Feuerbach. Oposição das Concepções Materialista e Idealista
(Capitulo Primeiro de A Ideologia Alemã)

Karl Marx e Friedrich Engels

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Notas de Fim de Tomo

capa

2 A Ideologia Alemã. Crítica da Novíssima Filosofia Alemã na Pessoa dos seus Representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner e do Socialismo Alemão na Pessoa dos seus Diversos Profetas é uma obra conjunta de K. Marx e F. Engels, na qual trabalharam em Bruxelas em 1845 e 1846. Em A Ideologia Alemã Marx e Engels elaboraram pela primeira vez em todos os aspectos a concepção materialista da história como base filosófica da teoria do comunismo científico.
O manuscrito de A Ideologia Alemã compunha-se de dois tomos, o primeiro dos quais continha a crítica da filosofia pós-hegeliana, e o segundo a crítica do "socialismo verdadeiro".
No primeiro capítulo do primeiro tomo é exposto o conteúdo positivo fundamental de todo o trabalho. Por isso o primeiro capítulo de A Ideologia Alemã é o mais importante de toda a obra e tem um significado independente.
O manuscrito do primeiro capítulo é composto por três partes em rascunho e duas, passadas a limpo, do começo do capítulo.
A primeira parte do capítulo é a segunda variante da cópia a limpo, com o acrescento da primeira variante daquele que não foi utilizado na segunda variante. A segunda parte constitui o núcleo inicial de todo o capítulo. A terceira e a quarta partes são digressões teóricas transpostas do capítulo sobre Stirner (terceiro capítulo do primeiro tomo).
Na presente edição os materiais são apresentados de acordo com a brochura em russo: K. Marx e F. Engels, Feuerbach. Oposição das Concepções Materialista e Idealista. (Nova edição do primeiro capítulo de A Ideologia Alemã), Moscovo, 1966.
Todos os títulos e interpolações acrescentados pelos editores vão entre parênteses rectos, assim como os números das páginas do manuscrito. As folhas da primeira cópia a limpo, a principal, numeradas por Marx e Engels, são assinaladas com a letra "f" e um número: [f. 1], etc. As páginas da primeira cópia a limpo não têm numeração do autor e são assinaladas com a letra "p" e um número: [p. 1],etc. As páginas das três partes em rascunho do manuscrito, numeradas por Marx, são assinaladas com um simples número: [1], etc. - 4. (retornar ao texto)

3 Trata-se da obra fundamental de D. F. Strauss A Vida de Jesus (D. F. Strauss, Das Leben Jesus, Bd. 1-2, Tübingen, 1835-1836), que marcou o início da crítica filosófica da religião e da divisão da escola hegeliana em velhos hegelianos e jovens hegelianos. - 4. (retornar ao texto)

4 Trata-se da revolução burguesa francesa de fins do século XVIII. - 4. (retornar ao texto)

5 Diádocos: generais de Alexandre Magno que, após a sua morte, iniciaram uma aguda luta entre si pela conquista do poder. No decurso desta luta (fim do século IV e início do século III antes da nossa era) a monarquia de Alexandre, que constituía em si mesma uma união militar-administrativa sem solidez, dividiu-se numa série de Estados separados. - 4. (retornar ao texto)

6 Pensamentos que fazem abalar o mundo: expressão de um artigo anónimo da revista Wigand's Vierteljahrsschrift de 1845,t. IV, p. 327. Wigand's Vierteljahrsschrift (Revista Trimestral de Wigand): revista filosófica dos jovens hegelianos; foi editada por O. Wigand em Leipzig em 1844 e 1845. Colaboravam na revista B. Bauer, M. Stirner, L. Feuerbach e outros. -7. (retornar ao texto)

7 O termo Verkehr em A Ideologia Alemã tem um conteúdo muito amplo. Inclui o intercâmbio material e espiritual de indivíduos, grupos sociais e países inteiros. Na sua obra Marx e Engels mostram que o intercâmbio material, e sobretudo o intercâmbio entre as pessoas no processo de produção, constitui a base de qualquer outro intercâmbio. Nos termos Verkehrsform, Verkehrsweise, Verkehrsverhaltnisse, Produktions-und Verkehrsverhaltnisse ("forma de intercâmbio", "modo de intercâmbio", "relações de intercâmbio", "relações de produção e de intercâmbio"), que são utilizados em A Ideologia Alemã, encontrou expressão o conceito de relações de produção, que nesta altura estava a ser elaborado por Marx e Engels. - 9, 88. (retornar ao texto)

8 O termo Stamm, que em A Ideologia Alemã é traduzido por "tribo", tinha na historiografia dos anos 40 do século XIX um significado mais amplo do que actualmente. Significava um conjunto de pessoas descendentes de um único antecessor, e abarcava os conceitos actuais de "gens" e "tribo". A definição precisa e as diferenças entre estes conceitos foram dadas pela primeira vez no livro de L. Morgan A Sociedade Antiga (1877). Nesta obra fundamental do ilustre etnógrafo e historiador norte-americano era esclarecida pela primeira vez a importância da gens como célula fundamental do regime da comunidade primitiva, tendo sido deste modo criada a base científica de toda a história da sociedade primitiva. Ao sintetizar os resultados das investigações de Morgan, Engels desenvolveu em todos os aspectos o conteúdo dos conceitos de "gens" e "tribo" na sua obra A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884) (ver a presente edição, t. 3). - 10. (retornar ao texto)

9 A lei agrária dos tribunos populares romanos Licinius e Sextius, adoptada no ano de 367 antes da nossa era, proibia os cidadãos romanos de possuírem mais de 500 jeiras (cerca de 125 hectares) de terra do fundo público de terras (ager publicus). - 11. (retornar ao texto)

10 Trata-se do artigo de B. Bauer "Caracterização de Ludwig Feuerbach", publicado na revista Wigand's Vierteljährsschrift de 1845, t. III, pp. 86-146. - 17,32. (retornar ao texto)

11 Ver Hegel, Filosofia da História, Introdução, Base Geográfica da História Mundial. - 20. (retornar ao texto)

12 Trata-se de uma expressão deB. Bauer no artigo "Caracterização de Ludwig Feuerbach" (Wigand's Vierteljahrsschrift, 1845, t. III, p. 130). - 20. (retornar ao texto)

13 Deutsch-Französische Jahrbücher (Anais Franco-Alemães) foram publicados em Paris sob a direcção de K. Marx e A. Ruge em língua alemã. Saiu apenas um número, duplo, em Fevereiro de 1844. Incluía as obras de K. Marx Sobre a Questão Judaica e Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. Introdução, assim como as obras de F. Engels Esboços para Uma Crítica da Economia Política e A Situação em Inglaterra: "O Passado e o Presente", de Thomas Carlyle. Estes trabalhos traduzem a passagem definitiva de Marx e Engels para o materialismo e o comunismo. A causa principal do desaparecimento da revista foram as divergências de princípio entre Marx e o radical burguês Ruge. - 25, 530. (retornar ao texto)

14 Esta conclusão da possibilidade da vitória da revolução proletária apenas em simultâneo nos países capitalistas avançados e, consequentemente, a impossibilidade da vitória da revolução num só país, que recebeu a sua formulação mais completa no trabalho de Engels Princípios Básicos do Comunismo (1847) (ver o presente tomo, pp. 88-89) era justa para o período do capitalismo pré-monopolista. Nas novas condições históricas, no período do capitalismo monopolista, V. I. Lénine, partindo da lei por ele descoberta do desenvolvimento político e económico desigual do capitalismo na época do imperialismo, chegou a uma nova conclusão: a da possibilidade da vitória da revolução socialista inicialmente nalguns ou num só país, individualmente considerado, e da impossibilidade da vitória simultânea da revolução em todos os países ou na maioria deles. A formulação desta nova conclusão surge pela primeira vez no trabalho de Lénine Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa (1915) (ver Obras Escolhidas de V. I. Lénine em três tomos, Edições "Avante!" - Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1977,t. I, pp. 569-572). - 27, 88, 279. (retornar ao texto)

15 Sistema continental ou bloqueio continental: proibição, imposta em 1806 por Napoleão I aos países do continente europeu, de comerciarem com a Inglaterra. O bloqueio continental caiu após a derrota de Napoleão na Rússia. - 29,313,535.  (retornar ao texto)

16 Marselhesa, Carmagnole, Ça ira: canções revolucionárias do período da revolução burguesa francesa de fins do século XVIII. A última canção tem o seguinte refrão: "Ah! ça ira, ça ira, ça ira, les aristocrates à la lanterne. Ah, ça ira, ça ira, ça ira, les aristocrates on les pendra!" ("Ah! isto irá, isto irá, isto irá, os aristocratas ao candeeiro. Ah! isto irá, isto irá, isto irá, os aristocratas enforcá-los-emos!"). - 32. (retornar ao texto)

17 Expressão do livro de M. Stirner O Único e a Sua Propriedade (M. Stirner, Der Einzige und sein Eigenthum, Leipzig, 1845). - 32. (retornar ao texto)

18 Esta expressão é retirada do artigo de B. Bauer "Caracterização de Ludwig Feuerbach" (ver a revista Wigand's Vierteljahrsschrift, 1845, t. III, p. 139. - 35. (retornar ao texto)

19 Expressão do livro de M. Stirner O Único e a Sua Propriedade. - 36. (retornar ao texto)

20 Hallische Jahrbücher e Deutsche Jahrbücher: título abreviado da revista literário-filosófica dos jovens hegelianos editada sob a forma de folhas diárias em Leipzig de Janeiro de 1838 a Junho de 1841. O título completo era Hallische Jahrbücher für deutsche Wissenschaft und Kunst (Anais de Halle sobre a Ciência e a Arte Alemãs); de Julho de 1841 a Janeiro de 1843 passou a chamar-se Deutsche Jahrbücher für Wissenschaft und Kunst (Anais Alemães sobre a Ciência e a Arte). Em Janeiro de 1843 a revista foi proibida pelo governo. - 36. (retornar ao texto)

21 B. Bauer, Geschichte der Politik, Cultur und Aufklärung des achtzehnten Jahrhunderts, Bd. 1-2, Charlottenburg, 1843-1845 (B. Bauer, História da Política, da Cultura e das "Luzes" do Século Dezoito, tt. 1-2, Charlottenburg, 1843-1845). - 36. (retornar ao texto)

22 Canção do Reno: do poema Der deutsche Rhein (O Reno Alemão), do poeta pequeno-burguês alemão N. Becker, muito utilizado pelos nacionalistas. Foi escrito em 1840 e desde então muitas vezes musicado. - 36. (retornar ao texto)

23 Trata-se do artigo de L. Feuerbach "Sobre a 'Essência do Cristianismo' em relação ao 'Único e a sua Propriedade' " publicado na revista Wigand's Vierteljahrsschrift, 1845, t. II, pp. 193-205. O artigo termina assim: "Por isso, Feuerbach não pode ser chamado de materialista, nem de idealista, nem de filósofo da identidade. O que é ele, então? Ele é no pensamento o que é na realidade, no espírito o que é na carne, na essência o que é nos sentidos - é o Homem, ou antes - uma vez que Feuerbach transporta a essência do Homem apenas para a sua comunidade - é o Homem social, é comunista." - 37. (retornar ao texto)

24 L. Feuerbach, Grundsätze der Philosophie der Zukunft, Zürich und Winterthur, 1843, S. 47 (L. Feuerbach, Princípios da Filosofia do Futuro, Zurique e Winterthur, 1843, p. 47).
Nas suas notas, intituladas Feuerbach e provavelmente destinadas ao primeiro capítulo do primeiro tomo de A Ideologia Alemã, Engels cita e comenta a passagem indicada do livro de Feuerbach:
"O Ser não é um conceito universal separável das coisas. É uno com o que existe... O Ser é a posição da Essência. O que é a minha essência é o meu ser. O peixe está na água, mas deste Ser não se pode separar a sua Essência. Já a linguagem identifica Ser e Essência. Só na vida humana, mas também apenas em casos anormais e infelizes, o Ser se aparta da Essência - acontece que não se tem a Essência onde se tem o Ser, mas precisamente por causa deste divórcio também verdadeiramente não se está com a alma onde realmente se está com o corpo. Tu só estás onde está o teu coração. Mas todas as coisas - à excepção dos casos contrários à natureza - gostam de estar onde estão e de ser o que são (p. 47).
"Um belo panegírico à ordem vigente. À excepção de casos contrários à natureza e anormais, que são poucos, gostas de com sete anos ser porteiro de uma mina de carvão e de passar catorze horas sozinho no escuro, e porque este é o teu Ser, esta é também a tua Essência. Do mesmo modo piecer num selfactor. [Em inglês no original: piecer - rapariga que trabalha com o selfactor, vigiando a máquina e atando de novo os fios quebrados; selfactor - parte automática de uma máquina de fiar - Nota da edição portuguesa.] É a tua 'Essência' estares subordinado a um ramo do trabalho." - 37. (retornar ao texto)

25 Marx e Engels referem-se ao terceiro capítulo do primeiro tomo de A Ideologia Alemã. Esta parte do capítulo sobre Feuerbach inicialmente fazia parte deste terceiro capítulo e estava imediatamente a seguir ao texto a que aqui se referem Marx e Engels. Na passagem indicada do terceiro capítulo Marx e Engels citam a obra de Hegel Filosofia da História e outras. - 41. (retornar ao texto)

26 Liga contra as leis dos cereais: organização da burguesia industrial inglesa, fundada em 1838 por Cobden e Bright, fabricantes de Manchester. As chamadas leis dos cereais, que tinham como objectivo limitar ou proibir a importação de cereais, foram introduzidas na Inglaterra em benefício dos grandes latifundiários. Apresentando a exigência da total liberdade de comércio, a Liga pretendia a abolição das leis dos cereais com o objectivo de reduzir os salários dos operários e enfraquecer as posições políticas e económicas da aristocracia agrária. Em resultado desta luta as leis dos cereais foram revogadas em 1846, o que significava a vitória da burguesia industrial sobre a aristocracia agrária. - 44. (retornar ao texto)

27 Associação (Verein), segundo Stirner, agrupamento voluntário de egoístas. - 45. (retornar ao texto)

28 J. Aikin, A Description of the Country from Thirty to Forty Miles Round Manchester, London, 1795 (J. Aikin, Uma Descrição do Campo de Trinta a Quarenta Milhas em redor de Manchester, Londres, 1795). - 52. (retornar ao texto)

29 A citação é da Lettre sur la jalousie du commerce (Carta sobre a Rivalidade no Comércio) publicada no livro de I. Pinto Traité de la circulation et du crédit, Amsterdam, 1771 (Tratado da Circulação e do Crédito, Amsterdão, 1771), pp. 234 e 283.- 52. (retornar ao texto)

30 A. Smith, An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, London, 1776 (A. Smith, Inquérito sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, Londres, 1776). - 53. (retornar ao texto)

31 Ver o livro de J. J. Rousseau Du contract social; ou, principes du droit politique (Sobre o Contrato Social; ou Princípios do Direito Político), publicado em Amsterdão em 1762. - 62. (retornar ao texto)

32 Trata-se das ideias de M. Stirner no seu artigo "Recensões sobre Stirner", publicado no III tomo da revista Wigand's Vierteljahrsschrift, 1845, p. 187. - 63. (retornar ao texto)

33 A Inglaterra foi conquistada pelos normandos em 1066; Nápoles, em 1130. - 65. (retornar ao texto)

34 Império Romano do Oriente: Estado que em 395 se separou do império romano escravista, com centro em Constantinopla; posteriormente passou a chamar-se Bizâncio; existiu até 1453, ano em que foi conquistado pelos turcos. - 65, 385. (retornar ao texto)

35 A cidade italiana de Amalfi foi nos séculos X-XI um próspero centro de comércio. O direito marítimo da cidade de Amalfi (Tabula Amalphitana) vigorava em toda a Itália e teve uma ampla difusão nos países do Mediterrâneo. - 73. (retornar ao texto)


Inclusão 08/04/2006