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Primeira Edição: Publicado no livro: F. Engesl, Ludwig Feuerbach und der Ausgang der klassischen deutschen Philosophie, Stuttgart 1888. Publicado segundo o texto do livro. Traduzido do alemão.
Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Editorial "Avante!" - Edição dirigida por um colectivo composto por: José BARATA-MOURA,
Eduardo CHITAS, Francisco MELO e Álvaro PINA, tomo III, pág: 375-377.
Tradução: José BARATA-MOURA.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Editorial
"Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1982.
No prefácio de Zur Kritik der Politischen Ökonomie [Para a Crítica da Economia Política], Berlin 1859, Karl Marx conta como nós os dois, em 1845, em Bruxelas, nos dedicámos a «dar, em comum, um acabamento à oposição da nossa maneira de ver» — a concepção materialista da história elaborada, nomeadamente, por Marx — «contra a [maneira de ver] ideológica da filosofia alemã, de facto, a ajustar contas com a nossa consciência [Gewissen] filosófica de outrora. O propósito foi executado sob a forma de uma crítica da filosofia pós-hegeliana. O manuscrito(1*)., dois grossos volumes em oitavo, chegara havia muito ao seu lugar de publicação na Vestefália, quando recebemos a notícia de que uma mudança das circunstâncias não permitia a impressão. Deixámos o manuscrito à crítica roedora dos ratos de tanto melhor vontade quanto havíamos alcançado o nosso objectivo principal — auto-entendimento.»(2*).
Desde então, passaram mais de quarenta anos e Marx morreu sem que nenhum de nós tivesse tido oportunidade de voltar ao assunto. Sobre a nossa relação com Hegel, pronunciámo-nos em diversas passagens dispersas, contudo, em parte alguma num encadeamento abarcante. A Feuerbach que, no entanto, sob muitos aspectos, forma um elo intermédio entre a filosofia de Hegel e a nossa concepção, nunca tornámos a voltar.
Entretanto, a visão do mundo [Weltanschauung] de Marx encontrou defensores muito para além das fronteiras da Alemanha e da Europa, e em todas as línguas cultas do mundo. Por outro lado, a filosofia alemã clássica experimenta no estrangeiro uma espécie de renascimento, nomeadamente, na Inglaterra e Escandinávia, e mesmo na Alemanha parece que as pessoas começam a ficar fartas da sopa de pobres ecléctica que é lá tomada nas universidades sob o nome de filosofia.
Nestas circunstâncias, pareceu-me que uma exposição curta, encadeada, da nossa relação com a filosofia de Hegel, da nossa saída assim como da nossa separação dela, cada vez mais se impunha. E pareceu-me, igualmente, que um pleno reconhecimento da influência que Feuerbach — mais do que todos os outros filósofos pós-hegelianos — teve sobre nós durante o nosso período de tempestade e ímpeto [Sturm und Drang] era uma dívida de honra não saldada. Agarrei, portanto, de boa vontade a oportunidade que a redacção da Neue Zeit me deu ao pedir-me uma recensão crítica do livro de Starcke sobre Feuerbach. O meu trabalho foi publicado nos números 4 e 5 de 1886 daquela revista e aparece aqui como separata, revisto.
Antes de enviar estas linhas para o prelo, voltei a tirar o velho manuscrito de 1845/1846(3*), e vi-o. A secção sobre Feuerbach(4*) não está completada. A parte pronta consiste numa exposição da concepção materialista da história que apenas demonstra quão incompletos eram ainda, naquela altura, os nossos conhecimentos da história económica. A crítica da própria doutrina de Feuerbach falta; para o presente objectivo era, portanto, inutilizável. Em contrapartida, encontrei num velho caderno de Marx as onze teses sobre Feuerbach(5*) impressas [aqui] em apêndice. São notas para posterior elaboração, escritas à pressa, de modo nenhum [absolut] destinadas à impressão, mas inestimáveis como o primeiro documento onde está consignado o germe genial da nova visão do mundo.
Londres, 21 de Fevereiro de 1888.
Friedrich Engels
Notas de Rodapé:
(1*) Trata-se de Die deutsche Ideologie [A Ideologia Alemã]. O manuscrito só publicado em 1932, numa edição a cargo do Instituto de Marxismo-Leninismo de Moscovo. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(2*) Ver a presente edição, t. I, 1982, p. 532. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(3*) Ver nota 1* acima. (retornar ao texto)
(4*) Ver a presente edição, t. I, 1982, p.p. 4-75. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
(5*) Ver a presente edição, t. I, 1982, p.p. 1-3. O texto publicado por Engels em 1888 contém algumas alterações relativamente ao manuscrito de Marx de 1845 que, todavia, o não modificam na essência. (Nota da edição portuguesa.) (retornar ao texto)
Inclusão | 11/12/2012 |