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Neste capítulo, apresentaremos primeiro as teses básicas da teoria dialética da cognição e, em seguida, nesse contexto, caracterizaremos as generalizações teóricas e os conceitos em contraste com seus análogos empíricos.
Ao apresentar as ideias básicas da lógica dialética, usaremos principalmente as obras de Marx, Engels e Lenin, bem como os resultados do desenvolvimento de suas ideias originais na moderna teoria cognitiva marxista-leninista. Existe uma considerável literatura especializada sobre os problemas da lógica dialética. Utilizamos as teses de muitas obras cujos autores, em nossa opinião, revelam mais claramente as características da abordagem dialética do pensamento.
Para fundamentar e ilustrar uma série de teses da lógica dialética, é aconselhável listar algum material de O Capital e outras obras de Marx que estão intimamente relacionadas a ele, pois, como é bem sabido, nesta obra são aplicados e desenvolvidos os princípios da dialética materialista como lógica e teoria do conhecimento, no desenvolvimento sistemático dos fundamentos de uma única disciplina (economia política). Lenin (s.d.b, p. 301) escreveu:
Se Marx não nos deixou uma Lógica (com letra maiúscula), ele nos deixou a lógica de O Capital... Em O Capital há uma aplicação a uma única disciplina da lógica, da dialética e da teoria da cognição do materialismo [três palavras são desnecessárias – são uma e a mesma coisa], que tomou emprestado tudo de valor de Hegel e empurrou esse material valioso para uma única disciplina.
Acima de tudo, é necessário elucidar a formação de diferentes formas de pensamento, que é considerada, na teoria materialista dialética da cognição, um “processo objetivo nos esforços da humanidade, um funcionamento da civilização humana, da sociedade como o verdadeiro sujeito do pensamento” (KOPNIN, 1969, p. 153). O pensamento de uma pessoa individual é o funcionamento de formas historicamente desenvolvidas de atividade da sociedade que lhe foram conferidas. Uma das fraquezas básicas da psicologia infantil e educacional tradicional é que ela não tratou o pensamento do indivíduo como uma função historicamente desenvolvida de seu sujeito real, uma função que é aprendida por ele.(1) Ao mesmo tempo, como Yaroshevskii (1969, P. 129) corretamente observa, o “psicólogo é incapaz de compreender a ontogênese do pensamento científico sem conhecer os marcos básicos de sua filogênese, uma compreensão de cujos princípios requer um afastamento para o reino da lógica histórico-objetiva”. Tal afastamento é, em nossa opinião, necessário para a orientação adequada das investigações psicológicas sobre a formação do pensamento infantil.
Notas de rodapé:
(1) N. A.: “Até agora, todos os ensinamentos psicológicos sobre o pensamento (e as metodologias neles baseadas) tratam a sua estrutura e conteúdo de forma extra-histórica. Tarefas experimentais, testes e entrevistas são projetadas com uma visão voltada para o pensamento ‘em geral’. O caráter histórico do sistema de categorias e dos programas de atividade intelectual não é levado em consideração” (YAROSHEVSKII, 1969, p. 127). (retornar ao texto)