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Fonte: A Moral Deles e a Nossa, Título original: Leur Morale et la Notre, Leon Trotsky. Tradução: M. Resende. Edições Antídoto, 1979.
Transcrição: Ariana Meireles Souza
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: © Edições Antídoto. Gentilmente cedidos pela Associação Política Socialista Revolucionária.
Trata-se de um livro escrito muito recentemente. Para Trotsky não há moral em si, não há moral ideal ou moral eterna. A moral é relativa a cada sociedade, a cada época, relativa sobretudo aos interesses das classes sociais.
No momento actual, a maior parte dos países vivem sujeitos a uma moral burguesa. Nos países de democracia liberal, os interesses da burguesia encontram-se mascarados sob uma moral ideal, conforme aos interesses bem compreendidos da burguesia.
A verdadeira moral deve defender os interesses da própria humanidade, representada pelo proletariado. Trotsky pensa que o seu partido, que já esteve no poder e que hoje se encontra na oposição, representou sempre o verdadeiro proletariado e que ele próprio representou a verdadeira moral.
Conclui daqui, por exemplo, o seguinte: fuzilar reféns é acto que assume significados completamente diferentes, consoante a ordem for dada por Estaline, ou por Trotsky, ou pela burguesia. Essa ordem é moralmente válida se tiver por objectivo e por efeito táctico a vitória revolucionária da classe proletária. Assim, Trotsky defende o decreto que promulgou em 1919 e que autorizava o sistema dos reféns (mulheres e filhos dos adversários...) mas julga abominável este sistema quando aplicado por Estaline (que, por exemplo, para obrigar um diplomata a regressar à Rússia, ameaça a sua família), porque Estaline age assim para defender a burocracia contra o proletariado.
Apoiando-se em Lenine, Trotsky declara que: os fins justificam os meios (desde que os meios não sejam inúteis; exemplo, em geral, o terrorismo individual é inútil); nenhum cinismo nesta atitude, mas, diz o autor, simples constatação dos factos. Trotsky declara ter destes factos uma consciência aguda, que constitui o seu sentido moral.
O conteúdo desta obra não é sem dúvida inteiramente novo, mas nunca foi expresso com tanta clareza, nem formulado tão nitidamente. Para toda uma categoria de intelectuais e escritores de esquerda a astúcia e a violência em si são sempre coisas más, que só podem gerar o mal. Para Trotsky, quando são postas ao serviço de um fim justificado, a astúcia e a violência devem ser empregadas sem hesitação, representando nessas circunstâncias, pelo contrário, o bem.
Nota MIA: Este texto foi utilizado como apresentação à edição francesa da obra de Trotsky "A Moral deles e a nossa" cuja tradução foi efetuada por Victor Serge. Há controvérsia sobre a autoria deste texto, entretanto, Trotsky em sua réplica "Moralistas e Sicofantas Contra o Marxismo" insinua que Serge tenha sido o autor, razão pela qual resolvemos incluir o texto neste arquivo. (retornar ao texto)
Inclusão | 12/03/2010 |