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Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? Esse problema é de importância primordial para a revolução. A razão básica por que as anteriores lutas revolucionárias na China obtiveram tão fracos resultados está no facto de não se ter sabido fazer a união com os verdadeiros amigos para atacar os verdadeiros inimigos. O partido revolucionário é o guia das massas, não podendo portanto a revolução alcançar a vitória se este as conduz por uma via errada. Para não dirigirmos as massas pela falsa via, para estarmos seguros de alcançar definitivamente a vitória na revolução, devemos prestar atenção à unidade com os nossos verdadeiros amigos para atacar os nossos verdadeiros inimigos. Para distinguir os verdadeiros amigos dos verdadeiros inimigos, impõe-se proceder a uma análise geral da situação económica das distintas classes da sociedade chinesa, bem como da atitude que estas tomam frente à revolução.
Qual é pois a situação das diferentes classes na sociedade chinesa?
Na China, país economicamente atrasado e semi-colonial, a classe dos senhores de terras e a
burguesia compradora são uns vassalos perfeitos da burguesia internacional; a sua existência e desenvolvimento dependem do imperialismo. Tais classes representam as relações de produção mais atrasadas e mais reaccionárias; e constituem um obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas na China. A sua existência é de todo incompatível com os objectivos da revolução chinesa. Isso é particularmente verdadeiro com respeito à classe dos grandes senhores de terras e à classe dos grandes compradores, os quais estão invariavelmente ao lado do imperialismo e constituem a força contra-revolucionária extrema. Os seus representantes políticos são os estadistas(1) e a ala direita dò Kuomintang.
Essa classe representa as relações capitalistas de produção nas cidades e nas zonas rurais da China. Por média burguesia entende-se, sobretudo, a burguesia nacional. A sua atitude com respeito à revolução chinesa é contraditória: quando sente com dor os golpes que lhe vibra o capital estrangeiro, assim como o jugo que lhe é imposto pelos caudilhos militares, ela entende a necessidade da revolução e aprova o movimento revolucionário dirigido contra o imperialismo e os tais caudilhos; mas assim que o proletariado do nosso país se lança duma maneira ousada e vigorosa, na revolução, assim que o proletariado internacional começa a prestar à revolução uma ajuda activa a partir do exterior, logo que a média burguesia começa a sentir que a realização do seu sonho mais caro — elevar-se ao nível da grande burguesia — periga, as dúvidas passam a dominá-la relativamente à revolução. A sua plataforma política é a criação dum Estado onde uma classe, a burguesia nacional, deve reinar. Certo indivíduo, que se apresenta como um "verdadeiro discípulo" de Tai Tsi-tao(2), declarou no Tchempao(3) de Pequim:
"Levantem o vosso punho esquerdo para abater o imperialismo e o direito para abater o Partido Comunista".
Tais propósitos expressam claramente a posição contraditória da burguesia nacional e o receio que a atormenta. Essa classe pronuncia-se contra a interpretação, segundo a teoria da luta de classes, do princípio do bem-estar do povo formulado pelo Kuomintang, pronuncia-se contra a realização, por este, duma aliança com a Rússia e pronuncia-se contra a admissão de comunistas(4) e elementos de esquerda no seio do Kuomintang. Mas a aspiração dessa classe de criar um Estado onde reine a burguesia nacional é absolutamente irrealizável, uma vez que a situação internacional actual se caracteriza pelo combate decisivo de duas forças gigantescas: a revolução e a contra-revolução. Essas duas forças gigantescas levantaram dois grandes estandartes: um, o estandarte da revolução, a bandeira vermelha, foi levantado pela III Internacional, chamando todas as classes oprimidas do mundo a unirem-se à sua volta; o outro, o estandarte da contra-revolução, a bandeira branca, foi levantado pela Sociedade das Nações, a qual chama todas as forças contra-revolucionárias do mundo a unirem-se sob essa bandeira. Muito em breve, no seio das classes intermédias produzir-se-á inevitavelmente uma císsão: umas irão à esquerda, de encontro à revolução; e outras, à direita, de encontro à contra-revolução! Para elas, não haverá qualquer possibilidade de ocuparem uma posição "independente". Assim, a concepção da média burguesia chinesa, sonhando com uma revolução "independente" em que assumiria o papel principal, é pura ilusão.
Pertencem à pequena burguesia sectores tais como o dos camponèses-proprietários(5), os proprietários de empresas de artesanato, as camadas inferiores dos intelectuais — estudantes, professores de escolas primárias e secundárias, pequenos funcionários, pequenos empregados, pequenos advogados — e os pequenos comerciantes. Tanto do ponto de vista do número como do ponto de vista da sua natureza de classe, a pequena burguesia merece que se lhe preste uma séria atenção. Os camponeses-proprietários, como os proprietários de empresas de artesanato, estão empenhados em explorações que se caracterizam pelas dimensões reduzidas da respectiva produção. Embora os diferentes sectores da pequena burguesia se encontrem todos na situação económica característica da pequena burguesia, eles dividem-se em três grupos. O primeiro compõe-se de gente desafogada, noutros termos, pessoas que, depois de satisfazerem as necessidades que lhes são próprias, dispõem ainda, anualmente, dum certo excedente em dinheiro ou cereais, produto de trabalho manual ou intelectual. Tais indivíduos aspiram muito acentuadamente a enriquecer, sendo com o maior zelo que se inclinam diante do Marechal Tchao(6). Sem sonhar com grandes riquezas, aspiram a ascender ao nível da média burguesia. Em geral, quando pensam nos pequenos ricos com direito a honrarias, babam--se de desejo. Mas são cobardes: têm medo das autoridades, e a revolução inspira-lhes igualmente um certo receio. Muito próximos, pela situação económica, da média burguesia, são dados a crer na propaganda desta e têm dúvidas quanto à revolução. Esse grupo representa uma minoria no seio da pequena burguesia, da qual constituí a ala direita. O segundo grupo compõe-se de pessoas cuja situação económica permite que satisfaçam, no essencial, as suas necessidades. Tais indivíduos distinguem-se duma maneira sensível dos do primeiro grupo. Também sonham com riquezas, mas o Marechal Tchao não lhas permite de modo algum; aliás, a opressão e a exploração a que os submetem o imperialismo, os caudilhos militares, os senhores de terras feudais e a grande burguesia compradora, opressão e exploração que recentemente se reforçaram de modo considerável, obrigaram-nos a compreender que os tempos antigos já se foram. Eles dão-se actualmente conta de que, trabalhando como antes, correm o risco de não poder continuar a assegurar a existência, sendo--lhes necessário alongar a jornada de trabalho, labutar de manhã à noite e redobrar de esforços nas suas profissões. E ei-los que começam a expressar-se com injúrias, tratando os estrangeiros de "diabos estrangeiros", os caudilhos militares de "extorsionários" e os déspotas locais e os maus nobres de "esfoladores". Pelo que respeita ao movimento anti-imperialista e anti-militarista, duvidam do respectivo sucesso (pensam que o poder dos estrangeiros e dos caudilhos militares é muito grande) e, não ousando arriscar-se a tomar parte nele, preferem adoptar uma posição neutra. Mas de maneira nenhuma agem contra a revolução. Esse grupo é muito vasto, constituindo cerca de metade do conjunto da pequena burguesia. Ao terceiro grupo pertencem indivíduos cujas condições de vida pioram de dia para dia. Na sua maioria, trata-se de indivíduos que outrora levavam uma existência cómoda, mas a quem se tornou agora difícil conseguir o mínimo indispensável para viver, agravando-se-lhes progressivamente a situação. No final de cada ano, quando fazem as suas contas, exclamam aterrados: "Como! Ainda défices?". Como outrora viviam relativamente bem, é agora vêem a situação agravar-se de ano para ano, engrossando-se-lhes as dívidas e passando a levar uma existência miserável, "a simples evocação do futuro provoca-lhes calafrios". Eles sofrem tanto mais moralmente quanto é certo que ainda conservam uma recordação particularmente viva dos dias melhores, tão diferentes dos actuais. Como são bastante numerosos, a sua importância para o movimento revolucionário é grande. É a ala esquerda da pequena burguesia. Em tempo normal, as atitudes desses três grupos da pequena burguesia com respeito à revolução são diferentes. Mas em tempo de guerra, isto é, nos períodos de expansão revolucionária, desde que a aurora da vitória começa a luzir, vêem-se participar na revolução não só os elementos de esquerda da pequena burguesia, mas igualmente os elementos que aí ocupavam uma posição de centro; e mesmo os elementos de direita, levados pelas ondas revolucionárias do proletariado e dos elementos de esquerda da pequena burguesia, são constrangidos a juntar-se às fileiras da revolução. As experiências do movimento de 30 de Maio de 1925(7) e do movimento camponês em diversas regiões, demonstram a justeza de tal afirmação.
Aqui, por semi-proletariado entendemos:
A esmagadora maioria dos camponeses semi-proprietários e os camponeses pobres formam uma massa rural enorme. Aquilo que se designa por problema camponês é, no essencial, o problema relativo a essas categorias. As explorações dos camponeses semi-proprietários, dos camponeses pobres e dos pequenos artesãos são caracterizadas por uma produção ainda mais reduzida do que a dos camponeses proprietários e a dos proprietários de empresas de artesanato. Embora a maioria esmagadora dos camponeses semi-proprietários e os camponeses pobres constituam o semí-proíetaríado, essas duas categorias, tomadas em conjunto, dividem-se ainda, segundo a situação económica, nas camadas superior, média e inferior. A existência dos camponeses semi-proprietários é mais penosa do que a dos camponeses-proprietáriòs, pois os cereais que possuem não lhes chegam, geralmente, para mais de seis meses, de tal maneira que, para adquirirem meios suplementares de subsistência, vêem-se constrangidos a tomar terras em arrendamento, ou a vender parte da sua força de trabalho ou, enfim, a exercer um certo comércio. Nos fins da Primavera e começos do Verão, quando a colheita do ano cessante começa a esgotar-se e a próxima está ainda em erva, eles, vêem-se obrigados a obter dinheiro a alto juro e a comprar cereais a preços elevados. Essa parte da população camponesa tem pois de levar uma existencial mais difícil que a dos camponeses-proprietáriòs, os quais não dependem de quem quer que seja, embora os semi-proprietários tenham uma vida melhor que os camponeses pobres. Com efeito, estes não dispõem de quaisquer terras, cultivam terras alheias e, pelo seu trabalho, recebem metade, ou até menos, da respectiva colheita. Embora os camponeses semi-proprietários recebam também metade ou menos da produção das terras que tomam em arrendamento, nada os impede que guardem a totalidade da colheita proveniente da sua própria terra. É por isso que os camponeses semi-proprietários têm um espírito mais revolucionário que os camponeses-proprietáriòs, mas menos revolucionário que os camponeses pobres. Os camponeses pobres são rendeiros e encontram-se submetidos à exploração dos senhores de terras. Segundo a situação económica, eles podem dividir-se em dois grupos. O primeiro, dispõe dum material agrícola que, em termos relativos, é suficiente, assim como de certos meios financeiros. Esses camponeses recebem uma parte da colheita, parte que pode atingir a metade daquilo que produzem com o seu trabalho anual. Eles compensam o que lhes falta semeando cereais secundários, pescando, criando aves e porcos ou vendendo uma parte da sua força de trabalho; dessa maneira chegam a assegurar, mal ou bem, a subsistência, esperando, no meio da sua pobreza e penúria, sobrepujar o ano. A vida que levam é mais penosa que a dos camponeses semi-proprietários mas, de qualquer modo, mais fácil que a dos camponeses pobres do segundo grupo. Têm um espírito mais revolucionário que os camponeses semi-proprietários, mas menos que os camponeses pobres do segundo grupo. Pelo que respeita a estes últimos, regista-se uma falta de material agrícola suficiente, bem como, de meios financeiros; carecem de adubos e apenas conseguem magras colheitas. Uma vez pagas as rendas, já não lhes fica grande coisa. Por isso têm maior necessidade de vender uma parte da sua própria força de trabalho. Nos anos de fome, nos meses difíceis, para compensar mendigam empréstimos, junto dos parentes e amigos, dumas quantas medidas de cereal, que lhes permitam manter-se ainda que seja por três ou cinco dias; as suas dívidas engrossam e convertem-se num fardo insuportável. Constituem a parte mais miserável da população camponesa, e são muito sensíveis à propaganda revolucionária. Nós incorporamos os pequenos artesãos no semi-proletariado. Com efeito, se bem que disponham de meios primitivos de produção e exerçam profissões "livres", eles também se vêem frequentemente constrangidos a vender parte da sua força de trabalho; a sua situação económica corresponde, sensivelmente, à dos camponeses, pobres. O pesado fardo das despesas familiares, a desproporção entre o salário e o mínimo vital, as privações incessantes, o medo de perder o trabalho, tudo isso os aparenta aos camponeses pobres. Os empregados comerciais são os trabalhadores assalariados das casas de comércio. Eles têm de manter a família com o seu magro salário; ora, como o preço das mercadorias aumenta de ano para ano, enquanto que os aumentos de salário não se verificam senão uma vez em cada vários anos, esses indivíduos lamentam-se perpetuamente da sua sorte todas as vezes que os encontramos. A sua situação não difere muito da dos camponeses pobres e pequenos artesãos, sendo por isso muito sensíveis à propaganda revolucionária. Os mercadores ambulantes, quer transportem as mercadorias, suspensas duma vara, quer as exponham em lojas ambulantes, têm um capital insignificante, não lhes chegando o pouco que ganham para viver. Encontram-se sensivelmente na mesma situação que os camponeses pobres e estão, do mesmo modo, interessados numa revolução que mude a ordem actual das coisas.
O proletariado industrial moderno conta, actualmente, cerca de dois rmilhões de indivíduos. Esse número reduzido explica-se pelo atraso do nosso país no plano económico. Esses operários são empregados essencialmente em cinco sectores — caminhos de ferro, minas, transportes marítimos, indústria têxtil e construções navais — encontrando-se uma parte importante deles sob o jugo de empresas estrangeiras. Embora os efectivos do proletariado industrial moderno sejam reduzidos, é ele quem representa as novas forças de produção e constitui a classe mais progressiva da China moderna, tendo-se transformado na força dirigente do movimento revolucionário. A simples observação da força que se revelou nas greves dos quatro últimos anos, por exemplo, a dos marinheiros(10), a dos operários ferroviários(11), a dos operários das hulheiras de Cailuan e das hulheiras de Tsiaotsuo(12), a greve de Chamien(13), e as grandes greves de Xangai e de Hong Kong(14) após os acontecimentos de 30 de Maio, mostra, de maneira convincente, o grande papel que o proletariado industrial desempenha na revolução chinesa. Isso é-lhe possível: primeiro, pela sua concentração, nenhum outro grupo pode rivalizar com ele nesse plano, e, segundo, porque os operários da indústria encontram-se numa situação económica extremamente penosa. Estão privados de meios de produção, não dispõem mais do que dos seus próprios braços e não têm qualquer esperança de enriquecer, encontrando-se, ademais, submetidos a um tratamento ferocíssimo por parte dos imperialistas, dos caudilhos militares e da burguesia. Essa a razão por que se mostram particularmente capazes para a luta. As forças dos cúlis das cidades merecem igualmente que se lhes dispense uma séria atenção. No interior deste grupo, a maioria é constituída por estivadores de cais e condutores de carrinhos de mão, contando-se igualmente nele os limpadores de latrinas, estradas, etc. Não têm mais do que os próprios braços. Pela situação económica, estão próximos dos operários da indústria, não lhes cedendo a não ser no grau de concentração e na importância do seu papel na produção. A agricultura capitalista moderna está ainda fracamente desenvolvida na China. Sob a designação de proletariado agrícola compreendem-se os assalariados agrícolas que trabalham ao ano, ao mês ou ao dia. Esses trabalhadores não dispõem nem de terras nem de material agrícola, nem de quaisquer meios financeiros, não podendo portanto subsistir a não ser vendendo a sua força de trabalho. Do ponto de vista da duração da jornada de trabalho, magreza do ganho, ignomínia de condições de existência e insegurança de emprego, estão em situação ainda pior que os demais operários. Essa parte da população rural está submetida às mais pesadas privações e ocupa, no movimento camponês, uma posição tão importante como a dos camponeses pobres.
Existe também um numeroso lumpen-proletariado, composto de camponeses que perderam as suas terras e de operários-artesãos sem trabalho. São os elementos mais instáveis da sociedade. Eles mantêm por toda a parte organizações de carácter secreto, como o San-ho-huei nas províncias do Fuquien e do Cuan-tum, o Quelaohuei nas províncias do Hunan, Hupei, Cueidjou e Setchuan, o Tataohuei nas províncias do Anghuei, Honan e Xantum, o Tsailihuei na província do Tchili e nas três províncias do Nordeste, o Tchim-pam(15) em Xangai e outras localidades, organizações que, originariamente, eram de ajuda mútua na luta política e económica. A atitude com relação a esse grupo constitui um dos problemas difíceis que se apresentam à China. Tais indivíduos são capazes de lutar com a maior coragem, mas são propensos a acções destrutivas. Conduzidos de maneira correcta, podem converter-se numa força revolucionária.
De tudo quanto acaba de ser dito ressalta que os nossos inimigos são todos os que estão conluiados com o imperialismo — os caudilhos militares, os burocratas, a classe dos compradores, a classe dos grandes senhores de terras e o sector reaccionário dos intelectuais que lhes é anexo. A força dirigente da nossa revolução é o proletariado industrial. Os nossos mais chegados amigos são a totalidade do semi-proletariado e a pequena burguesia. Quanto à média burguesia, sempre vacilante, a sua ala direita pode transformar-se em nossa inimiga e a esquerda, em nossa amiga, devendo no entanto manter-nos constantemente em guarda e não permitir que tal classe venha criar confusão nas nossas fileiras.
Notas:
(*) Artigo escrito pelo camarada Mao Tsetung para combater dois tipos de desvios que então se registavam no Partido. Os partidários do primeiro tipo, representados por Tchen Tu-siu, interessavam-se apenas pela colaboração com o Kuomintang e esqueciam os camponeses. Era o oportunismo de direita. Os partidários do segundo tipo, representados por Tcham Cuo-tao, dispensavam toda a sua atenção ao movimento operário e esqueciam igualmente os camponeses. Era o oportunismo de "esquerda". Os partidários dessas duas correntes oportunistas sentiam bem a insuficiência das forças em luta ao lado da revolução, mas não sabiam onde ir buscar as forças indispensáveis e encontrar um aliado que fosse numeroso. O camarada Mao Tsetung demonstrou então que os mais numerosos e fiéis aliados do proletariado chinês eram os camponeses, resolvendo assim o problema do aliado principal da revolução chinesa. Além disso, o camarada Mao Tsetung esclareceu que a burguesia nacional constituía uma ciasse hesitante, em cujo seio haveria de produzir-se uma cissão logo que se verificasse a expansão da revolução, passando-se a respectiva ala direita para o campo do imperialismo. Os acontecimentos de 1927 forneceram a respectiva confirmação. (retornar ao texto)
(1) Trata-se do punhado de vis políticos fascistas que fundaram a Liga da Juventude "Estatal" da China, organização que mudou em seguida o nome para Partido da Juventude da China. Recebendo subsídios dos diferentes grupos reaccionários no poder, assim como dos imperialistas, os "estadistas" eéspecializaram-se em intervenções contra-revolucionárias dirigidas contra o Partido Comunista da China e a União Soviética. (retornar ao texto)
(2) Tai Tsi-tao: um dos velhos membros do Kuomintang. Em certa altura ocupou-se de especulações na bolsa, com Tchiang Kai-chek. Após a morte de Sun Yat-sen, em 1925, organizou uma campanha de perseguição ao Partido Comunista da China, com o que preparou moralmente o golpe de Estado contra-revolucionário de Tchiang Kai-chek de 1927. Durante um longo período foi o cão fiel de Tchiang Kai-chek, um dos seus cúmplices na actividade contra-revolucionária. Em Fevereiro de 1949, constatando que a dominação de Tchiang Kai-chek corria para o desmoronamento inevitável e vendo que a sua própria situação não tinha saída, suicidou-se. (retornar ao texto)
(3) Tchempao; órgão publicado em Pequim pelo grupo político dos "investigadores", um grupo que apoiava a dominação dos caudilhos militares do Norte. (retornar ao texto)
(4) Em 1923, com a ajuda do Partido Comunista da China, Sun Yat-sen decidiu a reorganização do Kuomintang, a colaboração deste com o Partido Comunista e a admissão de comunistas no Kuomintang e, em Janeiro de 1924, no I Congresso Nacional do Kuomintang, convocado por ele em Cantão, formulou as suas três grandes políticas: aliança com a Rússia, aliança com o Partido Comunista, ajuda aos camponeses e operários. Participaram nesse Congresso os camaradas Mao Tsetung, Li Ta-tchao, Lin Po-tsui, Tsúi Tchio-pai e outros. Essa participação nos trabalhos do Congresso foi de grande importância, na medida em que ajudou o Kuomintang a adoptar uma via revolucionária. Foi nessa mesma época que alguns desses camaradas foram eleitos membros, efectivos ou suplentes, do Comité Central Executivo do Kuomintang. (retornar ao texto)
(5) O camarada Mao Tsetung refere-se aos camponeses médios. (retornar ao texto)
(6) Marechal Tchao, também chamado Tchao Cum-mim, é o deus da riqueza na mitologia popular chinesa. (retornar ao texto)
(7) Trata-se dum movimento nacional anti-imperialista, em protesto contra o massacre do povo chinês perpetrado pela polícia inglesa, a 30 de Maio de 1925, em Xangai. Em Maio de 1925, num certo número de fábricas japonesas de têxteis em Tsintao e em Xangai, rebentou um movimento de greve que tomou enormes proporções. Esse movimento foi esmagado pelos imperialistas japoneses e seus lacaios, os caudilhos militares do Norte. A 15 de Maio, no seguimento das medidas de repressão tomadas pelos patrões contra os operários das fábricas japonesas de têxteis de Xangai, o operário Cu Djem-hom foi morto a tiro, registando-se mais de uma dezena de feridos. A 28 de Maio, sob ordem das autoridades reaccionárias, foram executados oito operários em Tsintao. A 30 de Maio, no território das concessões estrangeiras, mais de 2.000 estudantes de Xangai passaram à agitação em favor dos operários em greve, e no sentido da devolução das concessões à China. Depois, mais de 10.000 xangaineses realizaram uma concentração diante do comando geral da policia da concessão inglesa. Os manifestantes gritavam as palavras de ordem de "Abaixo o imperialismo!", "Povo chinês, une-te!", etc. A polícia inglesa abriu fogo, matando e ferindo numerosos estudantes. Tais acontecimentos tornaram-se célebres sob a designação de "Acontecimentos Sangrentos de 30 de Maio". Essa repressão selvagem suscitou a cólera do povo chinês e uma vaga de manifestações e greves de operários, estudantes e comerciantes percorreu o país, culminando num imenso movimento anti-imperialista. (retornar ao texto)
(8) O camarada Mao Tsetung pensa aqui nos camponeses indigentes que, não possuindo suficiente terra própria, têm de tomà-la de arrendamento. (retornar ao texto)
(9) Na China, os empregados comerciais dividem-sé em várias camadas. O camarada Mao Tsetung pensa aqui na maioria; os outros — os da camada inferior — encontram-se na mesma situação material que os proletários. (retornar ao texto)
(10) Trata-se da greve dos marinheiros de Hong Kong e da dos barqueiros do Yangtsé, nos começos de 1922. A primeira durou oito semanas. Face a uma luta encarniçada e sangrenta, as autoridades imperialistas britânicas de Hong Kong viram-se constrangidas a satisfazer as reivindicações dos grevistas: aumento dos salários, restabelecimento dos sindicatos, libertacão dos operários detidos e pagamento de pensões às famílias dos mártires. Pouco depois, os barqueiros e os operários dos portos do Yangtsé começaram uma greve que durou duas semanas e terminou, igualmente, com a vitória dos grevistas. (retornar ao texto)
(11) Após a sua fundação, em 1921, o Partido Comunista da China entregou-se a um trabalho de organização no seio dos operários ferroviários e, em 1922 e 1923, nas principais ferrovias do país, passou-se a um movimento de greves dirigido pelo Partido Comunista. A mais célebre foi a greve geral dos ferroviários da linha Pequim-Hancou, que começou a 4 de Fevereiro de 1923, sob o signo da luta pelo direito de organizar livremente um sindicato único. A 7 de Fevereiro, apoiados pelo imperialismo britânico, Vu Pei-fu e Siao Iao--nan, caudilhos militares do Norte, iniciaram uma feroz repressão contra os operários em greve, repressão que ficou conhecida na História da China pela designação de ''Acontecimentos Sangrentos de 7 de Fevereiro". (retornar ao texto)
(12) Hulheiras de Cailuan é o nome geral das minas de Caipim e Luandjou, na província de Hopei. Essas hulheiras formavam uma importante bacia que ocupava mais de 50.000 operários. Durante o Movimento dos Boxers, em 1900, o imperialismo inglês apoderou-se das minas de Caipim. Posteriormente, os chineses criaram a Companhia Hulheiras de Luandjou, incorporada mais tarde na Administração Mineira de Cailuan. Ambas as minas passaram a estar sob o controle exclusivo do imperialismo britânico. A greve dos mineiros de Cailuan ocorreu em Outubro de 1922. As hulheiras de Tsiao-tsuo situavam-se no Honan. Actualmente situam-se no oeste da província de Pim-iuan. São muito conhecidas na China. A greve de Tsiaocsuo começou em 1 de Julho de 1925 e terminou em 9 de Agosto do mesmo ano. (retornar ao texto)
(13) Chamien: antiga concessão dos imperialistas britânicos em Cantão. Em Julho de 1924, os imperialistas britânicos que exploravam Chamien introduziram uma nova regulamentação policial, nos termos da qual cada cidadão chinês residente em Chamien devia apresentar um cartão de identidade, com a devida fotografia, cada vez que entrasse ou saísse da concessão. A medida não se estendia aos estrangeiros. A 15 de Julho, os operários de Chamien desencadearam uma greve paira protestar contra tal discriminação. Finalmente; os imperialistas britânicos viram-se obrigados a anular a regulamentação policial. (retornar ao texto)
(14) Após os Acontecimentos de Xangai de 30 de Maio de 1925, estalou uma greve geral nessa mesma cidade, no dia 1 de Junho. A 19 de Junho, começou uma greve geral em Hong Kong. Mais de 200.000 trabalhadores participaram na greve de Xangai, e 25O.000 na de Hong Kong. Este última, que beneficiou do apoio de todo o povo chinês, durou um ano e quatro meses e foi a greve mais longa que se registou na história do movimento operário mundial. (retornar ao texto)
(15) San-ho-huei, Quclaohuei, Tataohuei, Tsailihuei, Tchimpam, eram sociedades secretas» primitivas, com ramos entre a massa da população. No fundamental, essas organizações congregavam camponeses arruinados, artesãos desempregados e elementos do lumpen-proletariado. Na época feudal, o que aglutinava todos esses elementos era, muitas vezes, um preconceito religioso. Essas sociedades, que se designavam por diversos nomes, regiam-se por uma forma de organização patriarcal. Algumas possuíam armas. Os seus membros esforçavam-se por assegurar-se ajuda mútua nas diferentes circunstâncias da vida e, em certos momentos, serviam-se das sociedades para organizar lutas contra os opressores, burocratas e senhores de terras. Como é evidente, o pertencer a essas organizações de carácter retrógrado não podia constituir uma saída para os camponeses e artesões. Acontecia até que, com frequência, os senhores de terras e os demais tiranos estabeleciam sem dificuldades um controle sobre elas, utilizando-as para fins egoístas. Além disso, notava-se nessa sociedades uma tendência à destruição cega, razão por que algumas se transformaram numa força reaccionária. Em 1927, por ocasião do seu golpe de Estado contra-revolucionário, Tchiang Kai-chek utilizou essas organizações retrógradas como um instrumento para destruir a unidade do povo trabalhador e abater a revolução. Desde que começou a verificar-se uma expansão poderosa das forças do proletariado industrial moderno, os camponeses, sob a direcção da classe operária, criaram a pouco e pouco organizações inteiramente novas, que lhes eram próprias. Desde então, a existência das tais organizações primitivas e retrógradas perdeu todo e qualquer sentido. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/06/2010 |
Última alteração | 08/08/2012 |