Destruir a Revolução Bolivariana, objectivo do imperialismo

Miguel Urbano Rodrigues

22 de fevereiro 2014


Primeira Edição: ODiario.info - www.odiario.info/?p=319

Fonte: http://resistir.info

Transcriçãoe HTML: Fernando Araújo.


O imperialismo norte-americano (com o apoio dos governos do Reino Unido e da França) está na ofensiva em duas frentes. Obrigado pela Rússia a recuar na Síria ataca na Ucrânia e na Venezuela.

Na Ucrânia, o apoio de Washington às forças empenhadas em derrubar o presidente Iakunovitch foi ostensivo (ver artigo de Paul Craig Roberts).

Na Venezuela, a estratégia dos EUA é mais subtil. Nela a Embaixada em Caracas e a CIA têm desempenhado um importante papel.

O projeto inicial de implantar no país uma situação caótica fracassou. Os apelos à violência de Leopoldo Lopez que assumiram caracter insurreccional na jornada de 12 de Fevereiro tiveram a resposta que mereciam das Forças Armadas e das massas populares solidarias com a revolução bolivariana. Os crimes cometidos pelos grupos de extrema-direita suscitaram tamanha repulsa popular que até Capriles Radonski – o candidato derrotado à Presidência da Republica - optou por se distanciar de Lopez e sua gente, mas convoca novas manifestações "pacíficas". Inviabilizada a tentativa de golpe com recurso à força, o esforço para desestabilizar o país prosseguiu, mas o projeto de tomada do poder foi alterado. O governo define-o agora como "um golpe de estado suave".

Uma campanha de desinformação, que envolve os grandes media dos EUA e da União Europeia, transmite diariamente a imagem de uma Venezuela onde a violência se tornou endémica, manifestações pacíficas seriam reprimidas, a escassez de produtos essenciais aumenta, a inflação disparou e a crise económica se aprofunda.

Ocultam a realidade. Quem promove a violência é a extrema-direita, quem incendiou lojas da Mision Mercal que vende ao povo mercadorias a preços reduzidos, quem saqueia supermercados é essa oposição neofascista que se apresenta como "democrática", é ela que sabota a economia e organiza o açambarcamento de produtos essenciais.

No Estado de Táchira, grupos terroristas paramilitares vindos da Colômbia semeiam o terror, forçando o presidente Maduro a decretar ali o estado de exceção.

É significativo que o embaixador da Venezuela em Lisboa, general Lucas Rincón Romero, tenha sentido a necessidade de emitir um comunicado para esclarecer que os media internacionais publicam quase exclusivamente declarações da oposição que deturpam grosseiramente os acontecimentos do seu pais. A Revolução Bolivariana enfrenta hoje uma guerra económica – a expressão é de Maduro – que é simultaneamente uma guerra psicológica, política e social.

Nesse contexto, o Presidente da Venezuela ao alertar o seu povo para a cumplicidade de Washington na montagem de "um golpe de estado" denunciou o envolvimento em atividades conspirativas da oposição de três funcionários consulares dos Estados Unidos, e ordenou a sua imediata expulsão. Reagindo também à campanha anti-venezuelana da CNN, acusou aquele canal de TV de uma "programação de guerra".

Como reage Barack Obama? Com hipocrisia e arrogância. Não citou o episódio da expulsão dos diplomatas, mas pediu a Maduro que liberte os dirigentes da oposição presos. Como nele é habitual invocou no seu apelo retórico princípios humanitários, o respeito pelos direitos humanos, o diálogo democrático, enfim, aquilo os EUA violam com a sua política de terrorismo de estado.

Somente faltou mencionar explicitamente Leopoldo Lopez, o líder das jornadas de violência que provocaram mortes e destruições em Caracas e noutras cidades.

O senador republicano John McCain, ex candidato à Casa Branca, foi mais longe do que Obama. Numa entrevista à BBC sugeriu com despudor uma intervenção militar direta na Venezuela para "estabelecer a paz e a democracia".

A escalada golpista assumiu tais proporções que desencadeou a nível mundial um poderoso movimento de apoio à Revolução Bolivariana, ameaçada pelo imperialismo e o fascismo caseiro.

Um manifesto de solidariedade ao governo de Maduro, iniciado na Argentina, já foi assinado em muitos países por milhares de intelectuais, artistas, dirigentes políticos, parlamentares e sindicalistas.

A solidariedade com o povo de Bolívar corre mundo como torrente caudalosa.

Vila Nova de Gaia, 22 de Fevereiro de 2014


Inclusão: 01/08/2021