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Camaradas! No decurso das nossas discussões destes últimos dias, vocês mostraram-se de acordo com o meu relatório "As Tarefas do Partido Comunista da China no Período de Resistência ao Japão". Apenas uns quantos camaradas expressaram pontos de vista discordantes. Como essa discordância é bastante importante, eu vou discuti-la logo de entrada nas minhas conclusões, sendo só depois que tratarei de certos outros problemas.
Há quase dois anos que o nosso Partido vem lutando pela paz interna. Após a Terceira Sessão Plenária do Comitê Executivo Central do Kuomintang, nós declarámos que a paz tinha sido alcançada, que a fase da "luta pela paz" já tinha passado e a nova tarefa era "consolidar a paz", sublinhámos igualmente que essa nova tarefa estava ligada à "luta pela democracia", quer dizer, uma consolidação da paz através da luta pela democracia. Não obstante, para certos camaradas, a nossa opinião é insustentável. De certeza que a conclusão de tais camaradas ou é a oposta à nossa ou oscila entre as duas. Efectivamente, eles objectam:
"O Japão recua(1) e Nanquim vacila mais do que nunca; a contradição entre os dois países enfraquece e a que existe no interior do nosso próprio país torna-se mais aguda."
De acordo com tal apreciação, é evidente que não há nova fase nem nova tarefa, e a situação regressou ao seu velho estádio ou até mesmo se deteriorou. Eu considero esse ponto de vista incorrecto.
Quando dizemos que se alcançou a paz, não queremos dizer que esta se consolidou; pelo contrário, afirmámos que a paz não está consolidada. Fazer a paz e consolidar a paz são duas coisas diferentes. A História pode alterar o seu curso por um momento e a paz pode esbarrar com dificuldades, já que existem o imperialismo japonês, os traidores, o grupo pró-japonês. A realidade, porém, é que a paz foi alcançada após o Incidente de Si-an; e essa situação foi um resultado de vários factores (a política básica de invasão por parte do Japão, a atitude favorável da União Soviética, e também da Inglaterra, Estados Unidos e França, sobre a paz interna na China, a pressão por parte do povo chinês, a política de paz do Partido Comunista da China durante o Incidente de Si-an, bem como a política deste visando pôr fim ao antagonismo entre os dois regimes, a diferenciação no seio da burguesia, a diferenciação no seio do Kuomintang, etc), por si só Tchiang Kai-chek não podia fazer nem romper a paz interna. Para rompê-la, ele teria de lutar contra várias forças e chegar-se aos imperialistas japoneses e ao grupo pró-japonês. Não há dúvida de que os imperialistas japoneses e o grupo pró-japonês ainda tentam prolongar a guerra civil na China. E é justamente por isso que a paz ainda não se consolidou. Sendo assim, chegamos à conclusão de que, em vez de voltar às velhas palavras de ordem de "acabar com a guerra civil" e "lutar pela paz", devemos dar um passo em frente e adoptar a nova palavra de ordem de "combater pela democracia", pois só dessa maneira poderá consolidar-se a paz interna e transformar em realidade a Guerra de Resistência contra o Japão. Por que razão avançamos a tripla palavra de ordem de "consolidar a paz", "lutar pela democracia" e "fazer a guerra de resistência"? A resposta é que queremos empurrar para a frente a roda da revolução, e as circunstâncias permitem que isso se faça. Se se nega o novo estádio e a nova tarefa, se se nega que o Kuomintang "começou a mudar" e, seguindo a mesma lógica, se negam os êxitos alcançados por todas as forças que, há ano e meio, vêm lutando pela paz, fica-se num mesmo lugar, não se avança um só passo.
E por que razão tais camaradas fazem essa apreciação inadequada? Porque, ao examinarem a situação actual, não partem do que é fundamental, mas sim de vários fenómenos parciais e temporários (a diplomacia de Sato, o julgamento de Sudjou(2), a repressão das greves, a transferência para leste do exército do Nordeste(3), a partida do general Iam Hu-tchem para o estrangeiro(4), etc.). Daí o seu quadro sombrio. Nós dizemos que o Kuomintang começou a mudar mas, ao mesmo tempo, dizemos que ainda não mudou por completo. É inconcebível que a política reaccionária do Kuomintang destes últimos dez anos mude completamente sem que se despendam novos esforços — sem mais e maiores esforços — tanto da parte do povo como da nossa. Não são poucos os homens de "esquerda", que em muitas ocasiões condenaram violentamente o Kuomintang e, durante o Incidente de Si-an, defenderam a ideia de executar Tchiang Kai-chek e "abrir caminho pelo Tonquan"(5), que ficam agora surpreendidos quando acontecimentos como o julgamento de Sudjou se verificam logo após a realização da paz, e perguntam a si próprios: "Por que razão Tchiang Kai-chek continua ainda a fazer tais coisas?" Eles deveriam compreender que tanto os comunistas como Tchiang Kai-chek não são génios celestes nem indivíduos isolados, e sim membros dum partido e duma classe. O Partido Comunista é capaz de fazer avançar a revolução passo a passo, mas não pode eliminar dum dia para outro todos os demónios que existem no país. Tchiang Kai-chek e o Kuomintang já começaram a mudar, mas a lama dos últimos dez anos não será seguramente removida em uma só manhã, sem maiores esforços por parte da totalidade do povo. Nós afirmamos que a tendência é no sentido da paz, da democracia e da resistência, mas isso não implica que os velhos diabos — a guerra civil, a ditadura e a não-resistência — sejam eliminados sem qualquer esforço. Só com luta e esforços, luta e esforços durante um longo período, poderemos eliminar os velhos diabos, a velha lama, e evitar falhas ou mesmo possíveis retrocessos na revolução.
"Eles estão determinados a destruir-nos." Isso é verdade, eles tentam a todo o momento destruir-nos. Eu aceito inteiramente essa apreciação que está correcta, e acho que é preciso estar-se de olhos fechados para não ver isso. Mas a questão está em saber se tem, ou não, havido mudança no modo como eles tentam destruir-nos. Penso que sim. A mudança consiste na passagem duma política de guerra e massacre para uma política de reforma e engano, duma política de dureza para uma política de doçura, duma política de solução militar para uma política de solução política. Por que é que se verificou essa mudança? Confrontados com o imperialismo japonês, a burguesia e o Kuomintang estão temporariamente obrigados a procurar um aliado no proletariado, assim como nós buscamos um aliado na burguesia. Há que partir desse ponto ao apreciar-se a questão. Por razão semelhante, no plano internacional, o governo francês passou duma atitude hostil a uma atitude de aliança frente à União Soviética(6). A nossa tarefa interna passou de militar a política. Não necessitamos de conspirações nem fraudes; o nosso objectivo é derrotar o imperialismo japonês num esforço comum, por meio da união com todos os elementos da burguesia e do Kuomintang que estejam a favor da resistência.
"Pôr o acento na democracia é errado, o acento deve recair apenas sobre a resistência ao Japão. Sem acção directa contra o Japão não pode haver movimento pela democracia. A maioria do povo quer apenas a resistência ao Japão, não quer democracia, e o que estaria certo seria um outro 'Movimento de 9 de Dezembro' ."
Antes de mais, permitam-me fazer algumas perguntas. Acaso poderá dizer-se que o que a maioria do povo queria no período que passou (desde o Movimento de 9 de Dezembro de 1935 à Terceira Sessão Plenária do Comité Executivo Central do Kuomintang, em Fevereiro de 1937) era apenas a resistência ao Japão e não a paz interna? Acaso terá sido errado sublinhar naquela altura a questão da paz interna? Era porventura impossível a existência dum movimento para a paz interna sem uma acção directa contra o Japão (o Incidente de Si-an e a Terceira Sessão Plenária do Comité Executivo Central do Kuomintang verificaram-se depois da cessação da resistência em Sui-iuan, e hoje, igualmente, não há nada equivalente à resistência de Sui-iuan nem ao Movimento de 9 de Dezembro)? Toda a gente sabia que, para resistir ao Japão, era necessária a paz interior, que sem paz interior não podia haver resistência ao Japão, e que a paz interna era condição da resistência. Todas as actividades anti-japonesas do período anterior, directas ou indirectas (a começar pelo Movimento de 9 de Dezembro e terminando com a Terceira Sessão Plenária do Comité Executivo Central do Kuomintang), tinham como eixo a luta pela paz interna, que era na altura o elo central, a questão mais essencial do movimento anti-japonês desse período.
Do mesmo modo, no novo período, a democracia é a questão mais essencial para a resistência ao Japão, e lutar pela democracia é lutar pela resistência ao Japão. A resistência e a democracia condicionam-se mutuamente, tal como se condicionam a resistência e a paz interna, a democracia e a paz interna. A democracia é a garantia da resistência, e a resistência pode proporcionar condições favoráveis para o desenvolvimento do movimento democrático.
Nós pensamos que, no novo período, hão-de registar-se — registar-se-ão de certeza — muitas lutas directas e indirectas contra o Japão, e isso vai impulsionar a guerra de resistência e ajudar consideravelmente o movimento democrático. Contudo, o central, o essencial da tarefa revolucionária que a História nos impõe é conseguir a democracia. Democracia! Será errado insistir na democracia? Penso que não.
"O Japão recua, a Inglaterra e o Japão estão virtualmente inclinados a estabelecer um compromisso, e Nanquim hesita mais do que nunca."
A ignorância das leis do desenvolvimento histórico deu lugar a essa inquietação inútil. Se houvesse uma revolução no Japão e este se retirasse de facto da China, isso ajudaria a revolução chinesa, seria exactamente o que desejamos e marcaria o começo do colapso da frente mundial de agressão. Que outra razão poderia então existir para inquietações? A realidade, porém, é que não é isso que se está verificando; a diplomacia de Sato é a preparação para uma guerra de grande escala, e estamos face a face com tal guerra. A política de hesitação da Inglaterra não a levará a resultado algum, o seu choque de interesses com o Japão fornece a certeza disso. Se Nanquim continuar a hesitar por muito tempo, transformar-se-á no inimigo da totalidade do povo; simplesmente os seus interesses não lhe permitirão isso. Um recuo temporário não pode mudar as leis gerais da História. Assim, ninguém pode negar a existência da nova fase nem a necessidade de fixar como tarefa a luta pela democracia. Aliás, em qualquer caso a palavra de ordem de democracia é adequada, pois é evidente que ao povo chinês tem faltado sempre democracia, nunca gozou dela em excesso. E a situação actual já mostrou que definir a nova fase e estabelecer como tarefa a luta pela democracia, é avançar um passo mais no sentido da resistência. A situação já andou para a frente, não a puxemos para trás.
"Por que razão insistimos na questão da assembleia nacional?" Porque isso pode afectar todos os aspectos da vida, porque se trata duma ponte que vai da ditadura reaccionária à democracia, está ligada à defesa nacional e é uma instituição legal. Recuperar o Hopei oriental e o Tchahar setentrional, combater o contrabando, opor-se à "colaboração económica"(1*) etc, como houve camaradas que propuseram, está inteiramente correcto, acontecendo até que isso e a luta pela democracia e pela assembleia nacional não estão de modo algum em contradição, pelo contrário, completam-se mutuamente; mas o essencial é a assembleia nacional e a liberdade para o povo.
Está inteiramente certo e é indiscutível que a luta diária contra o Japão e a luta pela melhoria de vida do povo devem ligar-se ao movimento pela democracia. Mas na fase presente, a questão central, essencial, é a democracia e a liberdade.
Alguns camaradas fizeram essa pergunta, mas eu não posso dar mais do que uma resposta breve.
Ao escrever-se um artigo, a segunda parte só deve ser redigida depois que a primeira esteja terminada. A direcção firme da revolução democrática é uma condição da vitória do socialismo. Nós lutamos pelo socialismo e, nesse domínio, somos diferentes daqueles que se limitam aos Três Princípios do Povo revolucionários. O socialismo é o grande objectivo futuro para o qual se dirigem os nossos esforços actuais; se perdemos esse objectivo de vista, deixamos de ser comunistas. E igualmente deixamos de ser comunistas se relaxamos os nossos esforços actuais.
Somos partidários da teoria da transição da revolução(7) e estamos pela transição da revolução democrática para o socialismo. A revolução democrática há-de desenvolver-se através de várias etapas, tudo sob a palavra de ordem duma república democrática. A passagem do predomínio da burguesia para o predomínio do proletariado é um longo processo de luta de luta pela direcção, e depende do trabalho do Partido Comunista na elevação do nível da consciência política e organização do proletariado, na elevação do nível da consciência política e organização do campesinato e da pequena burguesia urbana.
O aliado mais firme do proletariado é o campesinato, vindo a seguir a pequena burguesia urbana. É a burguesia quem nos disputará a direcção.
Para vencer as hesitações da burguesia e a sua falta de firmeza revolucionária, devemos apoiar-nos na força das massas e na justeza da nossa política pois, doutro modo, será a burguesia quem vencerá o proletariado.
Uma transição não sangrenta é o que desejaríamos e constitui aquilo por que devemos esforçar-nos, simplesmente o resultado desses esforços depende da força das massas.
Somos partidários da teoria da transição da revolução e não da tese trotskista da "revolução permanente"(8). Somos pela realização do socialismo através de todas as etapas necessárias da república democrática. Somos contra o seguidismo, e também somos contra o espírito de aventura e a impetuosidade.
Rejeitar a burguesia com fundamento no facto de a sua participação na revolução ser temporária, e descrever a aliança com os sectores anti-japoneses da burguesia (num país semi-colonial) como sendo capitulacionismo, é uma abordagem trotskista com a qual não podemos estar de acordo. Hoje, tal aliança constitui na realidade a ponte necessária que leva ao socialismo.
Para dirigir uma grande revolução necessita-se dum grande partido e muitos quadros de excelente qualidade. Na China, com uma população de 450 milhões de habitantes, será impossível levar por diante esta grande revolução sem precedentes na História, se a direcção se compuser dum grupo reduzido e estreito e os líderes e quadros do Partido forem pequenos de espírito, de curtas vistas e incompetentes. Desde há muito que o Partido Comunista da China é um grande partido, e continua a sê-lo não obstante as perdas sofridas no período da reacção; ele dispõe de numerosos líderes e quadros que são bons, muito embora isso ainda não seja suficiente. As organizações do nosso Partido devem estender-se por todo o país, e nós devemos formar, conscienciosamente, dezenas de milhares de quadros e centenas de dirigentes de massas de primeira qualidade. Eles devem ser quadros e dirigentes sabedores do Marxismo-Leninismo, com uma visão política ampla, competentes no trabalho, penetrados de espírito de sacrifício, capazes de, por si próprios, solucionarem os problemas, inabaláveis diante das dificuldades, e leais e devotados no serviço da nação, da classe e do Partido. É nesses quadros e nesses dirigentes que o Partido se apoia na sua ligação com os demais membros e as massas, e é apoiando-se na firme direcção desses membros sobre as massas que o Partido pode alcançar o objectivo de derrotar o inimigo. Tais quadros e dirigentes devem ser destituídos de todo o egoísmo, de todo o heroísmo individualista, ostentação, indolência, passividade e sectarismo arrogante; devem ser desinteressados heróis da sua própria nação e da sua classe. Essas são as qualidades e o estilo de trabalho exigidos aos membros, quadros e dirigentes do nosso Partido. Tal é o legado espiritual que nos deixaram as dezenas de milhares de membros e os milhares de quadros e dezenas de líderes de excelente qualidade que deram a vida em benefício da causa. Não resta qualquer dúvida de que devemos adquirir essas qualidades, fazer ainda mais pela nossa própria reeducação e elevar-nos a um nível revolucionário mais alto. Mas nem mesmo isso será suficiente: devemos considerar também como tarefa a descoberta dum grande número de novos quadros e líderes no interior do Partido e no país. A nossa revolução depende dos quadros. Como dizia Estaline:
"os quadros decidem tudo."(9)
Para atingir esse objectivo, a democracia no seio do Partido é necessária. Se queremos tornar forte o Partido, temos de praticar o centralismo democrático para estímulo da iniciativa em todo o Partido. Havia mais centralismo durante o período da reacção e guerra civil. No novo período, o centralismo deve estar estreitamente ligado à democracia. Apliquemos pois a democracia, para fomentar assim a iniciativa no interior de todo o nosso Partido. Estimulemos a iniciativa de todos os membros do Partido para, dessa maneira, treinarmos novos quadros em grande número, eliminarmos os resíduos de sectarismo, e unirmos, com uma solidez de aço, a totalidade do nosso Partido.
Após as explicações, as opiniões dissidentes expressas nesta conferência em matéria política foram postas de acordo, e a velha divergência entre a linha do Comité Central e a linha de retirada adoptada sob a direcção de certos camaradas, também ficou liquidada(10); isto prova que o nosso Partido já alcançou uma unidade bem sólida. Essa unidade constitui a base mais importante para a actual revolução nacional e democrática, pois a unidade do conjunto da classe e a unidade da nação inteira só podem atingir-se através da unidade do Partido Comunista; e só com a unidade do conjunto da classe e da totalidade da nação se poderá derrotar o inimigo e concluir a tarefa da revolução nacional e democrática.
O objectivo da nossa correcta linha política e da nossa sólida unidade é lutar para incorporar as massas por milhões na Frente Única Nacional Anti-japonesa. As grandes massas do proletariado, do campesinato e da pequena burguesia urbana necessitam do nosso trabalho de propaganda, agitação e organização. Mais esforços da nossa parte são ainda necessários para estabelecer uma aliança com aqueles sectores da burguesia que se opõem ao Japão. Fazer da política do Partido a política das massas é algo que exige esforço, esforço prolongado e persistente, inflexível, enérgico, árduo, tenaz, paciente e decidido. Sem esse esforço nada poderemos conseguir. A formação e consolidação da Frente Única Nacional Anti-japonesa, o cumprimento da tarefa que isso implica e o estabelecimento duma república democrática na China são absolutamente inseparáveis desse esforço de conquista das massas. Se com tal esforço alcançamos a vitória de colocar os milhões e milhões de homens sob nossa direcção, a nossa tarefa revolucionária poderá ser rapidamente cumprida. Com os nossos esforços, seguramente que haveremos de derrotar o imperialismo japonês e atingir a libertação total da nação e da sociedade.
Notas:
(1) Depois do Incidente de Si-an, os imperialistas japoneses adoptaram provisoriamente uma posição aparentemente moderada, na esperança de levarem as autoridades do Kuomintang a romper a paz interna na China, paz que nessa época já tinha começado a estabelecer-se, e ainda no intuito de romperem a Frente Única Nacional Anti-japonesa que então se formava progressivamente. Em Dezembro de 1936, e em Março de 1937, sob instigação dos agressores japoneses, o governo autónomo, fantoche, da Mongólia Interior expediu dois telegramas públicos ao governo kuomintanista de Nanquim, manifestando-lhe o seu apoio. Desejoso de seduzir Tchiang Kai-chek, Sato, ministro dos negócios estrangeiros do Japão, declarou hipocritamente que o seu país ia mudar de atitude com relação à China e contribuir pafa a unificação e renascimento desta. Por outro lado, deslocou-se à China uma pretensa "missão de inquérito sobre a situação económica", conduzida por magnates japoneses da finança, como Kendji Kodams, e afirmando querer ajudar a China a "concluir a sua organização em Estado moderno". Eram esses esquemas de agressão que se designavam por "a diplomacia de Sato", e certas pessoas, enganadas pelas falsas manobras dos imperialistas japoneses, diziam tratar-se de "recuo do Japão". (retornar ao texto)
(2) Em Novembro de 1936, o governo do Kuomintang prendeu, em Xangai, Chen Tchun-ju e mais seis líderes do movimento de salvação nacional e resistência ao Japão, e, em Abril de 1937, o procurador do Supremo Tribunal, kuomintanista, de Sudjou, instaurou-lhes um processo público. Esses líderes eram acusados de "atentado à segurança da República", acusação reaccionária, sistematicamente dirigida pelas autoridades kuomintanistas contra todos os movimentos patrióticos. (retornar ao texto)
(3) Antes do Incidente de Si-an, o Exército do Nordeste estava na fronteira de Xensi e do Cansu, em ligação directa com o Exército Vermelho, acantonado no Norte de Xensi. Fortemente influenciado por este último, o Exército do Nordeste provocou o Incidente de Si-an. Em Março de 1937, no intuito de quebrar os laços que se tinham estabelecido entre os dois exércitos e explorar a situação para criar divisões no seio do Exército do Nordeste, a camarilha reaccionária do Kuomintang ordenou categoricamente a este último que se transferisse para o Honan e o Anghuei. (retornar ao texto)
(4) Iam Hu-tchem era um chefe militar do Noroeste da China que, juntamente com Tcham Siue-liam, provocou o Incidente de Si-an. É daí que os dois nomes passaram a aparecer sempre ligados, sendo conhecidos por "Tcham-Iam". Depois de Tchiang Kai-chek ter sido posto em liberdade Tcham Siue-liam acompanhou-o a Nanquim, onde foi imediatamente detido por Tchiang. Em Abril de 1937, sob ordens da camarilha reaccionária do Kuomintang, Iam Hu-tchem foi igualmente destituído e obrigado a sair para o estrangeiro. Com o eclodir da guerra de resistência ele regressou ao país, no intuito de participar na acção de resistência ao Japão, vindo a ser igualmente detido por Tchiang Kai-chek, que o deixou por muito tempo na prisão. Em Setembro de 1949, quando o Exército Popular de Libertação se aproximava de Tchuntchim, Iam Hu-tchem foi assassinado num campo de concentração. (retornar ao texto)
(5) Tonquan é um importante ponto estratégico situado na fronteira do Xensi, Honan e Xansi. Na altura do Incidente de Si-an, as tropas do Kuomintang estavam fundamentalmente acantonadas a Leste do Tonquan. Algumas pessoas reputadas de "esquerda", como Tcham Cuo-tao, sustentavam que se devia "abrir caminho pelo Tonquan", o que significava que o Exército Vermelho deveria lançar um ataque contra as tropas do Kuomintang. Essa proposta ia contra a política de solução pacífica do Incidente de Si-an, defendida pelo Comité Central do Partido. (retornar ao texto)
(6) Depois da Revolução de Outubro, e durante muito tempo, o imperialismo francês seguiu uma política de hostilidade frente à União Soviética. Pouco após a Revolução de Outubro, o governo francês participou activamente na intervenção armada dos 14 países contra a União Soviética (1918-1920), prosseguindo na sua política reaccionária de isolamento da União Soviética, não obstante as derrotas sofridas durante aquela intervenção. Só em Maio de 1935 é que a França concluiu com a União Soviética um pacto de assistência mútua, graças à influência exercida sobre o povo francês pela política exterior de paz defendida por esta última, e graças às ameaças que a Alemanha fascista fazia pairar sobre ela. O governo reaccionário francês, porém, não cumpriu fielmente esse pacto. (retornar ao texto)
(7) Ver Karl Marx e Frederich Engels, Manifesto do Partido Comunista, parte IV; V. I. Lenine, Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução Democrática, partes XII e XIII; Compêndio de História do Partido Comunista (Bolchevique) da U.R.S.S., capítulo III, secção 3. (retornar ao texto)
(8) Ver J. V. Estaline, "Fundamentos do Leninismo", parte III; "A Revolução de Outubro e as Tácticas dos Comunistas Russos", parte II; "Questões do Leninismo", parte III. (retornar ao texto)
(9) Ver J. V. Estaline, "Discurso Pronunciado no Palácio do Kremlin na Promoção dos Alunos das Academias do Exército Vermelho", em Maio de 1935, onde diz: "... entre todos os capitais preciosos existentes no mundo, o mais precioso e o mais decisivo é o homem, os quadros. É preciso compreender que, nas nossas condições actuais, 'os quadros decidem tudo'." (retornar ao texto)
(10) Trata-se das divergências entre a linha do Comité Central do Partido Comunista da China e a linha de recuo preconizada por Tcham Cuo-tao em 1935-1936. Ver, no presente tomo, "Sobre a Táctica na Luta contra o Imperialismo Japonês", nota 22. Ao dizer que a "divergência ... ficou liquidada", o camarada Mao Tsetung referia-se à reunião do Exército Vermelho da IV Frente com o Exército Vermelho Central. Quanto à traição aberta de Tcham Cuo-tao — degenerou em contra-revolucionário — trata-se duma traição que ocorreu posteriormente, e é algo que já não diz respeito à questão da linha directora, é um acto de traição individual. (retornar ao texto)
Notas do Tradutor:
(1) É a chamada "colaboração económica sino-japonesa", palavra de ordem ilusória, avançada pelo imperialismo japonês com o fim de pilhar e agredir economicamente a China. (retornar ao texto)
Inclusão | 22/09/2011 |
Última alteração | 08/08/2012 |