História do Mundo
Volume I - O Mundo Antigo - A Idade Média

A. Z. Manfred


II Parte: A Idade Média


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Muitos autores usam o termo Idade Média para o período que vai desde a queda do império romano do Ocidente (476) à queda do império romano do Ocidente ou Bizantino em 1453. Outros consideram a descoberta da América por Colombo em 1492 como sendo o acontecimento que marcou o fim do período. Contudo, todos estão de acordo em considerar o fim da Idade Média não mais tarde que as últimas décadas do século XV. A expressão Idade Média aparece em livros de texto e em histórias populares escritas pelos humanistas do século XVII, que encaravam a sua própria época como a época do renascimento e chamavam ao intervalo entre este Renascimento e a época clássica, a Idade Média (medium aevum), descrevendo-a como uma época de conquistas bárbaras, de ignorância e superstição, uma época de profundo declínio cultural.

Os historiadores soviéticos aplicam a expressão Idade Média ao período caracterizado por uma estrutura social específica — o feudalismo. A sociedade feudal, como a sociedade que a precedeu, que praticava a escravatura, era uma sociedade de classes: baseava-se na exploração da população trabalhadora. O feudalismo diferia da estrutura social precedente porque os trabalhadores agora já não eram escravos mas dependiam economicamente dos seus senhores ou, em casos menos afortunados, eram servos ligados aos membros da classe dominante, os senhores feudais.

A sociedade feudal constitui uma etapa vital na história da Humanidade, e em comparação com a sociedade que praticava a escravatura, foi uma sociedade progressista. É o trabalho humano que forma a base de toda a cultura material e espiritual e determina o desenvolvimento da humanidade e o progresso para um futuro melhor. Durante a era da escravatura, o trabalho físico, requisito essencial para a criação de condições materiais de existência, cabia sobretudo ao escravo, que odiava o seu trabalho e só o fazia à força. Durante a crise do império romano, os proprietários de escravos compreenderam a necessidade de interessar os escravos pelo seu trabalho; autorizaram-nos a possuir e a cultivar os seus lotes de terra e a constituir as suas próprias famílias. Assim foram lançadas as bases da futura sociedade feudal.

Na época feudal, a terra pertencia aos senhores feudais, mas estes distribuíam-na em pequenas parcelas aos seus «homens», vilãos ou servos, que eram obrigados a trabalhar para o seu senhor em troca das suas terras ou a dar-lhe uma parte da sua produção. Contudo, estes servos eram sempre pequenos lavradores independentes, que tinham as suas próprias famílias. Como na maioria dos casos, a parte da produção que o camponês devia ao seu senhor era fixada pelo costume, os servos já sabiam que se elevassem o seu nível de produtividade teriam uma maior produção disponível e poderiam assim melhorar as condições de vida das suas famílias. Deste modo, o servo, ao contrário do seu antecessor, escravo, tinha interesse em elevar a produtividade. É neste facto que reside o aspecto progressista da sociedade feudal, que iria preparar o caminho para a transição de uma economia ainda mais avançada, a economia capitalista.


Inclusão 27/04/2016