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São decorridos, vinte e quatro anos, desde a vitória da Revolução Socialista de Outubro e da implantação do sistema soviético em nosso país. Estamos agora no começo de outro ano, o 25.° da existência do sistema soviético.
É comum, nas assembléias comemorativas da Revolução de Outubro, fazermos um resumo de nossos êxitos no domínio da construção pacífica durante o ano que passou. Esses êxitos nos domínios da construção pacífica aumentam, não somente de ano para ano, mas também de mês para mês. Quais são esses êxitos e qual a sua magnitude, sabem-no tanto nossos amigos como nossos inimigos.
O ano transcorrido não foi, porém, apenas um ano de construção pacífica. Foi também um ano de guerra contra os invasores alemães que atacaram, à traição, nosso pacífico país. Assim é que somente durante os seis primeiros meses do ano transcorrido pudemos continuar nossa construção pacífica. Durante a segunda metade do ano, mais de quatro meses foram empregados na encarniçada guerra contra os imperialistas alemães. A guerra transformou-se, assim, no ponto de rotação no desenvolvimento de nosso país durante o ano passado. Nossa construção pacífica reduziu-se consideravelmente e, em certos ramos, paralisou por completo. Fomos obrigados a reorganizar todo o nosso trabalho, colocando-o em pé de guerra. Nosso país transformou-se numa retaguarda unida a serviço de nosso Exército e de nossa Marinha. O período de construção pacífica chegou a seu fim. Começou o período de guerra, que visa libertar-nos da agressão alemã.
É muito oportuno, pois, examinar os resultados da guerra durante a segunda metade do ano passado ou, para ser mais preciso, durante mais de quatro meses da segunda metade, focalizando as tarefas que tivemos de enfrentar nesta guerra de libertação.
Já vos disse em um de meus discursos no começo desta guerra, que a mesma criou um sério perigo para nosso país; que nossa pátria deve enfrentar esse perigo; que é necessário compreender e avaliar esse perigo, reorganizando todo o nosso trabalho de forma a colocá-lo em pé de guerra.
Agora, em consequência de quatro meses de guerra, devo frisar que esse perigo, longe de diminuir, aumentou ainda mais. O inimigo capturou grande parte da Ucrânia, da Bielorússia, da Moldávia, da Estônia e outras numerosas regiões; penetrou no Donbas, assedia Leningrado e ameaça Moscou, nossa gloriosa capital.
Os fascistas alemães estão saqueando nosso país, destruindo as cidades e aldeias construídas pelo trabalho de nossos operários, camponeses e intelectuais. As hordas de Hitler matam e violam os pacíficos habitantes de nosso país, sem a menor piedade para com as mulheres, crianças e velhos. Nossos irmãos das regiões capturadas gemem sob o jugo dos opressores alemães.
Os combatentes de nosso exército e de nossa marinha, defendendo a honra e a liberdade de nossa pátria, repelindo valentemente os ataques do inimigo brutal, estão dando exemplos de valor e heroísmo.
Mas o inimigo não se detém ante as suas perdas. Não lhe causa a mínima impressão o sangue de seus soldados, razão pela qual vai lançando à frente novos destacamentos em substituição a suas tropas postas fora de combate, concentra todas as suas torças para tentar a captura de Leningrado e de Moscou antes que chegue o inverno, pois sabe que este não lhe promete nada de bom. Durante esses quatro meses de guerra nossas perdas foram de 350.000 mortos, 378.000 desaparecidos e 1.020.000 feridos. No mesmo período o inimigo perdeu, entre mortos e feridos, 4.500.000 homens. Não há dúvida nenhuma de que a Alemanha, cujas reservas humanas já se estão esgotando, ficou mais debilitada que a União Soviética, cujas reservas somente agora estão entrando em ação.
Ao iniciar sua ofensiva contra o nosso país, os alemães calculavam que, seguramente, poderiam "acabar" com a URSS em um mês e meio ou dois meses, conseguindo, nesse breve tempo, chegar até os Urais.
É preciso notar que os alemães não faziam segredo desse plano de vitória relâmpago. Pelo contrário, proclamavam sua intenção por todos os meios. Os fatos, entretanto, encarregaram-se de demonstrar a superficialidade e a falta de base desse plano. Agora já se pode considerá-lo fracassado.
Como se pode explicar que a "guerra relâmpago" que tão bom resultado deu na Europa ocidental, tenha fracassado no Oriente? Quais eram os cálculos dos estrategistas nazistas, quando afirmavam que, em dois meses, acabariam com a União Soviética, chegando até os Urais em tão breve lapso de tempo? Baseavam-se, antes de tudo, no fato de que esperavam seriamente formar uma coalizão geral contra a URSS, atraindo os Estados Unidos e a Inglaterra, atemorizando os círculos dirigentes desses países com o fantasma da revolução e isolando, dessa forma, nosso país das demais potências.
Os alemães sabiam que a sua política de explorar as contradições existentes entre as classes dos Estados isolados e entre esses Estados e o país soviético, haviam já dado bons resultados na França, cujos governantes se deixaram atemorizar pelo espectro da revolução e, por medo, depuseram aos pés de Hitler a sua pátria, abandonando a resistência. Os estrategistas do nazismo pensavam que ocorreria o mesmo nos Estados Unidos e na Inglaterra.
O famigerado Hess foi enviado precisamente para isso à Inglaterra pelos fascistas alemães, com o objetivo de convencer aos políticos ingleses que deviam aderir à campanha comum contra a URSS Mas os alemães equivocaram-se lamentavelmente. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos, em que pese aos esforços de Hess, não só não aderiram à campanha dos conquistadores fascistas, como ainda se colocaram ao lado da URSS, contra a Alemanha hitlerista. Dessa forma, a URSS não ficou isolada e, melhor ainda, adquiriu novos aliados na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e outros países ocupados pelos alemães.
Daí resultou que a política alemã de explorar as contradições e atemorizar com o espectro da revolução, passou de moda e já não serve à nova situação. E não somente não lhes serve de nada, como encerra graves perigos para os invasores alemães, pois, de acordo com as novas condições da guerra, a mesma política conduz a resultados diametralmente opostos.
Em segundo lugar, os alemães contavam com a inconsistência do regime soviético. Contavam com a inconsistência da retaguarda soviética, supondo que, após o primeiro golpe sério e os primeiros revezes sofridos pelo Exército Vermelho, surgiria um conflito entre os operários e os camponeses, começariam as lutas entre os povos da URSS. Mas, também nesse ponto, falharam as previsões alemãs. Os revezes do Exército Vermelho, não somente não debilitaram, mas reforçaram ainda mais, tanto a aliança entre os operários, como a fraternidade entre os povos da URSS. Mais ainda: converteram a família de povos que hoje constitui a URSS em uma só fortaleza que apóia abnegadamente seu Exército e sua Frota Vermelha.
A retaguarda soviética nunca foi tão sólida como agora. É perfeitamente certo que outro Estado qualquer, tendo perdido tanto território quanto nós, não resistiria à prova e se desaprumaria. Se o regime soviético resistiu tão facilmente a essas provas e reforçou ainda mais a sua retaguarda, isto quer dizer que o regime soviético é agora um regime mais sólido.
Os invasores fascistas contavam, finalmente, com a debilidade do Exército e da Marinha Vermelhos, supondo que poderiam, no primeiro golpe, destruir nosso exército e nossa frota, abrindo caminho assim para o seu avanço em direção ao interior de nosso solo. Mas ainda neste ponto os alemães falharam por haver superestimado as suas forças e subestimado nosso exército e nossa frota.
Naturalmente, nosso exército e nossa marinha são ainda jovens: estão combatendo há quatro meses apenas, não tiveram tempo de converter-se em um exército e marinha experimentados e estão se defrontando com exércitos que combatem há já dois anos. Mas, em primeiro lugar, o estado moral de nosso exército é superior ao do alemão, pois defende a sua pátria contra o invasor estrangeiro e acredita na justiça de sua causa; enquanto que o exército alemão faz uma guerra de rapinagem, assolando um país estrangeiro, sem que possa crer, por um minuto sequer, na justiça de sua causa abominável.
Não resta dúvida alguma de que a idéia da defesa de sua pátria, em cujo nome lutam nossos homens, deve engendrar e de fato engendra em nosso exército os heróis de que se compõe o Exército Vermelho; enquanto que a idéia da conquista e do saque, em cujo nome os alemães fazem a sua guerra, deve engendrar, como de fato engendra, um exército de salteadores profissionais, privados de todo o senso moral.
Em segundo lugar, ao avançar para o interior de nosso país, o exército alemão afasta-se de sua retaguarda, vê-se obrigado a lutar em uma atmosfera hostil, tem que organizar uma nova retaguarda em um país estranho, a qual é continuamente atacada por nossos guerrilheiros. Isso desorganiza radicalmente o aproveitamento do exército alemão, obriga-o a ter medo de sua própria retaguarda, matando nele a fé na solidez de sua situação; enquanto que nosso exército atua em ambiente próprio, goza da ajuda permanente de sua retaguarda, conta com um perfeito aprovisionamento em homens, víveres e materiais, tendo uma profunda fé na sua retaguarda. Eis aí porque nosso exército demonstrou ser mais forte do que pensavam os alemães e o exército alemão mostrou ser mais fraco do que se podia supor, a julgar pelas fanfarronadas dos invasores alemães.
A defesa de Leningrado e de Moscou, onde nossas tropas aniquilaram, não faz muito, três dezenas de divisões escolhidas alemãs, demonstra que, ao calor da guerra na defesa da pátria, forjam-se, como já se forjaram, novos soldados e chefes, aviadores, artilheiros, lança-minas, tanquistas, soldados de infantaria e marinheiros que amanhã se converterão numa tempestade para o exército alemão. Não há dúvida de que todas estas circunstâncias, tomadas em conjunto, predeterminaram a inevitabilidade do fracasso da "guerra relâmpago", no Oriente.
Tudo isto, naturalmente, é certo. Mas é verdade também que, ao lado dessas condições favoráveis ao Exército vermelho, há uma série de condições desfavoráveis que nos obrigam a ceder ante a pressão inimiga, a suportar revezes temporários, a retroceder, entregando ao inimigo uma série de regiões do nosso país. Quais são essas condições desfavoráveis? Em que residem os motivos dos revezes militares temporários do Exército Vermelho?
Um dos motivos consiste na falta de uma segunda frente na Europa, contra as tropas fascistas alemãs. Atualmente, no continente europeu, não há nenhum exército da Grã-Bretanha ou dos Estados Unidos que lute contra as tropas fascistas, de forma que Hitler seja obrigado a lutar em duas frentes: no oriente e no ocidente. Isso faz com que os alemães, considerando segura sua retaguarda no ocidente, possam lançar suas tropas e as de seus aliados na Europa, contra o nosso país. A situação é tal, que nosso país combate sozinho nesta guerra, sem ajuda militar de ninguém, contra as forças unidas alemãs, finlandesas, romenas, italianas e húngaras.
Os alemães se jactam de seus êxitos temporários e gabam desmesuradamente o seu exército, afirmando que este pode sempre vencer o Exército Vermelho. Mas as afirmações alemãs não são mais do que pura fanfarronice, pois não se compreende por que, se assim fosse, teriam os alemães de recorrer à ajuda dos finlandeses, romenos, italianos e húngaros, para lançá-los contra o Exército Vermelho, que luta exclusivamente com suas forças, sem qualquer ajuda militar de fora.
Sem dúvida alguma, a não existência de uma segunda frente na Europa, alivia consideravelmente a situação do exército alemão. Não há dúvida, pois, de que a criação de uma segunda frente no continente europeu — o que deve acontecer em futuro próximo — melhorará sensivelmente a situação de nosso exército, em prejuízo dos exércitos alemães.
Outra causa dos revezes temporários de nosso exército consiste na escassez de tanques e, em parte, de aviação. Na guerra moderna, é muito difícil para a infantaria lutar sem tanques, e sem uma suficiente proteção aérea. Nossa aviação é superior, em qualidade, à aviação alemã e nossos gloriosos aviadores estão se cobrindo de glória, da mesma forma que os combatentes de terra. Mas, por enquanto, temos menor número de aviões que os alemães.
Nossos tanques são de melhor qualidade que os dos alemães e nossos gloriosos tanquistas e artilheiros mais de uma vez puseram em fuga as tão gabadas tropas alemãs, com seus numerosos tanques. Mas a verdade é que temos varias vezes menos tanques que os alemães. Não podemos dizer que nossa indústria trabalha mal e fornece poucos tanques à frente. Não. Nossa indústria trabalha muito bem e fabrica grande número de tanques excelentes.
Os alemães, porém, fabricam muito mais, por isso que dispõem não só de sua própria indústria de tanques, como também da indústria da Tchecoslováquia, da Bélgica, da Holanda e da França. Não fora isso e o Exército Vermelho já teria derrotado o exército alemão, que não sabe lutar sem tanques e não resiste aos golpes de nossas unidades quando não contam com a superioridade nessas armas.
Existe apenas um meio necessário para reduzir a zero a superioridade dos alemães em tanques e, assim, melhorar radicalmente a situação de nosso exército. Esse meio consiste não só em aumentar varias vezes a produção de tanques em nosso país, como também aumentar rapidamente a produção de aviões anti-tanques, canhões e armas anti-tanques, morteiros e granadas anti-tanques, fazendo fossos anti-tanques e toda a espécie de obstáculos. É essa a nossa atual tarefa. Podemos cumpri-la e devemos cumpri-la, seja como for!
Quem são os nacional-socialistas, inimigos de nossa pátria? Em nosso país chamamos habitualmente os hitleristas, isto é, os invasores alemães, de fascistas. Os hitleristas, ao que parece, consideram que isto não é justo e insistem em denominar-se "nacional-socialistas". Por conseguinte, os alemães querem fazer-nos acreditar que o partido hitlerista, o partido dos invasores fascistas, que assola a Europa e organizou a canalha agressão ao nosso Estado socialista, é um partido socialista.
Será possível isso? Que pode haver de comum entre socialismo e os selvagens opressores hitleristas que saqueiam e oprimem os povos de toda a Europa? Pode-se considerar nacionalistas os hitleristas? Não é possível.
Na realidade, os hitleristas já não são nacionalistas, mas sim imperialistas. Enquanto os hitleristas procuravam unificar as terras alemãs com a anexação do Reno, da Áustria, etc., poderiam ser chamados nacionalistas com certo fundamento. Mas, depois que se apoderaram dos territórios alheios e escravizaram outras nações européias, submetendo ao seu jugo os tchecoslovacos, os polacos, os noruegueses, os holandeses, os belgas, os franceses, sérvios, gregos, ucranianos, bielorrussos, povos bálticos, etc., começando assim a lutar pelo domínio do mundo, o partido hitlerista deixou de ser nacionalista, pois desde esse momento converteu-se em invasor, opressor, quer dizer, imperialista. O partido hitlerista é, assim, o partido dos imperialistas, o partido dos imperialistas mais rapaces e salteadores de todo o mundo.
Pode-se considerar socialistas aos hitleristas? Não é possível. Na realidade, os hitleristas são inimigos jurados do socialismo, reacionários furiosos, que se parecem com os Cem Negros, que despojaram a classe operária e os povos da Europa das mais elementares liberdades democráticas.
Para ocultar sua essência reacionária, os hitleristas acusam o regime anglo-americano de regime plutocrático. Mas na Inglaterra e nos Estados Unidos há elementares liberdades democráticas, existem sindicatos de operários e empregados, existem partidos operários, existe um Parlamento; enquanto que, na Alemanha, o regime hitlerista aboliu todas essas instituições. É suficiente contrapor estes dois fatos para compreender toda a essência reacionária do regime hitlerista, toda a falsidade charlatanesca dos fascistas alemães a respeito do regime plutocrático anglo-americano.
No fundo, o regime hitlerista é uma cópia do regime reacionário que existia na Rússia sob o domínio tzarista. É sabido que os hitleristas arrebatam os direitos aos operários e aos intelectuais, tal como fazia o tzarismo; e que organiza também, com satisfação, as matanças de judeus, próprias da Idade Média, tal como o regime tzarista. O partido hitlerista é o partido inimigo das liberdades democráticas, o partido reacionário medieval, o partido dos pogroms, próprio dos Cem Negros. E quando esses imperialistas recalcitrantes e reacionários consumados se apresentam sob o rótulo de "nacionalistas" e "socialistas", fazem-no para enganar o povo, para idiotizar os cândidos e para encobrir sua essência imperialista. São gaviões disfarçados em pombas. Mas, por maior que seja o número de penas de pombas que ponha o gavião, este nunca deixará de ser gavião...
"É necessário, por todos os meios — escreve Hitler — conseguir para os alemães o domínio do mundo. Se quisermos criar o nosso grande império alemão, devemos, antes de tudo, eliminar os povos eslavos: russos, polacos, tchecos, eslovacos, búlgaros, ucranianos, bielorrussos. E não há motivo algum para que não o façamos".
"O homem — diz Hitler — é pecador inato: só pode ser conduzido pela força. Qualquer método é permitido para tratá-lo. É preciso mentir, atraiçoar e até matar, se a política assim o exige".
"Matai diz Goering — matai todo aquele que se manifestar contra nós. Matai, matai, que o único responsável sou eu. Por isso, matai".
"Eu quero emancipar o homem — diz Hitler — da humilhante quimera que se denomina consciência. A consciência, tal como a instrução, mutila o homem. Eu, por mim, não me detenho diante de nenhuma consideração de ordem morai ou teórica".
Numa ordem do comando alemão, dada ao 489.° regimento de infantaria, a 25 de Setembro, e que foi encontrada nos bolsos de um suboficial morto, lia-se o seguinte:
"Ordeno que façam fogo sobre qualquer russo que apareça a uma distância de 600 metros".
A Alemanha tem a insolência de pregar a destruição da Grande Rússia, a pátria de Plekhanov, Lênin, Byelinsky, Chernoshevsky, Puchkin, Tolstoy, Glynka, Chaikowsky, Gorky, Chekov, Sichenov, Pavlov, Retin, Surikov, Suvorov e Kutuzov. Os invasores alemães pretendem fazer uma guerra de extermínio contra os povos da União Soviética. Devemos fazer-lhes a vontade. De agora em diante, a tarefa de todos os povos da URSS, a tarefa dos combatentes e instrutores políticos de nosso exército e de nossa marinha, deverá consistir no extermínio, até o último homem, de todos os alemães que penetraram no território de nossa pátria como invasores. Não deverá haver piedade para os invasores germanos.
Somente os hitleristas, loucos e enfatuados, não conseguem compreender que a chamada "nova ordem" da Europa é um vulcão prestes a crepitar e cobrir com seus escombros o castelo de cartas de imperialismo fascista.
Os alemães acham que Hitler procede da mesma forma que Napoleão, mas não devem esquecer-se do que aconteceu a este. A verdade é que Hitler se parece tanto com Napoleão, como um gato com um leão. Napoleão lutou contra as forças reacionárias, apoiando-se nas forças progressistas; enquanto que Hitler, apoiado pelas forças reacionárias, faz a guerra contra as forças progressistas. Somente os hitleristas de Berlim não conseguem compreender que os povos subjugados da Europa lutarão e levantar-se-ão contra a opressão hitlerista. Quem pode duvidar de que a União Soviética, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos darão seu mais amplo apoio aos povos da Europa em sua luta contra a tirania de Hitler?
Enquanto estiveram entregues à tarefa de unificar novamente a Alemanha, que havia sido cortada em pedaços pelo tratado de Versalhes, os hitleristas contaram com o apoio do povo alemão, animado pelo ideal de restaurar seu país; quando, porém, Hitler abandonou o caminho do idealismo e iniciou a anexação de terras estrangeiras, subjugando outros países, produziu-se uma profunda corrente de opinião contrária à prolongação desta guerra sangrenta, que já dura dois anos, e cujo fim não se vislumbra ainda.
Os milhões de vítimas humanas, a fome, a pobreza e as epidemias criaram, por toda parte, uma atmosfera de hostilidade contra á estúpida política de Hitler. Os hitleristas são os únicos que não se apercebem de que a retaguarda das tropas alemãs constitui um enorme vulcão, cuja erupção sepultará todos os aventureiros fascistas.
A Grã-Bretanha, os Estados Unidos e a União Soviética foram colocadas dentro do mesmo campo de ação e propuseram-se a derrotar os imperialistas nazistas e seus exércitos invasores.
A guerra moderna é uma guerra de máquinas e será ganha por aquele que conseguir uma esmagadora superioridade na produção das referidas máquinas. Se somarmos o que podem produzir os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a União Soviética, obteremos uma produção que será, pelo menos, três vezes maior que a da Alemanha. Esta é uma das razões fundamentais da sentença de morte que pesa sobre a rapacidade do imperialismo nazista.
Na conferência tripartite que recentemente se realizou em Moscou e da qual participaram lord Beaverbrook, como representante da Grã-Bretanha e Mr. Harriman, como representante dos Estados Unidos, ficou resolvido que seria prestada ajuda sistemática a nosso país, mediante o fornecimento de tanques e aviões. Como é sabido, já começamos a receber esses tanques e aviões, de acordo com o que ficou assentado na referida conferência. Mas já, antes desta, a Grã-Bretanha nos vinha fornecendo materiais de que necessitávamos, tais como alumínio, chumbo, estanho, níquel e borracha. Se, a isso, acrescentarmos o fato de que, há poucos dias, os Estados Unidos resolveram conceder ao governo soviético um empréstimo de um bilhão de dólares, podemos declarar com certeza que a coalizão entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a União Soviética é um fato cuja importância está aumentando cada vez mais, em benefício de nossa causa comum. São esses os fatores que determinarão a inevitável destruição do imperialismo nazista.
Lenine dividiu as guerras em duas classes: as guerras de agressão, que são injustas; e as de defesa, que são justas. Os alemães estão fazendo uma guerra de agressão que tem por objetivo a anexação de terras de outros países e, portanto, todo homem honesto deve levantar-se para esmagar as agressões.
Os povos da União Soviética e seus aliados estão fazendo uma guerra de libertação que visa restituir a liberdade aos povos subjugados da Europa, vítimas do imperialismo de Hitler. Toda pessoa honrada deve abastecer os exércitos de nosso país, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, por se tratar de campeões da libertação, não somente na Europa, mas também na Ásia, como por exemplo no Irã.
Nosso primeiro dever é libertar os povos escravizados da Europa. Os povos subjugados de todo o mundo apelaram para nós, solicitando ajuda. Devemos fazer tudo quanto esteja em nosso poder para ajudá-los e para que voltem a viver em completa liberdade dentro de sua pátria, da maneira que desejarem. Para atingir esse fim, devemos destruir a máquina de guerra alemã, aniquilando a parte da mesma que penetrou em nosso país.
Por essa razão, é indispensável que nosso exército e nossa marinha tenham a força suficiente para fazer uma guerra eficiente. Para isso, nossos operários deverão trabalhar no sentido de produzir, cada vez mais e sem desfalecimentos, maior número de tanques, de canhões anti-tanques, aviões, artilharia, morteiros de trincheira, metralhadoras, fuzis e munições, enviando isso tudo rapidamente para a frente.
É igualmente necessário que os camponeses, homens e mulheres, trabalhem nos campos sem regatear seus esforços, provendo a frente e o resto do país com maior quantidade de cereais, carne e matérias primas para nossas indústrias. É necessário, alem disso, que todo o nosso país e todo o povo da União Soviética se organizem como se se tratasse de um só campo de combate e que, juntamente com nosso exército e nossa marinha, lancem uma grande guerra, para evitar que a honra e a liberdade de nossa pátria sejam destruídas pelo exército alemão. É esta a nossa tarefa, por enquanto. Somente, se cumprirmos essa tarefa e derrotarmos os invasores alemães, poderemos alcançar uma paz justa e duradoura.
Pela completa destruição dos invasores alemães!
Pela libertação de todos os povos oprimidos que gemem sob o jugo da tirania hitlerista!
Viva a indestrutível amizade de todos os povos da União Soviética!
Vivam o Exército e a Marinha Vermelhos!
Viva nossa pátria gloriosa!
Nossa causa é justa; a vitória será nossa!
Inclusão | 06/11/2011 |
Última alteração | 07/04/2016 |