MIA > Arquivos Temáticos > Imprensa Proletária > Revista Problemas nº 3 > Novidades
Na época das eleições, em maio de 1946, o Partido Comunista da Checoslováquia já contava mais de um milhão de membros, só nas terras checas, isto é, sem a parte eslovena. Há, em Praga, 130.000 comunistas organizados. O Partido Comunista da Checoslováquia é um dos maiores partidos comunistas do mundo; em relação à população, é o maior.
Essa força quantitativa prova a grande simpatia da população pelo Partido, confirmada pelas eleições para o Parlamento, onde o P. C. obteve 38% de todos os votos (nas terras checas, 40%), e se tornou o partido mais forte da República.
O PCC não seria um verdadeiro Partido Comunista se a sua direção e seus membros se contentassem com esses sucessos quantitativos. O Partido precisa, não só de muitos membros, mas de membros ativos que superem as tarefas que se lhes deparem. É, no entanto, necessário fazer de todos os membros verdadeiros comunistas. Esta, a tarefa educacional mais importante e, ao mesmo tempo, a mais difícil, desde que no presente período da revolução nacional as grandes massas do povo se vêm aproximando do Partido com muito mais rapidez do que antes, e que muitos dos que se filiaram ao Partido poderiam, por diversas circunstâncias, ter-se mantido afastados. Milhares de não-operários, numa percentagem muito mais alta do que anteriormente estão se tornando membros do Partido. Frequentemente eles se filiam ao Partido apenas porque reconhecem terem sido os comunistas os que mais consistentemente lutaram contra os ocupantes nazistas; e, como é natural, esses novos membros não estão, de modo algum, identificados com os objetivos e métodos de luta do Partido Comunista.
O Partido requer, dos novos membros, participação nas atividades práticas diárias, na vida interna do Partido, bem como na tarefa de construção da República. A experiência tem demonstrado que essa participação nas tarefas da vida diária é de imenso valor educacional. No entanto, não basta para dar aos membros a firme base ideológica e fortalecê-los em sua concepção. Muitas vezes falta independência ao indivíduo, o que resulta em insuficiente unidade na ação dos membros como um todo.
Qualquer marxista sabe que a educação ideológica, e em particular a teórica, é portanto necessária. Não muito tempo depois da revolução, quando começou o grande afluxo de massa no Partido Comunista, seus órgãos centrais entraram a organizar extensa rede de escolas de educação partidária elementares, assim como escolas para funcionários do Partido. A maior dificuldade a superar foi a da grande deficiência de instrutores e professores políticos, visto como só existia uma pequeníssima parte dos membros de pré-guerra, já que a maioria encontrou a morte nas câmaras de torturas da Gestapo.
No início, o sistema educacional entre as duas partes nacionais da República — a Eslováquia e a Boêmia-Morávia — era acentuada- mente dividido. A diferença entre as duas partes não é puramente nacional. As terras checas são sobretudo industriais e a classe operária constitui a maioria da população, ao passo que a Eslováquia é principalmente agrícola e composta mais de camponeses que de operários. Acresce ainda que as condições de vida da população checa sob o Protetorado eram muito piores do que no "Livre Estado da Eslováquia". Finalmente, a Eslováquia tem dentro do Estado da Checoslováquia posição consideravelmente autônoma, devido à política dos comunistas checos e eslovenos — o que explica a razão por que o Partido Comunista Eslaveno organiza suas atividades independente do checo, sem desavenças.
Já em junho de 1945, muitas organizações do Partido realizaram palestras sobre problemas em foco, que eram analisados à base da teoria marxista-leninista, ou sobre questões puramente teóricas, como, por exemplo, capitalismo-socialismo.
Em princípios de julho, o departamento central de cultura e educação expediu instruções sobre a educação elementar partidária, tratando dos seguintes pontos:
O programa tinha que consistir em 3 ou 4 assuntos relativos a problemas atuais:
Esses objetivos individuais tinham que ser analisados e relacionados às questões teóricas correspondentes. As palestras haviam de se efetuar uma vez por semana, à noite, ou aos sábados, e não durar mais que 3 horas. Um curso seguia-se a outro, imediatamente, com a duração de 8 semanas apenas, visto que período mais longo seria exaustivo, não permitindo abranger todos os assuntos. A participação é voluntária, mas os membros têm de compreender a importância dela. O professor deve estar, ele próprio, perfeitamente preparado para as palestras e, sempre que possível, estabelecer conexão com problemas locais e prestar informe à organização distrital sobre o progresso da escola.
Na base dessas instruções, a educação partidária realizou-se em todas as principais organizações. A maior dificuldade era achar professores capacitados; em vários distritos, não havia bastante gente qualificada para dirigir escolas ou organizá-las nos bairros e locais de trabalho. Isto, contudo, melhorou com o decorrer do tempo, quando muitos camaradas, que haviam frequentado as escolas superiores do Partido, puderam ministrar instrução nas escolas elementares. Os distritos organizaram sobretudo cursos especiais para professores.
Ainda mais: cursos especiais para professores foram organizados para funcionários do Partido de bairro e de empresa. Funcionavam uma noite por semana, aos sábados ou domingos. Além dos supracitados assuntos, essas escolas regionais tratavam de questões sobre política econômica do Partido, a União Soviética, a história do movimento operário, etc.
As escolas distritais e centrais foram instaladas para os operários filiados ao Partido e aceitaram também os camaradas empregados de grandes empresas. No último curso das escolas centrais, tomaram parte muitos camaradas que já haviam participado das distritais.
Cada curso das escolas distritais durava cerca de 15 dias, embora pudesse variar em cada uma. O primeiro curso da escola central durou 3 semanas; prolongou-se o período gradativamente, de modo que o 4.° e o 5.° duraram 6 semanas cada um.
Os membros do Partido que frequentavam as escolas distritais tinham que se dedicar inteiramente à instrução que se prolongava por todo o dia. Durante o curso, eles moravam na escola, onde recebiam as refeições. O programa das escolas centrais compreendia cerca de 20 matérias; as distritais compunham o seu de acordo com a escola central, tendo, porém, de eliminar algumas matérias, por falta de tempo.
A ordem das matérias não era a mesma de antes da guerra, isto é, partindo das questões teóricas até às práticas; eram, porém, selecionadas segundo a sua relação com os problemas atuais e explicadas à base da teoria marxista-leninista. A primeira matéria da escola central, por exemplo, é "O novo período do desenvolvimento internacional". Aqui se mostra um quadro explicativo do fascismo, tendo como fundo panorâmico Munique, enquanto se discute, simultaneamente, a teoria do imperialismo, do fascismo e da guerra. A dificuldade da matéria é que ela exige um pouco de conhecimento de outras. Não obstante, não é possível evitá-la, se o método aplicado é para uma só matéria, antes que se entre em outra — método esse que aliás tem (provado ser muito eficiente. Outro exemplo do programa é a matéria — "Estrutura do Partido" — onde problemas atuais do Partido Comunista Checo são discutidos juntamente com as doutrinas de Lênin sobre o que seja Partido. Há também outras, principalmente teóricas, como "Materialismo dialético e Materialismo histórico", que devem ser discutidas no meio do curso. A princípio, o tempo reservado para essa matéria (primeiro um dia e posteriormente dois) mostrou ser insuficiente, de modo que agora são três dias. O programa do primeiro curso incluía "A política econômica do Partido" e tratava apenas dos problemas econômicos correntes; no segundo curso, foram adicionados "Princípios de economia marxista" e dedicados dois dias à matéria. Os assuntos relativos ao movimento sindical, à União Soviética, à política agrícola, ao trabalho de mulheres, etc., foram incluídos. Matérias novas são a "A nova política eslava", "O principal período da história checa do ponto de vista marxista", "Comités Nacionais", "Problemas culturais", etc.
Além dessas escolas centrais gerais, foram organizadas outras, especiais para jornalistas, economistas nacionais, pequenos proprietários e agricultores. Os cursos dessas escolas são mais curtos e tratem de matéria específicas.
Os cursos das escolas distritais eram assistidos por uma médio de 30 a 50 alunos; nas escolas centrais a frequência era de cerca de 50. Esse número tão alto foi fixado a fim de se tirar o máximo proveito de cada curso. A fim de se obter ampla participação dos alunos na discussão — o que seria difícil com número tão elevado — adotou-«e o seguinte processo: pela manhã, faz-se uma palestra em forma de sabatina, embora nem todos os alunos possam dela participar, visto serem muitos. À tarde, formam-se grupos de 5 a 10, que ora discutem o assunto, ora se entregam a outras tarefas. O professor vai de grupo em grupo, aconselhando, explicando ou respondendo a quaisquer perguntas que lhe sejam feitas individualmente. Depois, a classe toda se reúne de novo e informa sobre os resultados das discussões apresentadas pelos representantes dos grupos individuais: esses informes são, então, discutidos por todos. Os representantes são escolhidos pelos próprios grupos, mas o professor tem o direito de chamar mais alguém.
O programa escolar concede amplo tempo para estudos e excursões. Não há palestras aos domingos.
Há quase um ano começaram a funcionar as primeiras escolas, quer as elementares, quer as superiores. Os resultados desse trabalho iá estão à vista. Os operários filiados ao Partido, que têm assistido às aulas, estão bem satisfeitos por haverem adquirido um sentido de maior convicção, o que os auxilia a trabalhar melhor que dantes, fato confirmado pelos informes das direções distritais. No VIII Congresso do Partido (28-30 de marco) podia-se notar que a maioria dos delegados e outros participantes tinham frequentado escolas centrais ou distritais. Hoje, parte considerável dos candidatos ao Parlamento e ao Comité Nacional compõe-se de militantes que tem frequentado as escolas.
Preparam-se agora novos cursos. As escolas de empresa, elementares e regionais, vão adotar, após as eleições, um novo programa. Os cursos das escolas distritais serão ampliados e o programa elevado ao nível das atuais escolas centrais. O departamento central de cultura e propaganda prepara uma "escola política superior", cujo curso se prolongará por 6 meses. Só se aceitarão alunos especialmente selecionados, pois a organização será feita sob base completamente diferente.
O Partido reconhece que, para um trabalho de bons resultados futuros, é indispensável a seus membros a máxima maturidade ideológica possível.
Inclusão | 07/04/2015 |