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As analogias histórias são só analogias. Está fora de questão de identidade de condições e de tarefas. Mas, na linguagem convencional das analogias, podemos perguntar: será que, no momento do referendo, na Alemanha, se colocava a questão da defesa contra o perigo Kornilov, ou estava-se verdadeiramente na véspera do derrube de todo o regime da burguesia pelo proletariado? Esta questão não se resolve nem pelos princípios abstractos nem por formulas polémicas, mas pela relação de forças. Quanto minuciosamente e conscientemente os bolcheviques tinham estudado, calculado e medido as relações de força a cada etapa dada da revolução! A direcção do P. C. alemão, tentou, ao se comprometer na luta, estabelecer um balanço preliminar das forças em luta? Não encontramos esse balanço nem nos artigos, nem nos discursos. Tal como o seu mestre Estaline, os seus discípulos berlinenses conduzem a política com as luzes apagadas.
Thaelmann reduziu as suas considerações sobre a questão decisiva das relações de forças a duas ou três frases gerais.
«Nós não vivemos mais em 1923 – dizia ele no seu relatório. O Partido comunista é agora um partido que tem milhões de homens, que cresce prodigiosamente.»
E é tudo! Thaelmann não pôde demonstrar mais claramente quanto a compreensão da diferença entre a situação de 1923 e a de 1931 lhe era estranha! Nesse momento, a social democracia se decompunha em bocados. Os operários que ainda não tinham abandonado as fileiras da social-democracia, voltavam os olhos com esperança para o lado do Partido comunista. Nesse momento o fascismo representava muito mais um espantalho na horta da burguesia que uma realidade política séria. A influência do Partido comunista sobre os sindicatos e sobre os comités de fábrica era em 1923 incomparavelmente mais importante que agora. Os comités de fábrica preenchiam então efectivamente as funções dos sovietes. A burocracia social-democrata perdia cada dia terreno nos sindicatos.
O facto que a situação de 1923 não foi utilizada pela direcção oportunista da Internacional Comunista e do P. C. alemão continua viva na consciência das classes e dos partidos e nas relações entre eles. O Partido comunista, diz Thaelmann, é um partido que tem vários milhares de homens. Isso nos alegra; estamos orgulhosos. Mas não esqueçamos que, graças à cadeia de erros medonhos dos epígonos, no decurso dos anos 1923-1931, a social-democracia de hoje dá prova de uma resistência maior que a social-democracia de 1923. não esqueçamos que o fascismo de hoje, que se alimentou e cresceu graças às traições da social-democracia e aos erros da burocracia estalinista, representa um entrave enorme sobre o caminho da conquista do poder pelo proletariado. O Partido comunista é um partido que influência milhões de homens. Mas, graças à estratégia anterior do « terceiro período », do período da besteira burocrática concentrada, o Partido comunista é hoje ainda mais fraco nos sindicatos e nos conselhos de fábrica. Não se pode avançar a luta pelo poder em se apoiando sobre os votos do referendo. É preciso ter um apoio nas fábricas e nas oficinas, nos sindicatos e nos conselhos de fábrica. Thaelmann esquece tudo isso em substituindo a análise da situação por expressões fortes.
Só os homens de outro planeta podem afirmar que em Julho-Agosto de 1931, o Partido comunista alemão era bastante potente para poder entrar numa luta aberta com a sociedade burguesa representada pelas suas duas alas, a social-democracia e o fascismo. A burocracia do próprio partido não crê nisso. Se ela recorre a essa afirmação, é porque o plebiscito falhou e que, por consequência, ela não foi submetida a um exame ulterior. É nesta irresponsabilidade, nesta cegueira, nesta procura insensata dos efeitos, que encontra toda a sua expressão na metade aventureira da alma do centrismo estalinista!
Inclusão | 14/05/2017 |