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Marxismo Crítico e Revolucionário
Francisco Martins Rodrigues
21 de Dezembro de 1984
Primeira Edição: Carta de FMR a O Jornal de 21/12/84, publicada no Boletim Interno nº 1, Março de 1985
Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
As notícias vindas a público acerca do recente abandono do PC(R) por algumas dezenas de militantes podem ter induzido em erro os leitores, por insuficiência de informação. Agradeço pois a divulgação dos seguintes breves esclarecimentos:
- — A ruptura teve origem em divergências políticas de fundo, não numa luta entre «pró-albaneses» e «anti-albaneses».
- — Trata-se de saber se a ofensiva capitalista, que já leva nove anos e está pondo os operários na miséria e o país a saque, pode ser detida por uma nova convergência que eleja um presidente liberal, tipo Eanes, ou se exige um reagrupamento do movimento operário, como primeira condição para que alguma coisa mude.
- — Trata-se de saber também se a «Primavera» de há dez anos deve ou não ser classificada como uma fraude, ainda que isso choque muito boa gente. Quanto a nós, os operários foram pura e simplesmente comidos com loas socialistas e têm que se preparar para não voltar a cair noutra. A insolência reaccionária de Soares em 84 não seria possivel sem as bombeiradas ordeiras de Cunhal em 74 — esta é a questão.
- — Consideramos ainda perda de tempo andarem-se a criar imitações radicais da tacanhez reformista do PCP. Não é com lutas para disciplinar o lucro dos capitalistas que se forma uma vanguarda operária, capaz de deslocar a balança de forças para a esquerda. Para isso, é preciso semear entre os operários a revolta contra o papel que lhes foi distribuído, de vaca leiteira do sistema.
- — Por fim, não acreditamos que possa existir em Portugal um partido comunista a sério (isto é, que seja o oposto do PCP) sem uma corrente de ideias marxistas. Dogmas e tabus acerca de Staline, de Mao, da Albânia, etc., já ajudaram a liquidar duas gerações de revolucionários. Contra os «marxismos» empalhados que por aí se vendem, vamos fazer o que pudermos pelo marxismo crítico, vivo, revolucionário. Será o nosso contributo para resolver a crise que aflige o país.
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