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Fonte: PCR
Transcrição: Rafael Freire.
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Fundado em maio de 1966, em Recife, o Partido Comunista Revolucionário (PCR) foi organizado por um grupo de militantes egressos do PCdoB, descontentes com os rumos que este tomava. Desde o primeiro momento, o PCR enfrentou uma encarniçada luta contra os desvios do leninismo no movimento comunista internacional: de um lado, o revisionismo soviético, do outro, o misto de esquerdismo e conciliação do Partido Comunista Chinês.
Coube ao PCR, portanto, a tarefa de proclamar independência financeira e política a essas duas orientações antileninistas e, assim,
“separar no Brasil, de modo irreversível, os comunistas revolucionários dos revisionistas e oportunistas”. (Estatutos do PCR)
O núcleo inicial da formação do PCR foi constituído pelo já experiente líder camponês Amaro Luiz de Carvalho e pelos jovens Manoel Lisboa de Moura, Selma Bandeira, Valmir Costa e Ricardo Zarattini. Ainda em 1966, o Partido lança seu primeiro documento de formulação programática, a Carta de 12 Pontos aos Comunistas Revolucionários, onde defende a classe operária como vanguarda da revolução socialista brasileira e a ditadura do proletariado.
O PCR se implanta, sobretudo, nas capitais e na zona canavieira dos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Passa um período de cerca de sete anos com forte atuação na luta de resistência armada à ditadura militar, promovendo diversas ações de massas como panfletagens nas portas de fábricas e greves e passeatas estudantis, além de ações clandestinas como assaltos a quartéis e incêndios de canaviais.
Com o recrudescimento do regime ditatorial a partir de 1968, diversas organizações revolucionárias que lutavam pela retomada da democracia e pelo socialismo sofrem uma brutal e crescente perseguição. O PCR resiste bravamente, mas também é atingido por duros golpes consecutivos e se desarticula parcialmente.
No dia 22 de agosto de 1971, Amaro Luiz de Carvalho é executado, dois meses antes de quando sairia da Casa de Detenção do Recife, onde cumpria pena. Entre os anos de 1971 e 1972, outro líder camponês do PCR é assassinado: Amaro Félix Pereira. E em agosto/setembro de 1973, as forças policiais capturam, torturam e matam três outros destacados dirigentes do Partido: Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra dos Santos e Manoel Aleixo.
De fato, a perda imensurável da vida desses camaradas representou um grande baque na estrutura orgânica do Partido, em sua experiência de luta contra a ditadura, enfim, em sua direção política, cristalizada, principalmente, na figura do camarada Manoel Lisboa, incansável no trabalho de assistência aos coletivos do Partido, de salvaguarda dos princípios ideológicos, de formulação das tarefas e preparação das ações.
Mesmo assim, durante toda a década de 1970, o PCR atua decisivamente no movimento estudantil universitário, dirigindo, em Pernambuco, os Diretórios Centrais das principais universidades, além da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP). O PCR também cumpriu um destacado papel na reconstrução de outros DCEs no Nordeste e na mobilização para a reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), que se concretizou em 1979, chegando à vice-presidência da entidade, em 1981, representado pelo camarada Luiz Falcão, hoje editor do jornal A Verdade.
Outro momento especial deste período foi a prisão de Edival Nunes Cajá, dirigente do PCR e líder estudantil da Universidade Federal de Pernambuco. Cajá foi sequestrado e preso na cidade do Recife, em 12 de maio de 1978, e, três dias depois, mais de 12 mil estudantes da UFPE realizaram uma greve pelo fim das torturas e por sua libertação. Houve ainda ações de solidariedade por todo o Brasil e no exterior, além do decisivo engajamento dos setores da Igreja Católica alinhados a Dom Hélder Câmara.
Ao fim da primeira semana, foram suspensas as torturas físicas, mas Cajá ainda permaneceu preso até o dia 01 de novembro. Já no dia 21 do mesmo mês, voltou a ser preso por conceder entrevistas denunciando as torturas que sofreu, e só voltou a ser solto no dia 01 de junho do ano seguinte. Cajá é hoje presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa de Pernambuco.
Em julho de 1981, os militantes do PCR, com a finalidade de melhor se articular nacionalmente para realizar sua agitação política e um trabalho de massas mais amplo, visando a unidade das forças comunistas brasileiras, decidem pela fusão do Partido com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Contudo, essa nova organização agora surgida não conseguiu dar conta de suas tarefas e pouco a pouco foi se afastando dos princípios revolucionários, da forma leninista de Partido e conciliando com os interesses de uma suposta burguesia nacional anti-imperialista. Assim, em fevereiro de 1995, após muita luta política interna, o núcleo original do PCR rompe definitivamente com o MR-8 e dá início à refundação do Partido Comunista Revolucionário (PCR).
Junto com a refundação do PCR, é constituída, pela primeira vez na história do Partido, uma organização própria para a juventude: a União da Juventude Rebelião (UJR).
Em 1998, o Partido realiza seu II Congresso, que marca uma formulação mais madura e precisa do desenvolvimento do capitalismo, da luta de classes no Brasil e no mundo e das tarefas do Partido frente a essa conjuntura. Em dezembro deste mesmo ano, aparece a primeira edição de A Verdade, órgão de imprensa do PCR, responsável maior pelo crescimento do trabalho de agitação, propaganda e organização do Partido.
A partir de então, o Partido se uniformiza e retoma seu crescimento em nível nacional. Em agosto de 2003, realiza seu III Congresso, o qual reafirma a linha revolucionária do II Congresso e promove uma profunda reformulação de seus estatutos.
A partir de 2004, o PCR passa a representar o Brasil na Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML), que é um organismo internacional de combate da classe operária e um embrião para a reconstrução da Internacional Comunista.
O Partido Comunista Revolucionário (PCR) é fruto da tradição política nascida na Europa em meados do século XIX, em particular após a publicação do Manifesto do Partido Comunista, em 1848, e presente no Brasil desde a década de 1920: a tradição dos Partidos Comunistas.
Portanto, nossas raízes históricas não datam de ontem, nem da década passada, e nossa trajetória se constitui na reafirmação de uma linha revolucionária, capaz de levar a classe operária e as massas populares do Brasil a realizar uma revolução que derrube o poder da burguesia e construa as bases para a sociedade socialista.
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Inclusão | 26/06/2011 |
Última alteração | 04/05/2014 |