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Primeira Edição: Política Operária nº 112, Nov-Dez 2007
Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida
Transcrição: Ana Barradas
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Mudar de vida (http://www.jornalmudardevida.net)
O nosso panorama íntemáutico foi enriquecido com este jornal de actualidade política de que já saíram dois números, dirigido por Manuel Raposo, José Mário Branco e Vladimiro Guinot, entre outros. Os comentários são variados, curtos, bem redigidos, a apresentação é atraente e a orientação é de tipo “democrático popular” bem marcado. A falha que se pode apontar a este Mudar de Vida é a de uma excessiva prudência política, pouco consonante com a Declaração política do mesmo título, que é reivindicada como documento orientador do jornal.
De facto, essa Declaração, elaborada na fase inicial do projecto (de que nós próprios, Política Operária, fomos promotores e participantes, antes de sermos dele excluídos, num processo atribulado que não vem agora ao caso), proclama a necessidade de “reerguer a luta contra o capital”, propõe “frentes de luta imediatas”, critica os partidos de esquerda como “reformistas”, “repudia a bandeira esfarrapada da democracia e dos direitos humanos agitada pelo Ocidente imperialista”, etc., etc.
Ora, não só essas ideias não são desenvolvidas como há uma nítida discrição quanto às forças políticas em presença na área da esquerda, evitando-se a crítica ao PCP, BE, etc.
Isto corresponde provavelmente à intenção de numa primeira fase se evitarem tomadas de posição muito definidas, para alargar o leque de leitores, passando-se depois a uma revelação progressiva das ideias mestras do colectivo editorial. Mas, a ser essa a intenção, viria a incorrer-se naquilo que o próprio José Mário Branco chamou uma vez o “querer arregimentar pessoas sem lhes dizer claramente para quê”.
Inclusão | 21/08/2019 |