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Camaradas:
Passaram 9 anos sobre a realização do 6.° Congresso do nosso Partido. Neste Congresso foram aprovados o Programa e os Estatutos pelos quais orientámos a nossa acção na dura luta clandestina e, já depois do 25 de Abril, até esta data.
Da justeza da linha de orientação aprovada na altura quase não se justifica falar, de tal forma é evidente a clarividência com que foi traçada e demonstrada na prática pela aceitação que tem tido entre as massas trabalhadoras.
Mercê da justa interpretação dada pelos membros do Partido às decisões tomadas no 6.° Congresso, foi possível chegarmos ao 25 de Abril em condições de continuarmos, agora na legalidade, a dirigir com a mesma autoridade as lutas travadas pelos trabalhadores e pelo povo português em geral.
De norte a sul do País, o nome do nosso Partido é citado com o maior respeito e carinho e a sua influência no seio das classes trabalhadoras é cada vez maior. Não restam dúvidas a ninguém que foi a abnegada e corajosa luta dos nossos mais antigos camaradas, paga por alguns com a vida e por outros com longos amos de prisão, que proporcionou aos camaradas mais jovens a continuação do nosso trabalho na luta pela conquista da democracia e do socialismo.
Quem, como eu, teve a felicidade de conhecer algumas terras da província na região do Oeste e Ribatejo viu bem o respeito e a admiração com que eram citados, nas aldeias, vilas e cidades desta região, os nomes dos camaradas que por ali passaram no desempenho de tarefas do Partido, os quais criaram as raízes que possibilitaram o desenvolvimento do nosso trabalho, tais como José Moreira (assassinado na P.I.D.E.), Soeiro Pereira Gomes (falecido na clandestinidade), Guilherme da Costa Carvalho (já falecido), Joaquim Pires Jorge, Manuel dos Santos, Jaime Serra, Ilídio Esteves, Ângelo Veloso, José Carlos e tantos outros.
Podemos afirmar, sem receio de ser desmentidos, que o nosso Partido é o Partido dos Operários Vidreiros da Marinha Grande, que é o Partido dos Operários Metalúrgicos de Torres Vedras e Torres Novas, dos Têxteis da zona de Tomar e Torres Novas, que é o Partido dos Ferroviários do Entroncamento, que é o Partido dos Operários Agrícolas de Alpiarça e de outras zonas rurais do Ribatejo, que é o Partido dos Pescadores de Peniche, que é o Partido da grande maioria dos trabalhadores, dos intelectuais, dos jovens operários e estudantes, dos camponeses, dos pequenos industriais e comerciantes tanto do Oeste como do Ribatejo.
Saudamos os trabalhadores da firma António Alves, de Torres Novas, cuja luta contra os despedimentos abusivos deve servir de alerta aos outros trabalhadores contra as prepotências do patronato.
Saudamos os operários agrícolas de Benavente, Couço, Almeirim, Benfica do Ribatejo, Vale de Figueira, Pomba- linho, Salvaterra de Magos, Marinhais, Muge, Glória, Azinhaga, Vale de Cavalos, Vaiada do Ribatejo, Chamusca, Alcanhões, Cartaxo e Ulme, que conseguiram assinaláveis melhorias nas suas condições de vida, e, pela primeira vez, pelo menos desde 1926, conquistaram convenções colectivas de trabalho. São de salientar as poderosas assembleias de massas que culminaram com greves vitoriosas em Almeirim, Benfica do Ribatejo, Salvaterra de Magos, Muge, Glória, Marinhais, Azinhaga, Chamusca, Alcanhões e Ulme.
A luta dos trabalhadores da Federação dos Municípios do Ribatejo, recentemente levada à prática e que não foi devidamente acompanhada pelo nosso Partido, é bem demonstração de como uma luta não deve ser dirigida, de como os trabalhadores podem ser encaminhados para becos sem saída. Assim, esta luta, que tinha aspectos justos de carácter reivindicativo e, até, possivelmente, de saneamento, foi transformada num confronto com as Forças Armadas e o Governo Provisório, de que não resultaram, nem podiam resultar, vantagens tanto para os trabalhadores como para a consolidação da democracia no nosso país. A autocrítica aqui expressa deve traduzir-se imediatamente na prática pelas correcções que se impõem da nossa parte.
Saudamos os Operários Vidreiros da Marinha Grande pelo seu grande espírito de classe demonstrado através de lutas sindicais e reivindicativas.
Saudamos neles a solidariedade sempre manifestada para com os operários de outras regiões.
Saudamos todos os trabalhadores e restantes camadas laboriosas do Oeste e Ribatejo, salientando as populações de Alpiarça e do Couço, pela contribuição dada à luta antifascista.
E num constante e firme combate com a noção clara da conjuntura política e da correlação de forças em cada momento e desenvolvendo formas adequadas de luta que a classe operária acabará com a exploração do homem pelo homem e contribuirá para a construção de uma sociedade nova: «O SOCIALISMO».
Viva a classe operária!
Viva o Partido Comunista Português!