Fanáticos à solta

Francisco Martins Rodrigues

Novembro/Dezembro de 2001


Primeira Edição: Política Operária nº 82, Nov-Dez 2001

Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

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Depois de ter arrancado à “comunidade internacional” carta branca para atacar quem entender, quando entender, durante as próximas décadas, concluída com êxito a campanha gloriosa dos B52 contra o povo afegão agonizante, autorizado o cão de guarda Sharon a arrasar a Palestina e rasgar os acordos de Oslo, Bush considera qual deverá ser o próximo alvo — Iraque, Iémen, Somália? - e, de passagem, rasga o tratado dos mísseis antibalísticos, dando assim o primeiro passo para um enfrentamento futuro com a Rússia e a China. Decidido a tomar conta do mundo para adiar a bancarrota que se perfila no horizonte, o império americano já encara como “hipótese de trabalho” um holocausto de proporções nunca antes conhecidas.

O simples enunciado destes factos permite medir a real dimensão da escalada em curso, oculta sob um atordoante bombardeamento mediático. Numa táctica com antecedentes clássicos, alterna-se a histeria guerreira com os discursos moralizantes, espalham-se rumores contraditórios, semeia-se a alienação — preparam-se os espíritos para aceitar a catástrofe como inevitável.

Enquanto isto, ansiosos por merecer o louvor (e o prémio) de cima, os nossos *democratas" amestrados vão clamando contra os “fanáticos terroristas”. Com a sua estupidez e a sua cobardia, funcionam como guarda avançada da aventura transcontinental dos fanáticos superterroristas. E também isto é clássico.


Inclusão 18/08/2019