MIA > Biblioteca > Marx/Engels > Novidades
Transcrição autorizada |
---|
Karl Marx e Friedrich Engels reelaboraram criticamente todas as melhores conquistas do pensamento humano no domínio da filosofia, da economia política e do socialismo, generalizaram a experiência de muitos séculos de luta das classes oprimidas e criaram a doutrina que recebeu o nome de um dos seus fundadores — o marxismo.
Ao descobrirem as leis objectivas do desenvolvimento social, Marx e Engels provaram cientificamente a inevitabilidade da superação do capitalismo e do triunfo do socialismo através da revolução proletária. Marx e Engels ensinaram que só o proletariado, como classe mais consequente e revolucionária da sociedade capitalista, pode aglutinar todos os trabalhadores e levá-los ao derrube do capitalismo. Contudo, para cumprir a sua missão histórica mundial de coveiro do capitalismo e construtor da sociedade comunista, o proletariado deve ter o seu próprio partido operário. Marx e Engels lutaram abnegadamente pela criação de um partido deste tipo.
O marxismo representa uma doutrina revolucionária que se desenvolve e aperfeiçoa constantemente. A sua particularidade principal consiste na unidade orgânica da teoria e da prática revolucionárias.
"A nossa teoria não é um dogma, mas um guia para a acção — diziam Marx e Engels." (Lénine.)
Ao longo de quase meio século, desenvolveram e aperfeiçoaram a sua doutrina, enriquecendo-a com novas ideias e conclusões assentes na generalização da prática revolucionária, no poder criador e na iniciativa das massas.
A presente edição das Obras Escolhidas em três tomos inclui os mais importantes trabalhos de Marx e Engels em que se expõem as três partes constitutivas da sua grande doutrina revolucionária — a filosofia marxista, a economia política, a teoria do comunismo científico.
As Obras Escolhidas abrem com as Teses sobre Feuerbach de K. Marx e com o primeiro capítulo de A Ideologia Alemã de Marx e Engels. As Teses sobre Feuerbach foram qualificadas por F. Engels como "o embrião genial da nova visão do mundo", pois nelas Marx, já em 1845, proclamou a unidade indissolúvel entre a filosofia e a prática social:
"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é transformá-lo."
No primeiro capítulo de A Ideologia Alemã, a sua parte fundamental no sentido teórico, expõe-se a concepção materialista da história. A formulação clássica da essência do materialismo histórico foi apresentada por Marx mais tarde, no prefácio de Para a Crítica da Economia Política (tomo I)(1*).
As bases do marxismo foram rigorosa e sistematicamente expostas no famoso documento programático Manifesto do Partido Comunista (tomo I).
"Esta obra, observou Lénine, expõe, com uma clareza e um vigor geniais, a nova concepção do mundo, o materialismo consequente aplicado também ao domínio da vida social, a dialéctica como a doutrina mais vasta e mais profunda do desenvolvimento, a teoria da luta de classes e do papel revolucionário histórico-universal do proletariado, criador de uma sociedade nova, a sociedade comunista."
As três obras de Marx sobre a história da França do século XIX — As Lutas de Classes em França (tomo I), O 18 de Brumário de Louis Bonaparte (tomo I), A Guerra Civil em França (tomo II) — fornecem brilhantes exemplos de aplicação do materialismo dialéctico na análise dos acontecimentos históricos concretos. Ao mesmo tempo, têm enorme significado teórico, pois nelas se reflecte o desenvolvimento da doutrina marxista sobre a revolução proletária e o Estado. O próprio Marx aprendia com as massas, verdadeiras criadoras da história, enriquecendo a teoria revolucionária com os ensinamentos da sua luta. A rica experiência da revolução de 1848-1849 impulsionou o desenvolvimento e a concretização das concepções de Marx acerca do Estado. Se o Manifesto do Partido Comunista fornece uma formulação geral da inevitabilidade da conquista do poder político pelo proletariado, em O 18 de Brumário de Louis Bonaparte Marx, com base na generalização da luta de classes em França em 1848-1851, chegou à conclusão da necessidade de desmantelar a máquina do Estado burguês. E mais tarde, na obra A Guerra Civil em França, Marx ao analisar a experiência da luta abnegada dos communards de Paris chegou à conclusão extremamente importante de que é justamente a organização política do tipo da Comuna de Paris, e não a república parlamentar, que constitui a forma mais racional de poder da classe operária.
A Crítica do Programa de Gotha (tomo III) é um documento de grande importância programática do comunismo científico. Aqui se reflectiram as ideias de Marx sobre o carácter do período de transição do capitalismo para o socialismo, sobre o papel e a evolução do Estado proletário, sobre as duas fases de desenvolvimento da sociedade comunista.
Entre as obras clássicas que expõem o marxismo como concepção materialista completa conta-se a obra de Engels Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico (tomo III). Dela se publicam três capítulos de o "Anti-Dühring" revistos por Engels com o propósito especial de fornecer aos operários uma interpretação popularizada da doutrina marxista. O autor caracteriza sumariamente as três partes constitutivas do marxismo e demonstra que todas as conquistas da cultura mundial foram criticamente reelaboradas por Marx a fim de criar uma nova concepção do mundo, qualitativamente diferente de todas as doutrinas sociais precedentes.
Na obra Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Alemã Clássica (tomo III), Engels defende e fundamenta a concepção materialista do mundo. Apresenta a formulação clássica da questão fundamental da filosofia — a relação entre o pensamento e o ser, entre o espírito e a natureza —, em resposta à qual os filósofos se definem ao longo da história como idealistas e materialistas. Nas obras Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico e Ludwig Feuerbach..., Engels acentua a contraposição entre a dialéctica materialista de Marx e a dialéctica idealista de Hegel e mostra os defeitos e as limitações do materialismo metafísico de Feuerbach.
São também de enorme significado teórico algumas cartas de Marx e Engels, incluídas na presente edição em três tomos, relativamente às questões do materialismo histórico. Nas cartas a Annenkov e Weydemeyer (tomo I), Marx formula sumariamente o elemento novo com que contribuiu para a teoria do desenvolvimento social e da luta de classes. Nas cartas de 1890-1894, Engels pronunciou-se contra a vulgarização da concepção materialista da história e a subestimação do factor ideológico no desenvolvimento da sociedade.
O livro de Engels A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (tomo III) é um exemplo perfeito de aplicação da teoria do materialismo dialéctico à história do desenvolvimento social. Engels analisa aí as origens da família, do clã, da propriedade privada, das classes e do Estado, descobre as leis gerais do seu desenvolvimento e a sua dependência do modo de produção material e fundamenta a inevitabilidade da substituição de umas formas sociais por outras.
Em O Capital, sua obra imorredoira, Marx fez uma análise genial da lei económica básica do desenvolvimento da sociedade capitalista. A presente edição inclui a última secção — a sétima — do famoso capítulo XXIV do primeiro tomo de O Capital (tomo II). Nesta secção, Marx analisa a tendência histórica da acumulação capitalista, a inevitabilidade do agravamento das contradições entre a classe operária e a burguesia e a inevitabilidade da revolução proletária e da "expropriação dos expropriadores". A resenha de Engels do primeiro capítulo de O Capital (tomo II) dá ao leitor uma ideia do conteúdo desta obra de Marx. Nela, Engels mostrou o significado histórico-mundial da luta da classe operária e expôs a doutrina da mais-valia que, segundo Lénine, "constitui a pedra angular da teoria económica de Marx".
A presente edição inclui também duas obras destinadas por Marx às amplas massas operárias. A primeira, Trabalho Assalariado e Capital (tomo I), é baseada no material das conferências lidas por Marx em 1847 na Associação dos Operários Alemães em Bruxelas. A segunda Salário, Preço e Lucro (tomo II), é o relatório de Marx apresentado nas duas sessões do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores em 1865. Nestes trabalhos, Marx apresenta de forma acessível uma profunda análise teórica das relações económicas, nas quais assenta a dominação de classe da burguesia, e explica as origens e a essência da mais-valia.
Uma das mais importantes obras do socialismo científico é a obra de Engels Sobre a Questão da Habitação (tomo II). Nela. Engels faz a crítica dos projectos proudhonianos da solução do problema da habitação. Em contraposição aos proudhonianos e a outros sociais-reformistas, Engels sublinha a impossibilidade de resolver esse problema no capitalismo. Ao mesmo tempo, examina outro problema teórico importante, a superação da oposição entre a cidade e o campo, demonstrando que a sua solução só é possível nas condições da sociedade comunista.
Desde o início, a elaboração da teoria do marxismo estava indissoluvelmente ligada à luta de Marx e Engels pela criação do partido proletário. E sabido que o Manifesto do Partido Comunista foi escrito como documento programático da primeira organização internacional do proletariado — a Liga dos Comunistas —, criada por Marx e Engels. O artigo de Engels Para a História da Liga dos Comunistas (tomo III) é um breve esboço das actividades desta organização. A famosa Mensagem da Direcção Central à Liga dos Comunistas (tomo I) faz o balanço da luta revolucionária de 1848-1849 e formula a tese sobre a revolução em permanência que, na época do imperialismo foi desenvolvida por Lénine em teoria de transição da revolução democrático-burguesa para a socialista.
Quando nas condições do ascenso do movimento operário surgiu a Associação Internacional dos Trabalhadores (1864-1872), Marx assumiu a direcção daquela organização e escreveu a Mensagem Inaugural (tomo II), seu manifesto constituinte, e o Estatuto (tomo II), nos quais, de forma simples e acessível a todos os operários, formulou a necessidade da criação de um partido proletário independente.
Marx foi o autor da maior parte dos documentos da Associação Internacional, dos quais reproduzimos na presente edição dois apelos em relação à guerra franco-prussiana. A Guerra Civil em França, foi também escrita como apelo da Associação Internacional dos Trabalhadores. O artigo de Marx Sobre Proudhon (tomo II), os artigos de Engels Da Autoridade (tomo II), Do Social na Rússia (tomo II) e outros artigos e cartas que se publicam nesta edição reflectem a luta coerente dos fundadores do marxismo contra todas as formas do socialismo utópico e pequeno-burguês, contra o anarquismo no movimento operário.
Na etapa seguinte de desenvolvimento do movimento operário europeu, quando nalguns países surgiram partidos socialistas, Marx e Engels lutaram pela consolidação destes partidos, contra o oportunismo, o espírito de conciliação e o verbalismo de esquerda. Esta luta reflectiu-se em obras como, por exemplo, a já citada Crítica do Programa de Gotha (tomo III), o prefácio à segunda edição de A Situação da Classe Operária na Inglaterra (tomo III), A Questão Camponesa na França e Alemanha (tomo III), Para a Crítica do Projecto de Programa Social-Democrata de 1891 (tomo III) e outras obras da presente edição.
As obras de Marx e Engels incluídas nesta edição das Obras Escolhidas em três tomos reflectem também muitas outras questões importantes da teoria e da prática do movimento operário e democrático revolucionário.
Os materiais que constituem a presente edição estão dispostos essencialmente por ordem cronológica, com excepção dos prefácios e posfácios feitos pelos autores, os quais se publicam independentemente da data em que apareceram juntamente com as obras respectivas. As cartas de Marx e Engels vêm publicadas no final de cada tomo de acordo com o período que ele abrange.
No final de cada tomo inserem-se notas aos textos de Marx e Engels, assim como índices de nomes e de personagens literários e mitológicos.
O índice de assuntos será publicado no t. 3.
As notas de rodapé não identificadas como dos autores ou da edição portuguesa são oriundas do Instituto de Marxismo-Leninismo anexo ao CC do PCUS.
Instituto de Marxismo-Leninismo — anexo ao CC do PCUS — Editora de Literatura Política
Notas:
(1*) Entre parênteses indica-se o tomo correspondente da presente edição. (retornar ao texto)
Inclusão | 12/09/2009 |