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“Uma parte, cada dia maior, do capital industrial, — escreve Hilferding — não pertence aos industriais que o utilizam. Podem dispor do capital unicamente por mediação do banco, que representa, com respeito a eles, o proprietário do dito capital. Por outra parte, também o banco se vê obrigado a colocar na indústria uma parte cada vez maior de seu capital. Graças a isto, se converte, em proporção crescente, em capitalista industrial. Este capital bancário, por conseguinte, capital em forma de dinheiro, que por este procedimento se converte de fato em capital industrial, é o que chamo de capital financeiro.” “O capital financeiro é o que se acha à disposição dos bancos e que é utilizado pelos industriais” (Hilferding).
Esta definição não é completa, pois não se indica na mesma um dos fatos mais importantes, a saber: o aumento da concentração da produção e do capital em grau tão elevado que conduz e tem conduzido ao monopólio. Porém, em toda a exposição de Hilferding, em geral, e em particular nos dois capítulos que precedem aquele do qual temos extraído esta definição, sobressai o papel dos monopólios capitalistas.
Concentração da produção; monopólios que se derivam da mesma; fusão ou articulação dos bancos com a indústria; é aqui que está a história da aparição do capital financeiro e o conteúdo de dito conceito.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 989 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. III.
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A época do capital financeiro é caracterizada pela fusão orgânica do capital bancário e do capital industrial; o industrial torna-se, frequentemente, banqueiro, o banqueiro torna-se, frequentemente, industrial.
O americano Morgan, um dos maiores magnatas do capital, é simultaneamente dirigente de um dos maiores bancos do mundo, o National Bank of Commerce (e dos bancos que o seguem) e é chefe do poderoso truste do aço (The United States Steel Corporation). É também um dos reis das estradas de ferro. (A. Cohn)
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXIV — § 122 — Pág. 569 — Calvino, 1944.
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O monopólio surgiu dos bancos, os quais, de modestas empresas intermediárias que eram antes, se converteram em monopolistas do capital financeiro. Três ou cinco bancos mais importantes de qualquer das nações capitalistas mais avançadas realizaram a “união pessoal” do capital industrial e bancário, concentraram em suas mãos milhares e milhares de milhões que constituem a maior parte dos capitais e das receitas em dinheiro de todo o país. Uma oligarquia financeira que estende uma espessa rede de relações de dependência sobre todas as instituições econômicas e políticas da sociedade burguesa contemporânea sem exceção: eis aqui a manifestação de mais relevo deste monopólio.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1063 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. X.
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Quando os capitais disponíveis deixam de estar dispersos em um grande número de pequenos bancos e se concentram em alguns grandes, estes últimos obtêm um poder enorme sobre o conjunto da economia. O aumento quantitativo das operações e dos capitais dos bancos conduz inevitavelmente a uma mudança radical de seu papel.
Ao concentrar as contas-correntes de todos os capitalistas, um punhado de grandes bancos está em condições de conhecer o estado de seus negócios, de fiscalizá-los e, enfim, agravando e melhorando suas condições de crédito, de dirigir em um sentido determinado a atividade da indústria. Porém isto significa que
À medida que se vão desenvolvendo os bancos e que se vai acentuando sua concentração em um número reduzido de estabelecimentos, de modestos intermediários que eram antes, se convertem em monopolistas onipotentes que dispõem de quase todo o capital monetário de todos os capitalistas e pequenos patrões, assim como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias primas de um ou de vários países. (Lênin)
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (2) — Págs. 316-317 — EPU, 2.a ed., 1947.
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Resulta disso, por um lado, uma fusão cada vez mais completa, ou uma interpenetração do capital bancário e do capital industrial, e, pelo outro, a transformação dos bancos em estabelecimentos de “caráter” verdadeiramente universal. Sobre este ponto, cremos dever citar as próprias palavras de Jeidels, escritor que melhor estudou a questão:
O exame das relações industriais em seu conjunto permite constatar o caráter universal dos estabelecimentos financeiros a trabalhar para a indústria. Contrariamente às outras formas de bancos, contrariamente às exigências algumas vezes formuladas na literatura, que dizem que os bancos deviam especializar-se num domínio ou numa indústria determinada, para não verem o chão fugir sob seus pés, esforçam-se os grandes bancos para multiplicar o mais possível suas relações com as empresas industriais conforme o lugar e o gênero de produção, e fazer desaparecer de mais a mais as desigualdades que se constatam na divisão dos capitais entre as diferentes localidades ou ramos da indústria, desigualdades para as quais se acha explicação na história das diferentes empresas... Uma tendência consiste em generalizar a ligação com a indústria; outra, a torná-la contínua e intensiva; ambas são já aplicadas em seis grandes bancos, senão inteiramente, ao menos em notáveis proporções e em escala igual. (Jeidels)
Lênin —- Obras Escogidas — T. I — Pág. 986 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. II _ Lênin — in E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 126 — Editions Sociales, 1950.
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Os diligentes dos grandes bancos, eles próprios, não podem deixar de ver que as condições de uma nova economia nacional estão em vias de se formar; mas eles são impotentes diante delas.
Quem quer que, escreve Jeidels, tenha observado, no decurso dos últimos anos, a mudança de pessoal na direção e conselhos fiscais dos grandes bancos, deverá notar que a gestão dos negócios passou, pouco a pouco, a homens que consideram como tarefa indispensável e de mais a mais atual, a de os grandes bancos intervirem ativamente no desenvolvimento geral da indústria, e que entre esses homens e os antigos diretores de bancos se produzem desacordos de ordem profissional e muitas vezes pessoal. Trata-se, em suma, de saber se, ao intervirem nos processos de produção industrial, não sofrem os bancos em seus negócios de estabelecimentos de crédito, e se eles não sacrificam seus sólidos princípios e lucro seguro a uma atividade que nada tem de comum com o seu papel de intermediários do crédito e que os leva a um terreno em que são ainda mais expostos do que antes ao domínio cego da conjuntura industrial. É o que afirmam numerosos e antigos diretores de bancos; a maior parte dos jovens, porém, considera a intervenção como uma necessidade semelhante a que gerou, ao mesmo tempo que o desenvolvimento da grande indústria moderna, os grandes bancos e os negócios bancários-industriais de nossos dias. As duas partes não estão de acordo senão num ponto: é que já não existem princípios firmes nem fins concretos para a nova atividade dos grandes bancos.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Págs. 987-988 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. II.