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Fonte: Geração
Editorial.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo,
maio 2006.
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Aos posseiros, trabalhadores do campo o a todas as pessoas progressistas do Sul do PARÁ, oeste do MARANHÃO e norte de GOIÁS.
Aos moradores dos municípios do MARABÁ, SÃO JOÃO DO ARAGUAIA, CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA, ARAGUATINS, XAMBIOÁ, IMPERATRIZ, TOCANTINÓPOLIS, PORTO FRANCO E ARAGUAÍNA.
Ao povo brasileiro.
No passado mês de abril, tropas do Exército, em operações conjuntas com a Aeronáutica, Marinha e Polícia Militar do Pará, atacaram de surpresa antigos moradoras das margens do Rio Araguaia e de diversos locais situados entre SÃO DOMINGOS DAS LATAS e SÃO GERALDO, prendendo e espancando diversas pessoas, queimando casas, destruindo depósitos de arroz e outros cereais e danificando plantações. Êste traiçoeiro ato de violência praticado contra honestos trabalhadores do campo é mais um dos inúmeros crimes que a ditadura militar vem cometendo em todo o país contra camponeses, operários, estudantes, democratas e patriotas. O governo dos generais procura difamar as vítimas de suas arbitrariedades, espalhando que se trata de ação realizada contra bandidos contrabandista marginais e assaltantes de bancos. Mas a população da região não acredita em tais mentiras. Conhece, há muitos anos, os perseguidos, todos pessoas corretas, dedicadas ao trabalho e amigas da pobreza, sempre prestativas e solidárias com o povo, em particular, com os espoliados pelos grileiros e alvo das injustiças da polícia.
Os soldados as agrediram porque elas não querem viver como escravas sob o chicote dos militares que, acabando por completo com as liberdades, oprimem impiedosamente os brasileiros e enxovalham a nação.
Diante do criminoso ataque das forças armadas governamentais, muitos habitantes das zonas de SÃO DOMINGOS DAS LATAS, BREJO GRANDE, ARAGUATINS, PALESTINA, ITAMERIM, SANTA IZABEL, SANTA CRUZ e SÃO GERALDO resolveram não se entregar, armar-se com o que puderam e enfrentar corajosamente o arbítrio e a prepotência do Exército e da Polícia. Com tal objetivo, internaram-se nas matas do PARÁ, GOIÁS e MARANHÃO para resistir com êxito ao inimigo muito mais numeroso e melhor armado. A fim de desbaratar as operações militares da ditadura, defender suas vidas e desenvolver sua luta pela posso da terra, a liberdade e uma existência melhor para toda a população, decidiram formar destacamentos armados, criaram as FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA. Tomaram, também, a iniciativa de fundar ampla frente popular para mobilizar o organizar os que almejam o progresso e o bem-estar, os que não se conformam com a fome e a miséria, com o abandono e a opressão.
Deste modo surgiu o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DO POVO (MLP), onde podem ingressar os moradores da região e de outros estados, muitos dos quais vem tendo suas terras roubadas por gananciosos grileiros e são perseguidos, presos e espancados pelos agentes da ditadura. Nele há lugar não só para os pobres como também para todo patriota, seja qual fôr sua condição social, que deseja pôr abaixo a ditadura e instaurar no Brasil um regime verdadeiramente democrático.
Este movimento lançou manifesto em defesa do povo pobre e pelo progresso do interior, refletindo as mais profundas aspirações populares por uma vida digna, livro e feliz.
No documento estão incluidas as reivindicações mais sentidas da população local, que constituem o programa do MLP, a bandeira de luta da pobreza e de todos os elementos progressistas favoráveis ao desenvolvimento efetivo das regiões atrasadas.
Por sua vez, as forçar, guerrilheiras do Araguaia mostraram-se firmemente dispostas a combater os soldados da ditadura. Na zona próxima a SANTA CRUZ, alguns combatentes dessas forças defrontaram-se com inimigos superiores em número, matando um, ferindo outro e dispersando os demais. As tropas do Exercito, depois de cometer numerosas arbitrariedades contra moradores da região, sem revelar até agora disposição de lutar nas matas, retiram-se, temporariamente, das zonas onde atuam os destacamentos do povo e concentram-se em cidades, povoados e corrutelas. Nada valeram os grandes e aparatosos efetivos militares, os helicópteros e aviões, o armamento moderno das forças armadas do governo. Em várias áreas, os lutadores do povo, de armas nas mãos, usando a tática de guerrilha, realizam a propaganda das idéias e do programa do MLP entre os moradores, que os apoiam com entusiasmo e repelem as calúnias difundidas pela ditadura contra os revolucionários.
A luta armada que se desenvolve no sul do PARÁ e em outras regiões vem contando com a simpatia de amplos setores da população, não só do campo como também de importantes cidades situadas em torno da região rebelada. Isto porque a luta ora iniciada é de todos os oprimidos, de todos os que não aceitam o cativeiro e anseiam derrubar o regime tirânico imposto pelos militares. Não por acaso, os generais escondem os motivos [LACUNA NA REPRODUÇÃO DO ORIGINAL] ARAGUAIA seja seguido por todo povo brasileiro.
O Movimento de Libertação do Povo (MLP) e as forças guerrilheiras do ARAGUAIA apelam para os moradores da região a fim de que engrossem a resistência à odiosa ditadura militar, aos grandes magnatas, aos grileiros e aos gringos norte-americanos que, no norte e nordeste do País, já se apoderaram de imensas extensões de terra e das ricas minas de ferro da Serra Norte perto de MARABÁ. A todos conclamam a se estruturar nos comitês do MLP ou em outras formas de organização. Não há outro caminho para o povo senão o de combater valentemente os opressores. Cada lavrador, cada posseiro, cada trabalhador de fazenda ou castanhal, cada injustiçado, cada patriota, deve ajudar, de todos os modos, os que enfrentam sem temor as tropas do governo de traição nacional.
O povo unido e armado derrotará seus inimigos.
Abaixo a grilagem!
Viva a liberdade!
Morra a ditadura militar!
Por um Brasil livre e independente!
- Em algum lugar da Amazônia, 25 de maio de 1972
O MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DO POVO (MLP)
O COMANDO DAS FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA
Notas:
(1) Cópia da Documentação apreendida pela repressão no aparelho do PC do B na rua Pio XI, São Paulo em dezembro de 1976. [Veja o original apreendido em formato pdf] Mantidos a grafia e os grifos da fonte. (retornar ao texto)
Inclusão | 12/05/2006 |
Última alteração | 11/04/2013 |