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Primeira Edição: ....
Fonte: Primeira Linha em Rede
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Apresentamos a análise de Francisco Martins após o processo eleitoral recentemente vivido em Portugal, que parece reforçar a candidatura do direitista Cavaco Silva à presidência da República, graças à inestimável ajuda da suposta "esquerda" do governante PSP, e com um PCP também fortalecido à esquerda do PS como terceira força institucional.
Apesar da dramatizaçom feita polos dous grandes partidos rivais, PS e PSD, nom houvo grandes alteraçons na distribuiçom geral dos votos e dos lugares nas recentes eleiçons locais portuguesas: 2,7 milhons de votos e 141 presidências de cámaras para a "esquerda", 2,3 milhons e 160 presidências para a direita — resultados muito semelhantes aos de há quatro anos. O problema foi que o PS, mesmo sendo o mais votado, nom recuperou das perdas sofridas naquele ano. Parece esgotado o efeito da "milagrosa" maioria absoluta conseguida nas legislativas de Fevereiro.
O que há de mais significativo é a recuperaçom da CDU, coligaçom chefiada polo PCP, que arrancou 7 municípios ao PS e se afirmou, com 11 por cento dos votos e 32 cámaras, como o terceiro partido, invertendo a tendência de declínio dos últimos anos. O agravamento constante da situaçom dos trabalhadores, vítimas da política de "saneamento financeiro" seguida polo governo socialista às ordens de Bruxelas, tem contribuído para devolver ao PCP um discurso mais radical e dar popularidade ao seu novo secretário-geral, Jerónimo de Sousa. Este "ressurgimento" é porém de fôlego curto porque o partido está profundamente dividido entre grupos de interesses contraditórios - parlamentares, sindicalistas, autarcas - e a sua estratégia nom vai além da busca de umha impossível aliança com o PS ou com parte dele.
O Bloco de Esquerda, que foi a grande revelaçom das legislativas de Fevereiro, continua a progredir, mas, devido à sua escassa implantaçom local, obtivo apenas 2,95 dos votos e 1 município.
Factor escandaloso foi a eleiçom em municípios importantes de três candidatos "independentes" com processos pendentes em tribunal por corrupçom (uma delas, antiga militante socialista, apesar de fugida à justiça no Brasil, regressou para ser eleita triunfalmente sem ser incomodada pola polícia!). O que ressalta da abundante polémica em torno do assunto é que estes nom som de forma algumha casos isolados, mas a ponta de um enorme icebergue. Os entrelaçamentos de interesses entre governantes (locais ou nacionais) e os empreiteiros e meios de negócios, os subornos, luvas, decretos de favor, tornárom-se umha prática habitual na política portuguesa. Os discursos contra a corrupçom, como o que fijo o Presidente da República no dia 5 de Outubro, aniversário da implantaçom da República, nada podem contra este fenómeno, próprio do capitalismo "moderno".
Agora, com os partidos em nova corrida para a eleiçom presidencial, em Janeiro, é a direita que leva vantagem, usando a "grande vitória" nas eleiçons locais como alavanca para dar a vitória à candidatura de Cavaco Silva, antigo primeiro-ministro que se celebrizou como amigo das multinacionais e inimigo dos trabalhadores e agora aparece como o "salvador" capaz de levar o país a superar a profunda crise económica e financeira em que se arrasta.
Inclusão |