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A exploração manufaturara, encarregada de fabricar todas as especialidades, dá um novo impulso à divisão territorial do trabalho que circunscreve determinados ramos de produção a determinadas regiões de um país.(1) A expansão do mercado mundial e o sistema colonial, que figuram entre suas condições gerais de existência subministram, no período manufatureiro, material abundante para o regime de divisão do trabalho dentro da sociedade. Não vamos investigar aqui em detalhe como este regime se adapta, não só à órbita econômica, como a todas as demais esferas da sociedade, deixando em toda parte as sementes para esse desenvolvimento das especialidades e dos especialistas, para esse parcelamento do homem que já fazia exclamar a Ferguson, o mestre de A. Smith: “Estamos criando uma nação de ilotas; não existe entre nós um só homem livre.”(2)
Marx — El Capital — Tomo I — Vol. I — Livro 1.° — Seção 4.a — Cap. XII (4) — Plusvália Relativa — División del Trabajo y Manufactura — Pág. 392 — FCE.
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Sob o sistema colonial, o comércio e a navegação prosperavam como planta em estufa. As “Sociedades Monopolia” (Lutero) eram poderosas alavancas de concentração de capitais. As colônias brindavam as novas manufaturas que brotavam por toda parte como mercados para seus produtos e uma acumulação de capital intensificada graças ao regime do monopólio. O botim conquistado fora da Europa mediante o saque descarado, a escravização e a matança, refluíam à metrópole para converter-se aí em capital. A Holanda, primeiro país em que se desenvolveu plenamente o sistema colonial, tinha chegado, em 1648, ao apogeu de sua grandeza mercantil. Falava-se na posse quase exclusiva do comércio das Índias Orientais e do tráfico entre o sudoeste e o nordeste da Europa. Suas indústrias de pesca, sua marinha, suas manufaturas, sobrepujavam as de todos os outros países. Os capitais dessa república superavam talvez os do resto da Europa juntos.” Gülich esquece-se de acrescentar que a massa do povo holandês estava já em 1648 mais esgotada pelo trabalho, mais empobrecida e mais brutalmente oprimida que o resto da Europa junto.
Hoje, a supremacia industrial arrasta consigo a supremacia comercial. No verdadeiro período manufatureiro sucedia o contrário: era a supremacia comercial que dava o predomínio no campo da indústria. Daí o papel predominante que o sistema colonial desempenhava naqueles tempos. Era o “deus estrangeiro” que vinha entronizar-se no altar junto aos velhos ídolos da Europa e que um belo dia os faria cair todos com um empurrão. Este deus proclamava a acumulação da mais-valia como o fim último e único da humanidade.
Marx — El Capital — Tomo I — Vol. II — Livro 1.° — Seção 7.a — Cap. XXIV (6) — Processo de acumulación del capital — Acumulación originaria — Págs. 843-844 — PCE.
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A propriedade privada fundada no trabalho do pequeno patrão, a livre concorrência, a democracia, todas essas falácias por meio das quais os capitalistas e sua imprensa enganavam os operários e os trabalhadores do campo, pertencem a um passado distante. O capitalismo transformou-se em sistema universal de opressão colonial e de estrangulação financeira da imensa maioria da população do planeta por um punhado de países “adiantados”. Esta “presa” se reparte entre duas ou três potências ávidas de poderio mundial, armadas até aos dentes (Estados Unidos, Inglaterra, Japão), que arrastam todo o mundo à sua guerra por causa da partilha de sua presa.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 953 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Prólogo II.
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A conquista e a exploração rapace das colônias enchem as páginas mais vergonhosas da história da economia capitalista.
Os capitalistas encontram nas colônias a economia primitiva natural.
“Pouco inclinados ao comércio, os povos das colônias não negociam os meios de produção mais importantes para o capital, estando excluído este negócio mesmo pelas formas de propriedade e por toda a estrutura da sociedade. O solo e suas riquezas minerais, as pastagens, as florestas, as águas, as tropas, não são objeto de comércio dos povos primitivos. Esperar que as organizações sociais baseadas na- economia natural se desagreguem por si mesmas no curso dos séculos, esperar que os meios de produção mais importantes se tornem objeto de trocas, equivaleria para o capital a renunciar à conquista das forças produtivas destas regiões. O capitalismo considera também como uma necessidade vital a conquista pela força dos meios de produção dos mais importantes países coloniais.” (Rosa Luxemburgo)
Apressados em apoderar-se destas riquezas, os capitalistas arrebatam as melhores terras dos indígenas condenados desde então à fome e à morte ou reduzidos a escravos. A escravatura oficialmente abolida e mantida sob as máscaras mais hipócritas. Os “operários” indígenas estão destinados à miséria. Recebem salários ínfimos, enquanto os preços dos víveres, dos cereais em primeiro lugar, aumentam pelo fato de os capitalistas civilizados se apoderarem das melhores terras, das terras mais férteis, para aí cultivarem o de que necessitam (borracha, café, algodão). Os conquistadores capitalistas fazem por fim os indígenas pagar impostos destinados a cobrir as despesas com a manutenção dos exércitos que assolam o país. Somente a descrição destas atrocidades da colonização exigiriam alguns volumes. O mais curioso é que quando as colônias são submetidas em nome da civilização, chegam os missionários ao mesmo tempo que os capitalistas e soldados. Os capitalistas dos países relativamente civilizados não hesitam, entretanto, nas suas invasões, em destruir os monumentos preciosos da cultura indígena.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol.. — Cap. XXV — § 127 — Págs. 585-586-587 — Calvino, 1944.
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... Pode-se considerar a Irlanda como a primeira colônia inglesa, como uma colônia que, devido a sua proximidade, é ainda governada diretamente conforme o sistema antigo; e compreende-se assim que a pretendida liberdade dos cidadãos ingleses tem por fundamento a opressão das colônias. Em nenhum país vi tantos gendarmes, e o gendarme prussiano encontrou sua expressão a mais perfeita nesta polícia armada de carabinas e de algemas.
Carta de Engels a Mane — 28-5-1858 — Correspondance K. Marx-Fr. Engels — Publiée par Bebel et Bernstein — T. IV — 1854-1880 — Pág. 185 — A. Costes, edlteur, 1947.
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As guerras de conquista dos ingleses de 1100 a 1850 (porque, no fundo elas duraram todo esse tempo, e com elas o estado de sítio), arruinaram completamente o país (a Irlanda — C. F.). As ruínas, na sua maior parte, ficou provado, foram devidas às guerras. O povo mesmo tirou disso seu caráter especial; e, a despeito de todo seu fanatismo irlandês e nacional, essa gente sente que realmente não está mais em casa, no seu próprio país. A Irlanda pertence aos anglo-saxões! Eis o que se verifica neste momento. O irlandês sabe que não pode fazer concorrência ao inglês que dispõe de todos os meios superiores, a emigração continuará até que o caráter celta, que é o caráter predominante e quase exclusivo da população, tenha levado o diabo. Quantas vezes os irlandeses não têm tentado chegar a qualquer coisa, mas de todas essas vezes têm sido esmagados, política e industrialmente. Artificialmente, por uma opressão em regra, tornaram-se uma nação completamente desclassificada que, todo o mundo sabe, não tem outra função senão fornecer à Inglaterra, à América, à Austrália, etc., prostitutas, criados, rufiões, trapaceiros, embusteiros, mendigos e outros canalhas. Este caráter, de velhacos, os aristocratas têm igualmente. Os proprietários das terras, que por toda a parte se aburguesaram, aqui, acanalharam-se inteiramente. Suas propriedades são rodeadas de enormes parques maravilhosos, mas tudo em volta é o deserto, e não se vê donde lhes vem o dinheiro. Essa gente merecia ser passada pelas armas. De sangue misturado, na maior parte, grandes e fortes, bem apessoados, usam todos enormes bigodes por baixo de narizes romanos, dão-se “falsos ares de coronéis reformados”, percorrem o país a procura de todos os divertimentos, e quando se toma informações, fica-se sabendo que não têm vintém, estão crivados de dividas e vivem sob a ameaça “do tribunal para propriedades por demais indi- vidadas. ”
Eu te falarei brevemente da maneira como a Inglaterra governa este país — da repressão e da corrução — muito antes da tentativa de Bonaparte.
Carta de Engels a Marx — 23-5-1856 — Correspondance K. Marx-Fr Engels — Publiée par Bebel et Bernstein — T. IV — 1854-1860 — Págs. 196-188 — A. Costes, edi- teur, 1947.
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Os grandes países capitalistas possuíam colônias muito antes da época do imperialismo. ( A conquista das colônias não começou e sim completou-se na época imperialista. Mas nesta época a importância das colônias e o conteúdo da política colonial mudam essencialmente.
Na época do imperialismo a exportação de capitais predomina sobre a de mercadorias. Quando se exporta para um país atrasado, sobretudo mercadorias, o país exportador está interessado em ter um mercado constante nesse país. Mas quando a exportação de capital desempenha o papel principal, o país exportador trata de criar uma garantia para os capitais exportados; e a melhor garantia para isso é subordinar esse país.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (5) — Pág. 331 — EPU, 2.a ed., 1947.
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...O monopólio (também) nasceu da política colonial. Aos numerosos velhos motivos da política colonial, o capital financeiro acrescentou a luta pelas fontes de matérias primas, pela exportação de capital, pelas “esferas de influência”, isto é, as esferas de transação lucrativas, concessões, proventos monopolistas, etc, e, finalmente, pelo território econômico em geral. Quando as potências europeias ocupavam, por exemplo, com as suas colônias, uma décima parte da África, como era o caso em 1876, a política colonial podia desenvolver-se de um modo não monopolista, pela “livre conquista”, por assim dizer, de territórios. Mas quando aconteceu que 9/10 da África estavam ocupados (cerca de 1900), quando todo o mundo estava repartido, começou inevitavelmente a era da posse monopolista das colônias e, por conseguinte, de luta particularmente aguda pela divisão e nova partilha do mundo.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1064 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. X.
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...As colônias são necessárias aos países imperialistas a fim de transferir para elas uma parte da mão de obra excedente e criar uma camada privilegiada, acima do proletariado indígena, assim como para corromper, com os superlucros coloniais, a camada superior da classe operária da metrópole.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (5) — Pág. 332 — EPU, 2.» ed., 1947.
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...o imperialismo não pode viver sem explorar e sem subjugar pela força as colônias dentro do molde de um “todo único”, o imperialismo não pode aproximar as nações senão mediante as anexações e as conquistas coloniais, sem o que, falando em termos gerais, seria inconcebível.
Stálin — Cuestiones del Leninismo — Pág. 66 — ELE, 1941 — Sobre los fundamentos del leninismo — Cap. VI.
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...o caráter da sujeição das colônias e da política colonial mudaram essencialmente na época do imperialismo. Antes do imperialismo só se haviam conquistado países atrasados ainda não submetidos, que serviam principalmente como mercados de saída das mercadorias. Como, desde o começo da época do imperialismo, toda a terra já estava repartida entre todos os imperialistas conquistadores, a luta não podia ser senão por uma nova partilha do mundo, isto é, parada passagem dos territórios.
..de um “senhor” para outro e não a passagem de um território sem dono a um “dono”. Lênin.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (5) — Pág. 332 — EPU, 2,a ed., 1947.
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Uma característica ligeiramente diferente na dominação imperialista, aparece em relação à China. Aí, no século XIX, os europeus tinham obtido certos direitos em cidades declaradas como “portos compreendidos no tratado” ou em seções de cidades dadas como “concessões” aos estrangeiros de uma ou de outra nacionalidade. Pouco depois que os Estados Unidos obtiveram sua posição no Extremo Oriente, por meio das Ilhas Filipinas, a administração Mc Kinley formulou o pedido de “Portas Abertas” para os interesses econômicos dos norte-americanos na China. Mas precisamente nesse momento estava-se iniciando entre o povo chinês um forte movimento anti-estrangeiro.
Os fuzileiros navais desembarcaram para desempenhar sua parte na tarefa de proteger as vidas e propriedades dos estrangeiros. Por muitos anos, desde então, destacamentos de soldados americanos permaneceram em território chinês e foi mantida no Yangtzé superior uma flotilha norte-americana de canhoneiras fluviais de pequeno calado.
Em 1909-1911, a “Porta Aberta” para o capital norte-americano tornou-se efetiva. "Naquele tempo, o governo chinês quis um grande empréstimo de capital estrangeiro para a construção de uma estrada de ferro e o governo dos Estados Unidos apoiou o pedido dos banqueiros norte-americanos (encabeçados pela firma Morgan) de que eles teriam de participar em igualdade de condições com os banqueiros franceses, ingleses e alemães no financiamento do empréstimo. Todavia, os norte-americanos levaram mais além as suas pretensões, pois que uma quarta parte dos trilhos, materiais e equipamentos, assim como a supervisão técnica de uma quarta parte da construção, teria de ser subministrada pela indústria americana.
Depois da primeira guerra mundial, os capitalistas americanos adquiriram um papel mais dominante em relação aos assuntos chineses. Mas a China manteve sua independência nominal, e nos problemas chineses, os interesses americanos agiram sempre junto com os ingleses e os outros. Mas, não obstante, até na China, os imperialistas colocaram seus próprios administradores, a maior parte dos quais agiam como senhores.(3) Só a União Soviética renunciou a tais privilégios e tem demonstrado como as regiões não desenvolvidas podem ser ajudadas sem exploração e com todo respeito pelas culturas antigas.
Ana Rochester — La naturaleza del capitalismo — Cap. VIII — Págs. 123-124 — Editorial Páginas, 1947.
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Para a Inglaterra, o período de acentuação das conquistas coloniais, entre 1860 e 1880, foi prodigioso, e muito intenso nos últimos vinte anos do século XIX. Para a França e a Alemanha, são sobretudo essas duas décadas que contam. Viu-se mais acima que o capitalismo anterior aos monopólios, capitalismo de livre concorrência predominante, atingiu o limite do seu desenvolvimento entre 1880 e 1880; ora vê-se agora que é precisamente no dia seguinte a esse período que começa o “surto” prodigioso das conquistas coloniais, que a luta pela partilha territorial do mundo se torna infinitamente acerba. Está pois fora de dúvida o fato de que a passagem do capitalismo para sua fase dos monopólios, para o capital financeiro, está ligada à agravação da luta pela partilha do mundo.
Na sua obra sobre o imperialismo, Hobson distingue o período de 1884-1900 como o da “expansão” intensa dos principais Estados europeus. Segundo seus cálculos, a Inglaterra adquiriu, durante esse período, um território de 3,7 milhões de milhas quadradas, com uma população de 57 milhões de habitantes; a França 3,6 milhões de milhas quadradas com uma população de 36,5 milhões de habitantes; a Alemanha um milhão de milhas quadradas com uma população de 16,7 milhões de habitantes; a Bélgica 900.000 milhas quadradas com 30 milhões de habitantes; Portugal 800.000 milhas quadradas com 9 milhões de habitantes. A caça às colônias empreendida por todos os Estados capitalistas no fim do século XIX, e sobretudo depois de 1880, é um fato universalmente conhecido na história da diplomacia e da política exterior.
No apogeu da livre concorrência na Inglaterra, entre 1840 e 1860, os dirigentes políticos burgueses do país eram contra a política colonial, considerando a emancipação das colônias, seu desligamento completo da Inglaterra, como uma coisa inevitável e salutar. Num artigo sobre o “Imperialismo britânico atual”, publicado em 1898, M. Berr indica que um homem de Estado inglês como Disraeli, também inclinado à política imperialista, declarava em 1852: “As colônias são penduradas no nosso pescoço.” Mas, no fim do século XIX, os homens do dia na Grã-Bretanha eram Cecil Rhodes e Joseph Chamberlain, que pregavam abertamente o imperialismo e aplicavam sua política com o maior cinismo!
Não é desinteressante constatar que então Já esses dirigentes políticos da burguesia inglesa viam claramente a ligação entre as raízes por assim dizer puramente econômicas e político-sociais do imperialismo contemporâneo. Chamberlain pregava o imperialismo como uma “política autêntica, sábia e econômica”, assinalando sobretudo a concorrência que fazem à Inglaterra no mercado mundial a Alemanha, a América e a Bélgica. A salvação está nos monopólios, diziam os capitalistas fundando cartéis, sindicatos e trustes. A salvação está nos monopólios, repetiam os chefes políticos da burguesia, apressando-se a se apossarem das partes do mundo ainda não repartidas. O jornalista Stead conta que Cecil Rhodes, seu amigo íntimo, dizia-lhe em 1895, a propósito de suas concepções imperialistas:
“Estive ontem no East-End (bairro operário de Londres) e assisti a unia reunião de sem-trabalho. Ouvi lá discursos furiosos. Não se ouvia senão um grito: Pão! Pão! Revivi toda a cena ao regressar e me senti cada vez mais convencido da importância do imperialismo... A minha ideia mais querida é a solução do problema social, a saber: para salvar 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma guerra civil mortífera, nós, políticos coloniais, devemos adquirir novas terras para instalar nelas o excedente de nossa população, onde possamos encontrar novos escoadouros para os produtos de nossas fábricas e de nossas minas. O Império, eu icmpre disse, é unia questão de ventre. Se quiser tritar a guerra civil, é preciso tornar-se imperialista.
Assim falava, em 1895, Cecil Rhodes, milionário, rei da finança, o principal fautor da guerra anglo-boér. Ora, sua defesa do imperialismo é simplesmente um pouco grosseira, cínica; no fundo, ela não se distingue da “teoria” dos srs. Marlov, Sudekum, Potressov, David, do fundador do marxismo russo (Plekhanov), etc. Cecil Rhodes era um patriota social exaltado um pouco mais leal...
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Págs. 1019-20 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. VI.
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Até que a I guerra mundial fez pender a balança da potência econômica em favor dos Estados Unidos, os capitalistas norte-americanos estavam ainda pedindo emprestado e devendo ao exterior mais do que estavam emprestando e invertendo fora do país. Mas a mudança do século foi assinalada por um aumento definido do interesse de Wall Street pelas inversões estrangeiras e expansão colonial.
Os americanos já tinham grandes interesses açucareiros nas ilhas de Havaí e nas Antilhas. Estavam fabricando açúcar e explorando minérios; de ferro e manganês em Cuba, colônia espanhola. Mas além destas áreas insulares, só a América do Sul, México e o resto dos países das Caraíbas permaneciam relativamente livres do domínio das grandes potências capitalistas. Contudo, ainda aí, o caminho não estava completamente livre para um domínio aberto dos interesses americanos.
Ana Rochester — La naturaleza del capitalismo — Cr,p. VIII — Págs. 119-120 — Editorial Páginas, 1947.
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Na expansão colonial dos Estados Unidos, Havaí foi o primeiro ponto de ataque. Os interesses açucareiros americanos instigaram uma revolta em 1893 contra a realeza nativa e recomendaram a anexação das ilhas. Depois de uns quatro anos como república “independente”, Havaí foi formalmente anexada em 1898 e dois anos mais tarde converteu-se em um território dos Estados Unidos. O mercado americano ficou aberto ao açúcar de Havaí sem nenhuma barreira alfandegária.
O próximo incidente envolveu a Grã-Bretanha e a Venezuela. Em 1895, quando a Guiana inglesa reviveu uma velha disputa fronteiriça com a Venezuela, o Presidente Cleveland interveio e insistiu na arbitragem. Seu Secretário de Estado. Richard Olney, ampliou a Doutrina de Monroe com a declaração de que “Hoje em dia os Estados Unidos são praticamente soberanos neste continente e o seu mandato é lei nos problemas aos quais limita sua intervenção.”
Três anos mais tarde os Estados Unidos declaravam a guerra à Espanha, aparentemente por causa da explosão do encouraçado Maine na baía de Havana, capital da colônia espanhola de Cuba. Os cubanos já estavam lutando contra o domínio espanhol e depois de terminada a curta guerra, com a vitória norte-americana, os Estados Unidos ocuparam a ilha e prometeram a independência política, sujeita a certas condições. A República de Cuba foi estabelecida em 1902, mas os Estados Unidos se reservaram uma posição favorável, que incluía o direito de intervenção “para a proteção da independência cubana” e a concessão de bases navais cubanas aos Estados Unidos.
Pelo tratado que terminou a guerra com a Espanha, os Estados Unidos não só entraram em plena posse de Porto Rico como, além disso, adquiriram (por $ 20.000.000,00) as possessões espanholas no Pacífico. Estas incluíam as extensas e valiosas ilhas Filipinas, assim como a pequena Guam, que dava aos Estados Unidos um elo mais na cadeia Havaí e o Oriente.
Pouco depois da guerra com a Espanha, ocorreu uma “revolução” conveniente no Norte da Colômbia, quando a Colômbia recusou (em 1903) dar aos Estados Unidos uma faixa de território através do estado do Panamá, desde o Pacífico até ao mar das Caraíbas. Panamá declarou-se independente da Colômbia e obteve o reconhecimento imediato da administração do Presidente Theodore Roosevelt e da casa bancária J.P. Morgan andCo., que veio a ser seu agente fiscal nos Estados Unidos. Dentro de poucos dias a nova República do Panamá tinha “arrendado” perpetuamente aos Estados Unidos uma zona de dez milhas de largura para a construção e manutenção do Canal do Panamá.
Como outra variação no modelo de expansão imperialista, os Estados Unidos obtiveram bases navais adicionais na área das caraíbas mediante tratados com as repúblicas “independentes” de S. Domingos, Haiti e Nicarágua, e pela compra das ilhas Virgens à Dinamarca. Através do Atlântico, na costa da África, os Estados Unidos tinham uma posição favorável no pequeno país da Libéria, cujos assuntos fiscais e militares são dirigidos por homens nomeados nos Estados Unidos.
Todos estes avanços, abertamente imperialistas, são insignificantes em territórios se os compararmos com o império britânico e as áreas que foram dominadas pelas outras grandes nações capitalistas. Elas são também insignificantes em comparação com a força dos interesses comerciais norte-americanos em outros países e áreas que se supõe serem independentes.
Ana Rochester — La naturaleza del capitalismo — Cap. VIII _ Págs. 120-122 — Editorial Páginas, 1047.
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Os países da América Central, verdadeiras colônias dos Estados Unidos, têm como fundamento de suas economias a agricultura (plantações de cacau, café, cana-de-açúcar), e sua indústria é incipiente. O proletariado urbano — vias férreas, portos, construção, serviços públicos, minas da Nicarágua e Costa Rica — é muito pouco numeroso nos países desse grupo.
A classe operária da maioria desses países não se formou ainda como classe, não tem ainda consciência política, não se libertou dos preconceitos artesãos de grupos, nacional-racistas, religiosos, da ideologia da pequena burguesia e do anarquismo.
M. Danievitch — A classe operária da América Latina na luta pela Democracia e pela Independência Nacional — in “Problemas” — Pág. 25 — N.° 27 — Junho de 1950 — Brasil.
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Desde há mais de um meio século, a pequena ilha de Porto Rico é uma fonte de fabuloso enriquecimento dos reis americanos do açúcar, dos transportes marítimos e outros que exploram impiedosamente a população. Pode-se julgar as proporções da pilhagem de Porto Rico pelo fato de que o ativo do comércio dos Estados Unidos com essa ilha constitui cerca de 140 milhões de dólares por ano. O Congresso americano votou uma lei especial em virtude da qual não é permitido refinar em território porto-riquense senão 15% da sua produção açucareira; 85% são refinados nos Estados Unidos. Só essa manobra faz perder a Porto Rico mais de 30 milhões de dólares por ano.
A política americana tem por efeito baixar regularmente, de ano para ano, o nível de vida da população porto-riquense. Os monopólios dos Estados Unidos aniquilaram deliberadamente culturas outrora florescentes: a do café e do fumo. O povo está votado à fome e à decadência. Nesse país de 2 milhões e 200 mil habitantes conta-se um meio milhão sem abrigo e mais de 300 mil sem trabalho. Os sem trabalho não são os únicos a sofrer fome; têm por companheiros de infortúnio os que conseguem arranjar emprego nas plantações de cana e nas raras empresas industriais onde, aliás, o trabalho é uma pesada escravidão.
300 mil famílias (86% da população) têm uma renda que não excede 341 dólares por ano! No entanto, os preços dos gêneros e dos artigos de uso comum importados em Porto Rico são muito superiores aos dos Estados Unidos.
Os monopólios americanos dominam completamente o comércio exterior de Porto Rico. Em sessão do Congresso, o líder do partido operário americano, Marcantonio, disse que a alta dos preços dos gêneros alimentícios importados dos Estados Unidos faz perder à população porto-riquense, desde 1940, uma média de 30 milhões de dólares por ano em proveito das corporações.
A opressão nacional, o desprezo absoluto das necessidades do povo, a ausência de toda organização de saúde pública e de instrução, tais são os traços característicos do domínio colonial americano em Porto Rico.
Questiones et reponses — Les événements de Puerto-Rico — in “Tempos Novos” — N.° 48 — 29-11-1950 — Pág. 30 — Moscou, em francês.
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No seu livro: l’Extension territoriale des colonies européennes, o geógrafo A. Supan dá o balanço seguinte dessa extensão para o fim do século XIX:
PERCENTAGENS DOS TERRITÓRIOS PERTENCENDO ÀS POTÊNCIAS COLONIAIS EUROPEIAS E AOS ESTADOS UNIDOS |
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1876 | 1900 | Diferença | |
África | 10,8 | 90,4 | + 79,6 |
Polinésia | 56,8 | 98,0 | + 42,1 |
Ásia | 51,5 | 56,6 | + 5,1 |
Austrália | 100,0 | 100,0 | - |
América | 27,5 | 27,2 | - 0,3 |
O traço característico deste período, conclui ele, é pois a partilha da África e da Polinésia. Como não há mais na Ásia e na América territórios desocupados, isto é, não pertencentes a nenhum Estado, é preciso ampliar a conclusão de Supan e dizer que o traço característico do período em apreço é a partilha definitiva do globo, definitiva não no sentido de ser impossível uma nova partilha — novas partilhas são, ao contrário, possíveis, inevitáveis, — mas no sentido de que a política colonial dos países capitalistas acabou a conquista dos territórios inocupados sobre nosso planeta. Pela primeira vez, o mundo se achou tão bem repartido que no futuro os territórios não poderão ser objeto senão de novas partilhas, isto é, que passarão de um “possuidor” a outro, em vez de passar do estado de terra sem dono a terra possuída por um “dono”.
Lênin — Obras Escogidas —"T. I — Pág. 1018 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. VI.
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O Tibete foi, desde longa data, objeto da cobiça dos imperialistas ingleses e mais tarde dos imperialistas americanos. Desde o fim do século XIX, a Inglaterra enviava expedições militares, para exercer seu controle, a esse território claramente chinês. Na segunda metade de 1949, quando a derrota das tropas reacionárias do Kuomintang era evidentemente inevitável, os agentes do imperialismo anglo-americano inspiraram uma ruptura entre o Tibete e a China do Kuomintang. Prepararam o terreno para a proclamação da “independência” do Estado teocrático tibetano de que esperavam apossar-se. Uma obra de Amaury de Riencourt, recentemente publicada na Inglaterra tem, aliás, este título: Le Tibet, elé de l’Asie.
La vie Internationale — in “Tempos Novos” — N.° 42 — 22-11-1950 — Pág. 21 — Moscou, em francês.
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Depois da segunda guerra mundial, em 1947, os Estados Unidos conseguiram abrir brecha no monopólio britânico e penetraram em Nepal com o qual entretiveram relações diplomáticas e comerciais. Por informações da imprensa indiana, certas companhias americanas obtiveram concessões para a exploração de minerais. Mas o que interessa sobretudo os americanos no Nepal, é sua importância estratégica:
Depois da segunda guerra mundial — escreve o jornal indiano “Nation” — os monopólios americanos reconheceram a importância estratégica excepcional do Nepal no preparo da guerra contra a União Soviética, a República popular chinesa e as democracias populares. Depois da viagem da missão diplomática americana ao Nepal, começou-se ativamente a fazer desse país uma base militar americana.
M. Berkoutov — Au Népâl — in “Tempos Novos” — N.° 47 — 22-11-1950 — Pág. 19 — Moscou, era francês.
Muitas homens de negócios temem que se a paz for realizada com a União Soviética e reduzido o nosso orçamento militar, isso determinará uma queda nos nossos negócios.
New York Star — 2 de janeiro de 1949 — in “Démocratie Nouvelle" — Ano 4 — N.° 11 — Novembro de 1950 - Pág. 576 — Paris.
POSSESSÕES COLONIAIS DAS GRANDES POTÊNCIAS (em milhões de quilômetros quadrados e em milhões de habitantes) |
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PAÍS | COLÔNIAS | METRÓPOLE | TOTAL | |||||
1876 | 1914 | 1914 | 1914 | |||||
km2 | hab. | km2 | hab. | km2 | hab. | km2 | hab. | |
Inglaterra | 22,5 | 251,9 | 33,5 | 393,5 | 0,3 | 46,5 | 33,8 | 440,0 |
Rússia | 17,0 | 15,9 | 17,4 | 33,2 | 5,4 | 136,2 | 22,8 | 169,4 |
França | 0,9 | 6,0 | 10,6 | 55,5 | 0,5 | 39,6 | 11,1 | 95,1 |
Alemanha | - | - | 2,9 | 12,3 | 0,5 | 64,9 | 3,4 | 77,2 |
Estados Unidos | - | - | 0,3 | 9,7 | 0,4 | 97,0 | 9,7 | 106,7 |
Japão | - | - | 0,3 | 19,2 | 0,4 | 53,0 | 0,7 | 72,2 |
Total por 6 grandes países | 40,4 | 273,8 | 65,0 | 523,4 | 16,5 | 437,2 | 81,5 | 960,6 |
Colônias dos outros países (Bélgica, Holanda, etc.) | 9,9 | 45,3 | ||||||
Semi-Colônias (Pérsia, China, Turquia) | 14,5 | 361,2 | ||||||
Outros países | 28,0 | 289,9 | ||||||
SUPERFÍCIE E POPULAÇÃO TOTAL DA TERRA | 133,3 | 1.657,0 |
Este quadro nos mostra claramente que no umbral do século XX a partilha do mundo estava “concluída”. Depois de 1876, as possessões coloniais estenderam-se em enormes proporções: elas passam de 40 a 65 milhões de quilômetros quadrados, isto é, tornaram-se uma vez e meia mais importantes para as seis maiores potências. O aumento foi de 25 milhões de quilômetros quadrados, isto é, uma vez e meia mais considerável do que a superfície das metrópoles (16,5 milhões). Três potências não tinham nenhuma colônia em 1870, e uma quarta, a França, quase que não tinha nenhuma. Em 1914, essas quatro potências têm 14,1 milhão de quilômetros quadrados de colônias, ou seja uma superfície uma vez e meia maior do que a Europa, com uma população de quase 100 milhões de habitantes. A desigualdade da expansão colonial é muito grande. Se se compara, por exemplo, a França, a Alemanha e o Japão,, países cujas superfícies e população não diferem muito sensivelmente, constata-se que o primeiro desses países apropriou-se de quase três vezes mais colônias (pela superfície) do que os dois outros juntos. Mas, pelo seu capital financeiro, a França era. talvez, no começo do período visado, também várias vezes mais rica do que a Alemanha e o Japão reunidos.
Lénin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1022 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase superior del capitalismo – Cap. VI.
Gostaria de vos lembrar ainda esta verdade: que jamais, na história, nenhum povo teve bom êxito ao pretender impor pela violência a sua ideologia a um outro povo; que todas as cruzadas não foram apenas iníquas, do ponto de vista cristão, mas estavam também praticamente votadas ao fracasso.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours du metropolite Nikolai — Supl “Temps Nouveaux” — N.° 48 — 29-11-1950 — Pág. 51 — Moscou, em francês.
COLONIES | TERRITOIRES METROPOLITAINS | TOTAL | (En millions de km2 et millions d'habitants | |||
Superficie | Population | Superficie | Population | Superficie | Population | |
34,9 | 468,5 | 0,25* | 46,20 | 35,1 | 512,7 | Grande-Bretagne |
11,9 | 65,1 | 0,55** | 42,00 | 12,45 | 107,1 | France |
- | - | 0,47*** | 64,80 | 0,47 | 64,8 | Allemagne |
0,3 | 14,6 | 9,40**** | 124,60 | 9,70 | 139,2 | États-Unis |
03 | 28,0 | 0,40 | 65,50 | 0,70 | 93,5 | Japon****** |
47,4 | 574,2 | 11,02 | 343,1 | 58,42 | 917,3 | Total des cinq grandes puissances |
9,60 | 87,60 | - | - | 9,60 | 87,60 | Colonies dos autres puissánces: Belgique, Hollande, Denamark, Italie, Espagne, Norvéga et Portugal |
- | - | - | - | 34,9 | 600,00 | Semi-colonies et territoires dépendants: Chine******* Arabie, Siam, Pays de l’Amérique centrale et du Sud ; Abyssinie ******** et Libéria |
- | - | - | - | 3,0 | 30,70 | Pays qui se sont totalement ou presque libérés de la dépendance impérialiste: Turquíe, Iran, et Afghanistan |
- | - | - | - | 3,98 | 224,10 | Autres pays (capitalistes) |
- | - | - | - | 1,40 | 1,60 | Peuples des Républiques de Mongolia et de Tanna-Tuva |
- | - | - | - | 111,30 | 1.861,30 | |
- | - | - | - | 21,0 | 163,20 | |
- | - | - | - | 132,50 | 2.024.50 | |
* Le désaccord entre ces chiffres et ceux de Lénine (0,3 miliion de km2 en 1914) est dú à l'exclusion de l'État libre d'Irlande. Si la superficie de la Grande-Bretagne en 1932 (244.000 km2) est ajoutée à la superficie de la État libre d'Irlande (60.000 km2), nous obtenons le chffre de 0,3 miliion de km2 (chiffre donné par Lénine). | ||||||
** La superficie de la France avant la guerre : 536.000 km2; aprés la guerre: 551.000 km2 | ||||||
*** La superfície de l’Allemagne avant la guerre était : 541.000 km2 ; aprés la guerre : 460.000 km2 | ||||||
**** Y compris l'Alaska, comme l'a fait Lénine en 1914. | ||||||
***** Selon le Statistical Year Book, L.O.N 1927, 1932-1933, la superficie des colonies japonaises était de 296.000 km2 en 1914 et 290.000 km2 en 1932 | ||||||
****** A l'exclusion des provinces chinoises récemment occupées. | ||||||
******* La Chine soutient actuellement une lutte héroique contre le Japon et est en frain de devénir un pays indépendant | ||||||
******** En 1936, l'Italie s’empare de l'Abyssinie |
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complcmentaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 209 — Editions Sociales, 1950.
POSSESSÕES COLONIAIS Em milhões de milhas quadradas e milhões da habitantes |
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GRANDE-BRETAGNE | FRANCE | ALLEMAGNE | ÉTATS-UNIS | JAPON | ||||||
Superficie | Population | Superficie | Population | Superficie | Population | Superficie | Population | Superficie | Population | |
1815-1830 | ? | 126,4 | 0,02 | 0,5 | - | - | ||||
1860 | 2,5 | 145,1 | 0,20 | 3,4 | - | - | ||||
1880 | 7,7 | 267,9 | 0,70 | 7,5 | - | - | ||||
1899 | 9,3 | 309,0 | 3,70 | 56,4 | 1 | 14,7 | 0,06 | 10,6 | - | - |
1932 | 13,5 | 466,5 | 4,60 | 65,1 | - | - | 0,70 | 14,5 | 0,1* | 28** |
* Voir Sources | ||||||||||
** Non compris les territoires chinois récemment occupés | ||||||||||
Fonte: Para 1815-1830, 1860, 1880, 1899, os dados referentes à Grã-Bretanha, à Alemanha e, à França são tirados de Lênin. Os referentes aos Estados Unidos, 1899, são tirados do Statesman’s Yearbook, 1901; para 1932, do International Statistical Yearbook, S.D.M., 1932-1933. |
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l'imperialisme de Lénine — Pág. 203 — Editions Sociales, 1950.
PERCENTAGEM DA SUPERFÍCIE DOS DIVERSOS CONTINENTES PERTENCENTES ÀS POTÊNCIAS EUROPEIAS, AOS ESTADOS UNIDOS E AO JAPÃO* |
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1932 | mudanças em relação a 1900 | |
África | 96,6** | + 6,2 |
Polinésia | 100,0 | + 1,1 |
Ásia | 20,6*** | - 36,0 |
Austrália | 100,0 | -36,0 |
América | 30,4**** | + 3,2 |
* Para 1932 as cifras são calculadas na base dos dados do Statistical Yearbook of the League of Nations, 1982-1933. | ||
** Em 1936, depois da conquista da Abissínia pela Itália, quase 100% dos territórios africanos pertenciam a potências coloniais (a única exceção era a Libéria, que é teoricamente independente, mas, na realidade, é uma dependência dos Estados Unidos). |
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*** Esta cifra não compreende naturalmente a parte asiática da U.R.S.S. Depois da conquista de um certo número de províncias chinesas pelo Japão, depois de 1930, essa percentagem aumentou. |
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**** O desacordo entre estas cifras e as de Lênin é devido principalmente à correção das cifras relativas aos paises americanos e ao continente americano no seu conjunto. Correção de menor importância também foram feitas no quadro acima e nos dois quadros seguintes, no que, concerne a um certo número de outros países. |
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág, 201 — Editions Sociales, 1950.
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Eis quais são as mudanças mais importantes que se deram na partilha do mundo depois de 1914:
- Depois de revoluções de libertação nacional, um certo número de colônias e de semi-Colônias tornou-se independente. A Revolução de Outubro pôs fim à submissão de um certo número de minorias nacionais na antiga Rússia tzarista e, em particular, libertou da exploração colonial a parte asiática da URSS que Lênin, nos seus quadros, Incluía na categoria de colônias. As Repúblicas dos povos da Mongólia e Tanna-Tuva conquistaram também sua independência. A vitória da revolução chinesa deu lugar à formação de regiões independentes na China. Agora mesmo, o povo chinês mantém uma luta heróica pela sua independência nacional contra os agressores japoneses. A Turquia, o Irã e o Afeganistão, libertaram-se inteira, ou quase inteiramente, do jugo imperialista.
- Noutras partes, um certo número de países anteriormente independentes passou a colônias ou semi-Colônias. (Ver a lista das últimas conquistas coloniais na página 149.
- Em consequência da nova partilha do mundo pelo tratado de Versalhes, a Grã-Bretanha, a França e a Itália, como outras potências, aumentaram consideravelmente suas possessões coloniais pelo sequestro das colônias dos países vencidos.
- O Japão praticamente monopolizou a Mandchúria e um certo número de outras províncias chinesas; bate-se atualmente para conservar esses territórios e para apoderar-se de outros territórios chineses. Estas conquistas do imperialismo japonês são um prelúdio da guerra que se prepara entre as potências imperialistas visando a uma nova partilha do mundo e uma guerra contrarrevolucionária dirigida contra a União Soviética.
- A Itália invadiu e anexou pela força a Abissínia.
- A Alemanha ocupou pela força a Áustria, em 1938, e fez dela sua colônia.
- Os intervencionistas italianos e alemães agem à vontade na parte da Espanha ocupada por eles e tratam-na como colônia.
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l'imperialisme de Lénine — Pág. 211 — Editions Sociales, 1950.
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“Os homens presumem que morrem pela sua pátria, mas a verdade é que morrem por grandes negocistas. ”
Anatole France — in Pierre Van Paassen — “O Aliado Esquecido” — Pág. 307 — Editora Nacional — Coleção Guerra e Paz, 1944.
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PRINCIPAIS CONQUISTAS COLONIAIS DO SÉCULO XX | |
1899-1900 | Partilha das ilhas Samoa entre a Alemanha, Estados Unidos e Grã-Bretanha. |
1900-1902 | Guerra anglo-boer e anexação pelos ingleses das Repúblicas boers da África do Sul. |
1903 | Sequestro, pelos Estados Unidos, de uma parte da Colômbia, criação da República “independente” do Panamá, que transferiu a zona do canal do Panamá aos Estados Unidos. |
1903-1904 | Submissão completa do território da Somália à Grã-Bretanha. |
1904 | Acordo franco-inglês referente à partilha das esferas de influência na África. |
1904 | A Grã-Bretanha estabelece de fato um protetorado sobre o Tibete. |
1905 | Os Estados Unidos estabelecem de fato um protetorado sobre S. Domingos. |
1905 | O Japão anexa a metade sul da Sakalina. |
1907 | Acordo anglo-russo sobre a partilha das esferas de influência na Pérsia. |
1907 | A França anexa três províncias do Sião. |
1908 | O Estado Livre do Congo, propriedade particular de Leopoldo II, rei dos belgas, torna-se colônia belga. |
1907-1910 | O Japão anexa a Coreia. |
1911 | Acordo franco-alemão a propósito do Marrocos e do Congo. |
1911-1912 | A Itália anexa a Tripolitânia e a Cirenaica. |
1912 | A França estabelece seu protetorado sobre Marrocos e um pouco mais tarde o Marrocos é dividido entre a França e a Espanha. |
1912-1913 | A Itália apodera-se das ilhas do Dodecaneso (anexação que se tomou oficial em 1923). |
1914 | A Grã-Bretanha proclama seu protetorado oficial sobre o Egito. (A independência do Egito foi restaurada oficialmente em 1922). |
Repartição das colônias alemãs depois do Tratado de Versalhes | |
1919 | O Tanganyka ficou para a Grã-Bretanha. |
- | Ruanda e Ouroundi para a Bélgica. |
- | Kionga para Portugal. |
- | Kionga para Portugal. |
1919 | O Sudoeste africano alemão ficou para a União Sul Africana (Império Britânico). |
1919 | A Carolina, as ilhas Marshall e Marianas para o Japão. |
- | A Nova Guiné alemã para a Austrália (Império Britânico). |
1919 | As ilhas Samoa para a Nova Zelândia (Império Britânico). |
Nova divisão das possessões do antigo Império Otomano | |
1919 | A França fica com a Síria. |
- | A Grã-Bretanha fica com a Palestina e a Transjordânia. |
- | A Grã-Bretanha fica com o Iraque (desde 1931, o Iraque tomou-se oficialmente independente). |
1923 | Anexação oficial pela Itália das ilhas do Dodecaneso. |
1926 | A França e a Espanha apoderam-se definitivamente das zonas do Rif, em Marrocos. |
1931-1936 | O Japão ocupa a Mandchúria e uma parte das províncias do Norte da China. |
1936 | A Itália ocupa a Abissínia.* |
Annual Register, 1900-1932; Schulteiss Iahrbücher, 1900-1932; A. Toynbee, Survey of International Affairs, 1925-1932. |
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Págs. 213-215 — Editíons Sociales, 1950.
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Os argumentos cínicos dos advogados da pilhagem das colônias, no fim do século XIX (tais como Cecil Rhodes, Joseph Chamberlain e semelhantes), estão sendo repetidos quase que palavra por palavra pelos políticos e teóricos do imperialismo atual. Os fascistas alemães e italianos, como também os militaristas japoneses estão fazendo uma propaganda particularmente vergonhosa em favor da pilhagem colonial. As “teorias” raciais desumanas e bárbaras constituem a ideologia oficial dos agressores fascistas. Enquanto seguem uma política de escravização dos outros povos no interesse de um punhado de magnatas e agressores tentam dissimular essa política com fórmulas sobre os interesses da nação, a necessidade de alimentar uma população soi-disant excedente e outras mentiras. De fato, a política de agressão fascista, não só causa sofrimentos indescritíveis entre os povos que sofreram a agressão, como ainda condena os povos alemão, japonês e italiano às privações. Citamos, a seguir, alguns exemplos desta propaganda cínica. Um apelo lançado pela Liga colonial imperial alemã (Reichskolonialbund), e publicado no Deutsche Tagszeitung, de 17 de março de 1934, declarava que:
O Führer (Hitler) formulou no título III do programa do Partido a seguinte reivindicação: Pedimos terras e territórios (colônias) para a subsistência do nosso povo e para a instalação de nossos excedentes de população.
No discurso que pronunciou a 23 de março de 1933 no Reichstag, declarava:
Nós sabemos que a situação geográfica da Alemanha, pobre de matérias primas, não garante a autarquia para nosso Estado.
A 11 de fevereiro de 1933, ele declarava a um repórter do Sunday Express que a Alemanha não tinha de modo algum renunciado a suas aspirações coloniais.
A Alemanha tem necessidade de um grande número de coisas que deve obter das colônias, e nós temos necessidade de colônias mais do que qualquer outra potência.
Numa edição especial consagrada à propaganda colonial, o Kölnische Zeitung de 24 de abril de 1933 diz:
O interesse em ter colônias não deve ser subestimado. Elas asseguram à nação as matérias primas, o que está de acordo com os interesses nacionais. É uma vantagem de que um país que é obrigado a exportar não se pode privar por muito tempo. O Japão não se assegurou recentemente as riquezas da Mandchúria? não alugou regiões inteiras da Abissínia e da Turquia, onde tenciona desenvolver suas próprias plantações de algodão? Mais importante ainda, talvez, é o fato de que a posse de colônias é a principal condição da atividade ultramarina da nação.
O povo alemão, sem espaço, numa Europa superpovoada, encontra nos territórios africanos, espaço sem população. A Africa estende-se às portas da Europa e tem sempre para a Europa a mesma significação que tinha no tempo do Império romano e que readquiriu na época das grandes descobertas: era e continua sendo uma região colonial.
Atualmente compreendemos quanto seria importante para nós termos o nosso próprio algodão, nosso próprio cânhamo, nossa própria borracha e nossos próprios óleos vegetais, que poderíamos pagar em moeda alemã; eram precisamente estas matérias primas que nós obtínhamos outrora de nossas colônias tropicais.
Num artigo publicado em 1933 no Deutsche Bergwerkszeitung, o professor Henning achava conveniente declarar, para justificar a volta das colônias à Alemanha, que o povo alemão sabia melhor do que outro qualquer manter as populações indígenas subjugadas. E escrevia:
A administração sob mandato britânico, no atual território do Tanganica (antigo leste africano alemão)... estraga os negros, faz-lhes concessões demasiadas.... os plantadores sentem instintivamente que esses métodos absurdos solapam o domínio dos brancos na África. É por isso que eles pedem com tanta insistência que o Leste africano volte à posse da Alemanha, porque esta seguia lá uma política mais inteligente e mais proveitosa para os próprios indígenas do que a da administração dos “territórios sob mandato de “Tanganyik” que, apesar dos seus métodos de indulgência, não soube conquistar o coração dos negros e só fez torná-los intratáveis e sem préstimo para nada.
Entre alguns documentos japoneses que pregam a pilhagem das colônias, vamos citar algumas passagens do famoso memorandum Tanaka, que foi submetido ao imperador em 1927:
Para conquistar a China, devemos primeiro conquistar a Mandchúria e a Mongólia; para conquistar o mundo, devemos primeiro conquistar a China. Se conseguirmos conquistar a China, o resto dos países asiáticos e os países dos mares do Sul nos temerão e se submeterão a nós.
Segundo a última vontade de Meiji, nosso primeiro passo era conquistar Formosa e o seguinte anexar a Coreia. Nos os efetuamos. O terceiro está ainda por se dar e trata-se de conquistar a Mandchúria, a Mongólia e a China. Quando o tivermos dado, o resto da Ásia, inclusive as ilhas dos mares do Sul, estará a nossos pés.
As reservas das minas de ferro na Mandchúria e na Mongólia estão calculadas em 1.200 milhões de toneladas e as reservas de carvão em 2.500 milhões de toneladas. Evitaremos a despesa de 1£0 milhões de yens que pagamos todos os anos para a importação de aço. Quando tivermos ferro e aço em quantidade suficiente para nossas próprias indústrias, possuiremos meios de tornar-nos a nação senhora do mundo. Assim armados poderemos conquistar ao mesmo tempo o Leste e o Oeste. Para alcançarmos este desígnio, as usinas metalúrgicas devem estar separadas dos caminhos de ferro do Sul da Mandchúria.
Temos falta de outra matéria prima importante, o petróleo; ele é igualmente indispensável à existência da nação. Por felicidade, há nas Fuschun Coal Mines 5.200.000 toneladas de xistos de que cada centena de catty fornece 6 catty de petróleo bruto.(4)
Será uma grande revolução industrial para nós. Do ponto de vista da defesa nacional e da riqueza nacional, o petróleo é um fator de grande importância. Dispondo do ferro e do petróleo da Mandchúria, nosso exército e nossa marinha se tornarão baluartes invencíveis. Pode-se na verdade dizer que a Mandchúria e a Mongólia são o coração e o fígado de nosso Império.(5)
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Págs 203-207 — Editions Sociales, 1950.
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Entre as pequenas potências que possuem colônias desde o fim da guerra, Portugal e Holanda encontram-se sob a poderosa influência da Grã-Bretanha, enquanto que a Bélgica (Congo belga) está sob a influência da França. As possessões coloniais da Espanha são motivo de rivalidade entre todas as grandes potências imperialistas europeias.
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 211 — Editions Sociales, 1950.
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São característicos da economia colonial: a direção das principais atividades econômicas nas mãos de elementos alienígenas; a posse, por esses elementos, dos principais capitais aplicados na produção local; a orientação dessa produção, visando mais aos interesses da Metrópole do que ao bem-estar dos colonos; subordinação, quanto à legislação, administração, transporte e distribuição, a elementos estranhos aos que se entregam diretamente ao trabalho produtivo local.
Essa economia ainda se caracteriza pela natureza dos próprios artigos produzidos, indicadores, em geral, de um estágio de elaboração elementar, a que não se acham ainda integrados fatores econômicos de alta importância, preponderando no ciclo final da produção e do consumo.
Com a evolução do capitalismo, e a situação criada pelas relações internacionais, são hoje elementos característicos de uma formação econômica colonial ou que se apresenta em condições de inferioridade, nas permutas internacionais:
1.º — Condições de vida que dependem essencialmente da exportação de produtos agrícolas e da indústria extrativa, com poucas reservas, ou valores próprios acumulados.
2.º — Natureza da produção exportável, formada de artigos com pouca elaboração e sujeitos à concorrência de povos cujas condições de trabalho são reconhecidamente inferiores aos padrões internacionais médios.
3.º — Insuficiência de capitais próprios para elaboração, transporte e distribuição dos artigos produzidos.
4.º — Iniciativa da exportação e distribuição dos produtos nas mãos de elementos estranhos aos de sua origem e, de preferência, pertencentes à nacionalidade dos próprios mercados consumidores.
5.° — Inferioridade de aparelhamento técnico, econômico e financeiro para defesa da produção, em relação aos demais países, com cujos mercados se efetuam as permutas.
Roberto C. Simonsen — História Econômica do Brasil, 1500-1820 — Tomo II — Págs. 251-232 — 2.a edição — Companhia Editora Nacional, 1944.
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... Habitamos o mesmo planeta. Entretanto, ele é bastante espaçoso para conter os adeptos de diversos sistemas sociais. Esses, podem, sem dúvida, chegar a um acordo, para que ninguém arrombe a porta da casa de outro, invocando a sua antipatia pelas ideias do dono da casa; e para que as pessoas não atirem pedras na vidraça dos vizinhos, pela única razão de o vizinho pensar de outra maneira, falar de outra maneira, viver de outra maneira.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix - Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de I. Ehrenburg — Supl “Temps Nouveaux” — N.° 48 — 29-11-1950 — Pág. 22 — Moscou, em francês.
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No seu folheto “O socialismo e a política colonial” (Berlim, 1907) Kautsky, que não obstante era então um marxista, publicou a carta que lhe dirigira Engels a 12 de setembro de 1882, e que tem uma grande importância para o problema que nos interessa. Eis a parte essencial da dita carta:
...No meu modo de ver, as colônias propriamente ditas, isto é, as terras ocupadas pela população europeia, como o Canadá, o Cabo, a Austrália, todas elas se tornarão independentes; ao contrário, as terras que estão somente submetidas e cuja população é indígena, como a Índia, Argélia, os domínios holandeses, portugueses, espanhóis, delas terão que se incumbir temporariamente o proletariado e promover-lhes o mais cedo possível a independência. É difícil dizer agora, com exatidão, por que forma se desenvolverá este processo. A Índia pode ser, e isto é muito provável, que faça a revolução, e posto que o operariado ao liberar-se não deve fazer guerras coloniais, terá que conformar-se com essa circunstância, em que naturalmente as coisas não correrão sem algumas destruições. Mas essas coisas são inseparáveis de todas as revoluções. O mesmo poderá ocorrer também em outros lugares, por exemplo, na Argélia e no Egito, o que seria sem dúvida melhor para nós outros. Teríamos bastante que fazer na nossa própria casa. Uma vez reorganizada a Europa e a América do Norte, isso daria um impulso tão colossal e um exemplo tal que os países semicivilizados nos seguiriam por si mesmos, pois assim lhes imporiam, quando mais não fosse, suas necessidades econômicas. Sobre quais seriam as fases sociais e políticas pelas quais teriam de passar até chegarem também à organização socialista, só poderíamos, formular, segundo minha opinião, hipóteses bastante inúteis. Só uma coisa é fora de dúvida: o proletariado triunfante não pode impor a nenhum outro povo felicidade alguma sem solapar com este ato sua própria vitória. Subentende-se que isto não exclui, de modo algum, a possibilidade de toda a classe de guerras defensivas...
Engels não crê, nem concorda, que só o “econômico” solucionará, por si só, diretamente, todas as dificuldades. A revolução econômica fará com que todos os povos tendam para o socialismo, mas, não obstante, são possíveis também revoluções — contra o Estado socialista — e guerras. A adaptação da economia à política se produzirá inevitavelmente, porém não de golpe, nem de um modo simples, direto e sem atritos. Engels apresenta como algo “indubitável” um só princípio, indiscutivelmente internacionalista, aplicado por ele a todos os “demais povos”, isto é, não só aos coloniais: impor-lhes a felicidade significaria solapar a vitória do proletariado.
O proletariado não se converterá em santo nem ficará a salvo de erros e fraquezas, pelo mero fato de ter realizado a revolução social. Mas os possíveis erros (e também os interesses egoístas de tentar montar em costas alheias) o levarão inevitavelmente ao reconhecimento desta verdade.
Lênin — Marx, Engels y el Marxismo — Págs. 323-324 — ELE, 1947 — Balance de la díscussion sobre la auto-determinación.
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...O leninismo demonstrou, e a guerra imperialista e a revolução russa corroboraram, que o problema nacional só poderá ser resolvido se relacionado com a revolução proletária, e na base desta, que o caminho do triunfo da revolução no Ocidente segue através da aliança revolucionária com o movimento de libertação das colônias e dos países dependentes contra o imperialismo. A questão nacional é uma parte da questão geral da revolução proletária, uma parte da questão da ditadura do proletariado.
A questão se apresenta assim: Já se esgotaram ou não as possibilidades que encerra o movimento revolucionário de libertação dos países oprimidos? E se não se esgotaram, existe uma base, uma esperança de poder utilizar estas possibilidades para a revolução proletária, de converter os países dependentes e coloniais de reserva da burguesia imperialista em reserva do proletariado revolucionário, em seu aliado?
Stálin — Cuestiones del Leninismo — Pág. 62 — ELE, 1941 — Sobre los fundamentos del leninismo — Cap. VI.
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Antes, a questão nacional não saía, habitualmente, de um círculo estreito de questões relacionadas principalmente com as nacionalidades “cultas”. Irlandeses, húngaros, polacos, finlandeses, sérvios e algumas outras nacionalidades europeias: eis o círculo de povos sem plenitude de direitos por cuja sorte se interessavam os heróis da Segunda Internacional. Dezenas e centenas de milhões de homens dos povos asiáticos e africanos, que sofrem a opressão nacional na forma mais brutal e mais cruel, ficavam geralmente fora do seu horizonte visual. Não se decidiam a pôr num mesmo plano os brancos e aos negros, os povos “cultos” e os “incultos”. De duas ou três revoluções vazias e p; agridoces, nas quais se cortava cuidadosamente a questão da libertação das colônias, era tudo de que se podiam vangloriar os personagens da Segunda Internacional. Hoje esta dualidade, estas meias posições na questão nacional, devem considerar-se liquidadas. O leninismo pôs a nu esta incongruência escandalosa, derribou a muralha entre os negros e os brancos, entre os europeus e os asiáticos, entre os escravos “cultos” e “incultos” do imperialismo, e com isso vinculou a questão nacional à questão das colônias. Como consequência disto, a questão nacional deixou de ser uma questão particular ou interna dos Estados para converter-se numa questão geral e internacional, na questão mundial de libertar os povos oprimidos, nos países dependentes e nas colônias, do jugo do imperialismo.
Stálin — Cuestiones del Leninismo — Págs. 60-61 — ELE, 1941 — Sobre los fundamentos del leninismo — Cap. VI.
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“Nos velhos tempos, quando estavam no poder, no nosso país, o tzar, os capitalistas e os latifundiários, a política do governo consistia em fazer de um povo — o povo russo — o povo dominante, e de todos os outros, povos submetidos e oprimidos. Era uma política feroz, política de lobos. Em outubro de 1917, quando começou no nosso país a Grande Revolução proletária, quando derribamos o tzar, os latifundiários e os capitalistas, o grande Lênin, nosso mestre, nosso preceptor e educador, disse que para o futuro não devia haver mais povos dominantes nem povos dominados, que os povos devem ser iguais e livres. Com isso, enterrou a velha política tzarista, burguesa, e proclamou a nova política bolchevique, política de amizade e fraternidade entre os povos do nosso país. ”
Stálin — Do discurso pronunciado na conferência de Kolkhozianos e Kolkhozianas de vanguarda de Tadjikistan com os dirigentes do Partido e do Governo, a 4 de dezembro de 1935.
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Em 1946, ao fazer o balanço da segunda guerra mundial e ao traçar as novas tarefas da construção socialista, o camarada Stálin ressaltou a importância histórica mundial da vitória do Exército Soviético nessa guerra. O camarada Stálin mostrou então que nessa guerra “venceu o nosso regime social soviético, que é a melhor forma de organização da sociedade que qualquer regime social não soviético”, que ao mesmo tempo nessa guerra, “triunfou nosso regime estatal soviético”, demonstrando que “o regime estatal soviético provara ser o modelo de Estado multinacional, que o regime estatal soviético constitui um sistema de organização do Estado em que a questão nacional e o problema de colaboração entre as nações foram resolvidos melhor do que em outro Estado multinacional.
M. Molotov — O Camarada Stálin e a Direção Stalinista – in “Problemas” — Pág. 55 — N.° 23 — Dezembro de 1949 — Brasil.
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Os povos coloniais se convencem cada vez mais de que “a existência do capitalismo sem a opressão nacional é tão inconcebível como o é a existência do socialismo sem a emancipação das nações oprimidas, sem a independência nacional.”(6)
V. Vassilieva — A Doutrina Leninista Stalinista sobre as Nações e a Revolução Nacional Colonial — in “Problemas” — Pág. 83 — N.° 28 — Julho de 1950 — Brasil.
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Infelizmente, diante do povo coreano ergueu-se o imperialismo americano com a mesma cobiça colonizadora que nosso povo já sofrerá tão amargamente sob o domínio japonês. Já nos primeiros dias de sua ocupação da Coreia do Sul, as tropas americanas revelaram seus objetivos e suas verdadeiras intenções. As autoridades militares americanas começaram por maltratar o povo e dissolver comitês populares que ele tinha criado.
Com a sua repressão, as tropas americanas procuraram, sobretudo, destruir a aspiração dos coreanos de restabelecer sua soberania nacional. O general Arnold, chefe da administração militar americana, declarou cinicamente a 10 de outubro de 1945, que, na Coreia do Sul, a soberania não pertencia ao povo coreano, mas à administração militar americana. Essa declaração foi imediatamente confirmada por medidas militares tendentes a sufocar a vontade do povo coreano. Os americanos declararam ilegal a República Popular coreana e perseguiram seus dirigentes. Era realmente uma declaração de guerra ao povo coreano; significava privá-lo pela violência de uma soberania que de direito cabia aos coreanos, depois da expulsão dos ocupantes japoneses. Os americanos mobilizaram todas as suas forças para sufocar os comitês populares.
No lugar destes comitês, restabeleceram o aparelho administrativo odiado pelo povo, da época japonesa; e os elementos pró-japoneses, que se tinham enriquecido explorando e oprimindo, colaborando com os ocupantes japoneses, reapareceram refeitos do seu pavor inicial e convencidos de que a mudança de senhores não prejudicava em nada sua prosperidade. Depois de ter conseguido a proteção dos colonizadores americanos, os traidores do povo ganharam coragem outra vez e se puseram a reunir e a consolidar as forças reacionárias. Com a colaboração dos reacionários locais, os americanos instituíram na Coreia do Sul um regime policial, terrorista, tendo por objetivo sufocar a atividade dos partidos democráticos e das organizações sociais e retirar dos coreanos suas liberdades políticas.
Pak Hem En — A Heróica Luta do Povo da Coreia pela Unificação e a Independência da Pátria — in “Problemas” — Págs. 102-3 — N.° 28 — Julho de 1950 — Brasil.
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D’Arboussier nota em seguida que os verdadeiros criadores das riquezas açambarcadas pelos colonizadores vivem na miséria, na ignorância, morrem nas prisões ou nos campos de batalha. Desde o começo da colonização europeia no oeste e no centro da África, mais de 20 milhões de escravos têm sido exportados do nosso país para valorizar outras regiões do mundo em proveito dos colonizadores europeus. Como é que podem gabar os encantos da colonização quando mais de 20 milhões de homens na África foram sacrificados à avidez dos salteadores, dos soldados da “civilização”? Não, acrescenta o orador, nenhuma justificativa para a colonização é possível nos nossos dias. É um regime condenado, como o conjunto do regime capitalista. Deve desaparecer e desaparecerá porque os povos das colônias compreenderam que têm o direito imprescritível à liberdade, e decidiram conquistá-la. Na sua luta pela liberdade os povos coloniais compreenderam uma grande lição da história moderna.
Les Congres Mondial des Partisans de la Paix — 20-25 de abril de 1949 — Do disc. de Gabriel d’Arboussier — Págs. 22-23 — Supl. de “Tempos Novos” — N,° 19 — 5-5-1949 — Moscou, em francês.
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Um regime fascista domina o nosso país. Os dois fatos seguintes são suficientes para provar isto: o Congresso de Pleyél foi promovido no momento em que os imperialistas ingleses inundavam de sangue o Iraque.
A 14 de janeiro de 1949 foram mortos selvagemente os três chefes de maior renome do nosso movimento de libertação: Féchéde, secretário geral do Partido Comunista do Iraque, Chihihi, fundador do Partido Nacional Libertador, e Bessime, membro do Comitê Central do Partido Comunista iraquiano. Nesta ocasião o país estava submetido às leis de tempo de guerra. Haviam instalado dez campos' de concentração, milhares de militantes e de patriotas anti-imperialistas foram aprisionados; interditaram 237 jornais e outras publicações. Mas o fato mais atroz foi o campo de Nukrat al-Salman, verdadeiro Oswiecim iraquiano, situado no deserto, a 160 quilômetros da cidade mais próxima. Encerraram neste campo 200 patriotas acusados de haver tomado parte na magnífica insurreição de janeiro de 1948, graças a qual foi anulado o tratado de Portsmouth, pacto de escravidão e agressão contra os povos pacíficos e, em particular, Contra a União Soviética.
Os fazedores de guerra e seus agentes querem agora abandonar a uma morte lenta os 200 patriotas presos naquele campo. A prova disto é que um desses patriotas, o jovem operário de empresa petrolífera Ben Huendi — herói da batalha de Barbari — faleceu a 15 de julho de 1950, e que vinte outros patriotas detidos no mesmo campo, estão a ponto de sucumbir.
Mas o regime fascista que existe em nosso país não tem podido impedir o nosso povo de se unir ao movimento dos partidários da paz. Após os trabalhos preparatórios realizados em fins de junho e começo de julho de 1950, o movimento dos partidários da paz tomou um caráter organizado. Constituiu-se em Bagdá um Comitê Nacional provisório dos partidários da paz, sob a presidência de Mohamed Jewahiri.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Youssef Mastané — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Moscou, em francês.
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Por ordem de seus patrões, os iraquianos vassalos dos imperialistas, entregam ao Ministério da Guerra e à Polícia a metade do orçamento nacional, reservam apenas 8% do orçamento para a Saúde Pública e a Segurança social e 8,8% aos abonos. E tudo isto se faz em um país onde 94% da população é analfabeta e onde os casos de doença excedem tudo quanto se possa imaginar. Acrescentemos a isto a terrível miséria das massas trabalhadoras e o flagelo do desemprego. Os fazedores de guerra e seus lacaios fazem tudo para que nos deixemos arrastar à guerra, eles nos impõem um novo e indigno tratado de agressão, análogo ao tratado de Portsmouth; eles ensaiaram realizar o projeto imperialista de um tratado iraquiano-sírio.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Yussef Mastané — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Pág. 34 — Moscou, em francês.
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O Irã, que possui 14 milhões de habitantes, é um país cheio de miséria e de fome. Apesar das difíceis condições em que vivemos, o Comitê iraniano dos partidários da paz obteve resultados importantes na batalha em favor do Apelo de Estocolmo.
Para o povo iraniano o resultado direto das duas guerras foi uma recrudescência do imperialismo. Ora, nós, habitantes dos países coloniais e dependentes, sabemos o que significa o imperialismo. Para nós a palavra “imperialismo” é sinônimo de pilhagem e de repressões, de sofrimento e de miséria.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Djehanabaglou — Supl, "Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Págs. 37-38 — Moscou, em francês.
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O oficioso Ettelaat, cujo caráter antipopular é conhecido de todos, publicou em seu número df 27 de março último uma correspondência sobre os camponeses iranianos. Recentemente, escreve o autor, encontrando-me de passagem em uma vila não muito distante de Ispahan, lugar de rosas e rouxinóis, fiz perguntas a um camponês sobre a vida aldeã. Ele respondeu-me que quase toda a população havia deixado a vila sem esperança de retorno. Só ficaram algumas centenas de camponeses famintos e andrajosos, condenados a perecer, pois cada ano uma grande parte desses infelizes morre de miséria. Atravessei, igualmente, o vilarejo de Karka e pude ver que os camponeses só tinham para comer raízes de ervas. Sabe-se que essas raízes não são nutritivas — e os homens morriam como moscas. No ano passado, atravessando Meched, vi grupos de 200 a 300 camponeses que haviam abandonado suas aldeias em busca de algum alimento.
Segundo o mesmo jornal Ettelaat, de 19 de janeiro, a maior parte dos camponeses de Damtchemogan, no Azerbaidjão iraniano, morreram no último inverno em virtude do frio e da falta de víveres. Todos os dias centenas de famintos deixam suas Vilas e invadem as cidades. O jornal Mardom escrevia em editorial de 13 de março último:
“Sob os golpes da concorrência anglo-americana, a maior parte da nossa indústria nacional caiu em ruínas, muitas usinas fecharam suas portas e milhares de desempregados vagueiam pelas ruas.”
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Djehanabaglon — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Pág. 38 — Moscou, em francês.
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Teerã, 22 (U.P.) — O primeiro-ministro Mohamed Mossadegh, numa declaração evidentemente dirigida contra a Grã-Bretanha e Estados Unidos, disse que muitos iranianos vivem como habitantes das cavernas dos tempos pré-históricos, porque certos governos obstruem seu programa de reformas econômicas.
Ontem, Mossadegh convidou os correspondentes estrangeiros a visitarem o Sul do Irã, para que vissem as deploráveis condições, disse, em que vive a maioria do povo iraniano. Durante a visita à parte Sul desta capital, onde vivem cerca de 20.000 trabalhadores em choças de barro, Mossadegh manifestou que espera “reparar a situação mediante a nacionalização do petróleo. Acrescentou que essa miséria se deve a que os britânicos e a Anglo-Iranian Oil Company apoiam governantes corrompidos que exploraram o povo durante todos esses anos.”
“Durante 150 anos”, — acrescentou o primeiro-ministro — “os britânicos mandaram assassinar nossos patriotas para proteger seus interesses.”
“O Globo” — 22-5-1951 — l.a página — Rio de Janeiro — Brasil.
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A encampação dos bens da Anglo-Iranian Oil Company, votada pelo parlamento do Irã, não reduz o setor privado da indústria petrolífera porque a maioria dessa empresa, que fornece 6% da produção mundial e cerca de um quarto da exportação mundial de petróleo, pertence desde 1914 a um governo — o da Grã-Bretanha. Não se trata pois de nova socialização, mas de nacionalização no estrito sentido da palavra.
De parte os motivos de ordem política, a ação do parlamento iraniano tem uma base econômica que se reflete claramente na balança de pagamentos desse país, estabelecida pelo Fundo Monetário Internacional. É bem característico que essa balança divida o comércio exterior e os serviços em duas partes: as transações das companhias estrangeiras — dentre as quais a Anglo-Iranian com grande margem de diferença, a maior — e as outras transações muito menores. Resulta para os anos de 1947-1950 o quadro abaixo em milhões de riais (1 rial, segundo a taxa oficial, vale 3,1 US cents).
TRANSAÇÕES DAS COMPANHIAS ESTRANGEIRAS* | ||||
Discriminação | 1947 | 1948 | 1949 | 1950 |
Exportações | 8.067 | 10.035 | 17.205 | 15.532 |
Importações | -1.090 | -1.136 | -1.208 | -2.986 |
Lucros e Despesas fora do Irã** | -4.715 | -6.364 | -12,713 | -9.012 |
TOTAL | 2.259 | 2.535 | 3.284 | 3.524 |
OUTRAS TRANSAÇÕES | ||||
Discriminação | 1947 | 1948 | 1949 | 1950 |
Exportações | 2.227 | 1.560 | 1.802 | 1.321 |
Importações | -3.906 | -4.707 | -4.272 | -6.321 |
Renda de Investimentos | 2 | -3 | 24 | 21 |
Diversos itens | -205 | -35 | -160 | -240 |
TOTAL | -1.882 | -3.176 | -2.606 | -5.219 |
* Anos terminados em 20 de março | ||||
** Menos investimento líquido interior do Irã. |
O quadro mostra que o saldo comercial do Irã, no qual o petróleo figura com 90% das exportações, é sempre extremamente ativo; o país exporta duas e até três vezes mais do que importa. Não obstante, o conjunto das transações comerciais deixou-lhe em 1949-1950 um deficit de 1,7 bilhões de riais (53 milhões de dólares) porque 60% do produto das exportações efetuadas pelas companhias estrangeiras ficam fora do país, seja como lucro, seja para outros fins. E como o processo se repete há 50 anos, a Anglo-Iraniana Oil Company tornou-se uma das empresas mais prósperas, cujo valor foi estimado (antes da decisão de Teerã) pela Bolsa de Títulos de Londres, em 240 milhões de libras, enquanto o Irã continua um dos países mais pobres do mundo.
“Conjuntura Econômica” — Ano V — Abril de 1951 — Págs. 20-21 — Brasil.
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A Indonésia possui o mesmo sistema econômico e financeiro de antes da guerra. O capital estrangeiro é constantemente invertido na Indonésia sob a forma de empréstimo dos imperialistas estrangeiros, sobretudo por parte dos Estados Unidos. O imposto territorial aumentou de 200%. Novas taxas são instituídas. E tudo isto recai pesadamente sobre os ombros de cada indonésio. A inflação castiga o país — e o velho sistema de exploração feudal reina sempre nos campos.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Tjoa Sik len — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Pág. 40 — Moscou, em francês.
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Há setenta anos que o Egito se encontra sob o jugo imperialista. Isto representa setenta anos de calamidades, de ignorância, de enfermidades. Setenta anos de exploração, de opressão, de terror!
Mas esses setenta anos foram também um período de luta contínua por nossa liberdade e nossa independência. Os imperialistas fizeram de nosso país uma imensa base agrícola para o abastecimento de algodão barato aos grandes trustes de Lancashire. Desta maneira, nosso país tornou-se o exemplo clássico do mais baixo nível de vida e de uma miséria espantosa, de frequentes epidemias e de toda sorte de enfermidades que desolam o país. É no Egito que se verifica o mais forte índice de mortalidade infantil do mundo, é que a duração da vida é particularmente curta. Os imperialistas e seus lacaios fazem tudo para isolar-nos das ideias progressistas que hoje se desenvolvem no mundo. Interditaram a saída do Egito daquelas pessoas que, a seu ver, podiam ter simpatia pelos princípios de paz e de democracia. Interditaram a entrada no Egito àqueles que tomaram parte no grande movimento em favor dos ideais de paz e de democracia. Os imperialistas acreditam que nos podem reduzir à obediência!
Tal é a situação no Egito. É um estado de coisas que os imperialistas pretendem perpetuar de qualquer maneira. Eles estão sobretudo alarmados, agora mais do que antes, pelo desenvolvimento da consciência nacional do povo egípcio. A luta que hoje se desenrola no Egito polariza, em um lado, os fazedores de guerra anglo-americanos e, em outro, todo o povo egípcio, que defende a paz e luta por sua independência nacional.
Desde antes da Segunda Guerra Mundial o povo egípcio era enganado pelos imperialistas, que lhe haviam prometido o direito de dispor de si mesmo. O povo egípcio reclamou agora a independência prometida pelos imperialistas. Cedendo à indignação do povo, o governo britânico retirou suas tropas das grandes cidades do país, conservando-as na zona do Canal de Suez. Os imperialistas queriam entravar ou deter, assim, o progresso do movimento nacional. Iniciaram-se as negociações. Os representantes ingleses declararam que a Grã-Bretanha estava pronta a evacuar suas tropas do Egito se este país concordasse em substituir o tratado de 1936 por um de defesa militar mútua. Mas o Egito compreendeu que esta defesa mútua não seria outra coisa senão a defesa dos interesses imperialistas britânicos, e a utilização do território egípcio como base militar para uma agressão contra a U.R.S.S. O Egito compreendeu muito bem que ninguém tinha a intenção de o atacar e que seu único inimigo eram os imperialistas anglo-americanos.
Os preparativos para uma terceira guerra mundial, atualmente em prosseguimento nos países imperialistas, tornam ainda mais terrível a situação do Egito e retardam o dia de sua libertação nacional. A dominação exercida pelos imperialistas anglo-americanos no Egito torna-se particularmente evidente quando se pensa no número extraordinariamente elevado de missões militares, econômicas e outras, que têm visitado nosso país nestes últimos tempos. Sem pedir a opinião de um só egípcio, o Departamento de Estado dos Estados Unidos decidiu enviar para o Egito 6 mil soldados americanos, dos que se encontram atualmente na Alemanha.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Saad Kamel Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 48 — 6-12-1950 — Págs. 23-30 — Moscou, em francês.
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A própria missão americana de Bell, que fez uma sindicância sobre a situação das Filipinas em julho e agosto de 1950, declara no seu relatório a Truman:
Nas Filipinas o problema econômico essencial é a produção insuficiente e os rendimentos extremamente baixos... A produção agrícola e industrial é ainda inferior ao nível de antes da guerra... As condições de existência da maior parte da população são piores do que antes da guerra... Nas províncias o salário real dos trabalhadores agrícolas é mais baixo do que antes da guerra. O salário de numerosos trabalhadores agrícolas é absolutamente insuficiente, em certos casos não chega nem mesmo a um peso (50 cents.) por dia.
A situação precária das Filipinas é um resultado da funesta política de Washington. Nas informações da Comissão econômica, os 75% de todos os capitais investidos nas Filipinas pertencem aos Estados Unidos. Um dos principais acionistas dos monopólios que exploram as Filipinas é Mac Arthur, que possui plantações e minas de cromo em Acoje, e minas de ouro em Antamok.
S. Niktini et A. Orlikov — Les problémes économiques de l’Asie et l’O.N.U. — in “Tempos Novos” — N.° 14 — 4-6-1951 — Pág. 3 — Moscou, em francês.
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É assim que nas informações do Financial Times, de 4 de novembro de 1950, os lucros de 635 companhias que exploram os recursos das colônias e domínios britânicos e foram para o período de 1.° de janeiro ao 1.° de novembro de 1950, de 193.635 mil libras esterlinas contra 167.189 mil libras para o exercício precedente. No decorrer dos dois últimos anos, os lucros das 20 companhias inglesas de estanho, operando na Malásia, passaram de 919,6 mil libras esterlinas para 1,4 milhões de libras esterlinas.
A militarização da economia de certos países — Tailândia, Filipinas, Malásia, etc. — e o aumento injustificado dos orçamentos militares, feito sob pressão dos Estados Unidos, impedem o soerguimento e o desenvolvimento da economia, absorvem uma parte importante da receita da nação, que teria podido estimular o progresso da indústria nacional. E estes são fatos manifestamente contrários aos interesses desses países.
S. Niktini et A. Orlikov — Les problémes économiques de l’Asie e l’O.N.U. — In “Tempos Novos — N.° 14 — 4-1951 — Pág. 6 — Moscou, em francês.
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... Os algerianos levantam a questão da luta destinada a pôr fim ao colonialismo, porque o colonialismo não é a paz. O colonialismo é um germe permanente de guerra.
Hoje, os povos coloniais lutam incansavelmente pela sua liberação nacional, e não poderiam satisfazer-se com declarações de paz puramente platônicas.
Eis que há 120 anos que nosso povo sofre o jugo odioso dum colonialismo cúpido e feroz.
Os colonialistas persistem em destruir nossa personalidade e nosso patrimônio nacional, e assiste-se a este fato inqualificável: nossa língua, a língua árabe, é considerada como uma língua estrangeira no nosso próprio país.
Privados de terras, humilhados, subalimentados, milhões de algerianos conhecem uma miséria inominável. São encontrados todos os dias errando pelas estradas a procura dum abrigo, dum trabalho efêmero ou duma magra pitança, que são às vezes obrigados a disputar aos cães nas latas do lixo. Nas cidades pode-se assistir ao espetáculo revoltante de crianças abandonadas, atiradas quase nuas sobre as lajes das calçadas. Ao estrangeiro que nos visita oferece-se o espetáculo chocante de mulheres maltrapilhas estendendo as mãos descarnadas, com seus bebês esfomeados nos joelhos.
A todos estes sofrimentos físicos junta-se para o povo algeriano o desprezo do colonialista. Um desprezo sádico, nascido dum racismo exacerbado dos representantes do regime colonial.
Le II Congres Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours d’ Abder Haman Bouchama — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Pág. 51 — Moscou, em francês.
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A orientação dos imperialistas franceses para a guerra comprometeu seriamente o poder aquisitivo de nossas populações que continuam a morar em miseráveis chiqueiros e a não saciarem a fome. Uma tal política não pode levar as populações africanas a uma emancipação rápida. Ela está, ao contrário, em evidente contradição com os nossos interesses. Temos um médico por fração de 50.000 habitantes. Somente 101.680 alunos encontram lugar nos estabelecimentos escolares, numa população escolar de dois milhões, ou seja, uma criança em 20 a quem beneficia o ensino. Os créditos orçamentários para obras sociais representam 10% do plano decenal e os destinados a investimentos estratégicos representam 56%.
Le II Congrès Mondial des Partisans de la Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Discours de Gabriel d’Arboussier — Supl, “Temps Nouveaux” — N.° 49 — 6-12-1950 — Pág. 47 — Moscou, em francês.
Notas de rodapé:
(1) “Não está a manufatura inglesa de lã dividida em várias partes e ramos, aclimatadas cm lugares distintos, os únicos ou pelo menos os mais importantes em que se explore: linho fino em Somersetshire, linho cru em Yorkshire, largura dupla em Exeter, seda em Sudbury, crepon em Morwich, mescla em Kendal, cobertores em Whitney, etc.? (Berkeley, The Guerit, 1750, 520). (retornar ao texto)
(2) A. Ferguson, History of Civil Society, Edimburgo, 1757, parte IV, rec. II, pág. 285. (retornar ao texto)
(3) Refere-se a portos nos quais a China concedia, mediante tratados, certos direitos às potências estrangeiras. (retornar ao texto)
(4) O “catty” é medida chinesa de peso que equivale a 1 libra 1/3 (N.T.) (retornar ao texto)
(5) Ver o Tanaka Memorial, The China Critic. 24 de setembro de 1931 — Págs. 923-927-928-932. (retornar ao texto)
(6) J. Stalin — “O Marxismo e o Problema Nacional e Colonial” — Pág. 120 — Editorial Vitória, 1946, Rio. (retornar ao texto)