Denunciar a Conspiração dum Munique do Extremo Oriente

Mao Tsetung

25 de Maio de 194O


Primeira Edição: Directiva interna do Partido, redigida pelo camarada Mao Tsetung em nome do Comité Central do Partido Comunista da China.
Tradução: A presente tradução está conforme à nova edição das Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo II (Edições do Povo, Pequim, Agosto de 1952). Nas notas introduziram-se alterações, para atender as necessidades de edição em línguas estrangeiras.
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim, 1975, Tomo III, pág: 25-27.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo

capa

1. Compromisso entre o Japão e os Estados Unidos à custa da China e conclusão dum Munique do Extremo Oriente, contra o comunismo e a União Soviética, eis a nova conspiração em curso entre o Japão, Estados Unidos e Tchiang Kai-chek. Há que denunciar e combater tal conspiração.

2. Agora que terminou a sua ofensiva militar lançada para obrigar Tchiang Kai-chek a capitular, o imperialismo japonês vai seguramente passar a manobras para levá-lo à capitulação. Uma vez mais, o inimigo recorre à velha política de bater e assoprar, alternativa ou simultaneamente. Temos pois que denunciar e combater essa política.

3. Paralelamente à sua ofensiva militar, o Japão lançou uma campanha de mentiras pretendendo que o “VIII Exército não quer bater-se em coordenação com o Exército Central do Kuomintang”, “explora todas as ocasiões para expandir o seu território”, “busca uma abertura internacional”, “cria outro governo central”, etc. Essa é a trama perversa com que o Japão tenta semear a discórdia entre o Partido Comunista e o Kuomintang, a fim de facilitar a indução deste último à capitulação. Ao difundirem letra por letra tais mentiras, a “Agência Central de Informação” e a imprensa kuomintanistas não hesitam em transformar-se no eco da propaganda anti-comunista do Japão; as suas intenções são mais que suspeitas. Tudo isso deve também ser denunciado e combatido por nós.

4. O Novo IV Exército foi declarado “rebelde” e o VIII Exército não recebe um só cêntimo ou cartucho do Kuomintang; não obstante, esses dois exércitos não deixaram um só momento de combater o inimigo. Na actual campanha no sul do Xansi(1), aliás, o VIII Exército foi quem retomou a iniciativa de coordenar as suas operações com as das tropas do Kuomintang, e há duas semanas está atacando em todos os sectores da frente da China Setentrional, onde, até este momento, continua em violentos combates. As forças armadas e as massas populares dirigidas pelo Partido Comunista converteram-se já nos pilares da Guerra de Resistência contra o Japão. Todas as calúnias lançadas contra o Partido Comunista visam o fracasso da Resistência e facilitam a capitulação. Nós devemos multiplicar os sucessos militares do VIII Exército e do Novo IV Exército e opor-nos a todos os derrotistas e capitulacionistas.


Notas de rodapé:

(1) Trata-se da campanha dos montes Tchuntiao. Em Maio de 1941, mais de cinquenta mil homens das forças de invasão japonesas atacaram a região dos montes Tchuntiao, a norte do rio Amarelo, no sul do Xansi. Sete corpos de exército do Kuomintang estavam concentrados nessa região e quatro outros no nordeste, região de Caopim, perfazendo no total um efetivo de duzentos e cinquenta mil homens. Como as tropas do Kuomintang no norte do rio Amarelo tinham por missão principal combater os comunistas, nunca se prepararam para a guerra contra o invasor, e a maior parte delas procurou evitar o combate quando este atacou. Assim, não obstante a coordenação ativa do VIII Exército com as tropas kuomintanistas para golpear os bandidos japoneses, nessa campanha as forças kuomintanistas foram inteiramente destroçadas, perdendo mais de cinquenta mil homens em três semanas e fugindo as restantes para a margem sul do rio Amarelo. (retornar ao texto)

Inclusão 11/07/2015