Consulta aos Camaradas sobre as Eleições

Francisco Martins Rodrigues

12 de Novembro de 1985


Primeira Edição: ....

Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando A. S. Araújo.

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A fim de preparar um projecto de Manifesto eleitoral, aue será discutido em Assembleia da nossa organização, a 14 de Dezembro, a Direcção decidiu fazer uma consulta prévia a todos os camaradas. As teses e perguntas que a seguir formulamos deverão ser discutidas nos núcleos e devolvidas à Direcção até 20 de Novembro, com respostas escritas. Chamamos a vossa atenção para a importância da participação de todos os camaradas nos trabalhos desta Assembleia.

Atitude face às eleições

Embora a OCPO não tenha capacidade para influenciar os acontecimentos, isso não nos dispensa da obrigação de ajudar os operários e outros trabalhadores a orientarem-se no meio da demagogia eleitoral dos partidos burgueses e pequeno-burgueses. Temos que contribuir para criar uma corrente operária revolucionária defendendo posições que sirvam simultaneamente para combater a direita e desmascarar os liberais e reformistas. Devemos levar essas posições ao conhecimento dos operários pela agitação directa. O desinteresse pelas eleições não é uma atitude revolucionária.

Legislativas

A nossa defesa da abstenção nas legislativas foi correcta. O voto na UDP ter-nos-ia ganho simpatias entre os seus aderentes mas à custa de alimentarmos ilusões na demagogia oportunista. Mesmo que aconselhássemos o voto crítico na UDP, ficaríamos nas suas águas e prejudicaríamos a ruptura que pretendemos fazer pela esquerda.

Presidenciais

Não existe nenhum candidato que se oponha ao regime e defenda os interesses operários e populares. Todos os candidatos pretendem reforçar o capitalismo e mistificar as massas. Devemos portanto avisar os trabalhadores de que vai ser eleito o Presidente da burguesia e não o presidente “de todos os portugueses”. O nosso Manifesto deve defender a abstenção como forma dos trabalhadores manifestarem simultaneamente a sua oposição frontal à eleição de Freitas ou Soares e a sua desconfiança em Pintasilgo e Zenha.

Se se definir o perigo de uma vitória da direita com Freitas à segunda volta, devemos fazer campanha para o derrotar, votando no seu opositor. Manter a abstenção nesse caso apareceria aos olhos dos trabalhadores como una ajuda à direita.

Para que esta votação no adversário de Freitas à segunda volta não se confunda com a campanha reformista do PCP e da UDP, o Manifesto deve dizer que só votaremos como último recurso, para impedir a estabilização do regime em torno de Cavaco-Freitas, e que, caso sejam eleitos Zenha ou Pintasilgo, continuaremos a combatê-los desde o primeiro dia da sua eleição.

No caso de uma segunda volta entre Freitas e Soares, deveríamos fazer campanha contra os dois e não votar, por serem projectos igualmente reaccionários e com iguais apoios imperialistas.

Autárquicas

Como nestas eleições se decidem questões de poder local, não se exige uma posição pública da nossa organização. Devemos deixar ao critério de cada camarada a atitude a tomar, de voto ou abstenção.


Inclusão 16/10/2018