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Quando se envia capital ao estrangeiro, não é porque este capital não encontre, em termos absolutos, emprego dentro do país. É porque, no estrangeiro, pode ser invertido com uma quota mais alta de lucro. Este capital é, porém, em termos absolutos, capital excedente com respeito à população obreira em atividade, e ao país de que se trata em geral. Existe como tal junto à população relativamente excedente, e isto é um exemplo de como ambos existem, um ao lado da outra e se condicionam mutuamente.
Marx — El capital — Tomo III — Vol. I — Livro 3.° — Seção 3.a — Cap. 15 — Tendencia decresciente de la cuota de ganancia — Desarollo de las contradiciones de la ley – Pág. 314 — F.C.E.
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O domínio dos monopólios e do capital financeiro conduz à formação, nos países imperialistas, de um excedente de capital que se exporta aos países atrasados. Este “excedente” se forma como resultado das condições fundamentais criadas pelo domínio do capital financeiro que a seguir se expressam.
I — O baixo nível de vida das massas, cujo empobrecimento é, em geral, característico do capitalismo; porém, na época do capital financeiro se acentua ao extremo porque o poder de compra da população diminui em virtude de que os monopólios mantém os preços em nível elevado. No interior do país, os artigos se vendem a preços mais altos do que no mercado externo (dumping). Por causa do retraimento do mercado interior uma parte dos capitais se torna supérflua.
II — A desigualdade do desenvolvimento dos diferentes ramos de produção aumenta, e, em particular se agrava o atraso no desenvolvimento da agricultura. Se o capitalismo pudesse liquidar o atraso da agricultura sobre a indústria, uma parte dos capitais excedentes deixaria de sê-lo.
III — A desigualdade do desenvolvimento dos diferentes países se acentua e nos atrasados a composição orgânica do capital é mais baixa, razão pela qual a taxa média de lucro é maior que nos países adiantados. Nos países atrasados a mão de obra e as matérias primas são mais baratas. Tudo isto torna mais vantajosa a inversão de capital nos países atrasados e cria um “excedente” de capital nos países do capital financeiro.
Os dados seguintes mostram o rápido crescimento da exportação de capitais nos princípios do século XX. Na Inglaterra, o total de capitais exportados para o estrangeiro passou, de 1902 a 1914, de 62.000 milhões, a 75 ou 100.000 milhões de francos. Na França, de uma soma que varia entre 27 e 37.000, aproximadamente, a 60.000 milhões de francos. E na Alemanha, de 12.500 a 44.000 milhões. Antes da guerra, os Estados Unidos eram um país no qual a importação de capitais ultrapassava a exportação. Depois da guerra, o papel dos Estados Unidos na exportação mundial de capitais mudou radicalmente. Em 1910 todos os capitais exportados pela França, Inglaterra e Alemanha se distribuíam desta maneira: 32 % estavam colocados na Europa, 36,5% na América (do Norte e do Sul) e 31,5%, na Ásia, África e Austrália. Em outras palavras, mais de duas terças partes do capital exportado por estes países estavam invertidas em países não europeus.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap XI (3) Págs. 323-325 — BPU — 2.ª ed., 1947.
Certamente, se o capitalismo podia desenvolver a agricultura — que hoje, em toda parte, está consideravelmente atrasada em relação à indústria — se podia elevar o nível de vida das massas, que por toda parte está condenada à fome e a vegetar na indigência, apesar do vertiginoso progresso técnico, não podia mesmo ser uma questão de excedentes de capitais. Os críticos pequeno-burgueses do capitalismo apresentam a propósito de tudo este “argumento”. Mas então o capitalismo não seria o capitalismo, pois a desigualdade de seu desenvolvimento e a situação das massas famintas são as condições e premissas essenciais, inevitáveis deste sistema de produção.
Desde que o capitalismo permanece capitalismo, o excedente dos capitais é destinado, não a elevar o nível de vida das massas em um determinado país — pois isso resultaria em diminuição de lucros para os capitalistas — mas a aumentar estes lucros mediante a exportação desses capitais para o estrangeiro, para os países atrasados. Aí os lucros são geralmente elevados, pois os capitais são escassos, o preço da terra é relativamente insignificante, os salários baixos e as matérias primas baratas. As possibilidades de exportação de capitais decorrem de que certo número de países atrasados já estão firmemente entrosados na órbita do capitalismo mundial e de que as grandes estradas de ferro já foram ou estão em vias de serem construídas nesses países, onde se reúnem as condições elementares para o desenvolvimento industrial, etc. A necessidade de exportação de capitais é devida à “maturidade excessiva” do capitalismo em determinados países, onde as aplicações “vantajosas” (a agricultura atrasada, as massas miseráveis) já não mais existem para o capital.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1004 — ELE. 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. IV — in E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Págs. 166-168 — Editions Sociales, 1950.
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A exportação de capitais para os países atrasados, do ponto de vista técnico, é particularmente vantajosa e consequentemente difundida.
A baixa composição orgânica do capital nestes países torna a taxa de lucro sensivelmente mais elevada do que nos países capitalistas desenvolvidos.
A mão-de-obra é paga a preços vis. Enfim, estes países são, as mais das vezes, ricos em matérias primas necessárias à indústria; e o trabalho materializado nessas matérias no lugar de origem custa evidentemente mais barato.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXV, — § 127 — Pág. 593 — Calvino, 1944.
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As tarifas alfandegárias impedem a importação de mercadorias dos países estrangeiros, importando-se, então, capitais ao invés de mercadorias.
A frase que se atribui ao macedônio por ter tomado uma, fortaleza pela corrupção (Não há muralha que um turro carregado de ouro não possa transpor), aplica-se com grande justeza à sociedade moderna.
“O dinheiro não tem cheiro”. O dinheiro não trás o nome de seu dono. O dinheiro atravessa as fronteiras mais facilmente do que as mercadorias.
Os “empréstimos” contraídos pelos capitalistas ou pelos governos de um país noutro país, constituem a primeira forma de exportação do capital.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol.. — Cap. XXV – § 126 — Págs. 580-81 — Calvino, 1944.
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As tarifas protecionistas, defendendo o mercado interior contra a invasão das mercadorias estrangeiras baratas, já estavam em uso em certos Estados antes mesmo da dominação do capital financeiro; mas seu objetivo e seu papel, eram, então, bem diferentes: os Estados atrasados (do ponto de vista técnico e econômico) agiam assim para assegurar o desenvolvimento e o lucro médio de sua própria indústria.
Hoje, as tarifas protecionistas servem aos países economicamente mais fortes para assegurar a dominação dos mercados e garantir o superlucro dos monopólios.
Quanto mais um Estado estende os limites das tarifas alfandegárias, mais estende a sua dominação.
Os capitalistas, ao conquistarem os mercados exteriores, esforçam-se para fazê-los entrar na sua esfera de tarifas alfandegárias, a fim de “protegê-los” contra a cobiça dos piratas estrangeiros.
Daí a tendência à anexação dos mercados conquistados, ou sua transformação em colônias.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. - Cap. XXV, § 125 — Págs. 579-30 — Calvino, 1944.