"Há uma retomada, na sociedade brasileira, da apuração dos crimes cometidos pela ditadura civil-militar contra os trabalhadores e o povo brasileiro. Ainda não é um tema popular, mas há muitas notícias na imprensa, reportagens, memórias de militantes ou familiares dos perseguidos. Neste caderno, colecionamos algumas matérias da imprensa escrita que a maioria da população não tem acesso. [...] Para as classes dominantes, autoridades militares e clubes militares já está resolvido: a Anistia protege os torturadores e mandantes. Mas, para nós, não. Outro aspecto necessita ser considerado, somente agora a repressão contra as classes trabalhadoras e os movimentos populares começaram a serem pesquisados. Qual era a relação existente entre os órgãos do Estado (as diversas polícias, o Judiciário, os tribunais militares, o SNI), as empresas e os interesses empresariais? Qual era a relação entre a repressão e as embaixadas e consulados de outros países, particularmente os EUA?. Os artigos desse caderno foram divididos em dois blocos. O primeiro busca evidenciar o “modus operandi” da máquina do terror, as simulações das mortes, a militarização do aparato repressivo clandestino e as ligações das empresas com a repressão. O segundo bloco visa mostrar como estão acontecendo os processos de punição dos responsáveis e torturadores das ditaduras nos países da América Latina, além de evidenciar a morosidade na apuração dos crimes da ditadura no Brasil, bem como os impasses na constituição da COMISSÃO DA VERDADE. A ruptura com essa cultura de conciliação só ocorrerá com pressão política dos interessados diretos e formadores de opinião, mas principalmente pela pressão popular. Esperamos estar contribuindo para popularizar a questão." (de "Porque investigar, como investigar")