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Morra, meu Deus, a Descritiva,
esta matéria sem valor,
que, à tarde, é coisa intempestiva
assunto ouvir tão maçador.
Na sala B, fornalha viva,
que mal me faz estar presente!
Concede, ó Deus, que a Descritiva
um dia morra de repente.
Que disciplina tão nociva!
Como na sala faz calor!
Calor gostoso que incentiva
a um sono bom, reparador.
Morra, Jesus, a Descritiva
acompanhada da tangente,
da Geometria Projetiva
e o mais que amola n'aula a gente.
O sala B, a perspectiva
do teu contorno causa horror,
queima, Senhor, a Descritiva,
joga-a no lixo por favor.
Horas de dor, tarde aflitiva,
a ver traçar linhas de frente,
cousa que a breve trecho aviva
em mim o tédio e a raiva ardente.
Morra de vez a Descritiva,
que a sua perda ninguém sente.
Mas se a "bichona" ficar viva,
morra eu então, subitamente.
(Na aula)
Escola Politécnica,
Salvador, outubro de 1931
Inclusão | 21/03/2016 |