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Camaradas, após várias reuniões de militares pertencentes às várias classes, formámos finalmente o S.U.V.—BEJA.
Tal como os nossos camaradas do Norte, do Centro, e recentemente em Évora, e porque os nossos objectivos são os mesmos, consideramos que só de forma organizada será possível a criação de um amplo movimento militar unitário que, de Norte a Sul do País, contribua, com a sua luta para a vitória do POVO PORTUGUÊS sobre a EXPLORAÇÃO CAPITALISTA, e pela CONQUISTA DO SOCIALISMO.
Existem dois grandes motivos que nos levaram a tomar esta iniciativa:
O primeiro, diz respeito aos imensos problemas que afectam directamente todos os soldados, problemas esses com que a hierarquia militar se finge preocupar, mas que na prática não soluciona.
Questões como o Rancho, o Fim-de-Semana, o traje à civil, os Serviços, etc., não podem ser resolvidos sem a NOSSA PARTICIPAÇÃO ACTIVA.
Falam-nos no entanto em Disciplina, mas como pode haver disciplina se os soldados não participaram organizadamente na discussão dos problemas que lhes dizem respeito?
Exigimos, portanto, Comissões de Soldados, livremente eleitas em plenários e nas quais os superiores devem reconhecer os ÚNICOS ÓRGÃOS representativos dos soldados.
Falam-nos no entanto em Disciplina, mas como pode haver disciplina se os comandos não representam os verdadeiros interesses dos soldados, enquanto Povo Fardado?
O segundo porque assistimos, ultimamente, a mais uma grande escalada da reacção dentro e fora dos quartéis.
No plano militar, verificamos que, cada vez mais, surgem nos lugares de chefia militares reaccionários e conservadores. Em redor do Grupo dos «Nove», aglomerou-se toda a cáfila de conservadores, reaccionários e oportunistas, que vibraram duros golpes no M.F.A., retirando militares progressistas das Assembleias, reduzindo o número de soldados que nelas participavam, extinguindo a 5.ª Divisão do E.M.G.F.A., única voz progressista nas Forças Armadas, saneando homens de valor e militares exemplares, chegando, como se está a passar neste momento no C.I.C.A.P.— PORTO, ao cúmulo de encerrar unidades cujos soldados se manifestaram contra o saneamento à esquerda de alguns camaradas.
Mas, Companheiros, não seremos bonecos articulados a mandado de reaccionários. QUEREMOS ESTAR COM A REVOLUCÃO CONTRA A REACÇÃO; POREMOS SEMPRE AS NOSSAS ARMAS AO LADO DO POVO TRABALHADOR E NUNCA CONTRA ELE, não deixaremos que a ambição cega do poder ponha soldados contra soldados, que serão sempre IRMÃOS na luta comum.
Contra a burguesia, a aliança cada vez mais estreita dos soldados com o Povo através da ligação das Comissões de Soldados com as organizações populares, tais como Comissões de Moradores e Trabalhadores, Sindicatos e Ligas de Pequenos Agricultores.
Por tudo isto somos:
CONTRA A DISCIPLINA DOS CORONÉIS, PELA DISCIPLINA REVOLUCIONARIA, exigimos:
Porque queremos que os militares tenham condições dignas exigimos:
Porque queremos ser ouvidos sobre os problemas que dizem respeito à Nação e às Forças Armadas, exigimos:
Consideramos que a unidade dos militares progressistas num amplo movimento apartidário, combatendo qualquer tentativa de infiltração de reaccionários ou de pseudorevolucionários aventureiristas e ultra-esquerdistas, é o caminho certo pelo qual, juntamente com o Povo trabalhador, avançaremos na REVOLUÇÃO SOCIALISTA, contra o fascismo e a social-democracia, e na defesa da independência Nacional.
SOLDADOS SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO!
OPERÁRIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS,
UNIDOS VENCEREMOS!
S.U.V. / BEJA
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
10/10/1975
Inclusão | 21/04/2019 |