transformar a União Soviética em país de vanguarda, em país industrial cada vez mais poderoso. Os êxitos alcançados pela URSS são realmente grandiosos. Devemo-los ao zelo diário manifestado pelo nosso Partido e pelo seu Comitê Central pelo desenvolvimento multilateral da indústria pesada, base fundamental para o desenvolvimento de todos os setores da economia nacional e o ulterior ascenso do bem-estar material e cultural do cidadão soviético. A orientação que visa ao desenvolvimento preferencial da indústria pesada foi, é e continua a ser a orientação geral de nosso Partido.

Uma característica dos últimos anos é a realização do programa de medidas concretas para acabar com a negligência existente em vários e importantes setores da economia nacional, a orientação no sentido de assegurar o progresso técnico em todos os domínios da construção socialista e a realização de sérias medidas para desenvolver a agricultura. O Partido trava, em uma ampla frente, uma luta persistente com objetivo de assegurar o desenvolvimento rápido e multilateral da agricultura e da pecuária socialistas. A revelação de grandes erros na agricultura e o sério melhoramento de sua direção tanto no centro como nos distritos, a aplicação consequente e justa do princípio do interesse material dos colcoses e dos colcosianos, a correção firme das falhas neste sentido — tudo isso já produz seus resultados positivos e indubitavelmente permitirá superar, em curto prazo, o atraso na agricultura e garantir seu rápido desenvolvimento.

O informe do camarada Kruschiov não só fez um balanço do grande caminho percorrido, como também expôs as grandes tarefas que nosso Partido e o povo soviético têm que realizar. No informe indicam-se os meios para o maior fortalecimento da base material e técnica do comunismo, estabelecem-se as principais tarefas para o fomento das forças produtivas de nosso país, expõem-se as mais importantes medidas tomadas pelo Partido, para o ulterior ascenso do nível de vida material e cultural dos cidadãos soviéticos. As teses de princípio apresentadas no informe relativas à coexistência pacífica dos dois sistemas, à possibilidade de evitar a guerra na época atual e às formas de passagens dos diferentes países para o socialismo, correspondem integral e completamente á doutrina marxista-leninista e representam a aplicação e o desenvolvimento criadores do marxismo-leninismo na situação atual.

Quanto à vida interna do Partido, não há dúvida de que foram acolhidas com grande satisfação em todo o Partido as medidas importantes tomadas pelo C. C. durante o período de que prestamos contas e que visavam à liquidação firme das sérias anormalidades ocorridas na vida do Partido e nos métodos de direção partidária, a garantir o cumprimento preciso dos princípios, elaborados por V. I. Lênin, de direção e as normas da vida partidária, à observância mais estrita do princípio superior de direção partidária — o caráter coletivo da direção. Todos compreendem a grande significação de princípio, vitalmente importante, da firme orientação, estabelecida pelo Comitê Central contra o culto à personalidade, estranho ao espírito do marxismo-leninismo. No informe se ressalta com justeza que o culto à personalidade é uma deturpação da doutrina marxista-leninista. Esta deturpação acarreta inevitavelmente o rebaixamento do papel do Partido e do seu centro dirigente e o sufocamento da atividade criadora das massas do Partido. Não há necessidade de mostrar que o enfraquecimento e, com maior razão, a liquidação dos métodos de direção coletiva, a deturpação da concepção marxista do papel do indivíduo, o culto à personalidade — tudo isso emprestava um caráter inapelável às decisões pessoais, dava origem ao arbítrio e, em determinado período, causou graves danos à atividade dirigente do Partido e do país.

Só a experiência política coletiva, a sabedoria coletiva do Comitê Central, que tem por base científica a teoria marxista-leninista, assegura a justeza na direção da construção do comunismo em nosso país e torna inabalável a unidade das fileiras do Partido.

Nosso Partido é forte e poderoso pela coesão de suas fileiras, pelas ligações indissolúveis que mantém com o povo. Estamos seguros da solidez e das vantagens de nosso regime, e por isso desenvolvemos com audácia a crítica e a autocrítica. O principal para o nosso Partido são os interesses do povo. Tudo mais deve ser subordinado a isso. É mérito do Comitê Central o fato de que, orientando-se pelos princípios leninistas, em prol de nossa causa comum, revela os erros e os corrige sem considerar pessoas.

Não só nossos amigos, como também os inimigos, compreendem que a unidade nas fileiras de nosso Partido e de sua direção tem importância decisiva para os destinos da construção do comunismo. Os inimigos da União Soviética sempre sonharam com a cisão nas fileiras do Partido Comunista e em sua direção. No entanto, tais cálculos, sempre têm fracassado completamente. Sabe-se que os imperialistas depositavam grandes esperanças em Béria, feroz inimigo de nosso Partido e do povo. O desmascaramento desse agente-mor do imperialismo, e de seus cúmplices, foi uma grande vitória de nosso Partido e de sua direção coletiva. O Partido aglutinou ainda mais estreitamente suas fileiras em torno do Comitê Central, do coletivo dirigente do Partido, que conduz o povo soviético, sob a bandeira do marxismo-leninismo, às grandes vitórias do comunismo.

Neste momento, em cada um de nós inspira grande ânimo e confiança a atmosfera realmente bolchevique de coesão e unidade partidária, baseada nos princípios leninistas, que impera em nosso Congresso. (Tempestuosos aplausos).

Não há dúvida de que o Partido resolverá com êxito os problemas que a ele se apresentam e com segurança conduzirá o país a novas vitórias para o bem e a felicidade do povo soviético. (Prolongados aplausos).

A Eletrificação, Condição Importantíssima para o Aumento da Produtividade do Trabalho

Camaradas!

A realização da tarefa econômica fundamental da URSS exige que ampliemos consideravelmente a produção que deve apoiar-se sobretudo num aumento vertical da produtividade do trabalho.

No informe do C.C. e no projeto de Diretivas para o Sexto Plano Quinquenal, apresentados ao Congresso, o Comitê Central do Partido, inteiramente de acordo com as indicações dadas pelo grande Lênin, ressalta constantemente que a tarefa de aumentar a produtividade do trabalho apresenta-se atualmente em toda a sua decisiva importância. O aumento considerável da produção, necessário a que superemos os países capitalistas mais desenvolvidos, só em pequeno grau pode ser realizado à custa do aumento quantitativo da força de trabalho. Já no Sexto Plano Quinquenal o aumento da produção industrial deve ser, em 85 por cento, conseguido por meio do aumento da produtividade do trabalho.

Juntamente com a ampliação contínua da produção, a elevação sistemática e rápida da produtividade do trabalho é, na União Soviética, o meio principal para satisfazer ao máximo, as crescentes necessidades do povo, e, simultaneamente para alcançar normas que ultrapassem a produção per capita em comparação com os Estados Unidos da América.

A luta por uma elevada produtividade do trabalho é importante conteúdo de nossa emulação econômica pacífica com o sistema capitalista, e em cuja senda devem ser vitoriosamente reveladas as vantagens do novo regime social.

A coexistência pacífica entre o campo socialista e o campo capitalista é a emulação econômica entre dois sistemas sociais mundiais, cujos resultados decidirão, em última instância, os destinos históricos de toda a humanidade. Nossa firme convicção de que, nesta grande emulação histórica, o socialismo vencerá, baseia-se nas vantagens, cientificamente confirmadas, do regime que se apóia na propriedade social sobre os meios de produção, ao qual é estranha a exploração, a desigualdade de raça e de classe, e que é capaz de garantir a satisfação, no mais elevado nível, das necessidades das amplas massas populares.

O marxismo-leninismo ensina que a base econômica para a vitória do socialismo nesta emulação é a capacidade do sistema socialista de economia, de assegurar um nível de produtividade do trabalho mais elevado em relação ao capitalismo. Hoje, como nunca, revela-se em toda a sua plenitude a importância da tese leninista segundo a qual:

"o capitalismo pode ser e será definitivamente vencido pelo fato de que o socialismo cria uma produtividade de trabalho nova, imensamente mais elevada." (V. I. Lênin, Obras, tomo 29, pág. 394).

Toda a marcha do desenvolvimento histórico confirmou integralmente a justeza dessa notável tese marxista, intrèpidamente levantada por Lênin no período da mais cruel ruína econômica em. nosso país e da queda mais profunda do nível da produtividade do trabalho.

Passou-se pouco mais de um terço de século desde que nosso povo, pela primeira vez na história da sociedade humana, empreendeu a construção do socialismo, após haver terminado a Grande Revolução Socialista de Outubro. Não se pode, a este respeito, esquecer as condições em que o cidadão soviético realizou, durante o curto período histórico transcorrido, o trabalho criador de construir a sociedade socialista. O país se achava esgotado pela primeira guerra imperialista. A luta sangrenta contra os intervencionistas representados por 14 potências capitalistas, — que assim prestavam apoio armado ao velho regime durante os anos da guerra civil — imposta à jovem República Soviética, minou ainda mais a economia nacional. Está bem viva na mente de todos a época da segunda guerra mundial, a mais penosa na história de nossa pátria, em que, em consequência do ataque de banditismo perpetrado pela Alemanha fascista, seríssimo dano foi causado à nossa indústria, à agricultura, aos transportes e a toda a economia nacional.

No entanto, apesar de condições tão claramente desfavoráveis, nosso novo regime social demonstrou sua capacidade de conseguir ritmos de desenvolvimento da produtividade de trabalho que ultrapassa os países capitalistas industrialmente mais avançados. Atualmente a produtividade do trabalho na URSS supera oito vezes o nível existente em 1913. Durante este período a produtividade do trabalho dos Estados Unidos da América aumentou 2,2 vezes; na Inglaterra, 1,4 vezes; na França, 1,75 vezes.

Poder-se-á afirmar que o nível da produtividade do trabalho na Rússia, em 1913, era baixo e por isso não são dignos de admiração os elevados níveis do aumento alcançado na URSS. Realmente, em 1913, o nível da produtividade do trabalho na Rússia era 9 vezes inferior ao dos Estados Unidos; 4,9 vezes inferior ao da Inglaterra; 4,7 vezes inferior ao da Alemanha; e um pouco mais de 3 vezes ao da França. No entanto, os ritmos de aumento da produtividade do trabalho na URSS foram tais que já deixamos atrás a Inglaterra e a França, embora por enquanto ainda não tenhamos alcançado os Estados Unidos.

O rápido aumento da produtividade do trabalho alcançado em nosso país resulta da superioridade do modo de produção socialista, da grande obra de edificação realizada pelo nosso Partido para a reconstrução técnica de toda a economia nacional- e a eletrificação do país.

Todos nós sabemos a grande importância que Lênin atribuía ao problema da eletrificação do país. Sua célebre fórmula: "O comunismo é o poder soviético mais a eletrificação de todo o pais", expressa da maneira mais brilhante a concepção de nosso chefe e mestre quanto ao papel decisivo do desenvolvimento da energética na construção do comunismo.

Lênin ensina que a eletrificação é o fundamental para a criação da base material e técnica do comunismo. Nas teses de seu informe apresentado ao III Congresso do Comintern, Lênin afirma:

"Somente a grande indústria mecânica, capaz de reorganizar a agricultura, pode ser a base material para o comunismo. Não podemos, porém, nos limitar a esta tese geral. É necessário concretizá-la. Uma grande indústria, que corresponda ao nível alcançado pela técnica moderna e que seja capaz de reorganizar a agricultura é a eletrificação de todo o país." (Obras, tomo 32, pág. 434).

Sabemos, pelos trabalhos de Lênin e pelas decisões do Partido, baseados em sua doutrina, que a eletrificação de todo o país significa não só a criação de uma poderosa base energética, mas também a transformação de todos os ramos da economia nacional à base da técnica moderna. Lênin afirmou no II Congresso do Komsomol:

"Sabemos que não se pode construir a sociedade comunista senão se restaurar a indústria e a agricultura e essa restauração não deve ser feita à maneira antiga. Devem-se restaurá-las numa base moderna, construída segundo a última palavra da ciência. Sabeis, que essa base é a eletricidade e que só quando se eletrificar todo o país, todos os ramos da indústria e da agricultura, quando assimilardes essa tarefa, somente então podereis construir para vós mesmos a sociedade comunista que a velha geração não poderá construir". (Obras, tomo 31, pág. 264.)

Quero recordar mais um documento pelo qual se vê a extraordinária atenção que Lênin exigia de todas as Organizações do Partido, dos Soviets e da Economia para a solução das tarefas práticas ligadas à realização do programa de eletrificação do país. Refiro-me à conhecida ordem endereçada pelo Conselho de Trabalho da Defesa às Instituições Soviéticas Locais. No capítulo "Eletrificação" desse documento, Lênin pergunta aos órgãos locais:

"Há, na Biblioteca da província e do distrito o "Plano de Eletrificação da R.S.S.F.R.", o informe ao VIII Congresso dos Soviets? Quantos exemplares? Se não há, isto quer dizer que os delegados locais ao VIII Congresso dos Soviets ou são pessoas desonestas, que devem ser expulsas do Partido e afastadas de todos os postos de responsabilidade ou ociosos que devem aprender na prisão a cumprir seu dever (No VIII Congresso dos Soviets foram distribuídos 1.500 a 2.000 exemplares para as bibliotecas locais).

"Que medidas foram tomadas para o cumprimento da resolução do VIII Congresso dos Soviets sobre uma ampla propaganda do plano de eletrificação? Quantos artigos há nos jornais locais a respeito? Quantos informes? Quantas pessoas os ouviram?

"Todos os militantes locais, possuidores de conhecimentos teóricos ou práticos sobre a eletricidade, foram mobilizados para esses informes e para ministrar aulas? Quantos militantes há deste tipo? Como transcorre sua atividade? As estações elétricas locais ou próximas são utilizadas para as conferências e as aulas? Qual é seu número?"

"Em quantas instituições de ensino estão-se ministrando aulas, de acordo com a decisão do VIII Congresso dos Soviets, sobre o plano de eletrificação?"

"Fez-se algo prático e o que, precisamente, no sentido da realização desse plano? Ou estão fora do plano as tarefas da eletrificação?"

"Há um plano local e uma sequência de trabalhos para a eletrificação?" (V. I. Lênin, Obras, tomo XXXII, pág. 373-374).

Foi com tal ênfase que Lênin levantou, em 1921, no período da mina, a questão da necessidade de cercar com uma atenção diária e um zelo constante a eletrificação do país.

A concepção leninista da essência e da importância da eletrificação decorre de uma análise profunda do papel da energia elétrica como base da técnica moderna e do aumento da produtividade do trabalho na economia nacional. No processo da economia do trabalho e da elevação de sua produtividade o papel transformador da energia elétrica consiste, sobretudo, em que é a base mais aperfeiçoada para a mecanização do trabalho e a força motriz mais eficiente dos mais importantes processos tecnológicos.

É justamente por isso que o grau da eletrificação do trabalho é o índice e o fator mais importante para o aumento da produtividade. Nesse sentido pode-se considerar como regra que para aumentar a produtividade do trabalho tem uma importância decisiva o avanço da eletrificação dos processos da produção em proporções superiores ao aumento da produtividade.

Se a esse respeito consideramos a experiência adquirida pelos países capitalistas, poderemos citar os seguintes exemplos: para um aumento de 31% da produtividade do trabalho, na indústria de transformação dos Estados Unidos, de 1939 a 1953, a eletrificação deste ramo aumentou 60%; na literatura sobre economia dos Estados Unidos afirma-se que, para conseguir um aumento de 35% da produtividade do trabalho na indústria entre 1950 e 1962 é necessário aumentar em 84% a eletrificação dos processos de produção. Os ingleses, que os americanos expulsam dos mercados de exportação na própria Inglaterra, atribuem seu atraso sobretudo pelo nível insuficiente da eletrificação dos processos de produção e consideram que isso explica, no fundamental, o fato de que a produtividade do trabalho na indústria inglesa seja consideravelmente mais baixa do que nos Estados Unidos.

Nosso atraso em relação aos Estados Unidos quanto à produtividade do trabalho está estreitamente ligada a uma insuficiente eletrificação dos processos de produção.

No informe do C.C. observa-se que ainda não conseguimos que o aumento da potência energética ultrapasse o desenvolvimento de toda a economia nacional. Nas diretivas do XIX Congresso para o V Plano Quinquenal previa-se aumentar a produção global na indústria em 70% e em 80% a de energia elétrica. Na realidade, porém, o aumento da produção global na indústria e o aumento da produção de energia elétrica foram idênticos — ambas de 85% — isto é, não se assegurou a supremacia do aumento da produção de energia elétrica durante o V Plano Quinquenal.

Os ritmos insuficientes — em comparação com o desenvolvimento da produção — do desenvolvimento da base energética retardou, sem dúvida alguma, o aumento da produtividade do trabalho.

Nosso Partido estabeleceu a tarefa de assegurar o aumento ulterior da potência energética de forma que esta ultrapasse o desenvolvimento dos demais setores da indústria. Em outros termos, é nosso dever planificar o desenvolvimento da economia nacional de maneira que de ano a ano se criem as necessárias reservas nos sistemas energéticos. É preciso ter em mente que nos próximos anos aumentará consideravelmente o consumo de energia elétrica na indústria, particularmente em virtude do rápido desenvolvimento das empresas que exigem um elevado consumo de energia: as usinas da siderurgia, de alumínio, de produção de ligas especiais e outras atividades que requerem um elevado gasto de energia. Devemos ter cm vista, também que, nos próximos anos, deve aumentar consideravelmente o consumo de energia elétrica, nos transportes, na agricultura, na economia urbana e na vida diária.

A União Soviética Dispões de todas as Condições Necessárias para Alcançar e Ultrapassar, em Prazo Historicamente Curto, os Estados Unidos, Quanto à Produção de Energia Elétrica

As perspectivas apontadas no informe do Comitê Central e o projeto de Diretivas do XX Congresso para o VI Plano Quinquenal, ora em discussão, assinalam um grande passo á frente na eletrificação de nosso país. Durante o quinquênio, o aumento na produção de energia elétrica será de 150 bilhões de kWh. Prevê-se o aumento de 65% da produção industrial em seu conjunto, em 1960; de 70% nos setores do grupo A; de 70% no volume da produção da indústria de fabricação de máquinas; de 80% na indústria de elaboração de metais e de 88% na produção de energia elétrica.

Esses ritmos no desenvolvimento da produção de energia permitirão ampliar a eletrificação de todos os setores da economia nacional e alcançar um aumento de 65% na eletrificação dos processos da produção, enquanto a produtividade do trabalho aumentará cerca de 50%.

Ao elaborar nossos planos nesse domínio não podemos deixar de levar em conta o fato de que atualmente a URSS, quanto ao nível da produção de energia elétrica, está atrasada em relação aos Estados Unidos da América. Surge, naturalmente, a seguinte pergunta: de que condições dispomos e que base temos para afirmar que a URSS é capaz, em prazos relativamente curtos, de superar nosso atraso, satisfazer plenamente as necessidades da economia nacional e da população em energia elétrica, alcançar e posteriormente ultrapassar os Estados Unidos da América no domínio da produção de energia elétrica?

É preciso afirmar, em primeiro lugar, que a base energética atual de nosso país foi totalmente criada durante os anos do poder soviético. Sabemos que no domínio dos combustíveis e da energia a Rússia pré-revolucionária era profundamente atrasada e irracionalmente organizada; a potência total das estações elétricas era, em 1913, de 1 milhão de quilowatts, com uma produção de cerca de 1 bilhão e 900 milhões de quilowatts-hora. Os Estados- Unidos da América possuíam, na mesma época, uma potência instalada de 6 milhões de quilowatts e produziam 22 bilhões de quilowatts-hora.

Para aumentar a produção de energia elétrica de 22 bilhões para 170 bilhões de quilowatts-hora, os Estados Unidos levaram 27 anos (de 1913 a 1940). Para conseguir um aumento nas mesmas proporções, a União Soviética necessitou de 20 anos, incluindo os anos de guerra (de 1935 a 1955). Se considerarmos que durante este período levamos seis anos a restaurar a produção de energia elétrica de pré-guerra em consequência do sério prejuízo causado à nossa energética pelos invasores fascistas, chegamos à conclusão de que, para elevar a produção de energia elétrica de 22 bilhões para 170 bilhões de quilowatts-hora, a União Soviética necessitou de cerca de 14 anos, isto é, quase a metade do tempo, em comparação com os Estados Unidos da América.

No começo do primeiro plano quinquenal a produção de energia elétrica na União Soviética era 1,9 vezes menor do que na Itália; 2,6 vezes menor do que na França; 3 vezes menor do que na Inglaterra, 5,6 vezes menor do que na Alemanha; 21 vezes menor do que nos Estados Unidos. Até mesmo um país tão pequeno como a Suíça, em 1928 produzia mais energia elétrica do que a URSS

Os anos do I e do II Planos Quinquenais, quando foi reconstruída e criada de novo a base eletroenergética da economia nacional, introduziram modificações fundamentais na situação. As tarefas estabelecidas pelo plano GOELRO foram realizadas em 1930. Ainda durante uma década a URSS competiu com a Alemanha pelo primeiro lugar na Europa e o segundo no mundo. Atualmente a URSS ocupa sòlidamente o segundo lugar no mundo e produz aproximadamente tanta energia elétrica quanto os dois países capitalistas da Europa mais desenvolvidos no sentido industrial — a Grã-Bretanha e a Alemanha Ocidental, considerados em conjunto.

Procedendo à criação da base, energética, nosso país não possuiu indústria própria de fabricação de máquinas destinadas à produção de energia. Todo o equipamento básico destinado às Usinas E1étricas — turbinas, caldeiras, transformadores, aparelhagem — era adquirido no estrangeiro. Nem sempre se possuía, além disso, a possibilidade de utilizar as melhores realizações alcançadas pela técnica no estrangeiro. Possuímos, hoje, nossa própria e poderosa indústria de fabricação de turbinas, caldeiras, e material elétrico. Nossas usinas podem agora projetar e fabricar qualquer equipamento moderno. O equipamento da primeira estação eletrotérmica com turbinas de 150 mil quilowatts cada, poderosas turbinas, geradores, transformadores para as grandes estações hidrelétricas do Volga, o equipamento para a linha de transmissão de Kuibischev a Moscou, com uma tensão de 400 mil volts, via de transmissão que é a mais longa e potente do mundo — tudo isso foi fabricado pelos cidadãos soviéticos em suas próprias usinas: A capacidade de produção das usinas soviéticas que fabricam as máquinas destinadas à exploração da energia não só satisfaz nossas necessidades internas, como também permite prestar grande ajuda à República Popular Chinesa e a muitos países de democracia popular, bem como exportar equipamentos a outros países.

Se considerarmos uma condição tão decisiva como a existência, no país, de fontes de energia, pode-se afirmar que suas proporções permitem desenvolver a energética a um nível que ultrapasse o alcançado pelos Estados Unidos.

Os recursos prospectados de fontes de energia como combustíveis sólidos, petróleo, gás natural e energia hidráulica, representam na URSS em termos de combustível convencional, um trilhão e 590 bilhões de toneladas; nos Estados Unidos, 1 trilhão e 550 bilhões de toneladas; na Europa, sem a URSS, 730 bilhões de toneladas; na Inglaterra, 175 bilhões de toneladas; na Alemanha Ocidental, 245 bilhões de toneladas. Além disso, é preciso considerar que o subsolo na URSS foi até agora muito menos pesquisado do que nos Estados Unidos e na Europa, e que, por conseguinte, em nosso país a riqueza energética está longe de ter sido integralmente prospectada, e sua melhor parte é utilizada em grau muito menor cio que nos Estados Unidos e na Europa.

Quanto à possibilidade de serem utilizados, os recursos hidro-energéticos da União Soviética são calculados em cerca de 1 trilhão e 700 bilhões de quilowatts-hora, sendo que a parte mais eficaz destes, cuja utilização é possível particularmente nas grandes estações hidrelétricas, é calculada em 1 trilhão e 200 bilhões de kWh. Este é segundo a terminologia internacional, o potencial econômico de energia elétrica hidráulica. O potencial correspondente à Europa sem a URSS está calculado em 514 bilhões de quilowatts-hora; ao: Estados Unidos, em 491 bilhões de quilowatts-hora; ao Canadá, 325 bilhões de quilowatts-hora. Por conseguinte, em relação ao potencial econômico, os recursos hidroenergéticos da URSS são quase iguais à parte correspondente dos recursos hidroenergéticos na Europa, Estados Unidos e Canadá considerados em conjunto.

Além disso, devemos ter em vista a circunstância de não pouca monta, ou, com mais exatidão, extremamente importante. No estrangeiro, particularmente nos Estados Unidos e Canadá, as obras para a exploração da energia elétrica destinam-se principalmente à utilização da parte mais efetiva dos recursos hidroenergéticos, em condições favoráveis aos trabalhos, com alicerces nos rochedos, para as estações hidrelétricas. Na URSS, por força de condições históricas, utilizaram-se em primeiro lugar os recursos hidroenergéticos nas zonas de planície, o que exigiu a construção de complexos hidráulicos com alicerces mais leves. Os especialistas soviéticos elaboraram os fundamentos técnicos para levantar obras hidráulicas que não tenham como alicerce o rochedo. A construção de complexos hidráulicos em rios de planícies exigiu inversões de capitais relativamente grandes e se caracterizou por uma eficácia relativamente menor, em comparação com as estações hidrelétricas americanas.

Os Estados Unidos da América já utilizaram em medida considerável seus recursos hidroenergéticos mais eficientes. Segundo a análise do Instituto Edson, todos os pontos de rios economicamente aproveitáveis no sentido da produção de energia elétrica, especialmente na parte oriental do país, já estão utilizados.

A União Soviética possui vantagem no sentido de que os recursos energéticos mais eficazes e que se encontram nas regiões orientais do país, praticamente ainda não foram tocados. O mesmo deve dizer-se em relação aos recursos em combustíveis. A União Soviética dispõe de grandes recursos em carvão, particularmente nas regiões orientais, quase ainda não explorados.

Nesse sentido, deve-se observar que, no informe do C.C., o camarada Kruschiov dedica merecida atenção ao problema da distribuição da produção em nosso país.

Na realidade, a justa distribuição geográfica da produção é da maior importância para a solução mais rápida e eficiente da tarefa , econômica fundamental. Como se sabe, a diretiva de acelerar o desenvolvimento industrial e o aproveitamento das regiões orientais do país é a orientação básica do Partido quanto à distribuição das forças produtivas. Nesse sentido já se alcançaram êxitos essenciais. No entanto, é preciso observar que no V Plano Quinquenal o peso específico de regiões tão ricas em matérias-primas e energia como a Sibéria e o Extremo Oriente aumentou de maneira insignificante na produção industrial de toda a União. O peso específico dessas regiões quanto à produção de energia elétrica, nos últimos anos, praticamente não se modificou.

Para conseguir uma melhoria radical na distribuição da indústria e da energética, aumentar a produtividade do trabalho e reduzir os prazos exigidos para a superação econômica dos Estados Unidos da América, é necessário incorporar amplamente, à economia nacional, as imensas riquezas naturais da Sibéria.

Isso porque, na Sibéria Oriental e, sobretudo, nas regiões banhadas peles rios Angará e Ienissei, a União Soviética dispõe de recursos realmente únicos em energia hidráulica, combustível e matérias-primas. Ali se acham concentrados mais de 40% dos recursos energéticos de toda a União. As reservas de energia hidráulica nos rios da Sibéria Oriental — Ienissei, Angará, Lena, Vitima e outros — superam os recursos hidroenergéticos de países capitalistas como os Estados Unidos, o Canadá e o Japão, os mais ricos em energia hidráulica. Os rios Angará e Ienissei são particularmente favoráveis à exploração da energia. Segundo o esquema de utilização do rio Angará, ratificado pelo governo, prevê-se a construção, nesse rio, de estações hidrelétricas com uma potência total superior a 10 milhões de quilowatts, com a produção de cerca de 70 bilhões de quilowatts-hora. No corrente ano começará a funcionar a primeira estação hidrelétrica da Cascata de Angará — a estação hidrelétrica de Irkutsk — com uma potência de 660 mil quilowatts. A barragem dessa estação hidrelétrica elevará o nível do Lago Baical, onde se forma um imenso reservatório d'água que regula eficientemente o abastecimento de todas as estações hidrelétricas situadas em nível inferior. Desenvolvem-se os trabalhos de construção da estação hidrelétrica em Bratsk, a maior do mundo.

Estações hidrelétricas ainda maiores poderão ser erguidas sobre o rio Ienissei, com uma potência total de cerca de 20 milhões de quilowatts e uma capacidade de 130 bilhões de quilowatts-hora.

As estações hidrelétricas a serem construídas no Angará e Ienissei produzirão uma quantidade total de energia elétrica que superará consideravelmente a produção de todas as estações elétricas da URSS, em 1955, e equivale a uma extração de combustível da ordem de 120 milhões de toneladas por ano. Essa energia será produzida com inversões de capital específicas da ordem de 35 a 40 kopeks por quilowatt-hora de produção média anual e com o preço de custo de cerca de 1 kopek por quilowatt-hora, isto é, com despesas duas a três vezes inferiores às despesas feitas em estações hidrelétricas de outras regiões da URSS

Na região de Angará-Ienissei há grandes jazidas de carvão próprias para exploração a céu aberto. A produtividade do trabalho na extração de carvão nestas regiões é duas a duas e meia vezes superior à produtividade média do trabalho na exploração do carvão a céu aberto em toda a URSS O preço de custo do carvão de Kan-Ienissei e de Irkutsk-Tcheremkov é três a cinco vezes inferior ao preço de custo em outras bases carboníferas fundamentais da URSS Com base em combustível barato poderão ser construídas estações elétricas térmicas de elevada eficiência com uma potência de um e meio milhão de quilowatts cada.

A Sibéria, e, em particular, sua parte Oriental, não somente é rica em recursos energéticos, como também possui grandes reservas de matérias-primas que podem garantir o desenvolvimento, em ampla escala, dos setores mais importantes da indústria pesada. Ali estão concentradas grandes reservas de minérios de ferro, de matéria-prima para a produção de alumínio, magnésio, níquel, carbureto de cálcio, borracha sintética, cloro e outros produtos. No entanto, essas riquezas naturais da região, pode-se afirmar, quase ainda não foram tocadas. Nefelitas, bauxitas, magnesitas e minérios de ferro, por enquanto, não foram aproveitados.

Fator importantíssimo para o desenvolvimento econômico das regiões siberianas é a formação do grande sistema energético da Sibéria, que abrange as estações elétricas principais e os centros industriais da região de Angará-Ienissei e de Kuzbass. Com o funcionamento das estações hidrelétricas de Bratsk e Krasnoiarsk, com uma potência total de 6 milhões e 400 mil quilowatts, serão estabelecidas linhas de transmissão com uma tensão de 400 mil volts, ligando a estação hidrelétrica de Bratsk ao sistema energético de Irkutsk-Tcheremkov, posteriormente a estação hidrelétrica de Bratsk à de Krasnoiarsk (através das regiões de Taishet-Kansk) e a estação hidrelétrica de Krasnoiarsk a Kuzbass. Linhas de alta tensão ligarão, a seguir, a estação hidrelétrica de Bratsk: a grandes estações hidrelétricas de Usti-Ilin e Bogutchan-sôbre-o-Angará, com uma potência aproximada de 3 milhões de quilowatts cada, e a de Ienissei, no Rio Ienissei, com uma potência de cerca de 5 milhões de quilowatts. O imenso sistema energético da Sibéria, que abrange grandes estações hidráulicas e térmicas com uma potência total de mais de 50 milhões de quilowatts, é uma fonte de energia altamente eficiente, sem precedentes no mundo, poderoso fator para o desenvolvimento industrial e a considerável elevação da produtividade do trabalho na economia nacional. A produção de energia elétrica nesse sistema, considerando-se uma perspectiva de 15 a 20 anos, pode ser elevada de 250 a 300 bilhões de quilowatts-hora e a par do fornecimento de energia barata a poderosas usinas que exigirão elevado consumo de energia para a fabricação de alumínio, magnito, titânio, ligas de ferro, etc., — haverá a possibilidade de o sistema da Sibéria fornecer 30 a 40 bilhões de quilowatts-hora aos Urais, o que permitirá melhorar radicalmente a balança energética dessa região.

No domínio da energética, como em todos os setores da economia socialista, a União Soviética tomou firmemente o caminho do desenvolvimento na base de um nível técnico novo e mais elevado.

Trata-se, sobretudo, de passar à construção de grandes estações elétricas com máquinas complexas de grande potência a elevados parâmetros de vapor. Já no quinquênio passado foram construídas várias estações termoelétricas com uma potência de 500 a 600 mil quilowatts. Hoje, porém, não podemos nos limitar a isso. É necessário construir estações termoelétricas ainda mais poderosas — de 900 mil a 1 milhão e 200 mil quilowatts. A construção dessas estações elétricas já começou nas regiões de extração de combustível. Nelas serão instalados agregados de turbinas com uma potência de 150, 200 e 300 mil quilowatts e caldeiras de elevada produtividade. A vantagem mais decisiva na construção de grandes estações elétricas, além do barateamento considerável de sua edificação, em comparação com as de potência média, é a de que se aceleram consideravelmente os ritmos de aumento da potência energética. O elevado desenvolvimento da energética nos Estados Unidos, nos últimos anos, foi conseguido principalmente graças à construção de estações termoelétricas de grande potência com a instalação nelas de grandes agregados de turbinas com uma potência de 150 a 260 mil quilowatts. Nossa indústria de construção de máquinas destinadas às instalações produtoras de energia tem por obrigação, segundo o plano, produzir em série potentes turbo-agregados e caldeiras de modo que se possa instalar uma caldeira para cada turbina de qualquer potência, o que garantirá uma grande economia de combustível e de inversões de capitais.

O problema do desenvolvimento das redes elétricas e da união dos sistemas energéticos representa importantíssimo elemento da política técnica para conseguir-se um rápido desenvolvimento energético em nosso país. É imensa a vantagem econômica das linhas de transmissão entre sistemas. Basta afirmar que, por exemplo, graças à passagem não simultânea dos máximos de cargas para os sistemas energéticos dos Urais e Central e à possível baixa da reserva exigida com a unificação desses sistemas energéticos, pode ser reduzida a potência geral instalada em cerca de 500 mil quilowatts no sistema unificado.

A criação de um sistema energético unificado na parte européia da URSS possibilitará elevar ao máximo a capacidade de manobra e a economia no suprimento de energia elétrica à economia nacional e, nesse sentido, assinala a passagem da energética a um nível técnico mais elevado.

Abrem-se amplas perspectivas em virtude de que os nossos sábios e engenheiros dominam hoje uma nova e riquíssima fonte de energia — a energia nuclear. Essa fonte, em cuja utilização pacífica a URSS adiantou-se aos demais países, inclusive os Estados Unidos, oferecem grandes possibilidades de aumentar a potência energética. O funcionamento e a acumulação de experiências na exploração da primeira estação elétrica atômica do mundo, e as novas pesquisas realizadas pelos sábios e engenheiros soviéticos permitiram desenvolver os trabalhos de elaboração de projetos e de construção de várias estações elétricas atômicas poderosas. Nossa superioridade nesse domínio está ainda em que as condições vigentes na economia socialista favorecem ainda mais a ampla incorporação da energia nuclear à reserva energética geral do país, posta a serviço do desenvolvimento pacífico.

Assim, se tivermos em mente o período transcorrido, verificaremos que a União Soviética demonstrou a capacidade de alcançar, em prazos consideravelmente mais curtos do que os Estados Unidos, um nível assinalado de produção de energia elétrica e de desenvolvimento de toda a economia nesse domínio. No quinquênio atual daremos um novo e grande passo na eletrificação, realizando um plano segundo o qual a produção de energia elétrica será aumentada quase duas vezes. A URSS possui agora sua própria e poderosa base para a fabricação de máquinas destinadas às instalações produtoras de energia, base que não cessa de desenvolver-se. Em nosso pais são praticamente inesgotáveis as reservas naturais em recursos energéticos, cuja utilização desenvolve-se com eficiência cada vez maior. Dispomos de um grande exército de operários, especialistas, trabalhadores da ciência, amplamente qualificado, capaz de garantir um aperfeiçoamento técnico ininterrupto da produção. Tudo isso permite desenvolver a energética até o nível da completa satisfação das necessidades de todos os setores da economia nacional e da população em energia elétrica.

Podemos afirmar que, para a União Soviética, é completamente real e perfeitamente realizável, em prazo relativamente curto, a tarefa de ultrapassar os Estados Unidos no domínio da produção de energia elétrica.

O Marxismo-Leninismo, Doutrina Todo-Poderosa

Camaradas! Vivemos num período em que se manifesta com extraordinário realce a ligação entre o marxismo-leninismo e as tarefas práticas da época. O marxismo-leninismo nos ensina a apreender a realidade em seu desenvolvimento revolucionário. Em cada nova reviravolta da história constata-se de modo particularmente evidente como o marxismo-leninismo, a doutrina mais avançada, exerce influência criadora sobre a marcha da civilização mundial e sobre todos os aspectos do desenvolvimento da sociedade humana.

Particularmente hoje, ressoam de maneira profundamente justa as palavras de Lênin:

"a história da filosofia e a história da ciência social revelam com clareza extraordinária que no marxismo nada há de parecido com o "sectarismo" no sentido de qualquer doutrina fechada e petrificada, surgida a margem da estrada real do desenvolvimento da civilização mundial." (Obras, tomo 19, pág. 3).

As mais importantes conquistas alcançadas em nossa época pela civilização mundial, ligadas ao desenvolvimento da ciência e ao aperfeiçoamento da técnica, revelam de maneira extremamente evidente a justeza da tese da doutrina marxista de que, segundo a expressão de Lênin:

"a técnica do capitalismo dia a dia cada vez mais ultrapassa aquelas condições sociais que condenam os trabalhadores à escravidão assalariada. (Obras, tomo 19, pág." 42).

Em nossa época, como se ressalta com justeza no informe do C. C, a contradição fundamental do capitalismo — entre as modernas forças produtivas e as relações de produção capitalistas — aguçou-se ainda mais.

O papel histórico da doutrina marxista reside em dar fundamento científico à inevitabilidade da vitória do trabalho sobre o capital.

"Aumentando a dependência dos operários em relação ao capital, o regime capitalista cria o grande poder do trabalho unificado"; "o capitalismo venceu em todo o mundo, mas essa vitória é apenas a ante-sala da vitória do trabalho sobre o capital". (V. I. Lênin, Obras, tomo 19, págs. 6-7)

Assim expressava Lênin, no período do florescimento do capitalismo, na aurora do movimento revolucionário na Rússia, a essência da descoberta feita por Marx, a mais grandiosa na vida da sociedade humana, a descoberta das forças sociais capazes de abolir o jugo capitalista.

Durante a vida de uma geração os acontecimentos e os fatos de importância mundial demonstram a justeza dessa afirmação, e a grande força vital da doutrina marxista-leninista, pela qual o Partido Comunista se orienta em sua atividade.

A filosofia do marxismo é o materialismo dialético.

"As modernas conquistas das ciências naturais — o rádio, os elétrons, a transformação dos elementos — são uma notável confirmação do materialismo dialético de Marx, a despeito das doutrinas dos filósofos burgueses com seus "novos" recuos no sentido do idealismo velho e putrefato", — assim escreveu V. I. Lênin no começo do século XX (Obras, tomo 19, pág. 4).

Em nossa época a descoberta das forças internas do átomo, a contenção dessas forças e seu domínio comprovam os novos conhecimentos das propriedades da matéria e representam um grande triunfo da dialética marxista, doutrina, — como afirma Lênin:

"do desenvolvimento em seu aspecto mais completo, profundo e livre de unilateralidade, doutrina da relatividade do conhecimento humano que nos dá o reflexo da matéria em eterno desenvolvimento." (Obras, tomo 19, pág. 4)

Um verdadeiro triunfo do marxismo-leninismo é o colapso dos fundamentos capitalistas da sociedade, agora já em muitos países abrangendo mais de 900 milhões de pessoas e a transformação vitoriosa da sociedade em novos princípios, os princípios socialistas. A característica principal de nossa época, como se indica no informe do C.C., é a expansão do socialismo para além dos marcos de um só país e sua transformação em sistema mundial.

Muitos países que não participam do campo do socialismo mantêm conosco relações amistosas e de boa-vizinhança. Muitos deles lutam ativamente pela paz e são contra o colonialismo; alguns deles ainda estão pouco desenvolvidos no sentido industrial e estudam atentamente a experiência adquirida por outros países, procurando meios sociais e técnicos para o mais rápido ascenso do nível material de vida dos seus povos. A política de paz desses países reduz seriamente as possibilidades dos círculos imperialistas de desencadear novas aventuras militares.

O amplo movimento das massas populares em todos os países pela paz, pelo desarmamento e pela coexistência pacífica é uma força poderosa, que as potências imperialistas não podem deixar de levar em conta. Diante de nós, fortalece-se cada vez mais a grande cooperação entre os partidários da paz. Essa cooperação cresce em amplitude e em profundidade, superando todo gênero de preconceitos e restrições sectárias, unindo e aglutinando os homens de boa-vontade e integridade moral. A vigilância de massas de milhões de partidários da paz é um novo fenômeno na história que abre possibilidades extraordinárias para garantir e consolidar a paz.

Como vemos, na arena internacional, as forças da paz e do socialismo cresceram tanto, o regime capitalista se acha tão minado que, na grande emulação dos dois sistemas — capitalismo e socialismo — os homens progressistas de todo o mundo têm toda a razão de encarar com confiança o futuro e lutar firmemente por um porvir luminoso para a humanidade. Os acontecimentos se desenvolvem em proveito do novo regime social, em favor do socialismo. O capitalismo não tem forças para vencer o socialismo. Pelas brilhantes conquistas alcançadas na construção da nova sociedade na União Soviética, na República Popular Chinesa e em todos os países de Democracia Popular, nos êxitos conseguidos pela União Soviética e por todos os países do campo do socialismo na vida e na política internacional, os povos do mundo convencem-se cada vez mais da inevitabilidade da vitória do socialismo e de que a humanidade se livrará do jugo do capitalismo.

No informe do C. C. ressalta-se que a essência da doutrina marxista-leninista sobre o desenvolvimento da sociedade; essência que os adversários da concepção comunista do mundo tentam deturpar a torto e a direito, não permite qualquer imposição de fora, pela violência, de uma nova forma de relações sociais, de um novo regime social. A teoria do socialismo científico pela qual o povo soviético se orienta, é totalmente estranha à tendência a impor a outros povos essa ou aquela forma, de vida social, uma ou outra forma de governo.

O marxismo-leninismo ensina que as transformações sociais fundamentais e a passagem de um regime social a outro só são possíveis quando para isso amadureceram as premissas objetivas e subjetivas indispensáveis e quando o povo de um país se convence da necessidade de transformações sociais e as realiza.

O Estado soviético se orienta inevitavelmente por estas teses da ciência marxista-leninista. "Exportar a revolução", "expansão comunista", "a ameaça do comunismo soviético" e afirmações do mesmo jaez, sem cessar repetidas pelos representantes da política de agressão, são elucubrações premeditadas.

A política de amizade e de relações de boa-vizinhança, os princípios da coexistência pacífica, da emulação econômica entre países com diferentes regimes sociais, não são para nós algo transitório ou casual. Essa política e esses princípios baseiam-se no alicerce inabalável dos princípios fundamentais do socialismo científico e são confirmados por toda a história das relações entre o Estado soviético e os países grandes e pequenos, próximos e distantes.

É necessário, porém, lembrar que a coexistência pacífica é um processo bilateral e sua observância depende não só da União Soviética, mas também dos países do mundo capitalista. Foram justamente estes países que transgrediram o princípio da coexistência pacífica contando com que nosso país, dilacerado pela primeira guerra imperialista, poderia tornar-se presa fácil. Como se sabe, os círculos governantes americanos e ingleses responderam à vitória da Grande Revolução de Outubro com atos de agressão de longo alcance, organizando intervenção armada contra nosso país. Isso quer dizer que mal acabara de nascer, o jovem Estado operário-camponês, quando o sistema social soviético ainda não lograra atravessar a etapa inicial de sua instauração, já os círculos influentes da América e da Inglaterra o atacavam e, chefiando a reação internacional, tentavam sufocar a revolução, desmembrar o país e reluzi-lo à situação colonial. Quanto ao país soviético, este em toda a sua história tem realizado uma consequente política de coexistência pacífica.

O socialismo não pode ser imposto aos povos pela força das armas, assim como, pela força das armas não pode ser mantido e consolidado por longo tempo o velho regime social que se tornou obsoleto.

Lênin ensina que a passagem do capitalismo ao socialismo, como processo histórico de substituição de um sistema social mundial por outro, abrange toda uma época de coexistência prolongada, uma emulação econômica entre o socialismo e o capitalismo.

Estamos convictos de que na emulação pacífica o socialismo vencerá, mas não por meio da "exportação da revolução", não pelos canhões e pelas invasões e sim pelo fato de que é um tipo de organização social do trabalho superior ao capitalismo e que, por isso, é capaz de garantir à humanidade um nível de vida muito mais elevado do que o capitalismo o pode fazer; pelo fato de que representa uma sociedade de homens ligados pelos laços da paz, da amizade e da ajuda mútua, enquanto que o capitalismo traz aos homens as guerras destruidoras e a exploração, a ruína e a miséria, a opressão social e racial.

Com base na teoria científica do desenvolvimento social e na experiência adquirida durante o desenvolvimento histórico da sociedade humana, sabemos que a substituição do regime capitalista por uma formação social mais elevada — o socialismo — é inevitável. Quando e como isso se verificará, quais serão as formas de passar ao socialismo — cabe aos próprios povos dos países capitalistas resolver este problema. Só eles podem determinar os destinos de seus Estados. A União Soviética e os países do campo democrático não pretendem realizar nenhuma interferência nos assuntos internos de outros países.

Por isso, a competição pacífica não tem e não deve ter, como perspectiva obrigatória, transformar-se em competição armada, isto é em guerra.

A plataforma da coexistência pacífica corresponde aos objetivos e aos intentos reais da União Soviética nas relações internacionais, e abre à humanidade a possibilidade de evitar uma nova guerra mundial, enquanto que a posição assumida pelos adversários da coexistência pacífica só apresenta uma perspectiva, a perspectiva da guerra.

Todos os povos devem saber que há possibilidade de manter a paz por um período prolongado se o princípio da coexistência pacífica, pela primeira vez apresentado e teòrxamente elaborado pelo fundador do Estado soviético, V. I. Lênin, servir de base às reações internacionais. A conclusão leninista da possibilidade da coexistência pacífica é a pedra angular da política exterior soviética.

Todo o sentido do problema da coexistência pacífica consiste em saber se nas condições atuais é inevitável ou não a guerra entre os países por força da diferença entre seus sistemas sociais. Os representantes dos países do campo socialista respondem: a guerra pode ser evitada. Em virtude disso, propõem que o princípio da coexistência pacífica sirva de base para as relações entre todos os países.

Nesse sentido, devemos chamar sempre a atenção para a importantíssima tese apresentada pelo camarada Kruschiov no informe do C. C. de que a guerra pode e deve ser evitada. Essa tese decorre da análise marxista-leninista do fator novo que é o traço característico de nossa época. Esse fator novo é o de que o imperialismo já não é um sistema mundial único. O campo do socialismo, as forças sociais e políticas não interessadas na guerra, são tão fortes para, com uma organização adequada, obrigar os imperialistas a rejeitar a guerra e se estes quiserem, porém, começá-la, dar uma resposta esmagadora às tentativas aventureiras que os imperialistas façam para violar a paz.

No informe do C. C. dedica-se atenção merecida às questões relativas às relações mútuas entre a URSS e os Estados Unidos, o que é natural. A liquidação da tensão internacional, a cessação da corrida armamentista, o afastamento do perigo de uma nova guerra, a salvaguarda da paz entre os povos — tudo isso depende em grande medida de se conseguir ou não pôr fim à anormalidade existente nas relações entre a URSS e os Estados Unidos e se tomar firmemente o caminho do desenvolvimento da amizade entre os povos soviéticos e americano.

Como se observa no informe, nossas iniciativas no sentido de melhorar seriamente as relações entre a URSS e os Estados Unidos ainda não foram devidamente compreendidas e apoiadas naquele país, o que comprova a força daqueles que, nos Estados Unidos, são partidários de resolver os problemas em litígio por meio da guerra e que estes ainda exercem grande pressão sobre o Presidente e o Governo. Desejamos esperar, porém, que — como afirma o camarada Kruschiov — nossas aspirações de paz serão encaradas de maneira mais justa nos Estados Unidos e as coisas melhorarão.

Evidentemente, a coexistência pacífica entre dois sistemas não é de forma alguma compatível com a chamada "política de posições de força", nem com a política de criação de agrupamentos militares fechados de alguns países, notoriamente orientados contra outros Estados.

A coexistência pacífica pressupõe a cooperação e a ação mútua; já a política "de posições de força", política de criação de blocos militares fechados, procura aprofundar a cisão, aguçar as contradições e contrapor alguns Estados a outros.

Os partidários da política "de posições de força" afirmam que esta política tem por objetivo conseguir o "equilíbrio de força" na arena mundial e nesta base tornar impossível uma nova guerra, fortalecer a paz e a segurança internacional. No entanto, não é claro que estas declarações são profundamente falsas? De fato, a política "de posições de força", não só é a causa principal da tensão internacional, como pode levar às consequências mais graves. É de todo evidente que quando um grupo de países realiza uma desenfreada corrida aos armamentos, segue uma linha estratégica de cercar outro grupo de países, desenvolve perto destes um sistema de praças de armas e de bases militares, surge consequentemente para os países ameaçados, em toda a sua gravidade, o dever de preservar, com todos os recursos possíveis, sua segurança nacional, conseguir e manter sistematicamente a seu favor uma superioridade de forças constante e crescente. A idéia de criar o "equilíbrio de forças" por meio da realização da política "de posições de força" é uma idéia profundamente nociva e perigosa. Nisso reside o traço distintivo fundamental da competição em vigor na arena internacional. Essa competição exclui a possibilidade do "equilíbrio de forças" e leva diretamente à guerra mundial, o que é comprovado claramente pela experiência histórica. No começo de nosso século a luta pela superioridade de forças era travada entre uma coalizão composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália (tríplice aliança) e uma coalizão constituída pela Inglaterra, França e Rússia. Como terminou essa luta? Pela primeira guerra mundial. Na década de 30 a luta pela superioridade de forças era travada entre o "Eixo tríplice" — Alemanha, Itália e Japão — e as potências ocidentais, Como terminou essa luta? Pela segunda guerra mundial.

Não se pode de forma alguma conciliar a política de coexistência pacífica com a política que se baseia em "posições de força".

A política que se baseia em "posições de força", política de blocos militares fechados, só serve àqueles que empreendem uma ofensiva contra a causa da paz. Preferimos, porém, atacar a guerra, conseguir que não haja guerra, que a causa da paz triunfe e nos esforcemos para que os povos não sejam enganados.

É por isso que, como se sabe, a União Soviética contrapõe à política "de posições de força" a única política justa, a única capaz de evitar uma nova carnificina mundial — a política de coexistência pacífica, do desarmamento efetivo e geral e da criação de um autêntico sistema de segurança coletiva.

Nosso objetivo sagrado é afastar a guerra como elemento habitual nas relações internacionais, conseguir uma consolidação da paz de maneira que a humanidade possa encarar tranquilamente, com confiança, o dia de amanhã, e orientar suas inesgotáveis possibilidades criadoras exclusivamente para o trabalho de engrandecer por todos os meios a civilização.

Esta é a nossa perspectiva de manutenção e consolidação da paz, na qual acreditamos e pela qual continuaremos a lutar com toda a firmeza, em estreita colaboração com todos os povos que amam a paz. E se os aventureiros do campo do imperialismo tentarem violar a paz e atear o incêndio da terceira guerra mundial, que se queixem de si próprios. Não há dúvida de que a terceira guerra mundial acarretará o colapso total do sistema capitalista mundial. (Prolongados aplausos.)

Camaradas! Vivemos realmente em uma época notável, notável sobretudo porque em todos os países se afirma e aumenta cada vez mais entre as massas populares a fé na solução justa da principal tarefa estabelecida pelos partidários da concepção comunista do mundo — a realização de uma organização da vida em comum na terra que permita aos povos do mundo viver em paz e progredir.

O cidadão soviético encara o seu futuro com confiança e intrepidez. Em estreita cooperação com todos os povos do campo da paz, da democracia e do socialismo, sob a direção provada do querido Partido Comunista, fortemente coeso pelas grandes idéias revolucionárias do marxismo-leninismo, estreitamente aglutinado em torno de seu Comitê Central — nosso povo soviético alcançará novas vitórias na luta pela construção da sociedade comunista. (Tempestuosos e prolongados aplausos.)


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Inclusão 02/12/2011