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Os mineiros asturianos já têm longa tradição de heroísmo e não é a primeira vez que se batem pela liberdade contra os mercenários marroquinos e os legionários do tercio.
Já em outubro de 1934 era o mesmo inimigo que punham em cheque. Senhores de Oviedo, de 6 a 16 de outubro, sucumbiriam sob o armamento superior das tropas de Lopez Ochoa. Várias centenas de homens foram passados pelas armas e as Astúrias provaram um regime de terror fascista, cujo inspirador, herdeiro de Torquemada, precursor de Franco, era esse tiranete jesuíta que se chama Gil Robles.
Em junho de 1935, em Oviedo, numa caserna, teve lugar o processo militar dos mineiros de Turon, a quem se imputava a morte de dois oficiais, de nove religiosos e de um diretor de hulheiras. Em companhia de Germaine Picard-Moch, de Etienne Brauld e de Claude Aveline, correspondentes de jornais parisienses, pude avaliar da heróica atitude desses homens torturados, porém indomáveis. Vimos até demais, embora o governador das Astúrias nos tivesse impedido de ver ainda mais! Graças à pressão popular internacional, nenhum condenado foi executado.
Alguns meses depois, em dezembro, o presidente do conselho de guerra de Oviedo pedia ao mineiro comunista José Gutierrez que dissesse o que tinha a dizer para sua defesa. Que respondeu ele?
— “Não somos criminosos. Sou comunista. Participei da insurreição, em vista de minhas convicções comunistas, porque considero desejável uma melhor organização da sociedade, porque é preciso lutar contra os exploradores. - Podeis condenar-me à morte, pouco me importa”.
Gutierrez foi condenado à morte.
Mas, algumas semanas depois, os mineiros asturianos, como os trabalhadores de Castela, Catalunha, Andaluzia e Levante, levavam triunfalmente ao poder seus irmãos de combate.
Mas havia dois anos que os valorosos milicianos da Frente Popular vingavam seus irmãos tombados, castigavam os mercenários rebeldes e ladrões.
Mas, desde então, os povos da Espanha, unidos num exército forjado ao mais terrível dos fogos, emendado pela mais autógena das soldagens, pela defesa de sua pátria reconquistada e de sua independência, paga caro, mantêm em cheque as tropas de invasão do fascismo ítalo-alemão, Idade Média equipada à moderna, destruidor metódico de cultura, de juventude e de vida humana, técnico orgulhoso dos massacres das mães e filhos.
Mas, “não passarão”, gritam em Madrid, em Valença, escrevendo a história com seu sangue. “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos”, e provam-no, morrendo para que os outros possam viver de pé, os mortos desse povo admirável, cujo heroísmo legendário não se exprime mais por Dom Quixote, mas pela grande Passionaria.
Mas aos milhares, ao lado deles, nas linhas de frente da liberdade, os proscritos de Hitler e de Mussolini enfrentam, também eles, os incendiários de Parlamentos e de obras-primas; os assassinos coligados de Gramsci e de Edgar André.