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Ora, vemos já as manifestações se renovarem a propósito de tudo, em Nijni-Novgorod como em Moscou e em Karkov. A efervescência cresce em toda parte e toma-se cada dia maia evidente a necessidade de concentrá-la numa só corrente contra a autocracia que espalha o arbítrio por toda parte, a opressão e a violência. Em Nijni-Novgorod(1), uma manifestação pouco numerosa, mas de bom êxito, foi realizada, em 7 de novembro, por motivo da partida de Maximo Gorki. Um escritor célebre em toda a Europa e cujas armas consistiam — segundo a expressão justa de um orador da manifestação de Nijni-Novgorod — em sua palavra, foi expulso pelo governo autocrático, sem julgamento nem processo judiciário, de sua cidade natal. Os bachibouzouks o acusam de exercer sobre nós uma influência nefasta, — dizia o orador em nome de todos os russos que desejam um pouco que seja de luz e de liberdade, — mas nós declaramos que é uma boa influência. Os esbirros cometem seus crimes em segredo, mas nós tornamos esses crimes públicos e visíveis. Entre nós, surram-se os operários que defendem seu direito a uma vida melhor; entre nós, surram-se os estudantes que protestam contra o arbítrio; entre nos, sufoca-se toda palavra honesta e corajosa! A manifestação da qual participaram também operários, terminou com esta declaração solene de um estudante: “O arbítrio cairá e o povo se levantará poderoso, livre e forte!”
Em Mascou, centenas de estudantes esperavam Gorki na estação e a polícia, amedrontada, deteve o trem antes de chegar à cidade, proibiu-lhe (apesar da autorização especial anteriormente concedida) a entrada em Moscou e o obrigou a passar diretamente da linha de Nijni-Novgorod para a de Koursk. A manifestação a propósito da expulsão de Gorki fracassara, mas, no dia 18, realizou-se, sem nenhuma preparação, uma pequena manifestação de estudantes e dc “elementos estrangeiros” (segundo a expressão de nossos ministros), em frente à casa do governador-geral a propósito da proibição de uma festa em honra do 40.° aniversario da morte de N. A. Dobrolioubov, a 17 de novembro. O representante do poder autocrático em Moscou foi vaiado por pessoas que prezam, como toda a Rússia instruída e pensadora, um escritor quo odeia apaixonadamente o arbítrio e que esperava fervorosamente a. insurreição popular contra os “turcos do interior”, — contra o governo autocrático. O comitê executivo das organizações de estudantes de Moscou anotou com muita justeza em seu boletim de 23 de novembro, que essa manifestação espontânea era um indício evidente de descontentamento e de protesto.
(LENINE, O Início das Manifestações, “in” Iskra, de 7 (20) de dezembro de 1901, Obras, t.-IV, pgs. 345-346, ed. russa; E.S.I., t. IV, pgs. 392-393).
Penso que há verdadeiramente um mal-entendido em certas questões que levantais a respeito de nossas divergências. Nunca pensei em. “perseguir” os intelectuais, como fazem os sindicalistas que são tolos, nem pensei em negar a necessidade de ter intelectuais no movimento operário. Sobre todas essas questões não pode haver divergências entre nós; estou firmemente convencido e, visto que não nos podemos encontrar no momento, é indispensável que comecemos a trabalhar desde agora em conjunto. É no trabalho que nos podemos o mais facilmente e da melhor maneira entender definitivamente.
...No que diz respeito ao materialismo precisamente como concepção do mundo, creio que não estou de acordo convosco sobre o ponto essencial. Não sobre “a concepção materialista da história” (nossos “empírios”(2) não a negam) mas sobre o materialismo filosófico, que os anglo-saxões e alemães devam ao “materialismo” seu espírito pequeno-burguês e os latinos seu anarquismo, — isso é o que contesto decididamente.
O materialismo, como filosofia, é negligenciado em toda parte por eles. A Neue Zeit, órgão mais consequente e mais competente, é indiferente à filosofia, nunca foi partidário ardente do materialismo filosófico e recentemente publicou, sem nenhuma reserva, artigos de partidários do empirocriticismo. Que se possa deduzir desse materialismo, que Marx e Engels ensinaram, o negativismo pequeno-burguês, isso é falso, falso! Todas as correntes pequeno-burguesas da social democracia lutam com o maior encarniçamento contra o materialismo filosófico inclinando-se para Kant, para o neo-kantismo, para o criticismo. Não! A filosofia que Engels desenvolveu no Anti- Dühring, não deixa lugar ao espírito pequeno-burguês.
Por vosso talento de artista, tendes sido de uma utilidade tão grande ao movimento operário da Rússia — e não somente da Rússia — e sereis ainda de utilidade tão grande que, em nenhum caso, podereis entregar-vos aos tristes maus humores provocados pelos episódios da luta na emigração.
(LENINE, Carta a Gorki, 16 de novembro de 1909. Excertos de Lenine, t. II, pg. 417, ed. russa).
Eis que há vários dias os jornais burgueses da França (Éclair, Radical), da Alemanha (Berliner Tageblatt) e da Rússia (Outro Rossil, Rietch, Rousskoie Slovo, Novoie Vremia) saboreiam a novidade mais sensacional: a expulsão de Gorki do Partido Social-Democrata. O Vorwaerts já desmentiu esse absurdo. A redação do Proletari mandou igualmente a vários jornais um desmentido, mas a imprensa burguesa o ignora e continua a alimentar o boato.
A fonte desse boato é clara: algum escriba tendo ouvido rumores sobre os desacordos a respeito do otzovismo(3), e a edificação de Deus(4) (a questão está sendo discutida há quase um ano abertamente no Partido em geral e no Proletari em particular) falsificou de maneira vergonhosa fragmentos de informação e “fez-se pagar bem” pelas “entrevistas” inventadas, etc.
O fim dessa campanha de boatos é bem clara. Os partidos burgueses querem que Gorki deixe o Partido Social-Democrata. Os jornais burgueses não sabem mais o que inventar para envenenar as divergências no seio do Partido Social-Democrata e provocados pelos episódios da luta na emigração.
Os jornais burgueses muito trabalho terão. O camarada Gorki está muito estreitamente ligado, pelas suas grandes obras artísticas, ao movimento operário da Rússia e do mundo inteiro para responder-lhes de outra maneira que não pelo desprezo.
(LENINE, As invencionices da Imprensa burguesa sobre a expulsão de Gorki, “in” Proletari, de 28 de novembro (11 dezembro) de 1909. Obras, t, XIV, pagina 211, ed. russa).
Em nossa época, no terreno da ciência, da filosofia e da arte, a luta dos marxistas contra os machistas, passou para o primeiro plano. Seria pelo menos ridículo fechar os olhos a esse fato tão visível. Convém elaborar “plataformas” não para atenuar as divergências mas para as elucidar.
...Quanto a nós, chamaremos todo mundo para dar uma resposta definida e clara a essa camouflage da luta filosófica contra o marxismo que se encontra na plataforma. De fato, é precisamente a luta contra o marxismo que acoberta todas as frases sobre a “cultura proletária”. “A originalidade” do novo grupo é ter introduzido a filosofia na plataforma do Partido, sem dizer abertamente que tendência, precisamente na filosofia, ele defende.
Entretanto, não se poderia dizer que o conteúdo real das palavras citadas da plataforma é inteiramente negativo. Encobrem um certo conteúdo positivo. Esse conteúdo positivo pode ser expresso por uma palavra: Gorki.
Realmente é inútil esconder o fato ao qual a imprensa burguesa já deu uma ampla publicidade (desnaturando-o e arranjando-o a seu modo) o fato de que M. Gorki figura entre os partidários do novo grupo. Ora, Gorki é incontestavelmente o maior representante da arte proletária, muito fez por essa arte e pode fazer ainda mais. Qualquer facção do Partido Social-Democrata tem o direito legitimo de se orgulhar da adesão de Gorki, mas fazer figurar, por esse motivo, a “arte proletária” na plataforma, é dar a essa plataforma um certificado de indigência, é levar seu grupo a um círculo de literatos que revela precisamente a importância que ele dá às “autoridades”... Os autores da plataforma falam muito contra o reconhecimento das autoridades, sem explicar precisamente do que se trata. A verdade é que a defesa do materialismo na filosofia e a luta contra o otzovismo entre os bolchevistas parece-lhes como uma empresa de certas “autoridades” (fina alusão a um fato importante) em que os inimigos do machismo “creem cegamente”. Tais saídas são evidentemente muito pueris. Mas os vperodovtsk(5) precisamente se conduzem mal com as autoridades. Gorki é uma autoridade em matéria de arte proletária, isso é incontestável. Esforçar-se por “utilizar” (no sentido ideológico bem entendido) essa autoridade para reforçar o machismo e o otzovismo é dar um modelo do uso que não se deve fazer das autoridades.
Em matéria de arte proletária, M. Gorki representa um imenso acervo apesar de sua simpatia pelo machismo e o otzovismo. Em matéria de desenvolvimento do movimento social-democrata proletário, a plataforma que isola no seio do tido o grupo dos otzovistas e dos machistas, consignando como tarefa especial desse grupo o desenvolvimento de uma arte pretensamente “proletária” é um handicap, porque essa plataforma quer consolidar e utilizar aquilo que, precisamente, atividade de uma alta autoridade constitui seu lado fraco, aquilo que surge como quantidade negativa no total dos imensos serviços prestados, por ela, ao proletariado.
(LENINE, Notas de um Publicista, suplemento do Social Democrata, de 19 de março de 1910. Obras, t. XIV, pgs. 298- 299, ed. russa).
Escrevi-lhe, há alguns dias, remetendo a Rabotchaia Gazeta(6), e perguntando o que acontecera com a revista de que falamos neste verão e sob a qual você prometeu escrever-me.
Leio hoje na Rietch a notícia sobre o Sobremennik(7), editado “com a participação estreita e exclusiva” (com todas as letras! é incorreto mas por isso mesmo mais precioso e significativo) de Amfiteatrov e com a sua colaboração regular.
Que é isso? Como é isso? Uma “grande revista mensal” com as insígnias “politica, científica, histórica, social” — não é, absolutamente, a mesma coisa que uma coletânea pretendendo agrupar as melhores forças literárias. É que uma tal revista deve ou ter uma tendência inteiramente definida, séria, consequente, ou se comprometer inevitavelmente e comprometer seus colaboradores. O Viestnik Evropy(8), tem uma tendência má, sem consistência e sem talento, mas uma tendência a serviço de um elemento definido, de certas camadas da burguesia agrupando certos meios intelectuais igualmente definidos: professores, funcionários e aquilo que se chama os liberais “decentes” (ou melhor, que querem ser decentes). A Russkaia Mysl(9) tem uma tendência — ignóbil, mas uma tendência que serve muito bem à burguesia liberal contrarrevolucionária.
A Russkoie Bogatstvo(10) tem uma tendência populista, populista cadete, mas uma tendência que segue sua linha desde há dezenas de anos, a serviço de certas camadas da população. O Sovremenny Mir(11) também tem uma tendência, — algumas vezes menchevista-cadete (agora com uma inclinação para o menchevismo de Partido) mas uma tendência. Uma revista sem tendência é uma coisa absurda, incoerente, escandalosa e nociva. E que tendência pode existir com a “participação exclusiva” de Amfiteatrov? Não será certamente G. Lopatine a pessoa capaz de dar uma tendência e, se o que contam é verdade, sobre a participação de Katchorovski (dizem que apareceram boatos na imprensa), há uma “tendência”, mas uma tendência de gênero imbecil, uma tendência socialista-revolucionária.
Quando conversamos neste verão e eu lhe contei que estive disposto a escrever-lhe uma carta declarando minha tristeza a respeito de a Confissão, mas que não o fiz por causa da cisão que começava neste momento com os machistas, você me respondeu: “Foi pena que não me mandasse essa carta”. Depois, você me censurou por não ter ido à escola de Cadri e me disse que o afastamento dos machistas e dos otzovistas poderia ter-lhe custado (se as cousas se tivessem passado de modo diferente), menos aborrecimento e menos trabalho. Lembrando-me dessas conversas decidi agora escrever-lhe sem mais demora e sem esperar a confirmação sob a impressão fresca da novidade.
Penso que uma grande revista politica e econômica com a participação exclusiva de Amfiteatrov, é uma coisa cem vezes pior que uma facção especial dos machistas-otzovistas. O que havia e o que há de mau nessa facção é que com ela uma corrente ideológica afastava-se e se afasta do marxismo, da social-democracia, sem consumar entretanto a rutura com o marxismo, mas limitando-se a semear a confusão.
A revista de Amfiteatrov — Krasnoie Znamia(12) — (fez bem, morrendo a tempo) é uma manifestação politica, uma empresa politica na qual nem há mesmo a consciência de que é insuficiente em politica ser “de esquerda” em geral, de que depois de 1905 não se pode, é impossível, é inconcebível, falar seriamente de politica sem definir sua atitude para com o marxismo e a social-democracia.
Triste resultado. Estou desolado.
(LENINE, Carta a Gorki em 22 de novembro de 1910. Obras, t. XI, pgs. 374-375, ed. russa).
Quem escreve estas linhas teve ocasião, no decorrer de seus encontros na Ilha de Capri com Gorki, de preveni-lo e de recriminá-lo pelos seus erros políticos: Gorki esquivava-se com seu sorriso de encanto inimitável e com essa declaração desprovida de artifício; “Sei que sou um mau marxista. Depois, nós outros, artistas, somos todos um pouco irresponsáveis”. A isto é difícil responder.
Não há dúvida que Gorki é um imenso talento artístico, que ele foi e será muito útil ao movimento proletário mundial Mas por que então Gorki se ocupa de politica?
(LENINE, Cartas de Longe, de 12 de março (25) de 1917. Coletânea Lenine, t. II, pgs. 356-357, ed. russa).
Considero que o artista pode retirar muito resultado cada filosofia. Enfim, estou inteiramente e sem restrição deacordo com que, nos problemas da criação artística, você é melhor julgador que ninguém e que, tirando suas concepções de sua experiência artística de uma filosofia, mesmo que seja idealista, poderá chegar a conclusões que aproveitarão enormemente ao Partido Operário.
(LENINE, Carta a Gorki, em 25 de fevereiro de 1908. Coletânea Lenine, t. I, p. 100, ed. russa).
Que há de novo a respeito de seus “planos”? Escreva. E responda aos operários da nossa escola(13). São bons rapazes. Um deles é poeta, o pobrezinho, escreve todo tempo versos e não tem guia, ajuda, mestre, conselheiro.
(LENINE, Carta a Gorki, abril de 1911. Coletânea Lenine, t. I, p. 126, ed. russa).
A “liberdade de imprensa” é também uma das principais palavras de ordem da “democracia pura”. Os operários sabem muito bem, e os socialistas de todos os países têm reconhecido muitas e muitas vezes, que essa liberdade é uma mentira enquanto que melhores tipografias e os mais importantes depósitos de papel se encontram nas mãos dos capitalistas, enquanto subsiste a dominação do capital sobre a imprensa, dominanação que se afirma no mundo inteiro de maneira tanto maia escandalosa, brutal e cínica quanto a democracia e o regime republicano são mais desenvolvidos, como, por exemplo, na América. Para conquistar a igualdade real e a verdadeira democracia para os trabalhadores, para os operários e os camponeses é preciso inicialmente retirar do capital a possibilidade de amordaçar os escritores, comprar casas editoras e corromper os jornais e, para isso, é preciso abater o jugo do capital, derrubar os exploradores, esmagar-lhes a resistência. Os capitalistas sempre chamaram “liberdade” a liberdade para os ricos de enriquecer, a liberdade para os operários morrerem de fome.
Os capitalistas chamam liberdade de imprensa a liberdade de compra da imprensa pelos ricos, a liberdade de se servir da riqueza para fabricar e falsificar o que se chama a opinião pública. Os defensores da “democracia pura” são realmente os defensores do sistema mais vil, mais corrompido, de penhoras sobre os meios de educação das massas, enganam o povo afastando-o, por meio de frases arranjadas, bem torneadas e completamente falsas, da tarefa histórica concreta: subtrair a imprensa à dominação do capital. A liberdade e a igualdade só aparecerão num regime edificado pelos comunistas no qual não existirá a possibilidade objetiva de submeter, nem direta nem indiretamente, a imprensa ao poder do dinheiro, onde será possível, para cada trabalhador (ou cada grupo de trabalhadores, seja qual for seu número), ter e exercer o direito, igual Para todos, de utilizar as tipografias públicas e o papel público.
(LENINE, Teses e Informes Sobre a Democracia Burguesa e a Ditadura do Proletariado, apresentadas ao 1.° Congresso da I. C., em 4 de março de 1919, Obras, t. XXXIV, p. 10, ed. russa).
Upton Sinclair, escritor socialista americano, autor de numerosos romances em que denuncio a exploração capitalista e o nacionalismo ianque, pronunciou-se contra a guerra de 1914-1918, Lenine critica com lucidez suas fraquezas ideológicas e a insuficiência dos bons sentimentos em matéria de socialismo. Mais tarde, sob a presidência de Roosevelt, Upton Sinclair tornou-se um democrata burguês e apresentou-se como tal às eleições.
A brochura: O Socialismo e a Guerra, aparecido antes da guerra na edição do jornal patrioteiro Clarion, é edificante a esse respeito. Essa pequena brochura contem um “manifesto” contra a guerra feito pelo socialista americano Upton Sinclair e a resposta que lhe mandou o nacionalista Robert Blatchford, que adotou, desde há muito, o ponto de vista imperialista de Hyndman.
Sinclair é um socialista sentimental, sem educação teórica. Apresenta o problema simplesmente, indignando-se com a guerra e procurando salvação contra ela no socialismo.
…“Dizem que nosso movimento (contra a guerra) será esmagado, mas eu proclamo minha convicção profunda que o esmagamento de qualquer revolta tendo como finalidade, por motivos superiores de humanidade, impedir a guerra seria a maior vitória conquistada jamais pelo socialismo, que essa vitória abalaria a consciência da civilização e sacudiria os operários do mundo inteiro coino cousa alguma ainda os sacudiu na história...”(14)
Como vedes, é uma advertência ingênua, teoricamente superficial, mas profundamente verdadeira no que diz respeito ao aviltamento do socialismo e é um apelo à luta revolucionária.
...Sinclair é ingênuo em seu apelo, se bem que esse apelo seja profundamente verdadeiro em sua essência — ingênuo porque ele ignora o desenvolvimento durante meio século do socialismo de massas, a luta das tendências em seu seio, ignora as condições do desenvolvimento das ações revolucionarias quando existe uma situação revolucionária objetiva e uma organização revolucionária. Elas não podem ser substituídas em absoluto pelo “sentimento”. Não se liquidará, com o auxílio da retórica, a luta severa e implacável das duas poderosas correntes no socialismo, a corrente oportunista e a corrente revolucionária.
(LENINE, O Pacifismo Inglês e a Antipatia Inglesa pela Teoria. Abril-maio de 1915. Obras, t. XVIII, pgs. 141-142, ed. russa).
Pode-se reconhecer como uma das confirmações mais marcantes do crescimento observado em toda parte da consciência revolucionária das massas, os romances de Henri Barbusse: O Fogo e Claridade. O primeiro já foi traduzido em todas as línguas e tirados, na França, 230.000 exemplares. A transformação de um pequeno-burguês, de homem da rua completamente ignorante, inteiramente esmagada por suas concepções e seus preconceitos, num revolucionário, precisamente pela insuficiência da guerra, é mostrada com uma força, um talento, uma verdade extremas.
(LENINE, Sobre as tarefas da III Internacional, 14 de julho de 1919. Obras, t. XXXIV, pgs. 396-397, ed. russa).
A falência do capitalismo é inevitável. A consciência revolucionária das massas cresce em toda parte. Milhares de sintomas o dizem. Um deles, pouco importante mas muito eloquente para um filisteu: os romances de Henri Barbusse (O Fogo e Claridade) que foi à guerra, sendo ele próprio o pequeno-burguês, o filisteu, o homem da rua mais pacato, mais modesto, mais respeitador das leis.
(LENINE, Pravda, de 25 de julho de 1919. Obras, t. XXIV, p. 404, ed. russa).
John Reed (1887-19201 escritor americano que conquistou rapidamente a celebridade, renunciou aos sucessos da literatura e do jornalismo burguês para se fazer o campeão do proletariado em todos os conflitos sociais. No México, nos Estados Unidos (1913-1914), na Rússia, onde assistiu aos “Dez dias que abalaram o mundo”, John Reed está ao lado dos operários. Seu livro de interesse excepcional, liga-o para sempre ao heróico proletariado de outubro de 1917. Representante do Partido Comunista no II Congresso da I. C. (1920) morreu, pouco depois, de tifo, a serviço da Revolução.
Depois de ter lido, com imenso interesse e atenção idêntica, até o fim, o livro de John Reed, Dez Dias que Abalaram o Mundo, recomendo-o do fundo de meu coração aos operários de todos os países. Gostaria de ver esse livro distribuído em milhões de exemplares e traduzido em todas as línguas, porque ele dá um quadro exato e extraordinariamente vivo dos acontecimentos que têm uma tão grande importância para a compreensão do que é a revolução proletária, do que é a ditadura do proletariado. Essas questões são hoje o abjeto de discussão geral, mas antes de aceitar ou rejeitar essas ideias, é indispensável compreender toda a significação do partido que se deverá tomar. O livro de John Reed, sem dúvida nenhuma, ajudará a esclarecer essa questão, que é o problema fundamental do movimento operário universal.
(LENINE, Prefácio à edição americana de Dez Dias que Abalaram o Mundo, (Fins de 1919). Obras, t. XXIV, p. 661, ed, russa).
Serafimovitch, escritor proletário e membro do Partido bolchevista desde 1918, que devia escrever, no dia seguinte da guerra civil essa epopeia revolucionária A torrente de ferro, perdeu, em maio de 1920 seu filho, combatente do Exército Vermelho. Tendo sabido por sua irmã a noticia dessa morte, Lenine escreveu no mesmo dia a Serafimovitch.
Minha irmã acaba de dizer-me a terrível desgraça que caiu sobre você. Permita que lhe aperte fortemente, fortemente a mão e lhe deseje coragem e firmeza de ânimo. Lamento não ter podido realizar meu desejo de vê-lo mais vezes e de conhecê-lo mais intimamente. Mas suas obras e as narrações de minha irmã despertaram em mim uma profunda simpatia por você e quero dizer-lhe vivamente o quanto seu trabalho é| necessário aos operários e a todos nós, e quanto é indispensável para você, agora, continuar firme para vencer sua dor e obrigá-lo a voltar ao trabalho. Perdoe escrever tão rapidamente;
Ainda uma vez: aperto forte, fortemente, sua mão.
(LENINE, Carta a Serafimovitch, em 21 de maio de 1920. Obras, t. XXIX, p. 518; ed. russa).
Avertchenko (1881-1925), escritor satírico, liberal em 1905, passou, depois de outubro de 1917, à contrarrevolução e emigrou para Paris. No artigo que escreveu sobre um dos livros de Avertchenko, Lenine mostrou como sabe apreciar uma obra realista e servir-se dela — mesmo quando ela é a de um inimigo, — no interesse do proletariado.
É o livro de um guarda branco enraivecido até à demência, Arkadi Avertchenko: Doze Facas nas Costas da Revolução, Paris, 1921. É interessante observar como um ódio que atingi a esse grau de ebulição fez nascer passagens notavelmente fortes e notavelmente fracas nesse livro de um grande talento.
Quando o autor dedica suas narrações a um tema que ele não conhece, a arte se ausenta. Por exemplo, a narração que representa Lenine e Trotski em sua vida privada. Muita raiva, pouca verossimilhança, amável cidadão Avertchenko! Posso assegurar-vos que Lenine e Trotski têm muitos erros em geral e, portanto, particularmente na vida privada. Somente para descrevê-los com talento é necessário conhecer esses erros. E vós não os conheceis.
Em compensação, a maior parte do livro é consagrada aos temas que Arkadi Avertchenko conhece perfeitamente, que viveu, pensou, sentiu. É com um talento surpreendente que ele descreve as impressões e o estado de espírito de um represente da velha Rússia dos latifundiários e dos industriais da Rússia rica, farta e se empanturrando incessantemente. É assim, justamente, que a revolução deve aparecer aos representantes das classes governantes. Um ódio ardente dá às narrações de Avertchenko, algumas vezes e quase sempre, um caráter incrivelmente vivo. Há pequeninas coisas na verdade excelentes, por exemplo, na “erva batida pelas botas” sobre a psicologia das crianças que viveram e que vivem a guerra civil.
Entretanto, o autor só atinge o verdadeiro patético quando fala de alimentação. Como as pessoas ricas comiam na velha Rússia, como saboreavam os zakuski(16) em Petrogrado — não em Petrogrado, mas em Petersburgo — por 14 rublos e por 50 rublos, etc., o autor o descreve com verdadeira volúpia: isso ele conhece, isso ele viveu, sentiu, aqui ele não cometerá nenhum erro. O conhecimento do assunto e a veracidade são extraordinários.
A última narrativa: “Os destroços daquilo que foi feito em pedaços”, descreve na Crimeia, em Sebastopol, um antigo senador: — “ele foi rico, generoso, tinha relações”, — “agora trabalha o dia todo num depósito de artilharia onde descarrega e separa obuses” e um antigo diretor “de imensa usina metalúrgica considerada como a mais importante de Vyborgskaia Storona(17), agora empregado num belchior onde, nestes últimos tempos, adquiriu mesmo uma certa experiência na avaliação dos peignoirs usados e ursos de pelúcia para crianças, trazidos: para a venda”.
Os dois velhos relembram o passado, os por-de-sol em Petersburgo, as ruas, teatros e, bem entendido, as celas no “Urso”, em “Viena”, no “Pequeno Yaroslavetz”, etc. E suas lembranças são entrecortadas por exclamações: “Que mal lhes fizemos? A quem estávamos prejudicando?”... “Em que tudo isso os incomodava?”... “Por que fizeram eles isso à Rússia?”...
Arkadi Avertchenko nunca compreenderá porque. Os operários e os camponeses parece que compreendem porque, sem dificuldades e não necessitam de muitos esclarecimentos.
Certas narrações merecem, na minha opinião; ser reproduzidas. O talento deve ser estimulado.
(LENINE, Um Livro de Valor, “in” Pravda, 22 de novembro de 1921. Obras, tomo XXVII, pgs. 92-93, ed. russa).
Poeta da guerra civil e militante comunista, Vladimir Maiakovski (1894-1930), em seus versos, martelou as palavras de ordem, apresentou os problemas, enalteceu as tarefas da Revolução. Lenine louva seu sentido político agudo e a sátira tão justa que ele fez dos hábitos burocráticos. Stalin saúda nele o grande poeta soviético.
Ontem li, por acaso, no Izvestia, um poema de Maiakovski sobre um tema politico. Não me incluo entre os admiradores de seu talento poético se bem que reconheça plenamente minha incompetência neste terreno. Mas, desde há muito tempo não experimentava um tal prazer do ponto de vista político e administrativo. Em seu poema, Maiakovski zomba impiedosamente das reuniões e escarnece dos comunistas que só fazem reunir-se e reunir-se ainda. Não sei o que se deve pensar quanto à poesia, mas, pelo que diz respeito à politica, posso assegurar que é inteiramente justo.
(LENINE, Sobre a situação internacional e interna da República dos Soviets, “in” Pravda, 8 de março de 1922. Obras, t. XXVII, p. 177, ed. russa).
Maiakovski foi e continua sendo o melhor poeta, o mais talentoso de nossa época soviética. A indiferença pela sua memória e pelas suas obras é um crime.
(STALIN, Pravda, 7 de dezembro de 1935)
Notas de rodapé:
(1) Nijni-Novgorod, na confluência do Volga e do Okaj chama-se hoje Gorki. (retornar ao texto)
(2) Os partidários do empirocriticismo. (retornar ao texto)
(3) O otzovismo preconizava a chamada dos deputados social-democratas da Duma (da palavra russa otosvat: chamar). Essa corrente manifestara-se no Partido Social-Democrata russo durante o período de reação que se seguiu à revolução de 1905. Foi combatido por Lenine como ultra esquerdista e sectária. (retornar ao texto)
(4) A edificação de Deus é uma corrente mística que se manifestou no seio do Partido Social-Democrata no mesmo período. (retornar ao texto)
(5) As pessoas agrupadas em torno da revista Vpériod. (retornar ao texto)
(6) O Jornal Operário, social-democrata. (retornar ao texto)
(7) O Contemporâneo. (retornar ao texto)
(8) O Mensageiro da Europa. (retornar ao texto)
(9) O Pensamento Russo. (retornar ao texto)
(10) A Riqueza Russa. (retornar ao texto)
(11) O Mundo Contemporâneo. (retornar ao texto)
(12) A Bandeira Vermelha. (retornar ao texto)
(13) Trata-se da escola do Partido organizado em Longjumeau por Lenine, em 1911. (retornar ao texto)
(14) Citação de Upton Sinclair. (retornar ao texto)
(15) Ver edição brasileira, Editorial Calvino Limitada, 1944. (retornar ao texto)
(16) Hors-d’euvre (retornar ao texto)
(17) Quarteirão de Leningrado. (retornar ao texto)
Inclusão | 03/07/2019 |