"Não se pode exigir de um operário, de uma dona de casa, que penetrem no labirinto de O Capital para saber o que é comunismo; mas é em termos de comunismo e de anticomunismo que os operários e as donas de casas são chamados a decidir os destinos dos países deste continente. [...] O que pretendo com este trabalho modestíssimo é precisamente isto: levar a cada um, aos homens mais simples, em termos os mais simples, uma noção do que ocorre e do que se discute em seu derredor. Para que todos continuem, como até agora, a decidir os destinos de seus países, os seus próprios destinos, mas conscientemente. Com visão ao menos razoável do papel que lhes cabe desempenhar. Faço-o através da amarga experiência brasileira que me parece válida para toda a América Latina nesta que é, e pretende ser, tão somente uma obra de vulgarização. A modesta contribuição de um repórter, que viveu e sofreu os acontecimentos, à grande luta pela conquista do futuro de nossas pátrias subdesenvolvidas. [...] Discutiremos as teses do Governo deposto do Brasil, as teses da oposição vitoriosa e derrotada com ele e as teses da abrilada triunfante. Buscaremos investigar o que queria cada um destes grandes grupos e o que obteve o povo brasileiro; onde havia subversão, onde havia comunismo, onde havia simples mistificação. E a utilização dessas teses pelos apetites e interesses que nos deram esta amarga realidade, feita de prisões e violências, de torturas e assassinatos. E, especialmente, de decepções, patrimônio comum de todos os setores em luta. Pode acontecer que alguém leia este livro — alguém simples, alguém honesto, alguém do povo — e que amanhã, confrontado com estas formulações vagas que têm sido a fôrça motriz da política do Continente, se encontre em condições para dizer um “Não!”, um “Isto não é verdade! ” E a angústia da fuga atribulada, o exílio, a ameaça do futuro incerto terão tido farta e generosa recompensa." (da Conversa Prévia) |